EMPREGO E RENDA 1º SEMESTRE/2003 O MERCADO DOMÉSTICO EM CONTRAÇÃO Na última pesquisa de emprego do IBGE, a taxa de desocupação cresceu ainda mais, fazendo com que o semestre fechasse com uma taxa média superior à de 2002 (12,2% contra 11,2%). Ressalte-se que as taxas de desemprego também aumentaram em grande parte dos países da OCDE. Em que pese tal contexto, o número de pessoas ocupadas tem se ampliado. Porém essa ampliação vem ocorrendo com aumento, sobretudo nas ocupações sem carteira assinada. Ademais, o rendimento médio mensal vem declinando. No primeiro semestre de 2003, tanto o rendimento médio quanto a massa de rendimentos sofreram declínio expressivo em relação ao mesmo período do ano anterior: -9,7 e -4,4, respectivamente. Taxa de Desemprego Os primeiros seis meses de 2003 não foram favoráveis para o emprego e a renda no Brasil. Em junho, a taxa de desocupação novo nome da taxa de desemprego foi a maior da nova série apurada pelo IBGE para as seis grandes Regiões Metropolitanas do Brasil, encerrando um semestre em que o esforço para controlar a inflação resultou em menos emprego e menor remuneração das pessoas ocupadas. O mais preocupante é que a taxa de desemprego tem se mostrado crescente ao longo desse início de ano. A taxa de desemprego do semestre alcançou 12,2%, um aumento de 1 ponto percentual em relação ao mesmo período de 2002. No último mês estimado, atingiu 13%, uma expressiva alta em relação a janeiro (11,2%). Emprego e Renda - 1º Semestre/2003 - O Mercado Doméstico em Contração 1
14 Taxa Média de Desemprego Aberto Média dos Resultados Mensais e Meses de 2003 (%) 13 12,8 13,0 12 12,4 12,2 11 11,2 11,2 10 9 8 1º sem/02 2º sem/02 jan-03 fev-03 mar-03 abr-03 mai-03 jun-03 1º sem/03 14 Taxa Média de Desemprego Aberto (%) 13 12,9 12,8 13,0 12,5 12,5 12,4 12 11,7 11,5 11,9 11,9 11,7 11,5 11 10,6 11,1 11,2 10,9 10,5 11,2 10 9 8 out/01 nov/01 dez/01 jan/02 fev/02 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/02 nov/02 dez/02 jan/03 fev/03 mar/03 abr/03 mai/03 jun/03 Emprego e Renda - 1º Semestre/2003 - O Mercado Doméstico em Contração 2
Comparando as Taxas de Desemprego Cumpre ressaltar que poucos países têm logrado reduzir o desemprego em 2003. Seja para o último mês disponível, seja para acumulado no ano (média dos 12 meses apurados), dentre os integrantes da OCDE, apenas a Coréia do Sul e o Reino Unido não presenciaram piora em ambos. Verifica-se, portanto, um quadro internacional desfavorável para o emprego, decorrência do baixo crescimento das grandes economias do mundo. Países Selecionados - Taxa de Desemprego Mensal (%) Comparação 2002-2003, Último Mês Disponível Alemanha (mai) 8,2 9,4 Brasil (jun) 13,0 Canadá (mai) 7,5 7,8 Coréia do Sul (mar) 3,3 3,2 Espanha (mai) 11,2 11,3 Estados Unidos (jun) 5,8 6,4 França (mai) 8,7 9,1 Irlanda (mai) 4,3 4,6 Japão (mai) Reino Unido (mar) 5,3 5,4 5,1 5 Área do Euro (mai) 8,2 8,8 2002 2003 Fonte: Brasil: IBGE PME Nova Metodologia; Estados Unidos - Bureau of Labour Statistics; Demais países: OCDE - Standardised Unemployment Rates, 07/2003. Elaboração própria. Emprego e Renda - 1º Semestre/2003 - O Mercado Doméstico em Contração 3
Países Selecionados - Taxa de Desemprego Mensal (%) Comparação 2002-2003, Média das Taxas nos 6 Primeiro Meses Alemanha* 8,1 9,3 Brasil 12,2 Canadá* 7,7 7,5 Coréia do Sul** 3,4 3,2 Espanha* 11,1 11,4 Estados Unidos 5,7 6,0 França* 8,7 9,1 Irlanda* Japão* Reino Unido** 4,3 5,4 5,3 5,4 5,1 5,0 Área do Euro* 8,2 8,8 acum-02 acum-03 Fonte: Brasil: IBGE PME Nova Metodologia; Estados Unidos - Bureau of Labour Statistics; Demais países: OCDE - Standardised Unemployment Rates, 07/2003. Elaboração própria. Notas: * Em 2003, refere-se à média das taxas dos cinco primeiros meses. ** Em 2003, refere-se à média das taxas dos três primeiros meses. Pessoal Ocupado Malgrado o contexto desfavorável no Brasil, a pesquisa de emprego do IBGE traz um dado positivo: a quantidade de pessoas ocupadas. Os meses para 2003, para os quais há registro equivalente no ano anterior, apresentaram incremento. Em junho último, o pessoal ocupado totalizou 18,3 milhões de pessoas, contra 17,5 milhões no mesmo mês em 2002. O gráfico seguinte ilustra tal melhora, mas com uma qualificação relevante. O número de assalariados com carteira assinada tem caído quase que constantemente desde fevereiro último. Ou seja, as condições para a mão-de-obra assalariada têm se deteriorado nesse período. O aumento da população ocupada e as condições da ocupação refletem, de um lado, um fraco desempenho da economia e, de outro, a base de comparação. No primeiro semestre de 2002, a economia do País ainda estava envolta por um cenário adverso e tentando se soerguer do impacto do racionamento energético. Emprego e Renda - 1º Semestre/2003 - O Mercado Doméstico em Contração 4
112 Brasil: Pessoal Ocupado Total e Assalariados 110 108 Índice Mar/2002 = 100 106 104 102 100 98 mar-02 abr-02 mai-02 jun-02 jul-02 ago-02 set-02 out-02 nov-02 dez-02 jan-03 fev-03 mar-03 abr-03 mai-03 jun-03 Total Ocupados Com Carteira Sem Carteira Rendimento e Massa de Rendimentos As piores condições de trabalho são ratificadas pelas informações sobre o rendimento médio mensal e sobre a massa de rendimentos. Todos os meses de 2003, excetuando-se janeiro, tiveram rendimento médio mensal inferior a R$ 900, contrastando com os resultados de seus equivalentes (quando apurados) do ano de 2002. Deste modo, mesmo com o aumento do número de pessoas ocupadas, a massa de rendimentos para os meses de 2003 ficou aquém da apurada para seus respectivos meses de 2002. Emprego e Renda - 1º Semestre/2003 - O Mercado Doméstico em Contração 5
1.200 Rendimento Médio Mensal Efetivamente Recebido pelas Pessoas Ocupadas (R$ de Jun/2003) 1.100 1.000 900 800 700 600 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/02 nov/02 dez/02 jan/03 fev/03 mar/03 abr/03 mai/03 jun/03 Nota: O dado de junho de 2003 é uma estimativa própria. 21.000 Massa de Rendimentos Efetivamente Recebida pelas Pessoas Ocupadas (R$ Milhões de Jun/2003) 19.000 17.000 15.000 13.000 11.000 9.000 7.000 mar/02 abr/02 mai/02 jun/02 jul/02 ago/02 set/02 out/02 nov/02 dez/02 jan/03 fev/03 mar/03 abr/03 mai/03 jun/03 Nota: O dado de junho de 2003 é uma estimativa própria. Emprego e Renda - 1º Semestre/2003 - O Mercado Doméstico em Contração 6
Embora a série da nova pesquisa de emprego do IBGE apresente lacunas e mudanças metodológicas frente à série anterior, o próximo gráfico traz uma estimativa para as variações entre o primeiro semestre de um ano contra equivalente período no ano anterior tanto do rendimento médio quanto da massa de rendimentos. As referidas variações abarcam de meados dos anos 1990 até 2003. Por esta base de comparação, observa-se que o rendimento médio mensal para os seis primeiros meses tem declinado desde 1999. Na comparação 1º semestre/ 2003 contra 1º semestre / 2002, a queda atingiu quase 10%. No período anterior, o declínio havia sido de 4,3%. Quanto à massa de rendimentos, embora tenha crescido discretamente nos primeiros semestres de 2000 e de 2001, caiu bastante desde então, principalmente nos seis meses iniciais de 2003 (-4,4%). Apesar dos resultados das comparações pela massa de rendimentos não serem tão ruins quanto os daquelas pelo rendimento, o gráfico assevera que a incorporação de pessoal ocupado ao mercado de trabalho vem sendo acompanhada por uma inferior remuneração per capita. 10,59 Rendimento e Massa de Rendimentos - Média dos Dados Mensais Variação em Relação ao Mesmo Período do Ano Anterior (%; Preço = Jun/2003) 8,74 2,34 1,30 1,18 1,39 2,08 0,71-2,09-1,65-2,65-4,03-4,72-4,29-4,43-9,69 1 sem/96* 1 sem/97* 1 sem/98* 1 sem/99* 1 sem/00* 1 sem/01* 1 sem/02* 1 sem/03 Rendimento Massa de Rendimentos Notas: * Calculados pela série anterior. Os dados da série nova foram ajustados para o cálculo da variação 1º sem 2003/ 1º sem 2002. Assim, o desafio de se colocar o Brasil em uma trajetória de crescimento precisa lidar com um mercado doméstico contraído. Apesar do crescimento das exportações, o quadro traçado a partir das informações acima arroladas exige também medidas para aprimorar o sistema de crédito no País, de sorte a dinamizar a demanda e, por conseguinte, absorver uma proporção maior da força de trabalho e melhorar a remuneração dos trabalhadores. Emprego e Renda - 1º Semestre/2003 - O Mercado Doméstico em Contração 7