Seminário A Bicicleta em São Paulo: Políticas Públicas para Transformar a Cidade

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Transcrição:

DISCURSO VEREADOR FLORIANO PESARO DATA: 25/09/2013 Seminário A Bicicleta em São Paulo: Políticas Públicas para Transformar a Cidade Desde o início da minha vida pública, tive em mente que as melhores soluções são as pensadas em grupo e construídas coletivamente. Ainda no início do meu primeiro mandato, em minhas andanças pela cidade, notava que a população se antecipava ao poder público nas questões de mobilidade; muitas já começavam a descobrir meios considerados alternativos para se locomover em uma São Paulo cada vez mais congestionada. Essas pessoas, no entanto, não encontravam um espaço público onde suas reivindicações e descobertas pudessem ser ouvidas pelo Estado e transformadas em algo mais palpável.

Precisávamos de um espaço suprapartidário onde as questões relacionadas à mobilidade em São Paulo pudessem ser ouvidas e implementadas. Um lugar onde a locomoção fosse repensada especialmente para dar destaque aos cidadãos que se locomovem sem a utilização de veículos motorizados (pedestres, pessoas com deficiência e ciclistas). Somando força com diversos parceiros, nascia, então, a Frente Parlamentar em Defesa da Mobilidade Humana. Desde abril deste ano, nossas reuniões têm sido semanais e muito produtivas. Neste Seminário sobre a bicicleta em nossa cidade, temos a responsabilidade de debater e nos organizar por uma proposta realista para transformar nossa cidade em um lugar em que diversas modalidades de transporte coexistam e se integrem em benefício de todos que se locomovem por aqui. Por isso a ideia de fazermos um encontro tão diversificado, onde diversos colaboradores dessa rede de transformação pudessem ser ouvidos.

Acredito que aqui todos nós já ouvimos a máxima São Paulo não é lugar para andar de bike. Mas isso não é verdade, se levarmos em conta a infraestrutura (ainda pequena, é verdade!), criada nos últimos anos. Atualmente São Paulo tem 60 km de ciclovias, 58 km de ciclorrotas com trânsito compartilhado com carros e 120 km de ciclofaixas de lazer, que funcionam apenas nos domingos e nos feriados nacionais e atraem 100 mil pessoas por dia. Estima-se que cerca de 304 mil pessoas utilizem a bicicleta como principal meio de transporte, em todas as regiões da cidade. (Fonte: pesquisa origem-destino do Metrô, 2007). Quem diz que São Paulo não é para bicicletas, nunca pedalou pela cidade, que é cortada por diversos rios e córregos, com várzeas por onde poderíamos pedalar tranquilamente.

O que falta em São Paulo é educação, tanto de ciclistas quanto de motoristas; e infraestrutura adequada para pedalar e estacionar as bicicletas. Para acabar com este mito de que São Paulo não pode ser amiga da bicicleta, é que eventos como o de hoje são fundamentais. Vamos ouvir quem sabe fazer. Por isso, a importante presença da secretária de transportes de Nova York, Janette Sadik-Khan, para contar como conseguiu instalar 450 km de ciclovias em cinco anos. Vamos debater cada nuance deste tema em mesas integradas por diversos especialistas nas mais diversas áreas, como: engenharia de tráfego, jornalistas, administradores, consultores na área de mobilidade urbana. Vamos, ainda, conhecer os trabalhos que desenvolvemos ao longo desses 5 meses de trabalho da Frente da Mobilidade Humana.

É fundamental que conheçamos a Legislação vigente para saber onde temos que avançar. E mais: com a análise feita no Orçamento da cidade, podemos identificar os recursos disponíveis para incrementar políticas públicas para a área. Só para citar um exemplo: São Paulo tem uma lei de 1990 (nº 10.907), que determina a instalação de ciclovias em todas as novas avenidas construídas e nas que passarem por reformas. Por que esta lei nunca foi aplicada? Em 22 anos, já teríamos avançado muito no sistema cicloviário da cidade. Enfim, o dia de hoje é uma excelente oportunidade para todos nós vereadores, administradores públicos, cicloativistas e cidadãos nos convencermos, definitivamente, que a bicicleta é um meio de transporte; é uma realidade em nossa cidade. Precisamos nos organizar para considerar este meio de transporte. Investir em infraestrutura para dar o direito de ir e vir a quem escolhe este modal para circular pela cidade é fundamental.

No dia 10 de setembro, nossos colegas da Associação de Ciclistas Urbanos de São Paulo a Ciclo Cidade realizaram duas contagens de ciclistas: uma na zona Norte (Avenida Inajar de Souza) e outra na zona Oeste (no cruzamento das avenidas Rebouças e Faria Lima). Das 5 horas da manhã às 20 horas, 1.317 bicicletas foram contadas na zona Norte e 1.711, na Oeste. Estes números certamente seriam maiores se houvesse infraestrutura adequada para circular dos bairros para a região central e, principalmente, para cruzar as pontes, um dos grandes perigos para quem pedala na cidade. E é para transformar esses ideais em realidade que nos reunimos aqui hoje. Vamos ao trabalho! Muito obrigado.