Distribuição por dependência, em razão dos autos 2015.013777-4. Constituição Federal e no art. 240 do Código de Processo Penal, vem à presença de V.



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Transcrição:

PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA COORDENADORIA JURÍDICA JUDICIAL Rua Promotor Manoel Alves Pessoa Neto, Candelária CEP 59065-555 FONE/FAX: (84)3232-7132 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR RELATOR CORNÉLIO ALVES: Distribuição por dependência, em razão dos autos 2015.013777-4 O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, por seu Procurador- Geral de Justiça, com supedâneo no art. 129 da Constituição Federal e no art. 240 do Código de Processo Penal, vem à presença de V. Excelência, requerer BUSCA E APREENSÃO em imóveis do representado BRUNO

PATRIOTA MEDEIROS, brasileiro, Prefeito de Ielmo Marinho/RN, CPF 064.939.064-40, filho de Helder Lira Medeiros e Adriana Jacome Patriota Medeiros, nascido em 23/03/1986, natural de Natal/RN, com amparo nos fundamentos que seguem 1) RELATÓRIO DAS CONDUTAS PRATICADAS EM RELAÇÃO À TESTEMUNHA LUIZ CARLOS BIDU MEDEIROS Na data de 02 de setembro de 2015, aproximadamente às 15 horas, o Ministério Público, através da Coordenadoria Jurídica Judicial da Procuradoria Geral de Justiça e do CAOP Patrimônio Público, colheu o depoimento do Sr. LUIZ CARLOS BIDU MEDEIROS, CPF 048.007.434-86 (mídia em anexo), residente no Município de Ielmo Marinho/RN, que relatou, em apertada síntese: 1) que figura como testemunha em processo administrativo para apurar infrações políticas do Prefeito de Ielmo Marinho, BRUNO PATRIOTA MEDEIROS, instaurado perante a Câmara Municipal de Ielmo Marinho, por ter apresentado reclamação formal à Casa Legislativa acerca de fatos imputados ao gestor municipal; 2) que, em razão disso, foi procurado por correligionários do Prefeito, que lhe sugeriram ser possível a retratação de sua representação inicial, mediante a aceitação de vantagens pecuniárias e facilidades a serem proporcionadas pela Prefeitura de Ielmo Marinho; 3) que, na tarde do dia 01/09/2015, foi levado para atender a uma reunião na casa de um correligionário do Prefeito, LUIZ OLIVEIRA, Vice Diretor do Colégio Jessé Pinto Freire (de Ielmo Marinho), no bairro Novos Tempos, perto do cemitério, em Ceará-Mirim/RN; 4) que, nessa reunião, foram novamente oferecidas vantagens pecuniárias e facilidades da Prefeitura (como, por exemplo, transporte e exames sem

dificuldades, ao contrário do que vinha acontecendo) ao depoente para que ele assinasse documento preparado pelo advogado do Prefeito, retratando-se de sua representação inicial; 5) que na última reunião estavam presentes um Vereador aliado ao Prefeito, o depoente, a esposa do depoente, o Secretário GILDO e o Chefe de Gabinete do Prefeito, sendo que o próprio Prefeito BRUNO PATRIOTA ofereceu as vantagens indevidas; 6) que, ao final dessa reunião, ficou acertado que na quinta-feira, dia 03 de setembro de 2015, o depoente encontraria o Prefeito em Natal/RN, para receber as vantagens acordadas e assinar a dita declaração de retratação. A conduta do Prefeito de Ielmo Marinho, em tese, se amolda ao tipo do art. 343 do Código Penal (Suborno): Art. 343. Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer outra vantagem a testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete, para fazer afirmação falsa, negar ou calar a verdade em depoimento, perícia, cálculos, tradução ou interpretação: Pena - reclusão, de três a quatro anos, e multa. Ademais, há a possibilidade de incidência do crime do art. 299 do Código Penal, c/c art. 29 do mesmo Codex: Falsidade ideológica Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três anos, e

multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis, se o documento é particular. Diante de tal quadro, o Ministério Público comunicou a Vossa Excelência, através de expediente sigiloso, a realização da técnica investigatória da Ação Controlada, nos termos do art. 8º, 1º, da Lei 12.850/13. A diligência foi exitosa, tendo o encontro ocorrido na manhã da sextafeira, dia 04 de setembro de 2015, no Shopping Midway. De lá, a testemunha entrou no carro dirigido pelo Prefeito, Amarok branca, placas OWE 8383 (de propriedade do pai do representado) para seguir rumo a Cartório situado na Av. Alexandrino de Alencar a fim de assinar a dita declaração de desistência do processo de cassação e reconhecer a firma.

Por fim, o Prefeito e seu correligionário LUIZ OLIVEIRA levaram a testemunha a escritório oculto do alcaide, na Rua Souza Pinto, nas proximidades do já mencionado Shopping Center. Lá, já os aguardava o advogado MÁRIO GOMES TEIXEIRA, que pediu à testemunha para gravar áudio para confirmar o que estava escrito no documento recém assinado. Tentaram ainda colher a declaração em áudio do depoente de que ele havia sido instigado a iniciar o processo de cassação por pressão de Vereadores da oposição, o que não foi conseguido. Ao final do encontro, já tendo saído o advogado MÁRIO, o Prefeito entregou R$10.000,00, contados por LUIZ OLIVEIRA na frente da testemunha e embalados num envelope amarelo. O Prefeito ainda sugeriu que o depoente colocasse o valor dentro da bolsa... ou das cueca (22:40 do vídeo 13). Foi entregue também à testemunha R$100,00 para que tomasse o táxi para sua casa.

Em seguida, o depoente compareceu ao Ministério Público e entregou espontaneamente à Procuradoria-Geral de Justiça: 1) o dinheiro recebido, R$10.100,00, em espécie; 2) o documento ideologicamente falso, assinado em troca de pecúnia e de melhorias nos serviços públicos de Ielmo Marinho para a testemunha e sua família; e 3) as gravações das conversas travadas durante todo o itinerário descrito. As evidências coletadas reforçaram os indícios iniciais de prática de crimes por parte do Prefeito de Ielmo Marinho, BRUNO PATRIOTA MEDEIROS, em concurso de agentes com LUIZ OLIVEIRA. DAS CONDUTAS PRATICADAS EM RELAÇÃO AOS VEREADORES JOSÉ ROBERTO e SEBASTIÃO EVILÁSIO

No dia 08 de setembro de 2015, compareceram à Procuradoria-Geral de Justiça os Vereadores JOSEMI, SEBASTIÃO EVILÁSIO DA SILVA e JOSÉ ROBERTO DIAS DE MESQUITA, para depor sobre condutas praticadas pelo Prefeito de Ielmo Marinho, BRUNO PATRIOTA MEDEIROS, em comunhão de desígnios com seu Chefe de Gabinete, RENATO ALVES e seu Secretário de Obras, GILDO. Ouvido em depoimento, o Vereador JOSÉ ROBERTO (04:00 de seu depoimento) afirmou que recebeu, por mais de uma oportunidade, quando estava na companhia do Vereador SEBASTIÃO EVILÁSIO (já que ambos são do mesmo partido), oferta de pagamento em espécie de dinheiro (R$35.000,00) e de cargos, de Secretário de Educação e demais cargos comissionados desta pasta, tudo com o intuito de resolver a situação do processo de cassação. Uma dessas ofertas deu-se na Concessionária América Ford, no dia 23 de julho de 2015. O valor seria pago em espécie, no outro dia (05:30 de seu depoimento). Relatou o Vereador que recebeu essa proposta para que, em troca, não fosse recebida a denúncia na Câmara contra o representado BRUNO PATRIOTA. As ofertas foram feitas, como se costuma dizer no jargão popular, de Secretaria com porteira fechada, para que todos os cargos, contratos e demais bônus decorrentes do exercício da função de Secretário ficassem com o Vereador depoente. Nada obstante, o Vereador JOSÉ ROBERTO não aceitou a proposta, votando pelo recebimento da denúncia em 06 de agosto de 2015. Além dessas ofertas, o Vereador recebeu ameaças veladas de que o prosseguimento do processo de cassação não seria bom para ninguém. Posteriormente, essas ameaças se confirmaram, já que 03 (três) pessoas do núcleo familiar do depoente não receberam salários no mês de agosto de 2015: seu filho, MÁRCIO JOSÉ ALVES DE MESQUITA (professor efetivo); sua esposa, MARIA DO CÉU SILVA (Secretária adjunta de Educação); e sua enteada, JOSEANE NATIELE SILVA AIRES (03:00 de seu depoimento).

O filho do Vereador, que estudou com o representado BRUNO PATRIOTA, ouviu do próprio Prefeito que teria cortado o salário em razão de não ter votado a favor do alcaide (08:50 e 12:00 do depoimento). O Vereador SEBASTIÃO EVILÁSIO (02:00 em diante de seu depoimento), também ouvido em depoimento, confirmou os encontros relatados por JOSÉ ROBERTO, ocorridos nas Padarias Gosto de Pão (da Av. Jaguarari), Mercatto (da Av. Romualdo Galvão) e na Concessionária América Ford (em Candelária), todos em Natal/RN, ocorreram com ambos os Vereadores presentes SEBASTIÃO e JOSÉ ROBERTO. Confirmou as propostas feitas pelo representado e seus assessores a JOSÉ ROBERTO e relatou que recebeu a oferta de assumir, ainda que por terceiros, o comando da Secretaria de Saúde (também de porteira fechada, podendo dispor sobre a nomeação de todos os cargos da pasta). Assentou que as ofertas feitas a ele e a JOSÉ ROBERTO tiveram curto intervalo de tempo, de aproximadamente 04 dias entre uma e outra. Registrou ainda que após recusar a oferta ilícita, uma ASG, EDNA PEGADO, e uma Estágiária, SUELI, da Secretaria de Educação, eleitoras suas, foram dispensadas de suas funções (10:20 de seu depoimento). O Vereador JOSEMI (03:05 de seu depoimento em diante), por seu turno, confirmou que tem notícias de que os Vereadores JOSE MEDEIROS, SEBASTIÃO EVILÁSIO, FRANCISCA SOARES PEBA, JÚNIOR CABRAL receberam ofertas semelhantes do Prefeito, para que não fosse recebida a denúncia na Câmara. Relatou que sabe dessa situação por comentários dos colegas, que se comunicaram após o recebimento da denúncia na Câmara. Assentou que vem tendo dificuldades para conduzir os trabalhos da Comissão, já que as testemunhas indicadas pelo próprio Prefeito vêm impondo dificuldades para serem notificadas (07:50 do depoimento). Colocou também que recebeu do Prefeito a advertência de que seria melhor parar com os trabalhos da Comissão, já que ele, BRUNO PATRIOTA, teria

a melhor equipe de advogados do Estado. No mês passado (agosto), coincidentemente, sua esposa, JOSENILDA CARLOS DE BRITO E SILVA, que passou por um procedimento cirúrgico recentemente, também teve seu salário da Prefeitura cortado (06:20 em diante). É evidente, pois, que há indícios de que o representado, juntamente com seus correligionários servidores da Prefeitura de Ielmo Marinho, praticaram as condutas típicas descritas no arts. 316 e 331 do Código Penal: Concussão Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. Corrupção ativa Art. 333 - Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício: Pena reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 10.763, de 12.11.2003) 2) FUNDAMENTOS JUSTA CAUSA. SUBORNO. FALSIDADE IDEOLÓGICA. PROVA DA OCORRÊNCIA DO FATO E DE INDÍCIOS DE AUTORIA. A materialidade do fato criminoso e a existência de indícios de autoria, in casu, são incontroversos. Isso porque as gravações trazidas aos autos espontaneamente pela testemunha JOSÉ CARLOS evidenciam que, por duas oportunidades, BRUNO PATRIOTA DE MEDEIROS, Prefeito de Ielmo Marinho, e LUIZ OLIVEIRA ofereceram vantagens pecuniárias, facilidades no serviço público de Ielmo Marinho e o repasse de verbas públicas através da contratação de laranjas da confiança da testemunha.

Chama a atenção a primeira gravação, feita pela testemunha em 1º de setembro de 2015, na casa de LUIZ OLIVEIRA, em Ceará-Mirim. Ali há a nítida compreensão de que os representados ofereceram as benesses já discriminadas acima como se infere dos trechos mais relevantes: 02:50 LETO me falou... você vai ser chamado a depor. O Prefeito tem consciência da condição de testemunha de JOSÉ CARLOS BIDU, em processo administrativo disciplinar 12:50, 15:25, 15:50 oferta de medicamentos e de cargo fantasma à testemunha pelo Prefeito e por seus correligionários. 25:40 vamo resolver sua situação, o povo se resolve depois, agora resolve você (LUIZ OU LETO) 25:50 a questão do emprego, que o prefeito ofereceu, você vai pensar (LUIZ OU LETO) 26:10 isso aí, deixa ele pensar, depois ele diz... (Prefeito) o que eu queria colocar à disposição de vocês seria chegar com uma ajuda agora, que lhe ajudaria a resolver muitos desses problemas aí, e colocar totalmente aberto para você resolver essas questões da saúde Oferta de medicamentos e tratamento pela Prefeitura de Ielmo Marinho, com a ilícita finalidade de, em troca, obter documento ideologicamente falso, para proveito do Prefeito. 26:45 mas com essa ajuda que o prefeito vai lhe dar você pode ir para uma clínica particular Evidência de que a ajuda tratada nesse momento é financeira 29:20 me comprometo a resolver (as cirurgias) Oferta de serviços públicos, novamente com desvio de finalidade em favor das pretensões pessoais do Prefeito 35:15 esse carro vai ficar para quando você precisar. Tá autorizado (Prefeito) Oferta de carros contratados pela Prefeitura de Ielmo Marinho, com desvio de finalidade em favor das pretensões pessoais do Prefeito 36:25 amanhã tem o carro de João, e o de Seu Raimundo (Prefeito). Eu dou um jeito de conseguir outro carro, se estiver ocupado. Oferta de carros contratados pela Prefeitura de Ielmo Marinho, com desvio de finalidade em favor das pretensões pessoais do Prefeito 37:10 a questão é a seguinte: a gente chegaria com um suporte agora, pra organizar a situação. A proposta que eu ofereci foi R$10.000,00. Daria pra

dar 10.000 a ele, não dava? Dá (Prefeito). Assinar um documento retirando a queixa. Essa ajuda eu lhe pagaria hoje, pra ajudar nas despesas pessoais de vocês. O compromisso está assumido aqui. Evidência do suborno praticado pelos representados. 40:20 o documento está no carro O Prefeito demonstra que o documento já está pronto para ser assinado 43:00 podia ficar o emprego no seu nome, só não pode no de Carlos 43:45 o emprego é de menos. Todos os exames e cirurgia eu lhe garanto. Tudo o que precisar. Remédios para seus filhos. E chegaria de agora, de imediato, com esse suporte financeiro para vocês. Um carro que você pagou... É isso que Bruno quer dar esse suporte porque vocês já gastaram muito com esse carro. Deixa eu pegar o documento aqui p você olhar. Aceite o emprego, não é para trabalhar não, é só para vocês receber... Ninguém vai ficar sabendo de nada, vai ficar só entre a gente... Você vai ter um suportezinho... Novamente, oferta de dinheiro e de serviços da Prefeitura de Ielmo Marinho, com desvio de finalidade em favor das pretensões pessoais do Prefeito, além do cargo fantasma, em nome de um terceiro. 47:30 ó, dê uma lidinha ai para você ver...tem dois, são iguais... O Prefeito traz o documento e pede para a testemunha examinar. 48:45 vem requerer a desistência da denúncia feita contra o Prefeito Bruno Patriota e seu vice, tendo em vista que fez a requerimento do vereador Presidente da Câmara... conforme fatos que serão relatados em depoimento próprio. Se você quiser, a gente muda esse documento, a questão que o advogado falou... Felipe Cortez que é advogado, ele fez esse documento desse jeito porque me livraria ele vai chamar na justiça para depor... O Prefeito lê o documento ideologicamente falso e novamente cita a condição de depoente de JOSÉ CARLOS BIDU 53:55 vamos manter sigilo disso aqui. morre por aqui... acabou... ninguém sabe de nada. O Prefeito e seus correligionários demonstram a necessidade do negócio ser feito às ocultas. Tudo isso, repise-se, foi feito para que a testemunha assinasse documento ideologicamente falso, que seria juntado ao processo de cassação, a fim de anular ou encerrar o processo administrativo disciplinar contra BRUNO PATRIOTA DE MEDEIROS e seu Vice, FRANCENILSON.

Na última tentativa, após a comunicação a este juízo da ação controlada, foi registrado que ambos os representados efetivamente entregaram R$10.100,00 à testemunha, em troca do documento assinado e com firma reconhecida em Cartório. Há, portanto, prova da materialidade de atos de desvio de verbas sindicais e indícios fortes da autoria do representado atos que configuram, em tese, o crime de Peculato-desvio, cuja ação penal e eventuais pleitos cautelares devem ser processados na Justiça Estadual. ESCRITÓRIO OCULTO DO REPRESENTADO BRUNO PATRIOTA EM NATAL/RN. PREFEITURA DE IELMO MARINHO. LOCAIS ONDE A PROVA INDICIÁRIA APONTA SÃO COMETIDOS ILÍCITOS PELO PREFEITO MUNICIPAL. BUSCA E APREENSÃO QUE SE IMPÕE. Como se depreende dos indícios já juntados aos autos, o representado BRUNO PATRIOTA mantem escritório oculto em Natal/RN, na Rua Souza Pinto, nas proximidades do Shopping Midway. Lá e a gravação feita no dia 04/09/15 confirma isso são realizadas práticas criminosas, como a descrita nesta peça. Trata-se de local usado pelo representado para realizar negócios clandestinos, que não podem ser feitos, obviamente, em seu gabinete em Ielmo Marinho. As gravações trazidas pela testemunha registram ainda que o agir do Prefeito tem se pautado pela prática de infrações penais na atualidade. Deveras, somente nesta peça foram narrados 05 acontecimentos penalmente relevantes, praticados num intervalo de tempo de menos de 03 dias (01/09/15 e

04/09/15, em relação ao Suborno contra o depoente JOSÉ CARLOS) e de aproximadamente 04 dias, em relação às práticas de corrupção ativa feitas em relação aos Vereadores SEBASTIÃO EVILÁSIO e JOSÉ ROBERTO. Por isso, é certo depreender que o local de seu trabalho, Prefeitura de Ielmo Marinho, também deve conter evidências de outros malfeitos, que interessam à investigação. Não é toda conduta criminosa que necessita de um escritório oculto, em Natal/RN, para sua perfecção. Aliás, na peça que iniciou o processo de cassação na Câmara há relatos de vários outros ilícitos, que poderão certamente ser confirmados ou afastados a partir de busca e apreensão na Prefeitura de Ielmo Marinho ONDE??. A busca gerará, pois, um dos resultados consignados no art. 240, 1º, do Código de Processo Penal: Art. 240. A busca será domiciliar ou pessoal. 1º Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, para: a) prender criminosos; b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos; [ ] d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou destinados a fim delituoso; e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu; [ ] h) colher qualquer elemento de convicção. 3) CONCLUSÃO Ante todo o exposto, o Ministério Público requer, com amparo no art. 240 do Código de Processo Penal, que V. Excelência determine a expedição de mandados de busca e apreensão: 1) no escritório oculto do representado BRUNO PATRIOTA, visualizado no vídeo 13, aos 06:15 e aos 23:15, situado na Rua Souza Pinto, esquina com a Rua Valê de Miranda, no bairro do Tirol, em Natal/RN;

2) na Prefeitura de Ielmo Marinho, situada na Rua José Camilo Bezerra, s/n, Centro, CEP 59.490-000, Ielmo Marinho/RN. Natal/RN, 03 de setembro de 2015. Rinaldo Reis Lima Procurador-Geral de Justiça