CONSELHO CIENTÍFICO-PEDAGÓGICO DA FORMAÇÃO CONTÍNUA APRESENTAÇÃO DE AÇÃO DE FORMAÇÃO Curso de Formação An2-A N.º CCPFC/ACC- 1. DESIGNAÇÃO DA AÇÃO DE FORMAÇÃO O trabalho filosófico e o currículo do ensino secundário 2. RAZÕES JUSTIFICATIVAS DA AÇÃO E SUA INSERÇÃO NO PLANO DE ATIVIDADES DA ENTIDADE PROPONENTE: PROBLEMAS/NECESSIDADES DE FORMAÇÃO IDENTIFICADOS Tendo em conta o estabelecido no Programa da disciplina de Filosofia 10/11, e reforçado nas Aprendizagens Essenciais definidas no âmbito do Currículo para o Ensino Básico e Secundário, o ensino da filosofia tem um papel determinante no desenvolvimento do aluno como: agente transformador de si e do mundo, dotado de uma forte consciência ética, política e estética e em cuja formação são claramente identificados valores e ideais de organização social como a democracia, a igualdade, a solidariedade, a justiça, a paz, a responsabilidade ecológica, a tolerância e o respeito pela diversidade cultural; um sujeito aberto ao encontro e acolhimento do Outro, capaz de gerar consensos pelo diálogo para uma cidadania global; um sujeito dotado de um pensamento autónomo, racional, rigoroso e crítico, capaz um pensamento complexo, agregador, integrador que compreender a realidade a partir de múltiplas perspetivas. Porém, o desenvolvimento destas competências implica uma gestão do currículo centrada na aprendizagem e não na transmissão de conteúdos, o que implica refletir sobre os fundamentos pedagógicos e metodológicos de um trabalho filosófico que coloque o aluno como um aprendente capaz de alcançar os desideratos acima enunciados. Por sua vez, estas questões não podem ser pensadas fora do âmbito social e educativo que contextualizam o ensino do filosofar, nomeadamente o papel da disciplina de Filosofia para a concretização do Perfil do Aluno à saída da escolaridade obrigatória e a crescente digitalização de conteúdos e da hibridização dos espaços de aprendizagem. A gestão do currículo exige, necessariamente, pensar a aprendizagem nos espaços físicos e virtuais em que ocorrem e pensar na utilização e criação de recursos didáticos em suporte digital (ainda que de natureza diversa como filmes, documentários, textos, reproduções de obras de arte ). Para além disso, e tendo em conta as orientações do Currículo do Ensino Básico e Secundário, é necessário pensar e produzir recursos didáticos que incorporem ativamente a avaliação formativa e a coloquem ao serviço da aprendizagem. Por fim, ao propor-se uma formação na modalidade de b-learning, pretende-se: - abranger docentes em exercício num território mais alargado, maximizando, assim, os recursos disponíveis; - familiarizar os docentes com suportes digitais de aprendizagem, criando um ambiente de aprendizagem similar ao que pode ser desenvolvido com os alunos. 3. DESTINATÁRIOS DA AÇÃO Professores do ensino secundário do grupo 410 (Filosofia). Formação creditada para efeitos da progressão na carreira docente no âmbito da formação específica da componente científica. 4. EFEITOS A PRODUZIR/OBJETIVOS Pretende-se que os formandos: - reflitam criticamente sobre o papel das aprendizagens essenciais da disciplina de Filosofia 10/11 no currículo do século XXI e o seu contributo para o Perfil do Aluno à saída do ensino obrigatório; - analisem e discutam pressupostos pedagógicos (currículo integrado, aprendentes independentes, colaboração e avaliação formativa) inerentes ao desenvolvimento de competências; - reflitam criticamente sobre o papel do professor na gestão do currículo para o século XXI e sobre as competências profissionais associadas; - conheçam e discutam modelos e metodologias de ensino e aprendizagem como a aprendizagem com base em investigação e a resolução de problemas e articulem essa discussão com o desenvolvimento de
competências especificamente filosóficas; - conheçam e apliquem conceitos básicos de literacia da informação e da literacia digital na organização das atividades de sala de aula; - incorporem e apliquem os conceitos trabalhados na planificação de situações de ensino e aprendizagem para o desenvolvimento de competências do Perfil do aluno à saída da escolaridade obrigatória, em plena articulação com as competências e os conhecimentos específicos da disciplina de Filosofia; - criem recursos educativos diversificados que incorporem os princípios pedagógicos e metodológicos trabalhados e que possam vir a partilhados como recursos educativos abertos; - apreendam por ambientação elementos básicos de construção de contextos digitais de aprendizagem.
5. CONTEÚDOS DA AÇÃO 25 horas 1. Apresentação, organização e planeamento da ação (2 horas presenciais) - Objetivos a alcançar e conteúdos a tratar - Metodologia adotada: organização do trabalho a desenvolver - Ambientação no uso das plataformas para sessões e trabalho síncrono e assíncrono à distância - Recursos: documentação de apoio e textos de referência - Produtos finais a elaborar e avaliação da formação e dos formandos. Secção A. Desafios para o ensino na Filosofia num currículo do século XXI (5 horas de trabalho presencial) 1. O papel da Filosofia no currículo do século XXI e o Perfil do aluno à saída da escolaridade obrigatória. 2. A especificidade do trabalho filosófico e dos instrumentos lógicos e argumentativos da Filosofia 3. Desafios ao ensino da Filosofia Aprendentes independentes, pensamento crítico e competências do trabalho filosófico. 4. Desenvolvimento profissional dos professores no currículo do século XXI. Secção B. Metodologias pedagógicas para o currículo do século XXI (7 horas de trabalho síncrono + 2 horas de trabalho assíncrono autónomo) 1. Aprendizagem com base em investigação e em resolução de problemas: conceitos e exemplos a partir das Aprendizagens Essenciais. 2. Recursos para a aula de Filosofia 2.1. Recursos digitais abertos e licenças Creative Commons 2.2 O uso do texto filosófico e de outros recursos (vídeo, cinema, teatro, pintura, aplicações digitais ) para o desenvolvimento de um aprendente independente. Secção C. Avaliação formativa (6 horas de trabalho síncrono + 3 horas de trabalho assíncrono autónomo) 1. Conceitos e fundamentos para um ensino-avaliação-aprendizagem. 2. Análise crítica de recursos didáticos de Filosofia já existentes a partir dos conceitos teóricos explorados. 3. Planificação de atividades e de recursos de aprendizagem para a aplicação de uma avaliação formativa; análise crítica dos recursos produzidos e da sua aplicação. 7 horas presenciais (apresentação e secção A) 13 horas síncronas na plataforma Zoom: (Secções B e C) 5 horas assíncronas para trabalho autónomo a disponibilizar e comentar na Plataforma Moodle e a retomar nas sessões síncronas Total: 25 horas 6. METODOLOGIA DE REALIZAÇÃO DA AÇÃO As sessões terão componentes teórica, teórico-prática e prática. Os conteúdos teóricos serão explorados nas sessões presenciais e nas sessões síncronas, a realizar na plataforma Zoom. A componente teórica-prática será realizada nas sessões presenciais e nas sessões síncronas. Serão apresentados, analisados e discutidos exemplos de planificações e recursos didáticos a partir dos conceitos teóricos explorados. A componente prática, a realizar nas sessões síncronas na plataforma Zoom e no trabalho assíncrono / autónomo consiste na conceção de planificação de atividades e de recursos de aula que serão apresentados e discutidos. 7. CONDIÇÕES DE FREQUÊNCIA DA AÇÃO Obrigatoriedade de frequência de 2/3 das sessões síncronas e presenciais e a realizar todas as tarefas propostas. 8. FORMA DE AVALIAÇÃO Instrumentos de avaliação dos formandos e respetiva ponderação: - participação nas sessões presenciais e assíncronas (intervenção oral e trabalho teórico-prático realizado) 50%
- planificação e produção individual de recursos didáticos, com o respetivo relatório final de reflexão crítica sobre o impacto na prática docente (50%). De acordo com os critérios previamente estabelecidos, conforme indicado na Carta Circular CCPFC 3/2007 Setembro 2007, os formandos serão avaliados com a menção qualitativa de: - 1 a 4,9 valores Insuficiente; - 5 a 6,4 valores Regular; - 6,5 a 7,9 valores Bom; - 8 a 8,9 valores Muito Bom; - 9 a 10 valores - Excelente. A Ação será avaliada: a) pelos formandos: resposta a um inquérito elaborado para o efeito; b) pelo formador: resposta a um inquérito elaborado para o efeito; c) pelo Centro de Formação: elaboração de um relatório global de avaliação com base nos instrumentos avaliativos utilizados por formandos e formador. 9. LISTA DE REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Fundação Santillana. (s/d). Tecnologias para a transformação da educação: experiências de sucesso e expectativas. Disponível em http://tinyurl.com/opvklgl Johnson, L., Adams Becker, S., Estrada V., Freeman, A., Kampylis, P., Vuorikari, R., & Punle, Y. (2014). Horizon report Europe: 2014. Schools Edition. Luxemburgo: Publications Office of The European Union, & Austin Texas: The New Media Consortium. Lucas, M., & Moreira, A. (2017). DigComp Quadro Europeu de Referência para a Competência Digital. Laboratório de Conteúdos Digitais (LCD) do CIDTFF, Departamento de Educação e Psicologia da Universidade de Aveiro. Disponível em http://www.erte.dge.mec.pt/sites/default/files/recursos/estudos Microsoft Corporation. (s/d). Inovative teaching and learning. 21 CLD learning ativity rubrics. Disponível em https://www.sri.com/work/projects/21st-century-learning-design-21cld Ministério da Educação (2001). Programa de Filosofia. 10.º e 11.º anos. Lisboa: Ministério da Educação. Ministerio de Educación, Cultura e Deporte. (2013). Marco comum de competência digital docente.v2.0. INTEF. Disponível em http://educalab.es/documents/10180/12809/marcocomuncompedigidocev2.pdf/e8766a69-d9ba-43f2-afe9-f526f0b34859 Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. (2014). Diretrizes de políticas para a aprendizagem móvel. Brasília: UNESCO. Disponível em http://tinyurl.com/ph7je57 Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. (2014). O futuro da aprendizagem móvel. Implicações para planejadores e implementadores de políticas. Brasília: UNESCO. Disponível em http://tinyurl.com/octns37 Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. (2014). Tecnologias para a transformação da educação: experiências de sucesso e expectativas. Disponível em http://tinyurl.com/nvdwp2j Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. (2015). Rethinking education. Towards a global common good? Paris: UNESCO. Disponível em http://tinyurl.com/nbecaxo Observatório dos recursos educativos. (2014). Para uma utilização crítica dos recursos digitais em contextos educativos. Um balanço de investigações recentes. Disponível em http://www.ore.org.pt/filesobservatorio/pdf/estudoore_recursosdigitaisemcontextoseducativos.pdf Ribeiro, H., & Vicente, J. (ed.) (2010). O Lugar da Lógica e da Argumentação no Ensino da Filosofia, Coimbra, FLUC, 2010. Valente, J., & Gomes, M. J. (2014a). Colaboration & assesement: theory and practice. Braga: Universidade do Minho. Disponível em http://creative.eun.org/c/document_library/get_file?uuid=cc91c707-e3ec-40a3-8e8c-99b971020250&groupid=96459 Valente, J., & Gomes, M. J. (2014b). What is the liberating learners model, and how to use it?. Braga: Universidade do Minho. Disponível em http://creative.eun.org/c/document_library/get_file?uuid=cdc3e818-eed8-4357-a397- c33e4777b696&groupid=96459 Tozzi, M. (1994). Penser par soi-même: Initiation à la philosophie, Lyon, Chronique Sociale.
Tozzi, M. et al. (1992). Apprendre à philosopher dans les lycées d'aujourd'hui, Paris, Hachette/CNDP. Vicente, J. N. (1998). Subsídios para um paradigma organizador do ensino da filosofia enquanto disciplina escolar da educação secundária in AAVV, Os Actuais Programas de Filosofia do Secundário - Balanço e Perspectivas, Lisboa, CFUL / DES, 1998, pp. 29-55. Vicente, J. N. (2005). Didáctica da Filosofia. Apontamentos e textos de apoio às aulas, Coimbra, FLUC, 2005. Vicente, J. N. (2012). O programa de Filosofia de 2001: uma reformulação sem ruptura e uma reformulação com inovação in M. Luísa Ribeiro Ferreira (coord.), Ensinar e aprender filosofia num mundo em rede, Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, 2012, pp. 130-155. Data: 2.07.2018 Assinatura: Isabel Bernardo e Sérgio Lagoa