ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR: Um estudo de caso sobre a importância da accountability em uma instituição de ensino no município de Bezerros-PE



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Transcrição:

ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR: Um estudo de caso sobre a importância da accountability em uma instituição de ensino no município de Bezerros-PE Francisca Vanelsa Lima de Sousa Karina Simões Campelo Alexandre César Batista da Silva Elyrouse Cavalcanti de Oliveira Vladênia Letieri Gonçalves Fábio da Silva Araújo RESUMO O Terceiro Setor tem se desenvolvido de forma acelerada nos últimos anos, deste modo, o acompanhamento a entidades sem fins lucrativos em relação à prestação de contas tem se tornado cada vez mais relevante. Este trabalho teve como objetivo analisar a importância da accountability aplicada em Entidades Sem Fins Lucrativos, perceber as exigências legais, identificar os meios para a sua realização e traçar os benefícios dessa para tais entidades. Para tanto, a metodologia utilizada foi a dedutiva, onde foi realizada uma pesquisa bibliográfica e documental a respeito do tema apresentado e um estudo de caso através de coleta de dados junto ao Colégio Nossa Senhora das Dores (CNSD). Os resultados obtidos a partir da pesquisa evidenciam que mesmo em meio à burocratização, a accountability é de fundamental importância na sobrevivência das entidades sem fins lucrativos. Conclui-se que, o maior beneficiário da accountability é a própria entidade, pois, verifica-se que a transparência de suas ações está aliada ao seu desempenho, sendo um instrumento essencial para a sua sobrevivência, uma vez que inserida num ambiente de recursos escassos, tem a possibilidade de maximizar a captação de recursos e assim garantir a sustentabilidade da entidade. PALAVRAS-CHAVE: Accountability. Transparência. Entidades Sem Fins lucrativos. 1 INTRODUÇÃO A realidade atual evidencia mudanças sócio-econômicas constantes, ocasionando transformações na sociedade que afetam as camadas menos favorecidas. Diante de situações como a miséria, desigualdade social, injustiças, as pessoas se vêem convocadas a buscar alternativas de solução para estas situações. Neste contexto, inserem-se as Organizações do Terceiro Setor e as Entidades Sem Fins Lucrativos, com o intuito de mudar este cenário e cumprir a função social que o Estado tem se mostrado incapaz de resolver. Muitos vêm procurando conceituar o Terceiro Setor. Para Hudson (2004, apud OLIVEIRA e ROMÃO, 2006, p. 25),

Terceiro Setor consiste em organizações cujos objetivos principais são sociais, em vez de econômicos. A essência do setor engloba instituições de caridade, organizações religiosas, entidades voltadas para as artes, organizações comunitárias, sindicatos, associações profissionais e outras organizações voluntárias. Os últimos anos têm registrado um crescimento qualitativo e quantitativo destas instituições. Isso mostra quanto o seu papel dentro da sociedade vem se tornando cada vez mais relevante. Conforme Paes (2001, p. 74), no Brasil apesar da forte presença do Estado, a ineficiência deste, abre espaço para muitas iniciativas. No entanto, é inegável a existência de organizações fantasmas que se aproveitam da frouxidão da legislação para a obtenção de vantagens, deixando de dar resposta eficaz no cumprimento de sua missão como organização de interesse social. Essas organizações vêm sendo pressionadas mediante as exigências da legislação. São muitas as entidades que desconhecem a própria legislação na qual estão inseridas, e por esta razão deixam de cumprir com as devidas obrigações. Prestar contas é uma das principais obrigações dos administradores das Entidades de Interesse Social (CFC, 2007, p. 78), esta prática elevará o nível de confiança perante a sociedade e possibilitará o aumento da transparência e captação de recursos. São muitos os escândalos envolvendo tais entidades, o que tem gerado uma constante desconfiança do público. Para Marcovitch (1997, apud OLAK e NASCIMENTO, 2006, p.21) por desempenhar função de interesse público, espera-se que a organização do Terceiro Setor cultive a transparência quanto ao seu portfólio de projetos e, também, quanto aos resultados obtidos e os recursos alocados. Neste sentido, a transparência surge como uma ferramenta de suma importância para que estas organizações possam atingir os objetivos a que se propõem. É notório em muitas destas organizações, principalmente as que sobrevivem com recursos próprios, o conflito entre a sustentação da empresa e o cumprimento da missão como entidade de assistência social. A complexidade de operações das entidades sem fins lucrativos implica uma maior adequação na estrutura organizacional, jurídica, contábil e de projetos sociais e na elaboração de um plano de trabalho com maior qualidade. Hoje, tudo o que se passa no universo destas organizações reflete em todo o ambiente e cada vez mais a prestação de contas, anteriormente restrita ao interior destas organizações, necessita de uma maior transparência. Desta necessidade surge o seguinte questionamento norteador desta pesquisa: Qual a importância da aplicabilidade da accountability em Entidades sem Fins Lucrativos? Passível de discussão, a proposta apresentada neste estudo tem sua importância pautada na carência existente de orientações para estas entidades relativas ao usufruto do direito a elas conferido, para atuar de forma transparente na sociedade e para o avanço das teorias relativas às organizações do terceiro setor.

Para a consecução da pesquisa, a metodologia utilizada foi a dedutiva, através do procedimento de estudo de caso, associado à pesquisa bibliográfica e documental. A pesquisa bibliográfica foi realizada com base em livros, artigos científicos, dissertações, teses e sites da internet, que abordassem assuntos pertinentes ao estudo. Já a pesquisa documental foi baseada em dados relativos à prestação de contas da entidade pesquisada. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 TERCEIRO SETOR O desenvolvimento da economia no mundo é promovido pela existência de três setores participantes de todo o processo econômico. As organizações governamentais constituem o Primeiro Setor e as empresas privadas estão inseridas no Segundo Setor. Para Araújo (2005) a definição e classificação de um Terceiro Setor são polêmicas, mas, sua existência pode ser determinada como certa. Hoje, tem-se uma vasta literatura que conceitua o terceiro setor e reforça a sua presença em todo o âmbito mundial, pela existência de entidades de diversos tipos e serviços, atuantes neste cenário. De acordo com Hudson (2004, apud OLIVEIRA E ROMÃO, 2006, p.25), Terceiro Setor consiste em organizações cujos objetivos principais são sociais, em vez de econômicos. Estas organizações estão voltadas para uma atuação na sociedade promovendo a redução das desigualdades, o bem-estar social, estimulando a participação de todos na construção de uma sociedade mais justa. A finalidade destas organizações é a prestação de serviços sem o objetivo do lucro. Conforme afirma Ioschpe (2000, apud ARAÚJO, 2005, p. 2), o Terceiro Setor é um conceito que vem sendo utilizado no Brasil e em outros países, [...] para designar o conjunto composto de organizações sem fins lucrativos, cujo papel principal é a participação voluntária, fora do âmbito governamental. Analisando os diversos conceitos, Araújo (2005) considera que a expressão Terceiro Setor, ainda não completamente aceita ou entendida, representa a grande quantidade de organizações que tem como produto, a transformação do ser humano. O ser humano torna-se assim, não o produto, mas, o patrimônio destas organizações, que vêm fazendo surgir de um contexto de carência e pobreza novas esperanças para a população deixada à margem de muitos benefícios que garantam a própria sobrevivência. 2.2 CARACTERIZAÇÃO DAS ENTIDADES SEM FINS LUCRATIVOS (ESFL) Para o Conselho Federal de Contabilidade (CFC, 2007, p.23), as entidades de Interesse Social envolvem um grande número de instituições privadas, atuantes e promotoras da

assistência social, educação, saúde, defesa do meio ambiente e tantas outras com objetivos de caráter social, apresentando, porém, como características básicas os seguintes pontos: Promoção de ações voltadas para o bem-estar comum da coletividade; Manutenção de finalidades não-lucrativas; Adoção de personalidade jurídica adequada aos fins sociais (associação ou fundação); Atividades financiadas por subvenções do primeiro Setor (governamental) e doações do Segundo Setor (empresarial, de fins econômicos) e de particulares; Aplicação do resultado das atividades econômicas que porventura exerça os fins sociais a que se destina; Desde que cumpra requisitos específicos, é fomentado por renúncia fiscal do Estado. Olak e Nascimento (2006) ressaltam que no Brasil, a expressão mais usual para identificar as entidades voltadas à cidadania, segurança, saúde, meio ambiente, educação, movidas pela legislação pertinente, sempre foi, Entidades Sem Fins Lucrativos. Contribuem ainda os autores quando identificam que a definição destas não é tão simples e somente possível após a análise de algumas características básicas, quais sejam: O lucro não é a razão de ser, mas um meio necessário para garantir a continuidade e o cumprimento de seus propósitos institucionais; Seus propósitos institucionais, quaisquer que sejam suas preocupações específicas, objetivam provocar mudanças sociais; O patrimônio pertence à sociedade como um todo ou segmento dela, não cabendo aos seus membros ou mantenedores quaisquer parcelas de participação econômica no mesmo; As contribuições, doações e subvenções constituem-se, normalmente, nas principais fontes de recursos financeiros, econômicos e materiais destas entidades (OLAK e NASCIMENTO, 2006, p. 8). Os autores a partir destas características definem as ESFL da seguinte forma: São instituições privadas com propósitos específicos de provocar mudanças sociais e cujo patrimônio é constituído, mantido e aplicado a partir de contribuições, doações e subvenções e que, de modo algum, se reverte para os seus membros ou mantenedores (OLAK e NASCIMENTO, 2006, p. 6). Estas entidades são também denominadas de Terceiro Setor e segundo a Gazeta Mercantil edição de maio 2002 (apud TACHIZAWA, 2004, p. 21), movimentam mais de US$ 1 trilhão em investimentos no mundo, sendo cerca de US$ 10 bilhões deles no Brasil, o equivalente a 1,5% do PIB.

Com o crescimento destas entidades surge a necessidade de um controle e acompanhamento por parte dos órgãos responsáveis, entre eles o Conselho Federal de Contabilidade, que tem procurado acompanhar as mudanças no perfil da gestão destas entidades, disciplinado-as e auxiliando-as na consecução de seus objetivos. Através da NBC T 10. 19, o Conselho Federal de Contabilidade apresenta a seguinte definição para as ESFL: [...] são aquelas em que o resultado positivo não é destinado aos detentores do patrimônio líquido e o lucro ou prejuízo são denominados, respectivamente, de superávit ou déficit (item 10.19.1.3). Conforme Hudson (1999, apud OLAK e NASCIMENTO, 2006, p. 12) as ESFL podem ser classificadas nos seguintes grupos: 1) Cultura e Recreação; 2) Educação e Pesquisa; 3) Saúde; 4) Serviços Sociais; 5) Meio Ambiente; 6) Desenvolvimento e Habitação; 7) Leis, Direito e Política; 8) Intermediários Filantrópicos e Promoção do Voluntariado; 9) Atividades Internacionais; 10) Religião; 11) Associações Profissionais e Sindicatos; 12) Não Classificados em Outros Grupos. As ESFL ganharam visibilidade nos últimos anos, no entanto, ainda não é possível abordar quantitativamente a sua presença no Brasil pela carência de informações disponíveis que possam realmente evidenciar a presença deste setor. 2.2.1 Exigências Legais Inerentes às ESFL A função social restrita anteriormente ao pagamento de impostos e geração de empregos, após as transformações dos últimos anos, passou cada vez mais a ser assumida por atores sociais conscientes de suas responsabilidades na proteção e defesa dos direitos (SZAZI, 2006). O direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e a propriedade são garantidos pela Constituição Federal, em seu artigo 5º, fazendo referência à liberdade de criação de entidades que possam auxiliar no cumprimento destes direitos. Conforme o CFC (2007), o advento da Comunidade Solidária favoreceu a criação de um grupo de trabalho para a regulamentação das organizações sociais, denominado posteriormente de Marco Legal do Terceiro Setor. O novo Código Civil Brasileiro, segundo Olak e Nascimento (2006), classifica, em seu artigo 40, as pessoas jurídicas de direito público interno (União, Estados, Distrito Federal e os Territórios, Municípios, Autarquias e Associações Públicas), de direito público externo e as de direito privado, no artigo 44, onde se situam as associações, sociedades, fundações, organizações religiosas e os partidos políticos. Assim, conforme Oliveira e Romão (2006, p. 1) o Terceiro Setor é constituído por instituições que têm personalidade jurídica própria, assim como as Organizações Religiosas. Este setor mobiliza em todo o Brasil um número imenso de pessoas envolvidas em atividades voluntárias. A aprovação da Lei nº. 9.608, em 1998, pelo então Presidente Fernando Henrique Cardoso regulamentou o trabalho voluntário no Brasil. A Lei dispõe em seu artigo 1º Parágrafo Único que o serviço voluntário não gera vínculo empregatício, nem

obrigação de natureza trabalhista, previdenciária ou afim. De acordo com o CFC (2007), muitas dúvidas surgiram após a sua aprovação, em relação à legislação trabalhista. Com o intuito de classificar juridicamente as organizações do Terceiro Setor foi criada com a promulgação da Lei nº. 9.637/98 as Organizações Sociais (OSs) e a Lei nº. 9.790/99, a figura da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP). Referindo-se as duas figuras jurídicas, Olak e Nascimento (2006, p. 17) afirmam, os nomes são muito parecidos. Ambas não têm fins lucrativos, são de direito privado. Têm objetivos similares. Atuam praticamente no mesmo campo. Podem se beneficiar de recursos públicos. 2.3 ACCOUNTABILITY NAS ENTIDADES SEM FINS LUCRATIVOS A definição do termo Accountability é apresentada por Nakagawa (1987, apud OLAK e NASCIMENTO, 2006, p. 22), como sendo: a obrigação de prestar contas dos resultados obtidos, em função das responsabilidades que decorrem de uma delegação de poderes. O CFC (2007, p. 78) define Prestação de Contas, como sendo: O conjunto de documentos e informações disponibilizados pelos dirigentes das entidades aos órgãos interessados e autoridades, de forma a possibilitar a apreciação, conhecimento e julgamento das contas da gestão dos administradores das entidades, segundo as competências de cada órgão e autoridade, na periodicidade estabelecida no estatuto social ou na lei. Àqueles que são os financiadores das ações, interessam os resultados alcançados por estas entidades beneficentes, pois estas têm a responsabilidade de bem administrar os recursos recebidos. A transparência e a prestação de contas nas ESFL fortalecem a credibilidade dos contribuintes. Estes passam a ter maior confiança e a certeza de que os seus recursos estão sendo aplicados da melhor forma. A transparência torna-se assim, um fator determinante para a própria sobrevivência. Num ambiente competitivo as empresas em geral avaliam o seu desempenho pela qualidade dos bens e serviços produzidos. Nas ESFL, segundo Olak e Nascimento (2006, p. 22), os provedores querem saber se os recursos colocados à disposição dos gestores foram aplicados nos projetos institucionais, ou seja, se a entidade foi eficaz. Muitos têm se referido ao Terceiro Setor de forma duvidosa. As fraudes e abusos praticados por parte de algumas entidades favorecem uma percepção negativa e dificultam o processo de captação de recursos. A accountability passa a ser um elemento essencial na ESFL. Segundo Custódio (1972, apud OLAK e NASCIMENTO, 2006, p. 22), Tendo em vista a multiplicação de associações em todos os setores, umas bem intencionadas em suas finalidades, outra de objetivos duvidosos, uma vez que, sob a aparência de altruísmo, educação, assistência social, desempenham tão somente

atividades de interesse particular, ocasionando freqüentemente abusos prejudiciais ao erário, necessário se torna o incremento da fiscalização dos seus atos por parte do estado. As recentes mudanças na legislação procuram evitar os escândalos existentes neste campo. Somente a existência de uma legislação aplicada ao setor é insuficiente na fiscalização destas, a sociedade, parceira do Estado no acompanhamento destas entidades, precisa contribuir no controle social evitando escândalos desta natureza, muitas vezes ocasionados pela frouxidão da legislação e pelo desconhecimento dos seus administradores no que se refere a prestação de contas e pela complexidade da mesma. 2.3.1 Títulos, Registros e Certificados das ESFL A Prestação de Contas das ESFL está relacionada com os benefícios recebidos por parte do Estado e das autoridades. Em âmbito federal existem títulos e certificados fornecidos a estas entidades que auxiliam na obtenção de benefícios fiscais e incentivos oferecidos aos doadores e patrocinadores (SZAZI, 2006). Os títulos são: Título de Utilidade Pública Federal; Registro no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS); Certificado de entidade Beneficente de Assistência Social (CNAS); Qualificação como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP). Para a obtenção dos títulos anteriormente mencionados, é necessário que as entidades cumpram os seguintes requisitos: Título de Utilidade Pública conferido pelo Ministério da Justiça (de acordo com o Decreto nº. 50.517/61, modificado pelo Decreto nº. 60.931/67): a) que se constitua no país; b) que tenha personalidade jurídica; c) que tenha estado em normal funcionamento, nos últimos 3 (três) anos, em respeito aos estatutos; d) não-remuneração nem recebimento de vantagens pelos diretores e associados; e) que comprove, por meio de relatórios trianuais, a promoção de educação, de atividades científicas, culturais, artísticas ou filantrópicas; f) que os diretores possuam folha corrida e moralidade comprovada; g) que se obriga a publicar, anualmente, a demonstração de superávit ou déficit do período anterior, desde que contemplada com subvenção da União (CFC, 2007 p.41). Registro no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) regulado pela Resolução CNAS nº. 31/1999 que estabelece os seguintes critérios para as ESFL:

proteção à família, à infância, à maternidade, à adolescência e à velhice; amparo às crianças e aos adolescentes carentes; ações de prevenção, habilitação, reabilitação e integração à vida comunitária de pessoas portadoras de deficiência;integração ao mercado de trabalho; assistência educacional ou de saúde; desenvolvimento da cultura; atendimento e assessoramento aos beneficiários da Lei Orgânica da Assistência Social e defesa e garantia de seus direitos ( SZAZI, 2006, p. 92). Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social Lei nº. 8.742/1993; Decreto nº. 2.536/1998; Decreto nº. 3504/2000; Decreto nº 4.327/2002; Decreto nº. 4.381/2002; Decreto nº 4.499/2002; Res. CNAS 177/2000; Res. CNAS 2/2002; Res. CNAS 107/2002. Este certificado é o reconhecimento do Poder Público Federal de que a Instituição é Entidade Beneficente de Assistência Social. A entidade que estiver interessada em obter o certificado, conforme Szazi (2006, p. 94), deverá demonstrar cumulativamente que: esteve legalmente constituída no país e em efetivo funcionamento nos três anos anteriores à solicitação do certificado; esteve previamente inscrita no Conselho Municipal de Assistência Social do município de sua sede, se houver, ou no conselho correspondente no âmbito estadual; esteve previamente registrada no CNAS (SZAZI, 2006, p. 94). As ESFL podem adquirir a forma jurídica de associação, fundação, organização religiosa ou partido político, adquirindo assim o termo legal a partir do registro de seus atos constitutivos em cartório de registro civil das pessoas jurídicas. Para que possam desenvolver suas atividades as entidades devem ser cadastradas no Ministério da Fazenda através da Secretaria da Receita Federal, passando a ter deveres junto aos entes públicos (OLAK e NASCIMENTO, 2006). Para a realização da Prestação de Contas, o CFC (2007, p. 78) apresenta alguns elementos: Relatórios de Atividades contendo a programação da entidade e o número de beneficiados; Demonstrações Contábeis exigidas a estas entidades firmadas por profissional habilitado e de acordo com os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade; Informações Bancárias; Inventário Patrimonial; Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica DIPJ; Relação Anual de Informações Sociais RAIS; Parecer do Conselho Fiscal: Parecer e relatório de auditoria independente; Cópia de convênio, contrato e termo de parceria. As exigências para a prestação podem variar, cabe aos responsáveis destas observar o que é específico de cada órgão.

As transformações ocorridas a partir da década de 90 incorreram para uma mudança na estrutura estatal. O Estado passa a exigir da sociedade uma maior participação e, com isso, descentraliza atividades em que participava ativamente. É neste contexto que surgem duas novas figuras componentes do terceiro setor: as Organizações Sociais (OS) que, com a promulgação da Lei Federal nº. 9.637/98, inseriu um novo conceito e uma nova forma de atuação e cooperação entre o Estado e as ESFL, o Contrato de Gestão, e as Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs), regulada pela Lei nº. 9.790/99 considerada como a Lei do Terceiro Setor e Decreto nº. 3.100/99. Por intermédio da Lei existe a possibilidade de repasse de verbas públicas a organizações de caráter privado, através do Termo de Parceria (ARAÚJO, 2005). Araújo (2005, p. 26) apresenta os requisitos para uma ESFL adquirir a qualificação como OSCIP: Não ter fins lucrativos, na forma da Lei n.º 9.790, que diz em seu art. 1º: Art. 1º Podem qualificar-se como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público as pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, desde que os respectivos objetivos sociais e normas estatutárias atendam aos requisitos instituídos por esta Lei. A Prestação de Contas possibilita aos investidores sociais, aos órgãos públicos e demais interessados as informações necessárias para análise da atuação destas entidades, tornando cada vez mais transparente a aplicação de seus recursos e o cumprimento de sua missão. É preciso que haja motivação para demonstrar a sua realidade, pois essa transparência ocasionará uma maior confiabilidade nas ESFL. 3 ESTUDO DE CASO 3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ENTIDADE O Colégio Nossa Senhora das Dores (CNSD), está situado no município de Bezerros, Estado de Pernambuco. Foi fundado em 1868 pelo Padre Ibiapina, inicialmente recebeu o título de Casa da Caridade. Em 1926, passou a denominar-se Colégio e Orfanato Nossa Senhora das Dores, tendo na direção as Irmãs de Santana. Em 1959, passou a chamar-se Ginásio Nossa Senhora das Dores, em virtude do funcionamento do Curso Ginasial. Em 28 de fevereiro de 1970, recebeu finalmente a denominação de Colégio Nossa Senhora das Dores. O CNSD cuida da formação de crianças e adolescentes, nos níveis de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, de acordo com a legislação vigente, normas e instruções expedidas pelo Conselho Federal e o Conselho Estadual de educação. Hoje, o CNSD conta com um total de 715 alunos, sendo que 115 estão matriculados na Educação Infantil, 425 no Ensino Fundamental e 175 no Ensino Médio. Atende na sua

maioria, pessoas de baixa renda. Parte é de filhos de professores/funcionários públicos estaduais ou municipais, outra parte, de feirantes/comércio ambulante. Todos os recursos da Entidade são provenientes das prestações escolares. Dado o nível econômico da população, os recursos são limitados, fazendo-se necessário maior índice de gratuidade integral/parcial, que dificulta a manutenção da equipe profissional. 3.2 ACCOUNTABILITY (PRESTAÇÃO DE CONTAS) O Colégio Nossa Senhora das Dores é uma Sociedade Civil e Religiosa, de caráter educacional e assistência social, sem fins lucrativos, com estatuto original devidamente registrado, inscrita no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), registrada no Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), portadora do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social e declarada de Utilidade Pública Federal, Estadual e Municipal e inscrita no Conselho Municipal de Assistência Social (CMAS). Como Entidade Sem Fins Lucrativos, goza de benefícios conferidos pelos respectivos certificados/certidões. O CNSD atende às exigências de prestação de contas de cada órgão, no tempo devido. 3.2.1 Prestação de Contas ao Ministério da Justiça Para a manutenção do Título de Utilidade Pública Federal a entidade deve prestar contas ao Ministério da Justiça. Esta prestação acontece anualmente com formulário próprio concedido pelo Ministério da Justiça. A solicitação da manutenção do título deve ser encaminhada em ofício, contendo duas vias, com os dados da entidade. São exigidos ainda o envio dos seguintes documentos: Cópia da ata de eleição da atual diretoria; Cópia do CNPJ atualizado; Demonstrativo de Receitas e Despesas, assinado pelo representante da entidade, bem como por contabilista habilitado no CRC; Relatório das atividades quantitativo e qualitativo; Relação dos beneficiados; e Outros documentos que a instituição julgar necessários para o completo entendimento das atividades que se desenvolve. O CNSD não publica em jornal o Demonstrativo de Receitas e Despesas, pois esta exigência é feita apenas às entidades que recebem verba do Governo Federal. Conforme a Lei, nº 91/35, regulamentada pelo Decreto nº 50.517/61, o relatório circunstanciado das atividades deve ser enviado até 30 de abril referente ao ano anterior. Todas as informações para a realização desta prestação de contas encontram-se no site www.mj.gov.br. 3.2.2 Prestação de Contas ao Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS)

O Decreto nº 2.536/98 em seu artigo 2º identifica as entidades de assistência social: Art. 2º Considera-se entidade de assistência social, para fins deste Decreto, a pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, que atue no sentido de: I proteger a família, a maternidade, a infância, a adolescência e a velhice; II amparar crianças e adolescentes carentes; III promover ações de prevenção, habilitação e reabilitação de pessoas portadoras de deficiência; IV promover gratuitamente assistência educacional ou de saúde V promover a integração ao mercado de trabalho. Contemplado também por este requisito legal, o CNSD possui o Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social e apresenta ao Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) o relatório de atividades a cada três anos. Apresentação feita de acordo com o modelo fornecido pelo CNAS contendo a relação dos documentos necessários, conforme fixados no artigo 4º da Resolução CNAS nº 177, de 10 de agosto de 2000. 3.2.3 Prestação de Contas as Instituto Nacional do Seguro Social INSS Conforme o artigo 209 do Decreto nº 3.048, de 6/5/1999, o CNSD, beneficiado com a isenção da contribuição patronal, é obrigado a apresentar, anualmente, até o dia 30 de abril, relatório circunstanciado de suas atividades no exercício anterior. A exigência é feita a todas as entidades que gozam da isenção da contribuição patronal. As entidades devem apresentar juntamente com formulário de Requerimento de Reconhecimento de Isenção de Contribuições Sociais, cópia autenticada dos seguintes documentos: Decretos declaratórios de utilidade pública federal e estadual ou do Distrito Federal ou municipal; Atestado de registro e Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, expedidos pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), dentro do período de validade; Estatuto da entidade com a respectiva certidão de registro em cartório de registro civil de pessoas jurídicas; Ata de eleição ou de nomeação da diretoria em exercício, registrada em cartório de registro civil de pessoas jurídicas; Comprovante de entrega da declaração de imunidade do imposto de renda de pessoa jurídica, fornecido pelo setor competente do Ministério da Fazenda, relativo ao exercício findo; Informações Cadastrais da Entidade, em formulário próprio; e Resumo de Informações de Assistência Social, em formulário próprio. No início de cada ano, o CNSD apresenta a Previdência Social o Plano de Ação de Atividades. Através da realização do Projeto de Assistência Educacional, objetiva investir na concretização da proposta Educacional. Estendendo seus serviços educacionais a crianças e jovens menos favorecidos, colaborando com os recursos que dispõe para dirimir as desigualdades sociais.

Um outro projeto que norteia a sua presença junto à comunidade bezerrense é o Projeto de Assistência Social. O CNSD coloca à disposição da comunidade às suas dependências para a realização do Projeto de Assistência Social, beneficiando um público diversificado. 3.3 BENEFÍCIOS DA ACCOUNTABILITY As ESFL para tornarem evidente a sua atuação na sociedade e garantirem sua sustentabilidade procuram várias alternativas a fim de divulgarem seus resultados, conquistas e desempenho e possam assim, manter um fluxo de recursos que garanta a sua sobrevivência. A Accountability é um instrumento que proporcionará uma maior transparência às entidades, assegurando-lhes uma maior visibilidade e confiabilidade por parte da sociedade e dos Órgãos do Governo. Cada título, registro e certificado conferem às entidades certos benefícios e vantagens que lhes asseguram a manutenção de suas atividades. Pelo Título de Utilidade Pública Federal as entidades, segundo Szazi (2006, p. 91), gozam das seguintes vantagens: Possibilidade de oferecer dedução fiscal no imposto de renda, em doações de pessoas jurídicas; Acesso a subvenções e auxílios da União Federal e suas autarquias; Possibilidade de realizar sorteios, desde que autorizada pelo Ministério da Fazenda; Possibilidade de receber doações de mercadorias apreendidas pela Secretaria da Receita Federal; Possibilidade de receber doações de bens móveis da União (SZAZI, 2006, p. 91) O registro no Conselho Nacional de Assistência Social é um pré-requisito para a obtenção do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social e somente concedido a entidades que possuam mais de três anos de existência legal garantindo-lhes a possibilidade de acesso a recursos públicos por meio de subvenções ou convênios com o CNAS e fundos (SZAZI, 2006, p. 93). O Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social visa o reconhecimento das entidades pelo seu caráter filantrópico e dão a estas a possibilidade do recolhimento da cota patronal da contribuição previdenciária incidente sobre folha de pagamento da entidade, a qual dependerá de procedimento específico no posto local do INSS (SZAZI, 2006, p. 96), garantindo ainda, conforme Alves (2005, p. 37, apud OLAK e NASCIMENTO, 2006, p. 210), a isenção do recolhimento da COFINS, do PIS sobre faturamento e da CPMF, observados outros requisitos legais.

O Colégio Nossa Senhora das Dores como ESFL, portador de títulos já mencionados anteriormente, goza de benefícios como: Isenção do Imposto de Renda; Isenção do Imposto Predial e Territorial Urbano IPTU; Isenção da cota patronal do INSS; Isenção do imposto da CPMF; Isenção do recolhimento da COFINS. A manutenção dos benefícios tem possibilitado ao CNSD a realização de sua missão no campo educacional, que ao longo dos anos vem firmando a sua presença também junto aos mais carentes, abrangendo um maior número de beneficiados, através de bolsas de estudo (integrais e parciais), incluindo neste rol os alunos que são o público alvo do projeto educacional, como também, a população carente, procurando atuar de forma direta junto à comunidade através dos projetos sociais, sensibilizando toda a comunidade educativa a colaborar na realização deste processo. É notório que a transparência na prestação de contas (accountability) tem beneficiado o CNSD no cumprimento de sua missão, a formação integral do ser humano. Situado em meio a uma população carente, enfrenta dificuldades que lhes são impostas pela realidade sócioeconômica-politica e educacional, muitas vezes inviabilizando a realização plena de seus objetivos. É neste contexto em que a Prestação de Contas vem possibilitar a manutenção de suas atividades, pois a ausência de tais benefícios como ESFL impediria a sua continuidade e o cumprimento de sua missão. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho procurou analisar a aplicabilidade da accountability em ESFL, de forma a entender a sua importância, através dos benefícios que estas entidades dispõem junto ao Governo em decorrência da prática de prestação de contas. A accountability vem sendo cada vez mais exigida pelos investidores e pela sociedade em geral, possibilitando uma maior transparência dos recursos aplicados. Apresenta-se como instrumento adequado às ESFL na divulgação de ações realizadas e no alcance de benefícios, garantindo a sustentabilidade de ações voltadas para o bem-estar social, beneficiando a sociedade como um todo. A entidade pesquisada tem a sua prestação de contas bastante organizada e tem atuado de forma transparente garantindo a credibilidade perante a sociedade. É possível concluir que o maior beneficiário da accountability é a própria entidade, pois, verifica-se que a transparência de suas ações está aliada ao seu desempenho, sendo um instrumento essencial para a sua sobrevivência, uma vez que inserida num ambiente de

recursos escassos, tem a possibilidade de maximizar a captação de recursos e assim garantir a sustentabilidade da entidade. REFERÊNCIAS ARAÚJO, Osório Cavalcante. Contabilidade para organizações do terceiro setor. São Paulo: Atlas, 2005. BRASIL, Constituição Federativa do Brasil 1988 Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituiçao.htm>. Acesso em: 18 out. 2007. BRASIL. Código Civil. Organização do texto: Anne Joyce Angher. 11 ed. São Paulo: Rideel, 2005. BRASIL. Lei nº 9.608, de 18 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre o serviço voluntário e dá outras providências. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9608.htm>. Acesso em: 23 out. 2007. BRASIL. Lei nº 9.637, de 15 de maio de 1998. Dispõe sobre a qualificação de entidades como organizações sociais, a criação do Programa Nacional de Publicização, a extinção dos órgãos e entidades que menciona e a absorção de suas atividades por organizações sociais, e dá outras providências. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9637.htm>. Acesso em: 23 out. 2007. BRASIL. Lei nº 9.790, de 23 de março de 1999. Dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, institui e disciplina o Termo de Parceria, e dá outras providências. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9790.htm>. Acesso em: 19 out. 2007. BRASIL. Lei nº 91, de 28 de agosto de 1935. Determina regras pelas quais são as sociedades declaradas de utilidade publica. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1930-1949/l0091.htm>. Acesso em: 19 out. 2007. BRASIL. Lei nº 8.742 de 7 de dezembro de 1993. Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências. <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8742.htm>. Acesso em: 23 out. 2007.

BRASIL. Decreto nº 2.536, de 6 de abril de 1998. Dispõe sobre a concessão do certificado de Entidade de Fins Filantrópicos a que se refere o inciso IV do art. 18 da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993 e dá outras providências. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d2536.htm>. Acesso em: 04 nov. 2007. BRASIL. Decreto nº 3.100, de 30 de junho de 1999. Regulamenta a Lei nº 9.790, de 23 de março de 1999, que dispõe sobre a qualificação de pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, institui e disciplina o Termo de Parceria, e dá outras providências. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3100.htm>. Acesso em: 04 nov. 2007. BRASIL. Decreto 3.504, de 13 de junho de 2000. Altera dispositivos do Decreto n o 2.536, de 6 de abril de 1998, que dispõe sobre a concessão do Certificado de Entidade de Fins Filantrópicos a que se refere o inciso IV do art. 18 da Lei n o 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d6504.htm>. Acesso em: 04 nov. 2007. BRASIL. Decreto nº 4.327, de 08 de agosto de 2002. Dispõe sobre a concessão do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social - CEAS para instituições de saúde e altera o Decreto n o 2.536, de 6 de abril de 1998. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/d4327.htm>. Acesso em: 04 nov. 2007. BRASIL. Decreto nº 4.381, de 17 de dezembro de 2002. Acresce parágrafos ao art. 3 o do Decreto n o 2.536, de 6 de abril de 1998, que dispõe sobre a concessão do Certificado de Entidade de Fins Filantrópicos a que se refere o inciso IV do art. 18 da Lei n o 8.742, de 7 de dezembro de 1993. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/d4381.htm>. Acesso em: 04 nov. 2007. BRASIL. Decreto nº 4.499, de 04 de dezembro de 2002. Altera o art. 3º do Decreto nº 2.536, de 6 de abril de 1998. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/d4499.htm>. Acesso em: 04 nov. 2007. BRASIL. Decreto nº 50.517, de 02 de maio de 1961. Regulamenta a Lei nº 91, de 28 de agosto de 1935, que dispõe sobre a declaração de utilidade pública. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1950-1969/d50517.htm>. Acesso em: 04 nov. 2007. BRASIL. Decreto nº 3.048, de 06 de maio de 1999. Aprova o Regulamento da Previdência Social, e dá outras providências. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3048.htm>. Acesso em: 04 nov. 2007.

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