Avaliação Económica e Financeira do Setor das Farmácias



Documentos relacionados
FEUP RELATÓRIO DE CONTAS BALANÇO

Fundação Denise Lester

Cerca de 13% das famílias endividadas têm encargos com a dívida superiores a 40% do seu rendimento

Contabilidade e Controlo de Gestão. 5. Elaboração do orçamento anual e sua articulação. Contabilidade e Controlo de Gestão. Gestão Turística -3º ano

Projeções para a economia portuguesa:

8.2 NOTAS AO BALANÇO E À DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS POR NATUREZA

SAG GEST Soluções Automóvel Globais, SGPS, SA Sociedade Aberta

ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA E GESTÃO DE VISEU DEPARTAMENTO DE GESTÃO LICENCIATURA EM GESTÃO DE EMPRESAS GESTÃO FINANCEIRA. 3º Ano 1º Semestre

Fundo de Investimento Imobiliário Aberto. ES LOGISTICA (CMVM nº 1024)

Duração da Prova: 120 minutos. Tolerância: 30 minutos. Utilize apenas caneta ou esferográfica de tinta indelével, azul ou preta.

Empresas em Portugal 2012

ASSUNTO: Processo de Auto-avaliação da Adequação do Capital Interno (ICAAP)

GESTÃO FINANCEIRA UMA ANÁLISE SIMPLIFICADA

NOTAS PRÉVIAS I - DE APRESENTAÇÃO

Procedimento dos Défices Excessivos (2ª Notificação de 2014)

Portaria n.º 92-A/2011, de 28 de Fevereiro - 41 SÉRIE I, 1º SUPLEMENTO

Parque de habitação social aumentou 2% entre 2009 e 2011

Marketing e Publicidade 2ºANO 1º SEMESTRE

FICHA DOUTRINÁRIA. Diploma: CIVA. Artigo: alínea c) do n.º 1 do artigo 18.º. Assunto:

Programa de Apoio ao Empreendedorismo e à Criação do Próprio Emprego (PAECPE) Viana do Alentejo, 27 de Janeiro de 2012

PROJECTO DE CARTA-CIRCULAR SOBRE POLÍTICA DE REMUNERAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS

Organização de Apoio e Solidariedade para a Integração Social

Relatório de Gestão. Enquadramento Macroeconómico / Setorial

ANEXO À INSTRUÇÃO N.º 28/2013 (BO n.º 12, ) MERCADOS Mercados Monetários

PARECER N.º 100/CITE/2015

Demonstrações Financeiras & Anexo. 31 Dezembro 2013

Relatório Tipo Dezembro de 20XX

Semapa - Sociedade de Investimento e Gestão, SGPS, S.A. Sociedade Aberta

FINANCIAMENTO DE UNIDADES DE I&D ( )

EVOLUÇÃO DO SEGURO DE SAÚDE EM PORTUGAL

Enquadramento Fiscal dos Advogados em. sede de IRS, IVA e segurança social

Fundo de Investimento Imobiliário Fechado Beirafundo

Identificação da empresa

EGEA ESAPL - IPVC. Orçamentos Anuais Parciais de Actividade

M V O I V M I E M N E T N O T O D E D E C A C R A G R A G A E E D E D E N A N V A I V O I S O

Projeções para a economia portuguesa:

NOTA DE APRESENTAÇÃO

ÁREA DE FORMAÇÃO: CONTRAIR CRÉDITO CRÉDITO AUTOMÓVEL

Ficha de Informação Geral

Implicações da alteração da Taxa de Juro nas Provisões Matemáticas do Seguro de Vida

EXAME NACIONAL DO ENSINO SECUNDÁRIO VERSÃO 2

AVISO PARA APRESENTAÇÃO DE CANDIDATURAS. Reforçar a Competitividade das Empresas

MELHORES PRÁTICAS DA OCDE

ANEXO AO BALANÇO E DR 2014

Trabalhadores Independentes Atualizado em:

PARTE II - Duração: 2 horas. Leia com atenção as seguintes instruções:

RELATÓRIO E CONTAS ANÁLISE ECONÓMICO - FINANCEIRA

EXAME NACIONAL DO ENSINO SECUNDÁRIO VERSÃO 1

TV CABO PORTUGAL, S.A.

M V O I V M I E M N E T N O T O D E D E C A C R A G R A G A E E D E D E N A N V A I V O I S O

Crédito Habitação BPI - Ficha de Informação Geral

Expectativas de crescimento do investimento empresarial em 2016 Revisão em baixa do investimento em 2015

ÍNDICE SUMÁRIO EXECUTIVO RESULTADOS 2011 ESTRUTURA FINANCEIRA PERSPETIVAS CALENDÁRIO FINANCEIRO 2012

Fundo de Investimento Imobiliário Fechado Imomar

ANO LETIVO 2013/2014 CRITÉRIOS GERAIS DE AVALIAÇÃO

VALOR DOS DIREITOS DE PROPRIEDADE INTELECTUAL NO SECTOR CULTURAL E CRIATIVO

Aviso do Banco de Portugal n. o 10/2014

ATIVO Explicativa PASSIVO Explicativa

Carlos Carvalho Paulo Marques JUNHO 2013

REGIME EXTRAORDINÁRIO DE PROTECÇÃO DE DEVEDORES DE CRÉDITO À HABITAÇÃO EM SITUAÇÃO ECONÓMICA MUITO DIFÍCIL

Avisos do Banco de Portugal. Aviso do Banco de Portugal nº 2/2010

Demonstrações Financeiras & Anexo. 31 Dezembro 2012

Parque de habitação social em Portugal

Obrigações declarativas das entidades que não exercem a título principal

POC 13 - NORMAS DE CONSOLIDAÇÃO DE CONTAS

Formulários FOLHA DE ROSTO

Dossiê de Preços de Transferência

CAPITAL DE GIRO: ESSÊNCIA DA VIDA EMPRESARIAL

O presente anúncio no sítio web do TED:

FICHA DOUTRINÁRIA. Diploma: CIVA. Artigo: 23º. Assunto:

FICHA TÉCNICA. Exercício de 2012 EMPRESAS DO SETOR DA CONSTRUÇÃO - ANÁLISE ECONÓMICO-FINANCEIRA

Código dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de Segurança Social

O SEGURO DE VIDA COM COBERTURA POR SOBREVIVÊNCIA NO MERCADO SEGURADOR BRASILEIRO UMA ANÁLISE TRIBUTÁRIA

B. Qualidade de Crédito dos Investimentos das Empresas de Seguros e dos Fundos de Pensões. 1. Introdução. 2. Âmbito

Cotação e tempo esperado de resolução: Grupo 1 Questões de resposta múltipla e verdadeiro ou falso

DIRECTRIZ DE REVISÃO/AUDITORIA 872

C N INTERPRETAÇÃO TÉCNICA Nº 2. Assunto: RESERVA FISCAL PARA INVESTIMENTO Cumprimento das obrigações contabilísticas I. QUESTÃO

Economia dos EUA e Comparação com os períodos de e

Contributos para compreender e utilizar a. Dedução por Lucros Retidos e Reinvestidos (DLRR)

Abril Educação S.A. Informações Pro Forma em 31 de dezembro de 2011

PRODUTO FINANCEIRO COMPLEXO

Decreto-Lei nº 27/2001, de 3 de Fevereiro

Município de ALMADA Normas e condições de acesso Página 1 de 7

Análise de Projectos ESAPL / IPVC. Estrutura e Processo de Elaboração do Cash-Flow

SESSÃO TÉCNICA SOBRE O VALE I&DT E VALE INOVAÇÃO NOS SISTEMAS DE INCENTIVOS ÀS EMPRESAS

ITAÚ MAXI RENDA FIXA FUNDO DE INVESTIMENTO EM COTAS DE FUNDOS DE INVESTIMENTO CNPJ /

Trabalho nº1 Análise Económico Financeira. BRISA Auto-Estradas de Portugal, S.A.

REFORMA ATIVA PPR ESTRATÉGIA TESOURARIA

COMO FINANCIAR O MEU PRÓPRIO NEGÓCIO

REGIME FISCAL DOS RENDIMENTOS OBTIDOS PELOS ÁRBITROS

Contabilidade II Licenciatura em Economia Ano Lectivo 2007/2008. Contabilidade II. CIN - Corporação Industrial do Norte, S.A. 2005

Auditoria nos termos do Regulamento da Qualidade de Serviço Relatório resumo EDP Serviço Universal, S.A.

População residente em Portugal com tendência para diminuição e envelhecimento

UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais CONTABILIDADE FINANCEIRA II EXAME FINAL

PARECER N.º 175/CITE/2009

Volume e qualificação de emprego. O papel do Grupo Unifloresta na dinamização da economia local. Unimadeiras

Transcrição:

Avaliação Económica e Financeira do Setor das Farmácias Análise económica e financeira realizada às Farmácias Comunitárias em Portugal, com base em informação histórica relativa a 2010 e informação prospetiva relativa a 2011 e 2012 Prof. Avelino Azevedo Antão (Universidade de Aveiro) Dr. Carlos Manuel Grenha (Oliveira, Reis & Associados) Março de 2012

2

Índice 1. Sumário executivo... 4 2. Introdução... 6 3. Âmbito e Limitações... 8 4. Parâmetros do estudo... 9 5. Estratificação do setor das farmácias... 10 6. Pressupostos sobre informação financeira... 11 6.1. Volume de negócios e margem bruta de vendas... 11 6.2. Estrutura de gastos fixos... 12 6.2.1. Gastos com o Pessoal... 12 6.2.2. Gastos de depreciação e amortização... 15 6.2.3. Outros gastos e perdas... 15 6.2.4. Gastos e perdas de financiamento... 17 6.3. Imposto sobre o rendimento... 19 7. Demonstrações dos Resultados do setor das farmácias... 21 8. Comparativo com a informação disponível junto do Banco de Portugal... 24 9. Evolução previsional por escalão de dimensão das farmácias... 26 9.1. Farmácia do escalão A... 26 9.2. Farmácia do escalão B... 27 9.3. Farmácia do escalão C... 28 9.4. Farmácia do escalão D... 29 9.5. Farmácia do escalão E... 30 10. Análise histórica e previsional do setor da farmácia... 31 Conclusões... 35 Índice de quadros... 36 Índice de fontes... 38 Resumos biográficos... 39 3

1. Sumário executivo O presente estudo foi elaborado num contexto económico-social de forte austeridade em todos os setores de atividade. Por ser um dos setores com mais encargos para o Estado, a Saúde tem sido alvo de especial atenção nas medidas de contenção orçamental. No período em análise, de 2010 a 2012, o setor do medicamento foi objecto de diversas medidas com vista a uma redução da despesa pública, com o respetivo impacto nas farmácias comunitárias. Neste âmbito, o ano de 2011 ficou essencialmente marcado por alterações ao regime de comparticipação de medicamentos que motivaram consecutivas reduções nos preços. O ano de 2012 começou com uma alteração profunda sobre o modelo de remuneração do medicamento, que veio reduzir significativamente a margem bruta de venda das farmácias. No presente estudo, procurou-se caracterizar a situação atual das farmácias portuguesas e estimar o impacto das referidas medidas nos seus resultados até ao final do ano de 2012. Para esse efeito, foram utilizados dados financeiros reais relativos ao ano de 2010, bem como dados históricos e prospetivos relativos a 2011 e 2012. Para possibilitar uma melhor caracterização da realidade do setor, as farmácias foram agrupadas em cinco escalões, tendo por base o seu volume de negócios. Em 2010, as farmácias integradas no escalão com menor volume de negócios (Escalão A: menos de 500 mil euros anuais) apresentavam resultado líquido negativo, ao qual correspondia uma rendibilidade líquida das vendas de -17,69%. Os restantes escalões de farmácias apresentavam uma rendibilidade líquida das vendas que mediavam entre 1,32% e 4,83%. Em 2011, em termos médios, também as farmácias integradas no segundo escalão com menor volume de negócios (Escalão B: menos de 1 milhão de euros anuais) passaram a apresentar resultado líquido negativo, com um agravamento da rendibilidade líquida das vendas do escalão A para -23,38% e do escalão B para -1,45%. Os restantes escalões de farmácias apresentam uma rendibilidade líquida das vendas que medeiam entre 0,94% e 2,88%. 4

Em 2012, em termos médios, todos os escalões apresentam valores negativos de rendibilidade líquida das vendas, que variam entre -30,71% para o escalão A e -1,11% para o escalão E (volume de negócios superior a 2 milhões de euros anuais). O sector emprega aproximadamente 21.500 pessoas o que representa gastos anuais na ordem dos 537 milhões de euros, um peso relativo crescente (mais 2,96%) face à redução do volume anual de negócios verificado nos três anos analisados. Ao nível dos gastos de financiamento, foi utilizada uma perspectiva conservadora não tendo sido considerado qualquer acréscimo do valor de financiamento das farmácias. No entanto, foi refletido o agravamento das condições de financiamento, nomeadamente ao nível dos valores de spread e de taxas de juro. Os principais indicadores económicos e financeiros do setor degradaram-se significativamente no período em análise. O número de farmácias nos escalões com resultado líquido negativo era de 191 em 2010 e de 1210 em 2011. Em 2012, todos os escalões apresentam uma rentabilidade líquida das vendas negativa. Neste cenário, a farmácia média apresenta um resultado líquido negativo de 39.891 euros. Assim, mantendo-se os pressupostos assumidos estima-se o encerramento de um número significativo de farmácias. Este facto, por si só, alterará a estrutura de resultados e a rentabilidade das farmácias que sobreviverem, pois sendo o medicamento um bem de primeira necessidade, continuará a ser adquirido pelos doentes. Esta redução do número de farmácias poderá significar a sobrevivência de algumas, mas implicará necessariamente uma redução da cobertura farmacêutica. No entanto, as desigualdades no acesso ao medicamento que esta situação poderá originar não são alvo de análise deste estudo. 5

2. Introdução O presente estudo pretende demonstrar a situação económica/financeira das farmácias e a sua viabilidade financeira. Num contexto económico-social, em que se especula sobre as margens de comercialização das farmácias, se assiste através dos media a notícias sobre atrasos nos pagamentos a fornecedores que estão a conduzir a uma rutura de stocks, e à dependência de financiamento recorrente, julgou-se importante analisar, no âmbito das disposições legais, quais poderiam ser os possíveis impactos na situação económica e financeira das farmácias no futuro próximo tendo em conta as alterações de composição do preço do medicamento conhecidas. Em matéria das margens máximas de comercialização para os medicamentos, se recuarmos cinco anos, podemos constatar diversas alterações nas disposições legais. Senão vejamos, de 2007 até ao 1.º semestre de 2010 1, as margens máximas eram de 18,25% sobre o preço de venda ao público (PVP) deduzido do IVA, para os medicamentos comparticipados e, de 20% para os medicamentos sujeitos a receita médica não comparticipados. A partir do 2.º semestre de 2010 até ao final do ano de 2011 2, a margem de comercialização passou a ser de 20% para ambos os medicamentos, comparticipados ou sujeitos a receita médica não comparticipados. A legislação em vigor a partir de 2012 3, apresenta as margens máximas de comercialização, numa base regressiva e por escalões de preços de venda ao armazenista (PVA), podendo variar, para preços até 5 euros e 50 euros, respetivamente, 27,9% e 18,4%. Estas alterações, segundo um estudo da ANF, irão implicar um decréscimo da margem bruta das farmácias de 3,4%, nos medicamentos comparticipados, os quais correspondem a aproximadamente 80% do volume de negócios das farmácias. O presente estudo pretende apurar o estado atual e perspetivas futuras das farmácias portuguesas, analisando a sua viabilidade financeira. Para atingir este objetivo, num 1 Decreto-Lei n.º 65/2007 de 14 de março. 2 Decreto-Lei n.º 48-A/2010, de 13 de maio. 3 Decreto-Lei n.º 112/2011 de 29 de novembro. 6

primeiro momento procede-se à caracterização da situação relativa ao ano de 2010, tendo por base dados financeiros já conhecidos sobre a situação das farmácias relativa a este período e, num segundo momento, procede-se a uma análise previsional relativa aos anos de 2011 e 2012, tendo por base, quer alguns dados financeiros já disponíveis, quer a informação conhecida sobre a alteração do enquadramento legal do preço do medicamento para o ano de 2012. Para possibilitar uma melhor caracterização da realidade do setor, é efetuada uma estratificação do setor das farmácias, subdividindo-o em cinco escalões, tendo por base o volume de negócios. Esta análise permite tornar visíveis os aspetos específicos de cada escalão de farmácias, permitindo uma melhor aferição do setor como um todo. Sintetizando, pretende-se com este estudo caracterizar a realidade e perspetivas financeiras do setor das farmácias, quer por escalão de farmácia (considerando a estratificação efetuada), quer numa avaliação da situação do setor como um todo. Pretende-se ainda proceder à comparação destes dados com a fonte de informação alternativa disponível, relativa às estatísticas do Banco de Portugal, possibilitando a discussão e avaliação crítica dos resultados e conclusões apuradas. 7

3. Âmbito e Limitações Âmbito O presente estudo foi realizado pela Universidade de Aveiro com a colaboração da Oliveira, Reis & Associados, SROC, Lda., a pedido da Associação Nacional das Farmácias, e procede à análise e sistematização da informação económica e financeira disponível sobre o setor das farmácias comunitárias. Limitações A análise efectuada apresenta as seguintes limitações de âmbito: Não foram efectuadas estimativas do envelhecimento da população e dos impactos decorrentes do Programa de Ajuda Externa formalizado entre Portugal, o FMI, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu; Ausência de análise detalhada, quanto ao grau de endividamento das farmácias face ao sistema bancário; Os dados do Banco de Portugal relativos às Estatísticas de Setor estão organizados em função da designação do CAE (comércio a retalho de produtos farmacêuticos, em estabelecimentos especializado), que poderá abranger estabelecimentos com outras características, designadamente parafarmácias. Este facto pode justificar a variação verificada na rubrica de vendas e serviços prestados, uma vez que esses estabelecimentos poderão ter, em termos médios, volumes de negócios substancialmente mais baixos. Adicionalmente, os dados do Banco de Portugal apenas incluem farmácias constituídas como sociedades. 8

4. Parâmetros do estudo O universo de análise definido para o estudo foi o correspondente à totalidade das farmácias a operar em Portugal. Considerando que os atributos em análise seriam os rendimentos e os gastos que compõe o resultado líquido das farmácias, procurou-se reunir amostras tão significativas quanto possível, que permitissem uma adequada extrapolação dos resultados do estudo para o total do universo. Os dados relativos à faturação foram obtidos por duas fontes de informação distintas, permitindo reunir uma amostra de 2669 farmácias: Dados relativos ao volume de faturação das farmácias, no ano de 2010, de 1930 farmácias (foram apenas consideradas por este critério as farmácias para as quais existiam 12 meses de informação); Volume de faturação das farmácias à A.C.S.S. Administração Central do Sistema de Saúde, I.P. e a outras entidades, relativas a comparticipação de medicamentos, o que representava uma percentagem média de 52% da faturação total das farmácias. Com base nos dados existentes sobre a faturação de farmácias a estas entidades, foi possível estimar o valor da faturação para 739 farmácias adicionais. No que diz respeito às restantes rubricas das demonstrações financeiras (exceto nos casos em que algo é mencionado em contrário), a amostra utilizada teve por base informação relativa a uma base de dados das declarações para o exercício económico de 2010 da IES Informação Empresarial Simplificada. Esta base de dados, adiante designada dados financeiros das Farmácias, permitiu a obtenção de dados de 1431 farmácias, de forma anónima e não nominativa, destas 1309 sob a forma de sociedades em nome coletivo e as restantes relativas a farmácias propriedade de empresários em nome individual. 9

5. Estratificação do setor das farmácias A observação empírica de que as realidades enfrentadas por cada farmácia poderiam variar em função da sua dimensão, levou a que se considerasse oportuno proceder a uma estratificação, subdividindo o setor das farmácias em cinco grupos, tendo por base o volume de negócios. Considerando como ponto de partida os dados do Banco de Portugal relativos à média do volume de negócios do setor (CAE 47730 Comércio a retalho de produtos farmacêuticos, em estabelecimentos especializado), no montante de 1.205.339 euros, definiram-se cinco escalões, evidenciados no quadro seguinte: Quadro 1 - Limites dos Escalões (valores em euros) A B C D E 0 500.000 1.000.000 1.500.000 2.000.000 499.999 999.999 1.499.999 1.999.999 > 2.000.000 De seguida, procedeu-se à distribuição por escalões da amostra dos dados recolhidos relativos ao volume de negócios, constituída por 2669 farmácias. Com base nessa amostra, procedeu-se à extrapolação proporcional para o total do universo nacional, constituído por 2877 Farmácias, apurando o número de farmácias por escalão de volume de negócios, evidenciado no quadro seguinte: Quadro 2 - Distribuição das farmácias por escalões A B C D E TOTAL Vendas 2010 (hmr) 91 557 590 386 306 1.930 Faturação (SNS e outras entidades) 86 237 214 116 86 739 TOTAL DE FARMÁCIAS 177 794 804 502 392 2.669 TOTAL DE FARMÁCIAS EXTRAPOLADO 191 856 866 541 423 2.877 % DO TOTAL DE FARMÁCIAS 7% 30% 30% 19% 14% 100% 10

A análise das 2669 farmácias incluídas na amostra base permite estabelecer algumas considerações sobre a caracterização das farmácias incluídas em cada grupo. 6. Pressupostos sobre informação financeira Em seguida procedemos à identificação dos pressupostos de cálculo utilizados nas diversas rubricas que compõem o resultado do setor das farmácias, com referência ao ano de 2010. 6.1. Volume de negócios e margem bruta de vendas O apuramento do volume de negócios em cada escalão seguiu a metodologia referida no ponto relativo aos parâmetros do estudo, definindo-se, em função das farmácias incluídas em cada escalão, o respetivo valor médio de faturação. Relativamente ao conjunto de farmácias incluídas em cada um destes escalões foi apurado o custo médio das mercadorias vendidas. Obtiveram-se os seguintes valores relativamente ao volume de negócios, custo das mercadorias vendidas e margem de vendas: Quadro 3 - Valor médio do VN por escalão A B C D E Média Volume de negócios (sem IVA) 348.626 767.458 1.244.992 1.718.853 2.481.846 1.314.360 Custo das mercadorias vendidas 258.934 568.207 921.128 1.265.521 1.808.861 967.443 CMV em % do VN 74,27% 74,04% 73,99% 73,63% 72,88% 73,61% 11

Da análise efetuada aos dados sobre o volume de negócios, calculou-se ainda uma percentagem média de IVA, sendo possível verificar o maior peso relativo de produtos com taxas de IVA superiores nos escalões de farmácias de maior dimensão: Quadro 4 - Taxa média de IVA por escalão A B C D E Taxas de IVA estimadas por escalão 6,72% 6,79% 6,92% 6,95% 7,11% De referir ainda que, quanto à projeção de resultados efetuados com referência 2011 e 2012, foram adotados os seguintes pressupostos 4 : Para 2011, foi considerado um decréscimo de 10,4% no volume de negócios, mantendo-se estável a margem de vendas; Para 2012, foi considerado um decréscimo de 7,66% no volume de negócios, sendo ainda considerado um decréscimo da margem de vendas de 2,8%, estimada em função da legislação entrada em vigor a partir do início de 2012. 6.2. Estrutura de gastos fixos 6.2.1. Gastos com o Pessoal Na determinação dos valores médios aplicáveis a esta rubrica, foram utilizadas duas fontes de informação: O número de colaboradores obtido com base nos dados financeiros das Farmácias e, a informação retirada dos anexos A Quadro de pessoal dos Relatórios 4 Fonte: CEFAR Centro de Estudos e Avaliação em Saúde; IMS Health. 12

Únicos 5 de 2010. Com base nos dados de 1450 farmácias, das quais 1274 constituídas como sociedades comerciais e, 176 como empresários em nome individual, o número médio de colaboradores é de 8. Constata-se, ainda, que o número médio de colaboradores é gradualmente superior à medida que o volume de negócios aumenta, conforme pode ser observado no quadro seguinte: Quadro 5 - N.º médio de colaboradores por escalão A B C D E Média total N.º de colaboradores 4 5 7 8 12 8 Acrescentando à análise anterior a variável categoria profissional, ainda que reduzindo a amostra para 505 farmácias, obtemos o seguinte detalhe, para a média do número de colaboradores por escalão: Quadro 6 - N.º médio de colaboradores por categoria e escalão Categorias A B C D E Farmacêuticos 2 2 3 3 4 Ajudantes 1 2 3 3 5 Indiferenciados 1 1 1 2 3 Total 4 5 7 8 12 Relativamente aos cálculos efetuados com referência ao número médio de colaboradores, é ainda de referir que, atendendo ao facto do setor das farmácias deter uma percentagem considerável (36%) de empresas em nome individual, foi necessário efetuar um ajustamento aos valores apresentados nos quadros de pessoal. Para estas farmácias, a figura do Diretor Técnico/Proprietário não é considerada nas estatísticas iniciais, pelo que, nesses casos, foi somado um colaborador adicional, tendo sido posteriormente recalculados os valores médios, de modo a corrigir esse efeito. 5 Fonte: CEFAR Centro de Estudos e Avaliação em Saúde. 13

O salário bruto atribuído considerado para cada uma das categorias profissionais teve por base os dados dos Quadros de Pessoal das Farmácias de 2009, assumindo o pressuposto inexistência de atualização salarial para os diversos escalões para o ano de 2010. No cálculo dos vencimentos a considerar para cada categoria e escalão optou-se considerar o valor da mediana dos vencimentos e não a sua média, com o objetivo de expurgar os valores outliers existentes nas várias categorias. Os resultados obtidos são os apresentados no quadro seguinte: Quadro 7 - Mediana dos salários por categoria (valores em euros) A B C D E Farmacêuticos Diretor Técnico 1.950 1.960 2.339 2.500 2.590 Farm - Adjunto 1.700 1.689 1.706 1.719 1.753 Farmacêutico - - 1.500 1.535 1.535 Ajudantes 758 856 992 982 1.080 Indiferenciados 600 611 719 720 717 Sub. Refeição 6 6 6 6 6 Através do número médio de colaboradores por categoria e da mediana dos salários, foram obtidos os valores médios de salário anual por escalão, considerando os 14 meses de remuneração mensal. Foi ainda estimado um montante para as horas de trabalho extraordinário que os colaboradores efetuam para completarem os dias de serviço, correspondente a 12% do salário, tendo-se ainda considerado a taxa social única, considerando a taxa normal de 23,75%, bem como o montante relativo a subsídio de refeição, considerando o seu pagamento em 22 dias durante 11 meses por ano. Os montantes apurados são os indicados no quadro seguinte: 14

Quadro 8 - Gastos com o pessoal (valores em euros) A B C D E Salário 70.112 83.611 129.353 163.446 187.999 Horas Extraordinárias 8.413 10.033 15.522 19.614 22.560 Seg. Social 18.650 22.241 34.408 43.477 50.008 Sub. Refeição 6.205 7.756 10.859 12.410 18.615 TOTAL 103.380 123.641 190.142 238.946 279.181 6.2.2. Gastos de depreciação e amortização Os gastos de depreciação foram calculados com base na informação incluída nos dados financeiros das Farmácias. Através destes dados, foi possível apurar um valor médio, por escalão, para os gastos de depreciação, o qual se aproxima de 2% do volume de negócios, conforme detalhado no quadro seguinte: Quadro 9 - Valor médio dos gastos de depreciação e amortização A B C D E Média Gastos de depreciação em % do VN 3,14% 1,91% 1,69% 1,75% 1,86% 1,81% 6.2.3. Outros gastos e perdas As restantes rubricas de gastos e perdas, atendendo à sua natureza diversificada e à impossibilidade de análise detalhada de cada uma das rubricas, foram calculadas na sua proporção face ao volume de negócios. Para tal foram utilizados os dados financeiros das Farmácias. Dentro deste conjunto alargado de gastos, foram ainda assim distinguidas três sub-rubricas em concreto: Os fornecimentos e serviços externos, os gastos com impostos (exceto impostos sobre o rendimento) e uma categoria residual que abrange as restantes situações. 15

No caso particular dos fornecimentos e serviços externos, apenas foram considerados os dados das farmácias sob forma de sociedade comercial, uma vez que, no caso das farmácias constituídas como empresas em nome individual, parte destes gastos são registados na esfera do proprietário, não estando por esse motivo registados como gastos na empresa. Através dos dados analisados, foi possível apurar um valor médio, por escalão, para os gastos com fornecimentos e serviços externos e os gastos com impostos representam em termos médios aproximadamente, 6% e 2%, do volume de negócios das farmácias, sendo o detalhe por escalão apresentado no quadro seguinte: Quadro 10 - Outros gastos e perdas A B C D E Média FSE's Médio 29.543 44.562 62.363 87.120 154.328 73.054 % no VN média 8,46% 5,68% 5,13% 5,18% 6,15% 5,56% Impostos média 12.806 12.357 19.660 27.469 51.331 23.132 % no VN média 3,62% 1,59% 1,58% 1,60% 1,88% 1,76% Outros gastos e perdas 436 64 58 192 1.382 325 % no VN média 0,12% 0,01% 0,00% 0,01% 0,05% 0,02% De referir ainda, quanto à projeção de resultados efetuados com referência 2011 e 2012, que os montantes da rubrica de fornecimentos e serviços externos foram atualizados de acordo com a taxa de inflação de 2011 (3,7%) e com taxa de inflação prevista para 2012 (3,5%), tendo por base dados do Instituto Nacional de Estatística. 16

6.2.4. Gastos e perdas de financiamento No apuramento dos gastos e perdas de financiamento, foi tomado em consideração o cálculo do valor médio da rubrica Financiamentos obtidos apresentada por 1431 farmácias, através dos dados financeiros das Farmácias. Atendendo aos valores médios dos financiamentos obtidos, foi considerado um prazo de vida útil médio para liquidação dos valores em dívida de 10 anos (prazo definido com base no conhecimento do mercado financeiro e nos prazos normalmente concedidos pelas instituições financeiras), sendo considerada uma taxa de juro equivalente à média da taxa de referência Euribor 6 Meses 6 para os últimos 10 anos (2,9%), acrescida de um Spread calculado como a média ponderada de 2% para os anos de 2001 a 2008 e de 5% para os dois anos seguintes, refletindo o agravamento das condições de financiamento entretanto ocorrido. Destes cálculos resulta uma taxa média de custo de financiamento de 5,5% para o ano de 2010. Desta análise resultaram gastos de financiamento de 20.903 euros, para a farmácia média, o que compara com 11.960 euros de acordo com as estatísticas do Banco de Portugal. O motivo provável da discrepância relaciona-se com o facto de a rubrica Financiamentos obtidos incluir não só o financiamento bancário remunerado, mas também os financiamentos obtidos junto dos participantes no capital, designadamente, suprimentos de sócios, que na maioria dos casos não são remunerados. Considerando esta realidade, optou-se por considerar o montante de gastos de financiamento da farmácia média apresentado nas estatísticas do Banco de Portugal, alocando o financiamento relativo a cada escalão de forma proporcional, tomando em consideração os montantes apurados de acordo com a metodologia de cálculo anteriormente descrita. O detalhe do cálculo apresenta-se de acordo com o quadro que se segue: Quadro 11 - Apuramento de gastos de financiamento para 2010 A B C D E Média Dívida Média 243.596 230.412 292.002 397.063 839.020 401.170 Taxa de juro estimada 5,5% 5,5% 5,5% 5,5% 5,5% 5,5% Custo encargos de financiamento (base) 13.741 12.997 16.471 22.397 47.327 20.903 Gasto de juros por categoria de farmácia 7.862 7.436 9.424 12.815 27.079 11.960 6 Ficheiro histórico das taxas de juro Euribor 6 meses do Banco de Portugal. 17

De quadro acima apresentado é possível inferir que, embora por regra, o aumento do financiamento e dos gastos de financiamento acompanhe o aumento do volume de negócios, para os escalões A e B, a mesma tendência não se verifica. De facto, para as farmácias do escalão A o nível de endividamento é superior ao das farmácias do escalão B, fator que indicia o recurso a financiamento externo para fazer face a défices de exploração. Relativamente à projeção dos gastos de financiamento para 2011 e 2012, foi mantido o critério explicitado relativamente ao ano de 2010, fazendo apenas refletir o efeito dos aumentos dos spreads na taxa de financiamento, efetuando para 2011 a média ponderada de 2% para os anos de 2002 a 2008 e de 5% para os três anos seguintes, e para 2012, a média ponderada de 2% para os anos de 2002 a 2008 e de 5% para os quatro anos seguintes. As taxas de juro resultantes deste cálculo foram de 5,8% e 6,1%. Os valores relativos a 2011 são apresentados no quadro seguinte: Quadro 12 - Projeção de gastos de financiamento para 2011 A B C D E Dívida Média 243.596 230.412 292.002 397.063 839.020 Taxa de juro estimada 5,8% 5,8% 5,8% 5,8% 5,8% Custo encargos de financiamento (base) 14.510 13.725 17.394 23.652 49.978 Gasto de juros por categoria de farmácia 8.302 7.853 9.952 13.533 28.596 Os valores relativos a 2012 são apresentados no quadro seguinte: Quadro 13 - Projeção de gastos de financiamento para 2012 A B C D E Dívida Média 243.596 230.412 292.002 397.063 839.020 Taxa de juro estimada 6,1% 6,1% 6,1% 6,1% 6,1% Custo encargos de financiamento (base) 15.282 14.455 18.319 24.910 52.636 Gasto de juros por categoria de farmácia 8.744 8.271 10.481 14.252 30.116 18

6.3. Imposto sobre o rendimento Considerando as regras decorrentes do código do IRC para os períodos de 2010, 2011 e 2012, optou-se por subdividir o cálculo do imposto sobre o rendimento em duas situações, conforme o resultado antes de imposto 7 de cada escalão de farmácias: No caso de o resultado antes de imposto ser positivo, foi definida uma percentagem de IRC calculado relativamente ao resultado antes de impostos, definida tendo como base a estatística de 2010 do Banco de Portugal para o setor das farmácias. Para estes casos, foi apurada uma taxa de imposto de 27,63%; No caso de o resultado antes de imposto ser negativo, considerou-se relevante estimar a parcela de tributações autónomas a liquidar em sede de IRC. As taxas de tributação autónomas correspondem a uma percentagem (variável, mas nas situações mais representativas de 10%) de imposto a liquidar que incide sobre um conjunto de despesas (essencialmente as associadas à utilização de viaturas ligeiras, despesas de representação e despesas não documentadas). Desta forma, estimou-se, para cada escalão de farmácia, qual a percentagem dos fornecimentos e serviços externos sujeitos a pagamento de tributação autónoma, calculando o respetivo valor de tributação, para os casos em que o resultado antes de imposto se apresentasse negativo. Apesar deste ser devido, no caso de farmácias com prejuízo fiscal, não foi estimado qualquer montante para o pagamento especial por conta, dada a sua natureza reversível, em caso de apresentação de lucro tributável nos quatro períodos seguintes. De notar no entanto que, no caso de farmácias com resultado antes de imposto negativo, em caso de manutenção dessa situação durante quatro anos, esse custo tornar-se-á efetivo, não estando o mesmo considerado no cálculo do imposto estimado. O cálculo do imposto sobre o rendimento aplicável a situações em que o resultado antes de imposto médio do escalão tenha sido negativo, apresenta-se de acordo com o quadro seguinte: 7 Para este efeito são ignorados eventuais efeitos decorrentes de correções à matéria coletável, considerando-se que o resultado antes de imposto é equivalente ao lucro tributável. 19

Quadro 14 - Apuramento de imposto sobre o rendimento do exercício em caso de inexistência de lucro tributável - 2010 Descritivo A B C D E Fornecimentos e serviços externos (FSE) 29.543 44.562 62.363 87.120 154.328 Resultado Antes de Imposto (RAI) (61.245) 13.959 51.046 95.956 165.725 Estimativa de FSE com tributação autónoma (TA) 15% 12% 9% 7% 5% Estimativa de de base de cálculo de TA 4.431 5.347 5.613 6.098 7.716 Taxa Trib. Autónoma - prej. Fiscal 10% 10% 10% 10% 10% Valor TA (em caso de prejuizo fiscal) 443 - - - - Nas projeções efetuadas para os anos de 2011 e 2012, o procedimento foi idêntico. É no entanto de assinalar que para estes anos, a taxa de tributação autónoma aplicada é agravada em 10% (20% no total, na maioria dos casos) para empresas que não apresentem lucro tributável. A estimativa de cálculo do imposto sobre o rendimento aplicável a situações em que o resultado antes de imposto médio estimado do escalão se apresente negativo, apresenta-se de acordo com o quadro seguinte, para o período de 2011: Quadro 15 - Apuramento de imposto sobre o rendimento do exercício em caso de inexistência de lucro tributável - 2011 Descritivo A B C D E Fornecimentos e serviços externos (FSE) 30.636 46.211 64.670 90.343 160.038 Resultado Antes de Imposto (RAI) (72.107) (8.829) 14.529 44.868 88.508 Estimativa de FSE com tributação autónoma (TA) 15% 12% 9% 7% 5% Estimativa de de base de cálculo de TA 4.595 5.545 5.820 6.324 8.002 Taxa Trib. Autónoma - prej. Fiscal 20% 20% 20% 20% 20% Valor TA (em caso de prejuizo fiscal) 919 1.109 - - - 20

No quadro seguinte, apresenta-se a estimativa relativa ao período de 2012: Quadro 16 - Apuramento de imposto sobre o rendimento do exercício em caso de inexistência de lucro tributável - 2012 Descritivo A B C D E Fornecimentos e serviços externos (FSE) 31.494 47.505 66.481 92.873 164.519 Resultado Antes de Imposto (RAI) (87.638) (41.995) (38.881) (29.314) (21.178) Estimativa de FSE com tributação autónoma (TA) 15% 12% 9% 7% 5% Estimativa de de base de cálculo de TA 4.724 5.701 5.983 6.501 8.226 Taxa Trib. Autónoma - prej. Fiscal 20% 20% 20% 20% 20% Valor TA (em caso de prejuizo fiscal) 945 1.140 1.197 1.300 1.645 7. Demonstrações dos Resultados do setor das farmácias Tomando em consideração os parâmetros analisados no estudo, a estratificação efetuada com o objetivo de analisar cinco escalões de farmácias, da perspetiva do volume de negócios, e ainda, os pressupostos descritos relativos à apresentação da informação financeira, foi possível preparar um conjunto de demonstrações dos resultados representativas, quer da situação das farmácias no ano de 2010 (uma relativa à farmácia média do seu escalão e outra com os valores agregados do escalão e do setor), quer da evolução previsional para os anos de 2011 e 2012: 21

Quadro 17 - Demonstração dos resultados por escalões de farmácias - 2010 (valores em euros) DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS POR NATUREZAS - INDIVIDUAL A B C D E Farmácia média Vendas e serviços prestados 348.626 767.458 1.244.992 1.718.853 2.481.846 1.314.360 Custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas (258.934) (568.207) (921.128) (1.265.521) (1.808.861) (967.443) Margem Bruta 89.692 25,73% 199.251 25,96% 323.864 26,01% 453.332 26,37% 672.985 27,12% 346.918 26,39% Fornecimentos e serviços externos (29.543) 8,47% (44.562) 5,81% (62.363) 5,01% (87.120) 5,07% (154.328) 6,22% (73.065) 5,56% Gastos com o pessoal (103.380) 29,65% (123.641) 16,11% (190.142) 15,27% (238.946) 13,90% (279.181) 11,25% (186.864) 14,22% Outros rendimentos e ganhos 14.197 17.642 29.886 39.143 56.794 30.898 Outros gastos e perdas (13.242) 3,80% (12.420) 1,62% (19.718) 1,58% (27.661) 1,61% (52.713) 2,12% (23.461) 1,79% Resultado antes de depreciações, gastos de financiamento e impostos (42.276) 36.271 81.527 138.747 243.557 94.426 Gastos / reversões de depreciação e de amortização (11.107) 3,19% (14.875) 1,94% (21.057) 1,69% (29.977) 1,74% (50.753) 2,04% (24.601) 1,87% Resultado operacional (antes de gastos de financiamento e impostos) (53.383) 21.395 60.470 108.771 192.804 69.825 Juros e gastos similares suportados (7.862) 2,26% (7.436) 0,97% (9.424) 0,76% (12.815) 0,75% (27.079) 1,09% (11.963) 0,91% Resultado antes de impostos (61.245) 13.959 51.046 95.956 165.725 57.862 Imposto sobre o rendimento do período (443) # (3.857) # (14.104) # (26.513) # (45.790) # (17.140) Resultado líquido do período (61.689) -17,69% 10.102 1,32% 36.942 2,97% 69.443 4,04% 119.935 4,83% 40.722 3,10% Quadro 18 - Demonstração dos resultados por escalões de farmácias - valor agregado do mercado - 2010 (valores em euros) DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS POR NATUREZAS - SETOR A B C D Vendas e serviços prestados 66.587.566 656.944.048 1.078.163.072 929.899.473 1.049.820.858 3.781.415.017 Custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas (49.456.408) (486.384.912) (797.696.671) (684.647.108) (765.148.160) (2.783.333.259) Margem Bruta 17.131.158 170.559.136 280.466.401 245.252.365 284.672.698 998.081.758 Fornecimentos e serviços externos (5.642.713) (38.145.072) (54.006.358) (47.131.920) (65.280.744) (210.206.807) Gastos com o pessoal (19.745.601) (105.836.911) (164.662.797) (129.269.906) (118.093.424) (537.608.639) Outros rendimentos e ganhos 2.711.630 15.101.930 25.881.223 21.176.406 24.023.768 88.894.957 Outros gastos e perdas (2.529.222) (10.631.520) (17.075.788) (14.964.601) (22.297.599) (67.498.730) Resultado antes de depreciações, gastos de financiamento e impostos (8.074.749) 31.047.563 70.602.681 75.062.344 103.024.699 271.662.539 Gastos / reversões de depreciação e de amortização (2.121.489) (12.733.390) (18.235.401) (16.217.320) (21.468.524) (70.776.123) Resultado operacional (antes de gastos de financiamento e impostos) (10.196.238) 18.314.174 52.367.280 58.845.025 81.556.175 200.886.416 Juros e gastos similares suportados (1.501.640) (6.365.625) (8.161.423) (6.932.963) (11.454.467) (34.416.117) Resultado antes de impostos (11.697.877) 11.948.549 44.205.857 51.912.062 70.101.709 166.470.299 Imposto sobre o rendimento do período (84.641) # (3.301.384) # (12.214.078) # (14.343.303) # (19.369.102) # (49.312.508) Resultado líquido do período (11.782.518) 8.647.165 31.991.779 37.568.759 50.732.607 117.157.791 E Setor 22

Quadro 19 - Demonstração dos resultados por escalões de farmácias - projeção 2011 (valores em euros) DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS POR NATUREZAS A B C D E Farmácia média Vendas e serviços prestados 312.369 687.642 1.115.513 1.540.092 2.223.734 1.177.667 Custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas (232.005) (509.113) (825.331) (1.133.907) (1.620.739) (866.829) Margem Bruta 80.364 25,73% 178.529 25,96% 290.182 26,01% 406.185 26,37% 602.995 27,12% 310.838 26,39% Fornecimentos e serviços externos (30.636) 9,81% (46.211) 6,72% (64.670) 5,80% (90.343) 5,87% (160.038) 7,20% (75.768) 6,43% Gastos com o pessoal (103.380) 33,10% (123.641) 17,98% (190.142) 17,05% (238.946) 15,52% (279.181) 12,55% (186.864) 15,87% Outros rendimentos e ganhos 14.197 17.642 29.886 39.143 56.794 30.898 Outros gastos e perdas (13.242) 4,24% (12.420) 1,81% (19.718) 1,77% (27.661) 1,80% (52.713) 2,37% (23.461) 1,99% Resultado antes de depreciações, gastos de financiamento e impostos (52.697) 13.900 45.538 88.377 167.857 55.643 Gastos / reversões de depreciação e de amortização (11.107) 3,56% (14.875) 2,16% (21.057) 1,89% (29.977) 1,95% (50.753) 2,28% (24.601) 2,09% Resultado operacional (antes de gastos de financiamento e impostos) (63.804) (976) 24.481 58.401 117.104 31.042 Juros e gastos similares suportados (8.302) 2,66% (7.853) 1,14% (9.952) 0,89% (13.533) 0,88% (28.596) 1,29% (12.632) 1,07% Resultado antes de impostos (72.107) (8.829) 14.529 44.868 88.508 18.410 Imposto sobre o rendimento do período (919) # (1.109) # (4.014) # (12.397) # (24.455) # (7.526) Resultado líquido do período (73.026) (9.938) 10.515 32.471 64.053 10.884 Rácio de rendibilidade das vendas -23,38% -1,45% 0,94% 2,11% 2,88% 0,92% Quadro 20 - Demonstração dos resultados por escalões de farmácias - projeção 2012 (valores em euros) DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS POR NATUREZAS A B C D E Farmácia média Vendas e serviços prestados 288.441 634.969 1.030.065 1.422.121 2.053.396 1.087.458 Custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas (222.310) (487.894) (790.952) (1.086.869) (1.554.086) (830.879) Margem Bruta 66.132 22,93% 147.075 23,16% 239.113 23,21% 335.252 23,57% 499.310 24,32% 256.579 23,59% Fornecimentos e serviços externos (31.494) 10,92% (47.505) 7,48% (66.481) 6,45% (92.873) 6,53% (164.519) 8,01% (77.889) 7,16% Gastos com o pessoal (103.380) 35,84% (123.641) 19,47% (190.142) 18,46% (238.946) 16,80% (279.181) 13,60% (186.864) 17,18% Outros rendimentos e ganhos 14.197 17.642 29.886 39.143 56.794 30.898 Outros gastos e perdas (13.242) 4,59% (12.420) 1,96% (19.718) 1,91% (27.661) 1,95% (52.713) 2,57% (23.461) 2,16% Resultado antes de depreciações, gastos de financiamento e impostos (67.787) (18.849) (7.343) 14.915 59.691 (738) Gastos / reversões de depreciação e de amortização (11.107) 3,85% (14.875) 2,34% (21.057) 2,04% (29.977) 2,11% (50.753) 2,47% (24.601) 2,26% Resultado operacional (antes de gastos de financiamento e impostos) (78.895) (33.724) (28.400) (15.062) 8.938 (25.338) Juros e gastos similares suportados (8.744) 3,03% (8.271) 1,30% (10.481) 1,02% (14.252) 1,00% (30.116) 1,47% (13.304) 1,22% Resultado antes de impostos (87.638) (41.995) (38.881) (29.314) (21.178) (38.643) Imposto sobre o rendimento do período (945) (1.140) (1.197) (1.300) (1.645) (1.249) Resultado líquido do período (88.583) (43.135) (40.078) (30.615) (22.823) (39.891) Rácio de rendibilidade das vendas -30,71% -6,79% -3,89% -2,15% -1,11% -3,67% 23

8. Comparativo com a informação disponível junto do Banco de Portugal Os dados apresentados neste estudo têm por base, no essencial, a informação disponível na ANF (associação representativa de 97% das farmácias portuguesas), relativa a dados obtidos junto dos seus associados. Considerou-se no entanto, que seria relevante comparar a informação recolhida por esta via com outra informação disponível publicamente sobre a situação financeira do setor das farmácias. Neste sentido, procedeu-se à consulta da central de balanços do Banco de Portugal, que disponibiliza uma demonstração dos resultados que pretende representar a empresa média do setor definido em termos do CAE 47730 Comércio a retalho de produtos farmacêuticos, em estabelecimentos especializados. Considerou-se útil uma comparação entre esta e a demonstração dos resultados da farmácia média apurada neste estudo. A referida comparação apresenta-se no quadro que se segue: Quadro 21 - Demonstração dos resultados da farmácia média face aos dados do Banco de Portugal (valores em euros) DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS POR NATUREZAS - INDIVIDUAL Farmácia média Banco Portugal Vendas e serviços prestados 1.314.360 1.205.339 Custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas (967.443) (880.856) Margem Bruta 346.918-26,39% 324.483 26,92% Fornecimentos e serviços externos (73.065) 5,56% (71.119) 5,90% Gastos com o pessoal (186.864) 14,22% (162.476) 13,48% Outros rendimentos e ganhos 30.898 30.334 Outros gastos e perdas (23.461) 1,79% (25.765) 2,14% Resultado antes de depreciações, gastos de financiamento e impostos 94.426-95.458 Gastos / reversões de depreciação e de amortização (24.601) 1,87% (22.750) 1,89% Resultado operacional (antes de gastos de financiamento e impostos) 69.825-72.708 Juros e rendimentos similares obtidos 494 Juros e gastos similares suportados (11.963) 0,91% (11.960) 0,99% Resultado antes de impostos 57.862-61.242 Imposto sobre o rendimento do período # (17.140) - (16.922) Resultado líquido do período 40.722 44.321 Rácio de rendibilidade das vendas 3,10% 3,68% 24

Da comparação entre as duas demonstrações dos resultados a primeira grande constatação é a da sua proximidade quanto à maioria das rubricas (em particular, o resultado líquido do período apurado difere em menos de 10%), o que permite obter um nível acrescido de segurança sobre a análise efetuada. Adicionalmente, é possível comentar algumas das divergências mais significativas à luz de alguns fatores conhecidos: O universo de recolha de dados não é necessariamente igual. Os dados recolhidos no âmbito deste estudo são relativos exclusivamente às farmácias comunitárias a operar em Portugal. A informação disponibilizada pelo Banco de Portugal está organizada em função da designação do CAE (comércio a retalho de produtos farmacêuticos, em estabelecimentos especializado), que poderá abranger estabelecimentos com outras características, designadamente parafarmácias. Este facto pode justificar a variação verificada na rubrica de vendas e serviços prestados, uma vez que esses estabelecimentos poderão ter, em termos médios, volumes de negócios substancialmente mais baixos; A outra variação significativa verificada, relativa à rubrica de gastos com o pessoal, poderá estar relacionada, no essencial, com o ajustamento efetuado no estudo, relativo à integração nos gastos com o pessoal da figura do Diretor Técnico/Proprietário, nos casos de farmácias constituídas como empresas em nome individual. 25

9. Evolução previsional por escalão de dimensão das farmácias 9.1. Farmácia do escalão A As farmácias do escalão A correspondem às farmácias cujo volume de negócio é inferior a 500.000 euros. De acordo com os valores apurados no estudo, no ano de 2010 existiam 191 farmácias enquadráveis neste escalão, correspondente a 7% do universo das farmácias a operar em Portugal. O quadro seguinte apresenta a demonstração dos resultados da farmácia média deste escalão para o ano de 2010, bem como a análise previsional efetuada com referência aos anos de 2011 e 2012: Quadro 22 - Evolução da demonstração dos resultados da farmácia tipo A (valores em euros) DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS POR NATUREZAS - INDIVIDUAL 2010 2011 est. 2012 est. Vendas e serviços prestados 348.626 312.369 288.441 Custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas (258.934) (232.005) (222.310) Margem Bruta 89.692 25,73% 80.364 25,73% 66.132 22,93% Fornecimentos e serviços externos (29.543) 8,47% (30.636) 9,81% (31.494) 10,92% Gastos com o pessoal (103.380) 29,65% (103.380) 33,10% (103.380) 35,84% Outros rendimentos e ganhos 14.197 14.197 14.197 Outros gastos e perdas (13.242) 3,80% (13.242) 4,24% (13.242) 4,59% Resultado antes de depreciações, gastos de financiamento e impostos (42.276) (52.697) (67.787) Gastos / reversões de depreciação e de amortização (11.107) 3,19% (11.107) 3,56% (11.107) 3,85% Resultado operacional (antes de gastos de financiamento e impostos) (53.384) (63.804) (78.895) Juros e gastos similares suportados (7.862) 2,26% (8.302) 2,66% (8.744) 3,03% Resultado antes de impostos (61.246) (72.107) (87.638) Imposto sobre o rendimento do período (443) # (919) (945) Resultado líquido do período (61.689) (73.026) (88.583) Rácio de rendibilidade das vendas -17,69% -23,38% -30,71% A análise da situação económico-financeira da farmácia tipo A revela uma situação de grande fragilidade. De facto, a margem bruta apurada é claramente insuficiente face aos custos fixos (apenas os gastos com pessoal seriam suficientes para tornar o resultado negativo). As perspetivas para os anos seguintes traduzem um claro agravar da situação já identificada em 2010. As dificuldades já sentidas por este grupo de farmácias poderão ser aferidas através de um indicador relevante adicional: de acordo com a análise efetuada aos gastos de financiamento, para as farmácias do escalão A o nível de endividamento é 26

superior ao das farmácias do escalão B, situação que contraria a tendência geral, fator que indicia o recurso a financiamento externo para fazer face a défices de exploração. 9.2. Farmácia do escalão B As farmácias do escalão B correspondem às farmácias cujo volume de negócios oscila entre 500.000 euros e 1.000.000 euros. De acordo com os valores apurados no estudo, no ano de 2010 existiam 856 farmácias enquadráveis neste escalão, correspondente a 30% do universo das farmácias a operar em Portugal. O quadro seguinte apresenta a demonstração dos resultados da farmácia média deste escalão para o ano de 2010, bem como a análise previsional efetuada com referência aos anos de 2011 e 2012: Quadro 23 - Evolução da demonstração dos resultados da farmácia tipo B (valores em euros) DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS POR NATUREZAS - INDIVIDUAL 2010 2011 est. 2012 est. Vendas e serviços prestados 767.458 687.642 634.969 Custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas (568.207) (509.113) (487.894) Margem Bruta 199.251 25,96% 178.529 25,96% 147.075 23,16% Fornecimentos e serviços externos (44.562) 5,81% (46.211) 6,72% (47.505) 7,48% Gastos com o pessoal (123.641) 16,11% (123.641) 17,98% (123.641) 19,47% Outros rendimentos e ganhos 17.642 17.642 17.642 Outros gastos e perdas (12.420) 1,62% (12.420) 1,81% (12.420) 1,96% Resultado antes de depreciações, gastos de financiamento e impostos 36.270 13.900 (18.849) Gastos / reversões de depreciação e de amortização (14.875) 1,94% (14.875) 2,16% (14.875) 2,34% Resultado operacional (antes de gastos de financiamento e impostos) 21.395 (976) (33.724) Juros e gastos similares suportados (7.436) 0,97% (7.853) 1,14% (8.271) 1,30% Resultado antes de impostos 13.959 (8.829) (41.995) Imposto sobre o rendimento do período (3.857) # (1.109) (1.140) Resultado líquido do período 10.102 (9.938) (43.135) Rácio de rendibilidade das vendas 1,32% -1,45% -6,79% A análise da situação económico-financeira da farmácia tipo B revela, para o ano de 2010, um rácio de rendibilidade das vendas marginalmente positivo. Considerando que os valores apresentados respeitam a uma média, e considerando o elevado número de farmácias incluído neste grupo, é possível inferir, que já em 2010, existe um número 27

significativo de farmácias deste escalão em situação de rendibilidade líquida das vendas negativa. As perspetivas para 2011 e 2012 revelam a inversão do sinal do resultado e da rendibilidade líquida das vendas, apresentando-se marginalmente negativo em 2011 e de modo mais significativo, no ano de 2012. 9.3. Farmácia do escalão C As farmácias do escalão C correspondem às farmácias cujo volume de negócios oscila entre 1.000.000 euros e 1.500.000 euros. De acordo com os valores apurados no estudo, no ano de 2010 existiam 866 farmácias enquadráveis neste escalão, correspondente a 30% do universo das farmácias a operar em Portugal. O quadro seguinte apresenta a demonstração dos resultados da farmácia média deste escalão para o ano de 2010, bem como a análise previsional efetuada com referência aos anos de 2011 e 2012: Quadro 24 - Evolução da demonstração dos resultados da farmácia tipo C (valores em euros) DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS POR NATUREZAS - INDIVIDUAL 2010 2011 est. 2012 est. Vendas e serviços prestados 1.244.992 1.115.513 1.030.065 Custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas (921.128) (825.331) (790.952) Margem Bruta 323.864 26,01% 290.182 26,01% 239.113 23,21% Fornecimentos e serviços externos (62.363) 5,01% (64.670) 5,80% (66.481) 6,45% Gastos com o pessoal (190.142) 15,27% (190.142) 17,05% (190.142) 18,46% Outros rendimentos e ganhos 29.886 29.886 29.886 Outros gastos e perdas (19.718) 1,58% (19.718) 1,77% (19.718) 1,91% Resultado antes de depreciações, gastos de financiamento e impostos 81.528 45.538 (7.343) Gastos / reversões de depreciação e de amortização (21.057) 1,69% (21.057) 1,89% (21.057) 2,04% Resultado operacional (antes de gastos de financiamento e impostos) 60.471 24.481 (28.400) Juros e gastos similares suportados (9.424) 0,76% (9.952) 0,89% (10.481) 1,02% Resultado antes de impostos 51.046 14.529 (38.881) Imposto sobre o rendimento do período (14.104) (4.014) (1.197) Resultado líquido do período 36.942 10.515 (40.078) Rácio de rendibilidade das vendas 2,97% 0,94% -3,89% A análise da situação económico-financeira da farmácia tipo C revela, para o ano de 2010, um rácio de rendibilidade das vendas próximo de 3%. Com a redução do volume de negócios estimada para 2011, verifica-se que a rentabilidade líquida das vendas da média 28

do escalão se aproxima de zero. À semelhança do referido no caso das farmácias do escalão B, é possível inferir, que já em 2011, existe um número significativo de farmácias deste escalão em situação de rendibilidade líquida das vendas e resultado líquido negativo. Para o ano de 2012, a perspetiva é a estimativa do efeito das alterações operadas no mercado, tem como consequência o apuramento de um resultado e rentabilidade líquida das vendas claramente negativa, de aproximadamente (4%). 9.4. Farmácia do escalão D As farmácias do escalão D correspondem às farmácias cujo volume de negócios oscila entre 1.500.000 euros e 2.000.000 euros. De acordo com os valores apurados no estudo, no ano de 2010 existiam 541 farmácias enquadráveis neste escalão, correspondente a 19% do universo das farmácias a operar em Portugal. O quadro seguinte apresenta a demonstração dos resultados da farmácia média deste escalão para o ano de 2010, bem como a análise previsional efetuada com referência aos anos de 2011 e 2012: Quadro 25 - Evolução da demonstração dos resultados da farmácia tipo D (valores em euros) DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS POR NATUREZAS - INDIVIDUAL 2010 2011 est. 2012 est. Vendas e serviços prestados 1.718.853 1.540.092 1.422.121 Custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas (1.265.521) (1.133.907) (1.086.869) Margem Bruta 453.332 26,37% 406.185 26,37% 335.252 23,57% Fornecimentos e serviços externos (87.120) 5,07% (90.343) 5,87% (92.873) 6,53% Gastos com o pessoal (238.946) 13,90% (238.946) 15,52% (238.946) 16,80% Outros rendimentos e ganhos 39.143 39.143 39.143 Outros gastos e perdas (27.661) 1,61% (27.661) 1,80% (27.661) 1,95% Resultado antes de depreciações, gastos de financiamento e impostos 138.748 88.377 14.915 Gastos / reversões de depreciação e de amortização (29.977) 1,74% (29.977) 1,95% (29.977) 2,11% Resultado operacional (antes de gastos de financiamento e impostos) 108.771 58.401 (15.062) Juros e gastos similares suportados (12.815) 0,75% (13.533) 0,88% (14.252) 1,00% Resultado antes de impostos 95.956 44.868 (29.314) Imposto sobre o rendimento do período (26.513) (12.397) (1.300) Resultado líquido do período 69.443 32.471 (30.615) Rácio de rendibilidade das vendas 4,04% 2,11% -2,15% 29

A análise da situação económico-financeira da farmácia tipo D revela, para o ano de 2010, um rácio de rendibilidade das vendas próximo de 4%. Neste escalão, verifica-se uma redução gradual dos resultados e rendibilidade das vendas, atingindo valores negativos em 2012. 9.5. Farmácia do escalão E As farmácias do escalão E correspondem às farmácias cujo volume de negócios é superior a 2.000.000 euros. De acordo com os valores apurados no estudo, no ano de 2010 existiam 423 farmácias enquadráveis neste escalão, correspondente a 14% do universo das farmácias a operar em Portugal. O quadro seguinte apresenta a demonstração dos resultados da farmácia média deste escalão para o ano de 2010, bem como a análise previsional efetuada com referência aos anos de 2011 e 2012: Quadro 26 - Evolução da demonstração dos resultados da farmácia tipo E (valores em euros) DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS POR NATUREZAS - INDIVIDUAL 2010 2011 est. 2012 est. Vendas e serviços prestados 2.481.846 2.223.734 2.053.396 Custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas (1.808.861) (1.620.739) (1.554.086) Margem Bruta 672.985 27,12% 602.995 27,12% 499.310 24,32% Fornecimentos e serviços externos (154.328) 6,22% (160.038) 7,20% (164.519) 8,01% Gastos com o pessoal (279.181) 11,25% (279.181) 12,55% (279.181) 13,60% Outros rendimentos e ganhos 56.794 56.794 56.794 Outros gastos e perdas (52.713) 2,12% (52.713) 2,37% (52.713) 2,57% Resultado antes de depreciações, gastos de financiamento e impostos 243.557 167.857 59.691 Gastos / reversões de depreciação e de amortização (50.753) 2,04% (50.753) 2,28% (50.753) 2,47% Resultado operacional (antes de gastos de financiamento e impostos) 192.804 117.104 8.938 Juros e gastos similares suportados (27.079) 1,09% (28.596) 1,29% (30.116) 1,47% Resultado antes de impostos 165.725 88.508 (21.178) Imposto sobre o rendimento do período (45.790) (24.455) (1.645) Resultado líquido do período 119.935 4,83% 64.053 (22.823) Rácio de rendibilidade das vendas 4,83% 2,88% -1,11% A análise da situação económico-financeira da farmácia tipo E revela, para o ano de 2010, um rácio de rendibilidade das vendas próximo de 5%. Este escalão é aquele que demonstra maior resiliência, face à maior capacidade de diluição de gastos fixos. Ainda 30