O EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO E A ESCOLA



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Transcrição:

O EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO E A ESCOLA Karine Gantes Monteiro (kahh_gtm@hotmail.com) 1 Márcia Lorena Martinez (marcialorenam@hotmail.com) 2 Thaís Gonçalves D Avila (thais.avila@ig.com.br) 3 Vagner Pedrotti (vagnerpedrotti@hotmail.com) 4 Rejane Conceição Silveira da Silva (rejanesilveira1@hotmail.com) 5 Celiane Costa Machado (celianecmachado@yahoo.com.br) 6 Órgão Financiador: CAPES Universidade Federal do Rio Grande - FURG Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência PIBID Matemática Eixo 3 Estudos curriculares e discussões sobre conteúdos básicos Palavras chaves: Competências; Escola; Exame Nacional do Ensino Médio Resumo: O presente trabalho apresenta um projeto de discussão e reflexão sobre a avaliação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), na área de Matemática e suas implicações na Educação Básica. O referido projeto foi realizado em três etapas: a primeira, um estudo sobre o Exame (competências, conteúdos, tipos de questões); a segunda, a realização de um mini-curso de revisão para alunos matriculados na 3ª série do Ensino Médio de uma escola pública e a terceira, a discussão e análise dos resultados obtidos. O projeto faz parte das atividades desenvolvidas no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência (PIBID) e foi desenvolvido pelos graduandos do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade do Rio Grande -FURG e orientado pelas professoras responsáveis pelo PIBID no âmbito da escola de atuação e da Universidade. Introdução: 1 Graduanda do Curso de Matemática Licenciatura da Universidade Federal do Rio Grande. 2 Graduanda do Curso de Matemática Licenciatura da Universidade Federal do Rio Grande. 3 Graduanda do Curso de Matemática Licenciatura da Universidade Federal do Rio Grande. 4 Graduando do Curso de Matemática Licenciatura da Universidade Federal do Rio Grande 5 Professora supervisora e orientadora do PIBID no Instituto Estadual de Educação Juvenal Miller. 6 Professora Dra do Instituto de Matemática, Estatística e Física da Universidade Federal do Rio Grande.

Nos últimos anos, a sociedade brasileira vem tomando consciência da necessidade de melhorar a qualidade do ensino, e isto se faz através dos conteúdos, métodos e recursos necessários para criação de situações de aprendizagem que propiciem o desenvolvimento de competências e habilidades. Segundo o espírito da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) o atual contexto da Educação nada tem a ver com o ensino enciclopédico e academista dos currículos anteriores, o seu alicerce é o ensino por competências. O currículo por competências constitui hoje um paradigma dominante na educação escolar no Brasil e em quase todos os demais países da América, da Europa e até de países Asiáticos. As competências e habilidades foram inseridas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), em 1997, cuja proposta era propiciar subsídios à elaboração e reelaboração do currículo, apresentando idéias do que se quer ensinar, como se quer ensinar e para que se quer ensinar. A nova proposta levou os professores a um grande desafio: Como dar sentido a um enorme contingente de informações visando à construção de um novo futuro, já que o mundo vem mudando radicalmente nas últimas décadas. Diante destes novos tempos torna-se imprescindível definir quais os conhecimentos básicos para as atuais necessidades da vida social e produtiva, não mais pela lógica que os organizava em áreas disciplinares fragmentadas, mas através das finalidades que a escola pretende atingir por seu intermédio. De acordo com Acácia Kuenger (2000): É nessa perspectiva que se impõe a necessidade de uma profunda avaliação, por professores e especialistas, dos conteúdos que tem sido reproduzido ao longo dos anos nas práticas escolares, com apoio na tradição, muito bem contemplada na maioria dos livros didáticos. Há, pois que buscar na sociedade contemporânea os conteúdos sobre os quais se constroem os modos de produzir e de organizar a vida individual e coletiva, sem deixar de tomá-los na sua perspectiva histórica. Na área de Matemática os PCNs (Brasil, 1997) recomendam que seja feita uma escolha cuidadosa e criteriosa dos conteúdos de modo que se permita ao aluno um fazer matemático por meio de um processo investigativo, que o auxilie na apropriação do conhecimento. De acordo com as Orientações Curriculares para o Ensino Médio: Ciências da Natureza, Matemática e suas tecnologias (Brasil, 2008), os conteúdos básicos da área de Matemática estão organizados em quatro blocos: Números e

Operações; Funções; Geometria; Análise de dados e Probabilidade e devem ser trabalhados buscando constantemente a articulação entre eles. A forma de trabalhar os conteúdos deve sempre valorizar o raciocínio matemático nos aspectos de formular questões, perguntar-se sobre a existência de solução, estabelecer hipóteses e tirar conclusões, apresentar exemplos e contraexemplos, generalizar situações e argumentar com fundamentação lógico-dedutiva. O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) foi criado em 1998 pelo Ministério da Educação do Brasil como ferramenta para avaliar a qualidade geral do Ensino Médio no País. Posteriormente passou a ser utilizado de forma única ou parcial como exame de acesso ao Ensino Superior em Universidades Brasileiras que aderirem ao modelo como processo seletivo de ingresso. A nota obtida no exame também é utilizada por pessoas com interesse em ganhar pontos para o Programa Universidade para todos (ProUni) e serve como certificação de conclusão do Ensino Médio para pessoas maiores de dezoito anos. A avaliação externa realizada através do ENEM leva a escola a refletir sobre seu papel na sociedade atual, bem como a repensar na nova dinâmica da sala de aula que propicie o desenvolvimento das competências e habilidades cobradas no exame. O ENEM procura exigir a capacidade de raciocínio, mas é necessário entender que o desenvolvimento dessa capacidade se fundamenta em um processo mais elaborado de conteúdos e idéias que precisam ser desenvolvidos em sala de aula. Dessa forma o conteúdo excessivo e na maioria das vezes enfadonho e fora da realidade do aluno, deve dar lugar a discussões e a problematização, propiciando ao aluno o exercício da cidadania e a tomada de decisões. A grande questão, então, que se coloca no momento é o atual estado da escola, o processo de ensino-aprendizagem e a dinâmica de produção e circulação dos saberes que circulam na sala de aula, nos levando a uma indagação sobre o tipo de escola que temos e o tipo de escola que queremos. Metodologia: Na primeira etapa do projeto realizou-se uma pesquisa sobre o ENEM, buscando conhecer sua proposta e seus objetivos. Nesta perspectiva discutiu-se as questões de Matemática dos últimos anos, procurando identificar o conjunto de competências mais

exigido e os conteúdos abordados. As competências exigidas no Exame estão presentes na Matriz de Referência para o ENEM. Essa matriz abrange cinco competências comuns a todas as áreas do conhecimento: -Dominar linguagens (DL) -Compreender fenômenos (CF) -Enfrentar situações-problema (SP) -Construir argumentação (CA) -Elaborar propostas (EP) A Matriz de Referência da área de Matemática e suas Tecnologias (Instituto Nacional de Estudos de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2010) traz um conjunto de trinta habilidades apontando que o aluno deve demonstrar conhecimentos numéricos, geométricos, de estatística e probabilidade, algébricos e algébricos/geométricos. A prova do ENEM é contextualizada e interdisciplinar, exigindo menos memorização dos conteúdos e mais demonstração de sua capacidade de como fazer. Ao contrário do decoreba, a prova do ENEM faz com que o aluno pense, raciocine e formule respostas de acordo com o que aprendeu e vivenciou. Percebe-se que as questões em geral são em forma de situação problema e exigem que o aluno demonstre o domínio de competências e habilidades para sua solução, fazendo uso dos conhecimentos adquiridos na escola e na sua experiência de vida. De acordo com os PCN s:... aprender Matemática no Ensino Médio deve ser mais do que memorizar resultados dessa ciência e que a aquisição do conhecimento matemático deve estar vinculada ao domínio de um saber fazer Matemática e de um saber pensar matemático. (BRASIL, 1997, p.252) O ENEM tem como característica a transdiciplinaridade, que consiste em formular questões que dependem do uso de duas ou mais disciplinas aprendidas no Ensino Médio para obter sua resposta e tem por objetivo avaliar competências e não informação. Após esse estudo, iniciou-se a segunda etapa do projeto que envolveu sete aulas, um simulado, uma entrevista e uma atividade de fechamento com alunos da 3º série do Ensino Médio. Durante essas aulas nossa intenção foi trabalhar com os alunos os conteúdos com maior exigência nas provas, através da metodologia de situações problemas. As questões do ENEM são normalmente extensas valorizando a compreensão dos textos, por isso procuramos mostrar aos alunos durante estas aulas que

diante de um problema é necessário identificar os dados relevantes e interpretar a pergunta para entender o tipo de resposta esperada. Muitas vezes a resposta para uma pergunta está na própria pergunta. Observou-se que muitas das dificuldades em resolver as questões estavam ligadas a falta de compreensão das mesmas. Ao término dessas aulas, foi realizado um simulado com trinta questões que priorizavam o raciocínio e com o tempo de duração de uma hora e meia, proporcional ao tempo disponível na prova oficial. No último encontro foi divulgado o gabarito das questões, solucionadas algumas dúvidas e como fechamento das atividades promovemos uma confraternização. O objetivo maior deste último encontro era descontraí.-los e estimulá-los, para que assim pudessem ir mais confiantes e tranquilos para o exame oficial, já que autoconfiança e controle emocional são tão importantes quanto sentir-se preparado em relação aos conhecimentos. Resultados e conclusões: Os resultados no simulado mostraram que os alunos apresentam muitas dificuldades para realizarem este tipo de prova. A maioria não conseguiu atingir a média e achou o tempo insuficiente para sua resolução. Durante o mini-curso realizado observou-se as seguintes dificuldades: 1. Leitura e interpretação dos problemas; 2. Relacionar as situações apresentadas aos conteúdos aprendidos na escola; 3. Dúvidas com a Matemática básica, principalmente em operações com números decimais e porcentagens. Acredita-se que estas dificuldades devem-se ao fato dos alunos na maioria das vezes não estarem habituados a resolverem problemas, aliado a uma série de déficits de aprendizagem que vem se somando ano após ano. Além disso, geralmente os conteúdos ainda são trabalhados na escola de forma isolada e fora de contextos significativos para o aluno. Durante o estudo das questões e a operacionalização das aulas foi possível perceber que alguns conteúdos cobrados no exame são pouco vistos na educação básica e quando estudados continuam sendo priorizados nos aspectos procedimentais em detrimento de seu entendimento conceitual.

Através da entrevista realizada ao longo do mini-curso os alunos analisaram que as questões do ENEM são difíceis porque são extensas, exigem interpretação e se tornam cansativas, alguns destacaram que foram mal acostumados a vida inteira com questões fáceis e objetivas que não exigiam a interpretação e a concentração que o exame requer. Os alunos também responderam que não se sentem preparados para resolver estas questões, porque acham que o tempo é curto e que a escola não está organizada para orientá-los. Eles recebem tudo mastigadinho e por isso acabam tendo preguiça de pensar. Na opinião dos alunos o candidato para obter um bom rendimento no ENEM deve estudar desde cedo, ter muita calma, concentração, ler notícias da atualidade, refazer questões dos exames anteriores, fazer cursinho e treinar a leitura e a interpretação. Caso não consiga se preparar adequadamente deve fazer o que sabe e chutar o restante para não perder tempo. Com os resultados vistos ao longo do projeto destaca-se a necessidade de se rever as metodologias que estão sendo empregadas para o ensino da Matemática, bem como os conteúdos que estão sendo ensinados na escola e como estão sendo ensinados. É importante que as escolas repensem os seus currículos e se adaptem as novas tendências que estão surgindo. Considerações Finais: Para atender a proposta do ENEM torna-se necessário que a escola substitua seu ensino meramente conteudístico por um ensino questionador e formador de valores. Precisamos de pessoas que pensem, tomem iniciativas, saibam expressar suas idéias e ouçam as dos outros. A escola precisa incentivar a leitura crítica do mundo em que vivemos e acompanhar o ritmo de mudanças da sociedade atual. O grande desafio do momento é conceber uma educação que atenda as expectativas do jovem e esteja afinada ao mundo moderno, globalizado, com crises econômicas, problemas ambientais e constantes avanços da comunicação e da tecnologia. Não é preparar apenas o aluno para o exame que promoverá uma educação de qualidade, é necessário fazer com que o ensino seja um fator de crescimento, de mudanças na sociedade, contribuindo para a redução das injustiças e dilemas do mundo contemporâneo.

A proposta do Exame contempla uma nova formação e terá papel decisivo nessas mudanças, levando não só a escola a repensar o seu papel, mas também a todos os indivíduos a refletirem sobre o tipo de sociedade que precisamos construir. Referências Bibliográficas: BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: matemática. Brasília: SEF/MEC, 1997. _. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Orientações curriculares para o ensino médio. Ciências da natureza, matemática e suas tecnologias. Brasília: MEC/SEB, 2008. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira- INEP. Disponível em: HTTP://www.enem.inep.gov.br. Acesso em 30/11/2010. KUENZER, Acacia, 2000. Ensino Médio Construindo uma proposta para os que vivem do trabalho. São Paulo: Cortez.