EXPERIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: EM FOCO A METODOLOGIA DE PROJETOS

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Transcrição:

IX Encontro Mineiro Sobre Investigação na Escola 1 EXPERIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: EM FOCO A METODOLOGIA DE PROJETOS Andréa C. da Silva Viana 1, Raquel A. Souza 2 1 Colégio Batista Mineiro/ Uberlândia-MG, dedeas1@hotmail.com; 2 UFT/IFG/Itumbiara-GO, eraquelas@gmail.com; Linha de trabalho: Educação Infantil e Anos Iniciais do EF Resumo Esse texto objetiva socializar a experiência com a metodologia de projetos desenvolvida com crianças da educação infantil. A experiência partiu da curiosidade das crianças que em visitas diárias no espaço externo da escola queriam saber como as plantas nascem, crescem e se alimentam. Esses apontamentos se constituíram do tema gerador para o projeto interdisciplinar que envolveu atividades e estudos na área da ciência e meio ambiente, matemática e língua portuguesa. Os resultados apontaram que essa metodologia de trabalho possibilitou que as crianças desenvolvessem um potencial de criatividade, de envolvimento e se sentiram motivadas na realização de atividades práticas e significativas. Palavras-chave: Educação Infantil, Metodologia de Projetos, Aprendizagem Significativa. Contexto do Relato A reflexão sobre o ambiente que nos cerca e sobre nossas práticas educativas levanos a um repensar sobre nossas responsabilidades e atitudes em relação ao aprendizado dos alunos e certamente, também exige de cada um de nós o desafio de aprender e desenvolver processos educativos ricos, contextualizados e significativos para todos os envolvidos. Nessa perspectiva esse relato busca socializar a experiência desenvolvida com crianças da educação infantil do Colégio Batista Mineiro, a qual se desenvolveu a partir da Metodologia da Pedagogia de Projetos. Numa perspectiva interdisciplinar desenvolveu-se um projeto com crianças da educação infantil com idade de zero (0) a três (5) anos, o qual foi denominado de Projeto Horta e que teve como objetivo sensibilizar e conscientizar as crianças sobre a importância do cuidado com o meio ambiente.

IX Encontro Mineiro Sobre Investigação na Escola 2 Como surgiu o Projeto Horta? As práticas pedagógicas fazem parte do contexto educacional e se apresentam como importantes instrumentos para uma educação de qualidade, conforme destaca a LDB-9394/96 - Lei de Diretrizes e Bases da educação Nacional no Brasil. De forma geral, os professores vêm sendo desafiados a buscarem estratégias que sejam inovadoras e que contribuam para um processo de ensino e aprendizado que seja mais significativo e prazeroso para todos envolvidos no processo educacional. De acordo com Nogueira (2001), uma das possibilidades de desenvolver essas estratégias é por meio da Metodologia de Projetos. Para esse autor "um projeto na verdade é, a princípio, uma irrealidade que vai se tornando real, conforme começa a ganhar corpo a partir da realização de ações e consequentemente, as articulações desta". (p.90) Behrens (2015) também pontua que em meio às novas exigências educacionais para o século XXI é importante uma reflexão sobre a proposição de novas metodologias e nesse sentido pontua que as investigações de renomados autores que apresentam contribuições sobre essas questões como Moran (2000), Behrens (2006), Hernadez e Ventura (1999), Boutinet (2002), apontam para a Metodologia de Projetos como uma abordagem relevante. Por sua vez a autora Behrens (2015) defende a utilização do termo Metodologia de Projetos pontuando entre outras questões que: A metodologia de projetos pode auxiliar na ampliação da visão inter e transdisciplinar, pois representa um processo metodológico de aprendizagem que envolve níveis de integração, interconexão, inter-relacionamento de informações, agregação de informações, conteúdos, conhecimentos e saberes na busca de uma abordagem mais complexa. (p.100) Trata-se de uma opção de trabalho e desenvolvê-la na educação infantil é uma escolha metodológica importante, pois ela permite a organização das ações educativas a serem planejadas e estabelecidas pelo professor, bem como, sua mediação em situações desafiadoras e questionadoras para as crianças, de modo a provoca-las e instigar sua curiosidade. Nogueira (2007) lembra que o projeto é aquilo que ainda está por vir, pois ainda não é atual, não está presente, já que é ainda uma antecipação do futuro. Um projeto pode estimular os alunos a pesquisarem, a procurarem informações, a exercerem uma postura mais crítica. Trata-se de uma metodologia capaz de possibilitar a romper com o presente para se planejar o futuro, ou seja, uma alternativa para fomentar a autonomia do aluno e possibilitar a formação de um sujeito integral.

IX Encontro Mineiro Sobre Investigação na Escola 3 O Colégio Batista Mineiro de Uberlândia propõe em suas diretrizes pedagógicas que o processo de ensino e aprendizagem da educação infantil seja desenvolvido por meio de Projetos e nesse sentido, nos propomos a socializar nossa experiência com essa metodologia com crianças de um (1) a cinco (5) anos de idade, sendo uma turma de maternal I, (2) duas de maternal II, (2) duas de maternal III, (2) duas turmas do primeiro período e (2) duas do segundo período. O Projeto Horta Esse relato apresenta a experiência do Projeto Horta que foi desenvolvido a partir da curiosidade das crianças da educação infantil do Colégio Batista Mineiro. Em um dos momentos de passeio que ocorre diariamente pelos espaços da escola e a partir da observação e do contato com a natureza, surgiu alguns questionamentos das próprias crianças sobre como as plantas, em especial os alimentos, nasciam, cresciam e se alimentavam. A partir desses questionamentos das crianças é que surgiu o Projeto Horta, que foi desenvolvido, entre outras etapas a partir de observação das plantações de alimentos na horta da escola e também em rodas de conversa com os alunos em que foi apresentado outras imagens de alimentos já maduros como de tomate, alface, couve. A partir dessas primeiras conversas e percepções das crianças, foi solicitado que elas escolhessem um desses alimentos para que pudesse ser feito o plantio e acompanhamento de todo seu processo de desenvolvimento. Assim as crianças elegeram a alface para o plantio e com a ajuda da professora iniciaram o processo. Primeiro a professora levou as sementes dessa hortaliça, deixou as crianças observarem e explicou como seria o processo de plantio. As sementes foram plantadas em uma bandeja de isopor com vários compartimentos e os alunos iam regando dia a dia até crescer. Quando atingiu um tamanho adequado para ser mudado de recipientes, as mudas de alface foram replantadas dentro de pneus reciclados, como pode ser visualizado pela figura 1. Figura 1. Registro das mudas de alface

IX Encontro Mineiro Sobre Investigação na Escola 4 Fonte: registro da autora Foi elaborado uma sequencia didática de forma a trabalhar questões interdisciplinares, com atividades que ocorriam uma vez por semana como atividades de registros para desenvolver o letramento, ressaltando elementos da alfabetização na área da língua portuguesa, interligando atividades de matemática em que as crianças eram desafiadas a contar as sementes que foram plantadas e o quantitativo de mudas que iam nascendo. Em relação ao ensino de ciências, destaca-se o aprendizado sobre o solo, a importância da água para as plantas entre outras questões que iam sendo trabalhadas na medida em que as crianças visitavam a horta, como questões sócio ambientais sobre o compromisso de cuidar da horta e do meio ambiente. As crianças de quatro (4) e cinco (5) de outras turmas que participaram do projeto também desenvolveram as mesmas atividades que foram realizadas com os alunos menores, no entanto, vale destacar que outros elementos de aprendizagem foram alcançados. Em ciência como ponto de partido, exploraram o meio ambiente, visitando o local da horta em que as sementes de alface foram plantadas. Compreenderam que existe hortas de vários tamanhos e de diversos tipos de plantações como as de frutas, legumes, verduras, cereais e grãos. Os professores explicaram que existem hortas particulares, comunitárias e hortas com fins lucrativos. Também tiveram contato com a terra da horta da escola, pois em uma das atividades tiveram que explorar as cores dos elementos envolvidos, como a terra, as mudas, as cores dos pneus que foram utilizados como vasos e canteiro para as alfaces, os regadores, de outros objetos e utensílios que foram utilizados. No contexto da matemática, os alunos foram desafiados a quantificar os utensílios usados no plantio das sementes, fazer a separação deles. Em relação à Língua portuguesa, as

IX Encontro Mineiro Sobre Investigação na Escola 5 atividades foram associadas à contação de histórias sobre o livro a Cesta da Dona Maricota em que as crianças ouviram a história de uma cozinheira que sempre dava preferência aos produtos in natura. Nessa ocasião foi disponibilizado uma cesta cheia de produtos alimentícios da feira para que as crianças tivessem o contato visual e depois de experimentação. Na história do livro acontece um diálogo entre as frutas, legumes e verduras e por meio da contação dessa história foi trabalhado questões sobre a cor, o tamanho, o tipo de alimento, a composição de vitaminas e nutrientes que elas contem e que são importantes ao nosso organismo. Os alunos também tiveram uma aula com uma nutricionista que relacionando a contação de história com fantoches, explicou a importância dos alimentos in natura. As crianças degustaram tomates e essa experiência foi muito importante, pois haviam algumas delas que não conseguia identificar o tomate em seus diversos tipos e tamanhos. No momento da degustação, por ser um momento de interação e muita curiosidade, muitos que não gostavam ou ainda não tinham experimentado, resolveram experimentar e aprovaram o gosto do tomate, descobrindo assim que ele é uma hortaliça muito saborosa. Assim, nesse momento as descobertas continuaram e fizeram descobertas de que o tomate pode ser vermelho ou verde, pode ser grande ou pequeno em forma de círculo e que dentro dele existem muitas sementes. Nessa ocasião trabalhamos os sentidos do tato, do olfato, e do paladar de forma interdisciplinar associando com vários conteúdos importantes que foram sendo ministrados a partir da contextualização e de ações planejadas a fim de, os alunos pudessem explorar ao máximo as informações sobre uma horta e um dos elementos que podem fazer parte da horta, como o tomate. Todos os alunos participaram com muito entusiasmo e cuidaram da horta regando o plantio e ajudando na limpeza do local. Ao final, depois de três meses, as turmas da educação infantil que participaram do projeto se reuniram a fim de compartilhar a experiência do projeto. Os alunos apresentaram trabalhos com fotos e atividades de pintura e os maiores fizeram cartaz com recortes, apresentaram pequenas falas sobre a horta e a sua importância. Nesse momento de socialização das experiências também foram expostas as atividades de artes e registros com fotos em estandes. Cada sala organizou o material necessário para esse momento e os pais e outros alunos da escola foram convidados para conhecer o resultado do projeto, e dessa forma, toda a educação infantil da escola foi envolvida.

IX Encontro Mineiro Sobre Investigação na Escola 6 De forma geral, os resultados do projeto mostram que as crianças aprenderam sobre questões essenciais em relação ao cuidado com o plantio de hortaliças, além de aprenderem de forma interdisciplinar sobre elementos importantes da ciência, da língua portuguesa, da matemática e outros saberes importantes do próprio cotidiano delas. Considerações A metodologia de trabalho a partir de projetos proporcionou aos alunos envolvidos no Projeto Horta um aprendizado concreto e significativo além de possibilitar que o desenvolvimento de múltiplos saberes que, por sua foram mediados pelos professores, os quais tem um papel fundamental de contribuir para uma educação voltada para a formação de sujeitos críticos, participativos do processo de aprendizagem e assim, representou uma experiência que contribuiu para uma nova cultura escolar. Concordamos que a metodologia de projetos pode ser uma realidade na educação, pois ele permite a inclusão e interação de todos os sujeitos com seus conhecimentos prévios, e a partir do tema gerador esses conhecimentos começam a ser reelaborados com objetivos específicos. Assim é possível ir avançando com atividades direcionadas que visem contribuir para um conhecimento mais empírico, que começa com questões mais simples até chegar em questionamentos mais complexos que necessitam de pesquisas, de elaborar atividades que envolvam o aluno a fim de buscar mais saberes que sejam realmente pertinentes para a temática. Ao elaborar um projeto, o professor mediador precisa compreender que ele será uma prática com muitos desafios, que envolve os alunos de forma intensa, desde o tema gerador até o final de todas ações. Nesse sentido, os projetos permitem o aluno participar ativamente pois eles possibilitam um leque de oportunidades de aprendizados, que não seriam contempladas apenas com o uso dos livros didáticos e materiais apostilados, demonstrando a sua importância como instrumento de ensino aprendizagem. Assim, acreditamos que cada professor deve se inspirar em um projeto que seja interesse de seus alunos, aproveitando esse relato como incentivo para um novo olhar sobre sua prática pedagógica.

IX Encontro Mineiro Sobre Investigação na Escola 7 Referências BEHRENS, M. A. METODOLOGIA DE PROJETOS: APRENDER E ENSINAR PARA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO NUMA VISÃO COMPLEXA. IN. Metodologias para a produção do conhecimento: da concepção à prática. Torres, TORRES, P. L. (Org.), Curitiba: SENAR - PR., 2015. BOUTINET, J. Antropologia do Projeto. Porto Alegre: Art Méd, 2002. BRASIL/MEC. Lei nº. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, DF: 20 de dezembro de 1996. HERNANDEZ, F; VENTURA, M. A organização do Currículo por projetos. Porto Alegre. Art Méd, 1999. NOGUEIRA, N. R. Pedagogia dos projetos: uma jornada interdisciplinar rumo ao desenvolvimento das múltiplas inteligências. São Paulo: Érica, 2007.. Pedagogia de projetos. São Paulo: Ática, 2001.