Assédio moral envolvendo os trabalhadores da Enfermagem: uma revisão integrativa da literatura

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Transcrição:

1 Assédio moral envolvendo os trabalhadores da Enfermagem: uma revisão integrativa da literatura Vanicélia Silva Brito (Graduanda em Enfermagem/10º período/unit), e-mail: vaniceliabrito@hotmail.com; Keyciane Bispo de Santa Rita (Graduanda em Enfermagem/10º período/unit), e-mail: keyciane.bispo@hotmail.com; Larissa Santana Andrade (Graduanda em Enfermagem/10º período/unit), e-mail: andrade_larissasantana@hotmail.com Thatyanny Ramony Andrade Santos (Graduanda em Enfermagem/10ºperíodo/UNIT), e-mail: thatyanny.ramony@hotmail.com Ilva Santana Santos Fontes (Docente de Enfermagem/Mestre em Saúde Coletiva/Universidade Tiradentes), e-mail: ilva_ss@hotmail.com Linha Gerencial 02 Políticas públicas e gestão dos serviços de saúde. Sublinha de pesquisa: Gestão e organização do processo de trabalho em saúde e enfermagem INTRODUÇÃO O assédio moral no trabalho, compreende a exposição dos trabalhadores a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas, durante a jornada de trabalho, e relativa ao exercício das funções laborais. Essa situação é evidenciada em relações hierárquicas autoritárias, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e antiéticas, de um ou mais chefes, dirigidas a um ou mais subordinados, entre colegas, desestabilizando emocionalmente o trabalhador assediado, provocando desordens psíquicas que interferem negativamente na saúde, na qualidade de vida, podendo até levar à morte (JESUS, et al. 2016). A maioria das pessoas assediadas é do sexo feminino, e isso impacta diretamente na profissão de enfermagem, que é eminentemente constituída de mulheres (JESUS et al. 2016). Estudo realizado no país apontou a insatisfação de enfermeiros com o trabalho, decorrente da ausência de bom relacionamento interpessoal entre profissionais de saúde (FONTES, et al. 2013). Nesse contexto o assédio moral acontece independentemente das características pessoais ou profissionais da vítima. No entanto, a personalidade da vítima pode ter influência na percepção da vivência. Quanto maior for o número de estratégias utilizadas pelo agressor, maior é a gravidade das consequências para a vítima, com reflexos negativos na sua saúde física e mental, por um lado, e a nível familiar, profissional e socioeconômico, por outro (VALENTE; SEQUEIRA, 2015). Justifica-se o trabalho pela importância do empoderamento dos profissionais de enfermagem frente ao assédio moral no trabalho, visto que, esses profissionais não realizam o registro formal da agressão sofrida, para eles as agressões resultam do processo de trabalho das necessidades de saúde do indivíduo, das comunidades e do risco de exposição a agressão, além da condição de vida, educação, condição social, econômica e cultural. Considerando o exposto, surgiu a seguinte questão norteadora: Quais as implicações do assédio moral para os trabalhadores da enfermagem? Espera-se com o estudo sensibilizar acadêmicos, profissionais, gestores para manutenção das discussões em prol da intolerância ao assédio moral no contexto da enfermagem. OBJETIVOS Identificar as implicações do assédio moral para os trabalhadores da enfermagem. Tendo

2 como objetivos específicos: Avaliar as consequências do assédio moral para os trabalhadores da enfermagem; verificar os fatores que predispõe o assédio moral no ambiente de trabalho da enfermagem; descrever a maneira como o profissional da enfermagem age frente ao assédio moral. MATERIAL E MÉTODOS Trata-se de uma revisão integrativa da literatura. Para a operacionalização desta revisão, foi utilizado as seguintes etapas: 1. Elaboração da pergunta norteadora; 2. Busca ou amostragem na literatura; 3. Coleta de dados; 4. Análise crítica dos estudos incluídos; 5. Discussão dos resultados; 6. Apresentação da revisão integrativa (MOREIRA et al., 2016). Foram utilizadas publicações científicas indexadas nas bases de dados, Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), Literatura Latino- Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e BDENF (Base de Dados em Enfermagem). O levantamento bibliográfico foi realizado entre os meses de março a abril de 2017. Os critérios para seleção dos artigos foram: textos disponíveis na íntegra, nos idiomas inglês, português e espanhol, publicados entre o período de 2010 a 2016, e que contivessem em seus títulos e ou resumos/textos os descritores específicos do estudo. Foram pesquisados os descritores validados pelos Descritores em Ciências da Saúde (DECS) disponível na Biblioteca Virtual em Saúde; selecionando-se as seguintes palavras-chave: enfermagem do trabalho, violência no trabalho; Bullying e Saúde do Trabalhador. Adotaram-se os seguintes cruzamentos para busca nas referidas bases de dados: enfermagem do trabalho AND bullying AND saúde do trabalhador AND violência no trabalho. Através deste procedimento de busca, foram identificadas, inicialmente, 1351 publicações potencialmente elegíveis para inclusão nesta revisão. Para filtragem dos artigos, foram estabelecidas duas etapas: na primeira, foi realizada análise dos títulos e resumos, confirmando se eles contemplavam a pergunta norteadora desta investigação e os critérios de inclusão. Na segunda etapa, foi realizada a leitura integral dos artigos. Foi consolidado uma amostra de 10 artigos. Constituindo maior rigor a revisão integrativa foi implementado a Prática Baseada em Evidências, que possibilita uma classificação de forma hierárquica, em seis níveis. Para análise de dados, será utilizada a avaliação qualitativa, por visar à compreensão interpretativa dos fatos, colocando o pesquisador diante de um material de trabalho constituído que o levará a trilhar por caminhos subjetivos em busca da complexidade dos fenômenos e da sua compreensão que só ocorrerá se a ação for colocada dentro de um conjunto de significados/categorização. Para o presente estudo, não se fez necessário à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa, pois o mesmo aborda dados de domínio público. Mesmo assim, serão respeitadas as diretrizes e normas regulamentadoras da Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde e, sobretudo os pesquisadores se responsabilizam em citar os autores usados no estudo, destinando tais obras apenas para fins científicos, visando uma reflexão dos mesmos em detrimento da questão levantada e objetivos pretendidos RESULTADOS E DISCUSSÃO A busca nas bases de dados culminou em uma amostra de 10 artigos. Observou-se predomínio de artigos classificados quanto ao nível de evidência científica em IV e V (n=9) e apenas 1 com nível I. Em relação ao ano de publicação dos estudos, 1 foi de 2010, 1 do ano de 2011, 3 do ano de 2013, 1 do ano de 2014, 3 do ano de 2015 e 1 do ano de 2016. Dentre esses, 9 são da área da enfermagem e 1 de Serviço Social. A análise dos artigos possibilitou a elaboração de categorias, a saber: Consequência do assédio moral para os trabalhadores da enfermagem O assédio moral é trajado como um acontecimento destruidor que tem caráter repetitivo e prolongado com a finalidade de

3 humilhar e excluir socialmente uma pessoa, levando a um estresse psicossocial, causando danos psicológicos e mesmo ocorrendo de forma sútil ou indireta quando prolongado, tal perseguição coloca o trabalhador a uma posição vulnerável causando sérios danos à saúde (COSTA et al., 2015). O assédio traz consequências negativas para a pessoa assediada tal fenômeno no trabalho pode provocar manifestações psicossociais como, a depressão, o sentimento de cansaço, recordações frequentes da maneira que sofreu o assédio, comprometimento na vida pessoal, tristeza ao recordar o fato, ansiedade, solidão e medo, assim como manifestações fisiológicas como, dores de cabeça, queixas gastrintestinais, distúrbio no padrão do sono, dor no peito, palpitações e aumento ou falta de apetite, também podendo levar a consequências mais extremas, como o isolamento social e a intenção de abandonar o emprego (COSTA et al., 2015; MESQUITA, 2013). Tal violência, causa uma diminuição da auto estima, desestabiliza emocionalmente e profissionalmente, ficando claro que o assédio moral no trabalho de enfermagem, causa a perda de interesse pelas atividades realizadas no trabalho agravando doenças já existentes, além do surgimento de novas doenças, resultando de fins destrutivos para o indivíduo assediado, para o coletivo profissional, para a família que acaba sendo envolvida pelo acontecimento, assim como a produtividade da empresa, levando má qualidade de serviços prestado para população (JESUS et al., 2016). Compreende-se, portanto, que os transtornos acarretados pelo assédio moral, muitas vezes, incapacitam o trabalhador da enfermagem de realizar suas atividades e diminuem sua atuação no trabalho, aumentando sua ausência e, consequentemente, diminuindo a produtividade e o lucro da empresa e em especial o comprometimento da assistência à população (SILVA; AQUINO; PINTO, 2014; YAMAN, 2010). Fatores que predispõe o assédio moral no ambiente de trabalho da enfermagem O assédio pode acontecer em uma relação horizontal, ou seja, quando um colega agride outro colega, ou em relação vertical, quando o subordinado agride o superior, assim como pode ocorrer de maneira descendente quando o superior agride o subordinado, sendo esse o mais comum (MESQUITA, 2012). A violência se dar por meio de relação com a chefia, clientes e o público no exercício das suas atividades, o profissional é submetido a situações vexatórias e humilhantes que se tornam repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho gerando danos morais, doenças físicas e emocionais tornando assim o trabalhador vulnerável, além de se deparar com a miséria intensa seguido da falta de recursos para a resolução e de impotência para sugerir alternativas que inevitavelmente culminarão no afastamento do trabalho ou na demissão (SILVA; RAICHELES, 2015). O âmbito hospitalar favorece o assédio moral, por se tratar de uma estrutura rígida, com supervalorização da hierarquia e independente da complexidade do cuidado realizado é no atendimento de emergência que este fato tem maior probabilidade de ocorrer devido às tensões existentes neste local, já o Programa Saúde da Família (PSF), por ter sua implantação nas áreas de maior risco social e pelas diversas estratégias criadas que possuem um contato direto entre a equipe e a população muito diversificada e composta muitas vezes por paciente psiquiátricos drogados e embriagados e também por ter que lidar com familiares destes que por vezes reagem de forma agressiva quando não são atendidos imediatamente, este é considerado um dos fatores que predispõe o aumento ao risco e a vulnerabilidade do profissional (FONTES; PELLOSO; CARVALHO, 2011; VASCONCELLOS; ABREU; MAIA, 2012). Devido as condições opressivas de trabalho, da disputa por poder e do relacionamento conflituoso entre os membros da equipe, estudos demonstram os profissionais de enfermagem como uma das categorias mais vulneráveis para o assédio, podendo atribuir tal condição ao fato destes trabalhadores estarem mais próximos aos pacientes, e consequentemente levando a

4 serem os primeiros onde são depositadas as manifestações de insatisfação com o atendimento (COSTA et al., 2015; MESQUITA, 2012; VASCONCELLOS; ABREU; MAIA, 2012). Na profissão enfermagem, o assédio moral se deve ainda, devido a grande maioria ser composta por mulheres em que muitas vezes acabam sendo subordinadas aos médicos composto em sua maioria pela figura masculina. E apesar da nossa sociedade ter evoluído para a igualdade entre os gêneros, o fato de ser mulher ainda traz grande vulnerabilidade (VASCONCELLOS; ABREU; MAIA, 2012). Maneira como o profissional da enfermagem age frente o assédio moral É imprescindível que os profissionais estejam preparados para reconhecer o assédio moral, evita-lo e combate-lo, para que assim mantenham com menor sofrimento sua saúde física e mental, na vida profissional e pessoal, pois surtindo efeito ele é capaz de instaurar um pacto de silêncio coletivos quanto à gradativa desestruturação e fragilização da vítima, a mesma perde sua autoestima, duvida de si mesma e sente-se mentirosa à medida que se ver de deboche e desacreditada pelos outros, aniquilando suas defesas e abalando progressivamente sua autoconfiança (BOBROFF;MARTINS, 2013). Nos últimos anos, estudos nacionais tem apontado enfermeiros vítimas do assédio moral no ambiente de trabalho e estudos internacionais evidenciam a fragilidade desses profissionais diante dessa violência, que possui condutas abusivas que atentam contra a dignidade humana, podendo levar ao adoecimento e fazendo com que o trabalhador haja de maneira desesperada, através de tomadas de decisões não esperadas quanto à sua vida profissional, assim como pedido de demissão ou mudança de cargo/setor (FONTES et al., 2013). A identificação dessa situação pode não ser tão fácil, porque o assédio tende a ocorrer de forma sucinta, bem como ser alvo de um pacto de tolerância e silêncio entre os profissionais, seja ele o assediado, assediadores ou testemunha. Estudo desenvolvido nos serviços de saúde brasileiro evidencia tal acontecimento, pois constatou que 38,5% das vítimas de assédio moral tiveram a iniciativa de recorrer a chefia imediata para contar o fato ocorrido, porém em 20% dos casos foram tomadas medidas cabíveis (BOBROFF; MARTINS, 2013). É notório através dos estudos que os profissionais não realizam o registro formal da agressão sofrida, o medo domina toda e qualquer iniciativa de defesa da dignidade pois a luta para aqueles que ainda trabalham tem prioridade, já que o desemprego pode ser fonte de sofrimento (FONTES et al., 2013; VALENTE; SEQUEIRA, 2015). CONCLUSÕES Ficou perceptível que as vítimas (enfermeiros) de violência moral não denunciam o agressor, elas atribuem tal ato ao processo de trabalho, necessidades de saúde do indivíduo, comunidades, risco de exposição a agressão, condição de vida, educação, condição social, econômica e cultural. Porém é necessário que esses profissionais se empoderem frente a situação, pois nota-se que os transtornos acarretados pelo assédio moral, muitas vezes, incapacitam o trabalhador da enfermagem de realizar suas atividades e diminuem sua atuação no trabalho, aumentando sua ausência e, consequentemente, diminuição da produtividade e lucro da instituição, comprometendo dessa forma, a assistência à população. Percebe-se uma gama de publicações relacionadas à temática, porém com restrições regionais e baixo nível de evidência científica, fator que dificulta a disseminação do conhecimento entre profissionais, acadêmicos e consequentemente a população. REFERÊNCIAS BOBROFF, M. C. C; MARTINS, J. T. Assédio moral, ética e sofrimento no trabalho. Rev. Bioética, v. 21, n. 2, p. 251-8, 2013. COSTA, I. C. P; COSTA, S. F. G; ANDRADE, C. G. et al. Produção científica acerca de assédio moral em dissertações e

5 teses no cenário brasileiro. Rev Esc Enferm USP, v. 49, n. 2, p. 267-276, 2015. FONTES, K. B; PELLOSO, S. M; CARVALHO, M. D. B. Tendência dos estudos sobre assédio moral e trabalhadores de enfermagem. Rev Gaúcha Enferm, Porto Alegre (RS), v. 32, n. 4, p. 815-22, 2011. FONTES, K. B; SANTANA, R. G; PELLOSO, S. M. Fatores associados ao assédio moral no ambiente laboral do enfermeiro. Rev. Latino-Am. Enfermagem, v. 21, n. 3, p. 07, 2013. JESUS, M. A. C; SOUZA, N. V. D. O; COSTA, C. C. P et al. Assédio moral no trabalho hospitalar de enfermagem: uma revisão integrativa de literatura. Rev enferm UERJ, v. 24, n. 4, p. 2643-7, 2016. MESQUITA, S. K. C. Produção científica: assédio moral no âmbito do trabalho em enfermagem. Revista da Universidade Vale do Rio Verde, v. 11, n. 2, p. 327-332, 2013. SILVA, O. D; RAICHELES, R. O assédio moral nas relações de trabalho do(a) assistente social: uma questão emergente. Serv. Soc. Soc, São Paulo, n. 123. p. 582-603, 2015. SILVA, I.V; AQUINO, E. M; PINTO, I. C. M. Violência no trabalho: um estudo com servidores públicos da saúde. Revista comsoc, CICS/ENSP/FIOCRUZ, Trabalho em Saúde, Desigualdades e Políticas Públicas, 2014. Disponível em: http://revistacomsoc.pt/index.php/cics_ebooks/article/view/1915. Acesso em: 14 de abril de 2017. VALENTE, G.; SEQUEIRA, C. A organização do trabalho docente e ocorrência de assédio moral no ensino público superior de enfermagem. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental, v. 2, p. 123-128, 2015. YAMAN, E. Perception of faculty members exposed to mobbing about the organizational culture and climate. Educ Sci Theory Pract. v. 10, n. 1, p. 5675-8, 2010.