SEGURANÇA DO PACIENTE: EXECUÇÃO DE AÇÕES APÓS O PREPARO E ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS ENDOVENOSOS EM PEDIATRIA

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Transcrição:

SEGURANÇA DO PACIENTE: EXECUÇÃO DE AÇÕES APÓS O PREPARO E ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS ENDOVENOSOS EM PEDIATRIA Thais Lima Vieira de Souza (1); Cristina Oliveira da Costa (2); Érica Oliveira Matias (3); Francisca Elisângela Teixeira Lima (4). (1) Universidade Federal do Ceará. E-mail: thaislimavs@alu.ufc.br; (2) Universidade Federal do Ceará. E- mail: cristinaenfermagemufc@gmail.com; (3) Universidade Federal do Ceará. E-mail: erica_enfermagem@yahoo.com.br; (4) Universidade Federal do Ceará. E-mail: felisangela@yahoo.com.br Resumo do artigo: A administração do medicamento corresponde a uma das diversas etapas do processo medicamentoso, sendo a mesma de responsabilidade da equipe de Enfermagem, em que esses profissionais devem ter ciência sobre os princípios que a envolvem. No que concerne à administração de medicamentos em pacientes pediátricos, é necessário um cuidado diferenciado, visto que se constituem em um grupo vulnerável, com características diferenciadas. Dentre as vias de administração de medicamentos, a via endovenosa (EV) é a mais comumente utilizada no âmbito hospitalar, sendo que esta possui um potencial para ocorrência de erros três vezes maior em pacientes pediátricos hospitalizados do que em outros públicos, podendo comprometer a eficácia medicamentosa e a segurança da criança. Trata-se de um estudo exploratório, descritivo, transversal, de abordagem quantitativa desenvolvido no setor de urgência e emergência de um hospital pediátrico municipal de Fortaleza-CE. A amostra foi composta por 36 técnicos de enfermagem e dois enfermeiros. Foi considerado, segundo o cálculo para população finita, o quantitativo de 327 observações da administração de medicamento por via EV realizadas. A coleta de dados foi realizada por meio da e observação sistemática do processo de administração de medicamento por via endovenosa na criança. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal do Ceará sob registro de número 1.282.923, respeitando as normas da Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. Como resultados, constatou-se que em 100% das observações os profissionais de Enfermagem, após o preparo das soluções, não conferiam o medicamento com a prescrição. As ações monitora o paciente (45,1%) e orienta paciente e/ou responsável (45,2%) obtiveram índice insatisfatório, já as ações registra/checa a prescrição imediatamente após a administração do medicamento (86,8%) e descarta adequadamente os materiais utilizados (89,3%) foram desempenhados de forma satisfatória. Concluiu-se que maioria das ações realizadas após o preparo e a administração de medicamento por via EV ainda não é satisfatória, sendo necessária a sensibilização dos envolvidos, por meio do desenvolvimento de capacitação para os profissionais de Enfermagem, visando aumentar

a segurança do paciente no processo de administração de medicamentos em pediatria. Palavras-chave: Segurança do Paciente, Enfermagem Pediátrica, Infusões Intravenosas. Introdução A segurança do paciente tem como um de seus focos a preocupação quanto à ocorrência de eventos adversos, caracterizados por danos ou lesões irreversíveis ao paciente devido aos cuidados de saúde prestados, o que envolve custos econômicos e sociais significativos (REIS; MARTINS; LAGUARDIA; 2013). A administração do medicamento corresponde a uma das diversas etapas do processo medicamentoso, sendo a mesma de responsabilidade da equipe de Enfermagem, considerada como a ação de administrar um medicamento prescrito ao paciente, utilizando-se técnicas específicas e recomendadas. Por se tratar da última etapa do processo, esta se torna a oportunidade final para a prevenção de uma falha no processo de tratamento do paciente, evitando, consequentemente, um erro (SILVA; CAMERINI, 2012). No que concerne à administração de medicamentos em pacientes pediátricos, é necessário um cuidado diferenciado, visto que se constituem em um grupo vulnerável, pois suas características farmacocinéticas e farmacodinâmicas se modificam rapidamente ao longo do desenvolvimento infantil, sendo ainda limitado o conhecimento dos pesquisadores acerca desse organismo imaturo. Com isso, a Enfermagem Pediátrica possui desafios cotidianos relacionados às vias de administração, à posologia, à preparação, ao armazenamento, aos agentes de diluição e ao tempo de estabilidade dos medicamentos preparados para estes pacientes (TONELLO et al., 2013). Dentre as vias de administração de medicamentos, a via endovenosa (EV) é a mais comumente utilizada no âmbito hospitalar pela equipe de Enfermagem. Esta via apresenta elevado potencial de dano ao paciente, sendo necessário que o profissional de Enfermagem fique atento aos fatores de riscos potenciais à segurança do paciente, identificando falhas nas ações, e consequentemente, prevenindo a ocorrência de erros (CAMERINI et al., 2014). Este estudo justifica-se pelo fato da administração de medicamentos representar uma prática de alta ocorrência na rotina de trabalho dos profissionais de Enfermagem, sendo o terceiro fator mais relacionado à ocorrência de eventos adversos, atrás apenas da inserção da sonda nasogástrica e de quedas

(CALDANA et al., 2013). Com isso, objetivou-se verificar se a execução das ações após o preparo e a administração de medicamentos endovenosos na criança está sendo realizada como preconizado. Metodologia Trata-se de um estudo descritivo, observacional, quantitativo, desenvolvido no setor de urgência e emergência de um hospital pediátrico municipal de Fortaleza-CE. A população foi composta por 69 profissionais de Enfermagem que atuam no processo de administração de medicamento pela via endovenosa na instituição. A amostra será composta 36 técnicos de enfermagem e 2 enfermeiros que atenderam aos seguintes critérios de inclusão: ser profissional de Enfermagem que atue na administração de medicamentos pela via endovenosa em unidades abertas da instituição e estar de serviço no período da coleta de dados. Já como critérios de exclusão, foram: estar de férias, licença ou afastado nos dias que foram realizadas as observações; e recusa em participar da pesquisa. Consideraram-se, segundo o cálculo para população finita, 327 observações da administração de medicamento por via EV. A coleta de dados foi realizada por meio de observação sistemática do processo de administração de medicamento por via EV na criança, em forma de check-list, em que o observador terá como opções de resposta: sim, não e parcial, além de um espaço para anotação de observações. Os dados foram armazenados em um banco de dados produzidos no Excel do Windows 2010, analisados estatisticamente de forma descritiva. Estudo aprovado pelo Comitê de Ética da instituição sob parecer n 1.282.923. Foi realizada uma explanação aos sujeitos envolvidos na pesquisa sobre os objetivos do estudo e a importância da colaboração deles para o estudo, e, em seguida, foi solicitada a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) aos participantes. Resultados e discussões A técnica de administração do medicamento pela via endovenosa mostrou que em 100% das observações os profissionais de Enfermagem após o preparo das soluções não conferiram o medicamento com as informações

presentes na prescrição médica. E em apenas 3,7% das observações foi realizada a ação confere o paciente com o nome que consta na prescrição. Logo, infere-se que a equipe não tem adotado uma das estratégias para segurança do paciente na administração de medicamentos. No entanto, o resultado apresentado demonstra a configuração na forma de atendimento do setor, em que uma criança é atendida por vez. Outros tópicos que vão de encontro ao que é preconizado pela literatura são os seguintes aspectos: monitora o paciente (45,1%), e orienta paciente e/ou responsável (45,2%). Portanto, demonstra-se que os profissionais realizaram tais ações de forma insatisfatória. Destaca-se que das 327 observações, em nenhuma houve queixas e/ou reações adversas apresentadas pelo paciente, fato este observado no intervalo de tempo de permanência do pesquisador entre as observações e que em todos os períodos matutino e vespertino permanecia sempre por cinco horas na unidade. Apenas nos plantões noturnos que a pesquisadora iniciava as observações no inicio do plantão e após quatro horas encerrava as atividades. Em 86,8% das observações constatou-se que os profissionais de Enfermagem registraram/checaram a prescrição imediatamente após a administração do medicamento. E outro aspecto importante e com desempenho satisfatório, refere-se ao descarte adequado dos materiais utilizados durante o procedimento, identificado em 89,3% das observações. Conclusão Este estudo permitiu a identificação do diagnóstico situacional da equipe de enfermagem sobre o desempenho das ações finais que constituem o processo de administração de medicamento por via endovenosa no contexto pediátrico de um hospital municipal, podendo assim direcionar planejamentos estratégicos futuros em busca de desenvolvimento de competências alinhadas às da instituição e às recomendas pela literatura científica. No que concerne aos achados, o estudo aponta implicações importantes relacionadas à prática de Enfermagem, pois os dados revelam que medidas recomendadas pela literatura na administração de medicamentos por via endovenosa nem sempre são adotadas, representando um desafio à educação permanente.

Referências bibliográficas CALDANA G; GABRIEL C.S; ROCHA F.L.R; BERNARDES A; FRANÇOLIN L; COSTA D.B. Avaliação da qualidade de cuidados de enfermagem em hospital privado. Rev. Eletr. Enf., v. 15, n. 4, p. 915-22, out-dez. 2013. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.5216/ree.v15i4.19655>. Acesso em: Acesso em: 15 set. 2017 CAMERINI F.G; COLCHER A.P; MORAES D.S; SOUZA D.L; VASCONCELOS J.R; NEVES R.O. Fatores de risco para ocorrência de erro no preparo de medicamentos endovenosos: uma revisão integrativa. Cogitare Enferm., v. 19, n. 2, p. 392-8, abr-jun. 2014. Disponível em: <http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs/index.php/cogitare/article/viewfile/37362/22932>. Acesso em: Acesso em: 15 set. 2017 REIS C.T; MARTINS M; LAGUARDIA J. A segurança do paciente como dimensão da qualidade do cuidado de saúde um olhar sobre a literatura. Ciência & Saúde Coletiva, v.18, n.7, p.2029-2036, jul. 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/v18n7/18.pdf>. Acesso em: 15 set. 2017 SILVA L.D; CAMERINI F.G. Análise da administração de medicamentos intravenosos em hospital da rede sentinela. Texto Contexto Enferm., v. 21, n. 3, p. 633-41, jul-set. 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/tce/v21n3/v21n3a19>. Acesso em: 15 set. 2017 TONELLO P; ANDRIGUETTI L.H; PERASSOLO M.S; ZIULKOSKI A.L. Avaliação do uso de medicamentos em uma unidade pediátrica de um hospital privado do sul do Brasil. Rev Ciênc Farm Básica Apl., v. 34, n. 1, p. 101-8, 2013. Disponível em: <http://servbib.fcfar.unesp.br/seer/index.php/cien_farm/article/view/2150/1369>. Acesso em: 15 set. 2017