NOTA EXPLICATIVA. SOBRE O DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA E OS DESAFIOS DO INCREMENTO DOS PREÇOS DOS ALIMENTOS (Ponto proposto pelo Egipto)

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Transcrição:

AFRICAN UNION UNION AFRICAINE UNIÃO AFRICANA Addis Ababa, ETHIOPIA P. O. Box 3243 Telephone : 011-551 7700 Fax : 011-551 7844 website : www. africa-union.org CONSELHO EXECUTIVO Décima Terceira Sessão Ordinária 24 27 de Junho de 2008 Sharm El-Sheikh, EGIPTO NOTA EXPLICATIVA SOBRE O DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA E OS DESAFIOS DO INCREMENTO DOS PREÇOS DOS ALIMENTOS (Ponto proposto pelo Egipto)

Page 1 NOTA EXPLICATIVA SOBRE O DESENVOLVIMENTO AGRÍCOLA E OS DESAFIOS DO INCREMENTO DOS PREÇOS DOS ALIMENTOS (Ponto proposto pelo Egipto) Objectivo de inclusão deste Ponto na Agenda O objective de inclusão deste ponto na agenda do Conselho Executivo é para ter um melhor entendimento da sinergia entre o incremento nos preços dos produtos de base agrícolas e a importância da operacionalização das decisões adoptadas em apoio ao processo de desenvolvimento agrícola em África de modo a identificar os passos necessários a serem tomados ao nível continental. De igual modo, há a necessidade de identificar vias de abordagem dos desafios por que passa o sector agrícola em África como resultado do incremento dos preços dos insumos agrícolas de modo a adoptar novas estratégias e políticas que garantam a gestão optimizada dos recursos naturais e do meio ambiente de África. O objectivo é igualmente o de estimular o processo de diálogo africano em relação à importância de acelerar o processo de desenvolvimento agrícola como a melhor metodologia para as mudanças estruturais que os mercados globais dos produtos de base agrícola enfrentam, através do seguinte: Apelo à intensificação da cooperação continental através das estruturas africanas em causa; Necessidade da Comissão da União Africana e os Ministros da Agricultura Africanos incrementarem os seus esforços para a formulação de um plano de acção que aborde as mudanças por que passam os mercados globais de produtos de base agrícolas; Apelar aos Parceiros de Desenvolvimento e Instituições Internacionais de Financiamento a prestar maior atenção ao desenvolvimento do sector agrícola no Continente Africano; A necessidade de realizar uma reunião de alto nível entre África e os seus parceiros de desenvolvimento e Instituições de Financiamento com vista a explorar meios de suportar os esforços de África na abordagem das crises do incremento dos preços dos produtos de base alimentar; Renovação dos anteriores compromissos e promessas africanas neste sentido: o Programa Geral Africano para o Desenvolvimento Agrícola adoptado pela Cimeira de Maputo em 2003 como o Quadro para Acelerar o Desenvolvimento Agrícola e a Segurança Alimentar em África; a Declaração de Sirte de 2004 sobre a Implementação de Planos Gerais e Sustentáveis de Desenvolvimento Agrícola e do Sector das Águas; a Declaração de Abuja de 2006 sobre Segurança Alimentar; o Plano de Acção de Adis Abeba para a Implementação da Declaração de Abuja adoptada por um Grupo de Peritos durante a Conferência dos Ministros da Agricultura Africanos realizada em Fevereiro de 2008.

Page 2 I. Introdução 1. O mundo tem vindo a testemunhar, desde o início deste ano, um crescimento e rápido incremento nos preços dos alimentos, com repercussões negativas no alcance da segurança alimentar. Os preços dos produtos de base alimentares incrementaram de forma agudizada entre 2006 e 2007 para atingir o seu máximo entre os primeiros três meses de 2008. Os preços nominais dos produtos alimentares básicos atingiram o máximo em cinquenta anos, ao passo que os preços de valor atingiram igualmente o máximo em trinta anos. As previsões da FAO apontam o facto do actual nível dos preços poder permanecer ao ponto em que se encontra nos próximos anos. 2. O indicador dos preços dos alimentos da FAO teve um incremento de 8% em 2006, 24% em 2007 e 53% nos últimos três meses de 2008. 3. Em 9 de Abril de 2008, o Banco Mundial emitiu um Memorando Político intitulado Incremento nos Preços dos Produtos Alimentares: Escolhas de Políticas e Resposta do Banco Mundial, no qual refere que o incremento dos preços dos produtos alimentares apresenta sérias ameaças às conquistas alcançadas no passado recente através dos esforços tendentes a eliminar a pobreza e a malnutrição. 4. De acordo com o Memorando acima referenciado, o incremento global dos preços do trigo atingiram 181% durante os trinta e seis meses antes de Fevereiro de 2008, ao passo que o incremento global dos produtos alimentares em geral manteve-se em 83%. Prevê-se que este incremento nos preços persista entre 2008 e 2009 antes de demonstrar quaisquer sinais de decréscimo. Contudo, é possível que esses preços atinjam níveis mais altos do que os atingidos em 2004 e que esta situação continue até 2015 para a maioria das culturas alimentares. 5. A maioria das instituições internacionais e peritos atribuem as mudanças estruturais nos mercados de produtos alimentares aos seguintes factores: a) o incremento dos preços dos combustíveis como resultado o incremento dos custos de produção de alimentos e da transportação; b) a mudança dos padrões de consumo alimentar nos países de economias emergentes e densidade populacional tais como a China e Índia e o resultante desequilíbrio entre a procura e a oferta nos mercados globais de produtos alimentares; c) os baixos níveis de produção como resultado das mudanças climáticas, que resultam em ondas de inundações e estiagens em vários países produtores de alimentos; d) os conflitos entre o alcance da segurança energética e segurança alimentar. Há a tendência entre vários países no sentido de utilizar as culturas alimentares e agrícolas para a produção de biocombustíveis. Por exemplo, os Estados Unidos da América utilizaram cerca de 80 milhões de toneladas de milho para a produção de etanol o que representa cerca de 30% do total do milho produzido nos Estados Unidos. Países com ideias semelhantes

Page 3 apoiaram os Estados Unidos da América impulsionando a sua produção de cereais que são utilizados para a produção de bioenergia; e) a redução das reservas globais de cereais; f) a disponibilidade de liquidez em alguns países encorajou especulações nos mercados de produtos agrícolas. II. Implicações do Incremento dos Preços dos Alimentos 6. O Banco Mundial indica que apesar do incremento do preço poder ser vantajoso para os países grandes produtores de alimentos, o incremento dos preços dos produtos alimentares básicos levarão ao incremento dos níveis de pobreza em muitos países. Para muitos países e regiões que actualmente enfrentam dificuldades na realização de qualquer avanço no alívio da pobreza, o impacto do incremento dos preços dos produtos alimentares básicos apresentam-se como uma ameaça uma vez que podem reverter, pelo menos a curto prazo, as conquistas alcançadas neste sentido nos últimos 5 a 10 anos. 7. O incremento dos preços dos produtos alimentares básicos e a sua escassez nos mercados local e global causou transtornos internos em muitos países do mundo, apresentando-se deste modo como séria ameaça à estabilidade interna com a possibilidade de se expandir para outros países que não estejam directamente envolvidos, incluindo uma onda de migração dos países em desenvolvimento para os países desenvolvidos. 8. A crise impulsionou igualmente alguns países no sentido de hesitar nas medidas tomadas para combater rapidamente a crise, que levou alguns desses países a reduzir as tarifas aduaneiras sobre as importações de produtos alimentares básicos. Por vezes e, com base no seu potencial de produção agrícola, alguns países interditaram as exportações dos produtos agrícolas de modo a serem capazes de satisfazer as necessidades locais. 9. Deve ser referenciado que os países em desenvolvimento são os mais afectados pelo fenómeno uma vez que os seus cidadãos gastam cerca de 50 a 60% dos seus rendimentos em alimentos comparado com 10 a 20% nos países desenvolvidos. 10. Por outro lado, o incremento dos preços dos alimentos levou a maiores despesas em produtos alimentares básicos e à redução na taxa de despesas em outras áreas tais como a educação e saúde, especialmente para a criança, que fragiliza os esforços internacionais para o alcance do desenvolvimento, particularmente em relação aos Objectivos do Milénio para o Desenvolvimento. Ao invés de atingir esses objectives, haverá um incremento nos níveis de fome, pobreza e doenças, que por sua vez irão reduzir os níveis de crescimento socioeconómico. III. Abordagem à Crise e Reacções ao Nível dos Países bem como as Organizações e Grupos Económicos Regionais 11. As ameaças e os desafios enfrentados para o alcance da segurança alimentar são actualmente as principais fontes de preocupação internacional tendo em conta o incremento dos preços dos alimentos que fragilizam os esforços, políticas e tentativas de órgãos e agências com o mandato de proporcionar alimentos tais como o Programa Mundial de Alimentação e a FAO bem como os esforços e

Page 4 políticas regionais e internacionais tendentes ao alcance dos Objectivos do Milénio para o Desenvolvimento e a implementação da decisão da Cimeira Mundial da Alimentação sobre a Redução dos Níveis da Fome e Pobreza até 2015. 12. Os esforços internacionais no sentido de tratar do crescente problema do incremento global dos preços dos alimentos que são inéditos nos últimos trinta anos, têm ganho ímpeto, conforme evidenciado pelos seguintes exemplos: a) a iniciativa do Director-geral da FAO para tratar da crise com o objectivo principal de prestar auxílio técnico aos países afectados pelo aumento dos preços dos alimentos de modo a permiti-los formular políticas nacionais apropriadas; capacitação de pequenos agricultores no sentido de adquirir os necessários insumos para impulsionar a sua produção agrícola; incremento dos seus fornecimentos alimentares durante as futuras estacões agrícolas. O Director-geral solicitou aos doadores a prestar aproximadamente 1,7 biliões $EU de auxílio à esta iniciativa; b) a declaração por parte do Grupo do Banco Mundial em 29 de Maio de 2008 de que iria prestar o seu auxílio para os esforços internacionais tendentes a ultrapassar a crise do preço dos alimentos através do estabelecimento de um programa de financiamento rápido no montante de 1,2 biliões $EU como a sua resposta às necessidades alimentares imediatas. Deste montante, 200 milhões $EU serão em forma de subsídios para os países mais pobres; c) o estabelecimento por parte do Secretário-geral das Nações Unidas de uma equipa de trabalho para o desenvolvimento de um Plano de Acção Geral para tratar do incremento global dos preços dos alimentos; d) a inclusão do assunto do incremento dos preços dos alimentos na agenda de várias reuniões e cimeiras internacionais tais como a recém-terminada Cimeira de Roma sobre a Segurança Alimentar (3 a 5 de Junho). O Egipto por outro lado, solicitou à inclusão deste ponto na agenda da future Cimeira Africana em Sharm El Sheik. A Cimeira da G-8 em Julho de 2008 irá igualmente debater sobre a questão ao passo que uma reunião de alto nível deverá igualmente ser realizada à margem da futura Sessão da Assembleia Geral em Setembro de 2008. IV. Impacto desses Desenvolvimentos nos Países Africanos 13. África é o mais afectado por estes desenvolvimentos como custos da garantia da segurança alimentar para as suas populações ascendendo à 74% num momento em que 33 milhões de africanos sofrem de malnutrição. 14. O alto incremento dos preços dos alimentos e dos combustíveis apresentam uma séria ameaça às perspectivas do crescimento económico, particularmente nos países grandes importadores de alimentos. A lista dos países afectados pelas crescentes taxas de fome preparado pela FAO, inclui 19 países africanos de um total de 22 países. 15. A contribuição de África das importações globais de cereais está em cerca de 22% comparado com a sua contribuição de 3% nas exportações. Apesar do incremento

Page 5 nos preços globais dos cereais, as importações de cerreis de África irão crescer nos próximos anos como resultado das altas taxas de crescimento populacional. V. Escolhas que os Países Africanos podem fazer 16. Existem variadas escolhas que os países africanos podem fazer para fazer frente a esta crise: A. Medidas de Curto Prazo proporcionar aos países afectados pelo incremento dos preços dos produtos alimentares básicos, particularmente os países grandes importadores de alimentos com o auxílio urgente seja em espécie de ajuda alimentar ou em dinheiro através do apoio directo aos orçamentos correntes desses países de modo a permiti-los fazer a aquisição das suas necessidades alimentares directamente dos mercados internacionais de alimentos, reduzindo deste modo os custos de transportação e outros. B. Medidas de Médio e Longo Prazo capacitar os países africanos na produção de sementes agrícolas de alta produtividade e minimizar as perdas nas colheitas. 17. Apesar ser importante a adopção de medidas de curto e médio prazo nas áreas da procura e oferta, a abordagem da questão na área da produção em oposição ao consumo, proporciona a melhor solução para os países africanos. 18. A alta dos preços dos alimentos pode vir a ser um incentivo para que África incremente os níveis da sua auto-suficiência na satisfação das suas necessidades alimentares, particularmente dos cereais com o incremento dos esforços regionais e internacionais de apoio aos processos de desenvolvimento agrícola; utilização e reforço dos mecanismos existentes que tratam destas questões tais como a União Africana, NEPAD, BAD, FAO, PAM e FIDA. 19. É de acordo comum que o problema do incremento global dos preços dos alimentos e as suas ramificações para os países africanos são os principais desafios que África enfrenta e a abordagem destes desafios requer uma metodologia bem delineada através do empreendimento de esforços nacionais e internacionais concertados. 20. A actual situação de financiamento com base no meio ambiente internacional existente não se permite a criar novos mecanismos e instituições de financiamento para tratar do consume alimentar e problemas dos altos preços. Nisto baseia-se a importância da elaboração de uma fórmula que permitirá às instituições existentes auxiliar o processo de desenvolvimento agrícola em África de modo a permitir que África faça frente aos desafios criados pela actual crise. 21. Em conclusão, a colocação da condição do processo de desenvolvimento agrícola no topo das prioridades de África nos anos vindouros é a melhor via que permitirá abordar os vários problemas e desafios que cercam o continente. Isto irá impulsionar as economias nacionais e incrementar a sua capacidade de abordagem da questão, tendo em conta que 70% dos africanos trabalham no sector agrícola, o que contribui para 35% da produção nacional.