LOGOSOFIA. evolução consciente. A espécie humana na era da. Publicação Cultural da Fundação Logosófica Nº17



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Transcrição:

LOGOSOFIA Publicação Cultural da Fundação Logosófica Nº17 A espécie humana na era da evolução consciente Edição especial comemorativa dos 80 anos da Logosofia no mundo

Sistema Logosófico de Educação Dois pilares sustentam as ações dos Colégios Logosóficos: o ensino do conteúdo curricular e o trabalho pedagógico de formação do aluno para a vida, apoiado na concepção logosófica. Esta nova e original linha pedagógica vem chamando a atenção do meio educacional pela originalidade dos seus princípios e pelos resultados alcançados no encaminhamento da formação mental, moral e espiritual de crianças e adolescentes. Nos Colégios Logosóficos encontra-se um ambiente de afeto e de respeito, onde se busca o cultivo de valores essenciais à vida dos seus alunos, em ampla integração com as famílias. Por isso mesmo, vêm sendo considerados como uma verdadeira escola para filhos e pais. Unidades do Colégio Logosófico González Pecotche Funcionários Belo Horizonte/MG Telefone: (31) 3218-1717 Cidade Nova Belo Horizonte/MG Telefone: (31) 3482-9850 Brasília/DF Telefone: (61) 3326-4205 Chapecó/SC Telefone: (49) 3323-3847 Goiânia/GO Telefone: (62) 3281-6088 Rio de Janeiro/RJ Telefone: (21) 2543-1138 Uberlândia/MG Telefone: (34) 3237-1130 Missão: Oferecer à criança e à juventude, através da Pedagogia Logosófica, um amparo e um saber que favoreçam o desenvolvimento pleno de suas aptidões físicas, mentais, morais e espirituais, formando as bases de uma nova humanidade, mais consciente frente à própria vida, à sociedade em que vive e ao mundo. colegiologosofico www..com.br

4 Editorial 6 Entrevista Uma nova educação para a infância e a juventude: formando gerações mais felizes que a nossa 24 A moral sob as luzes da evolução 10 A estupenda descoberta dos micróbios psicológicos 30 Ponto final no conflito entre ciência e espírito 14 A espécie humana na era da evolução consciente 38 Quando a ideia de Deus respeita a razão 19 O homem e a mulher que conhecem a si mesmos 41 Sou um estudioso da Logosofia LOGOSOFIA Publicação cultural da Fundação Logosófica em Prol da Superação Humana Diretores: Dalmy Gama e Flávio Friche Passos - MTb 2015/MG Subdiretora: Joana Melo Bomfim Passos Secretária/Revisão Geral: Eliane Amélia C. Vieira Martins Editor de Textos e Projeto Gráfico: Renato Ribeiro Colaboradores: Maurício Saraiva de Abreu Chagas Aline França Russo Fotografias: Páginas 7, 8 e 9: Ronaldo Guimarães Demais páginas: arquivos de imagens Ano: 2010 EXEMPLARES ANTERIORES DA REVISTA Os interessados em conhecer os exemplares anteriores deverão acessar o site www.logosofia.org.br, seção Cadastro de Interessados, e preencher seus dados. Os artigos que compõem esta revista podem ser reproduzidos livremente, desde que mencionada a publicação.

Agosto de 2010. Cerca de três mil logósofos de várias nações se reúnem em Congresso Internacional nas dependências do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília-DF, para comemorar os 80 anos da Logosofia no mundo, os últimos 75 transcorridos também em solo brasileiro. O temário inclui a troca de elementos sobre os resultados individuais já obtidos com a aplicação do método logosófico e sobre o trabalho educacional que a Fundação Logosófica desenvolve com consciente e inabalável confiança no futuro da humanidade. Faz quase quatrocentos anos, Galileu introduziu na Ciência o laboratório físico e o entronizou em lugar da biblioteca, deixando claro que é na experiência que está a verdadeira palavra de Deus sobre o certo e o errado. Ele sabia que, diferentemente do livro, que aceita tudo, a experiência científica só aceita os pronunciamentos universais. Com esse gesto, nascia a Ciência Moderna, cujos avanços a partir desse momento se fizeram cada vez mais vertiginosos e surpreendentes. Na segunda metade do século 19, o mundo ocidental vibrava sob os efeitos da febre cientificista que então sobreveio. A mente humana havia despertado na matéria e, ao sabor de mil conquistas, o homem confundiu o físico com o metafísico e supôs que a Ciência material pudesse tudo, podendo inclusive garantir uma felicidade plena e definitiva sobre a Terra. Mas não foi isso o que os anos vindouros haveriam de descortinar. O século 20 foi o da sofisticação intelectual e psicológica, o da informação sobre tudo e o do incremento da técnica e da ciência em graus superlativos. Sim, mas foi também o do totalitarismo e o das duas guerras mundiais, o do holocausto e o da

bomba atômica, o da queda das Escrituras Sagradas e o da confissão de impotência da Filosofia diante das questões transcendentes; foi o mundo da teologia da morte de Deus e o da mais profunda sensação de abandono e solidão que o homem jamais havia experimentado. E ainda: foi o mundo da destruição dos conceitos e dos valores, o mundo que procurou abrigo no subjetivo, na antirrazão e na anticiência, no surrealismo e nas drogas, na negação de tudo e até de si mesmo. Enfim, na hora da verdade para a Ciência material antes tida como a grande panaceia, o mundo do século 20 foi o da desilusão. Comprovou-se que a alma humana não entrava nos tubos de ensaio e nas mensurações do laboratório de Galileu. Os melhores homens e mulheres de todas as latitudes se sentiram, então, como que perdidos, sem mais apoio para suas consciências e para seus espíritos. Os grandes intelectuais concordavam em que prevalecia o caos, sem nenhuma solução à vista. E foi nesse cenário que surgiu a Logosofia. Faz hoje 80 anos que González Pecotche (Raumsol) deu a conhecer o laboratório metafísico, mostrando como descobri-lo dentro de cada ser humano. Desde então, a Logosofia vem ensinando a organizar esse laboratório, em concomitância com a organização dos sistemas mental, sensível e instintivo; vem ensinando a utilizá-lo na evolução consciente, no conhecimento de si mesmo, na integração do espírito, no conhecimento das Leis Universais e no conhecimento de Deus. Assim, em 11 de agosto de 1930, nascia a Era da Evolução Consciente, destinada a produzir as páginas mais gloriosas na história da educação da espécie humana. Mas a tarefa seria sabidamente árdua. A decadência da velha cultura havia produzido seres com marcas profundas de desconfiança e de indiferença em relação a tudo o que lhes falasse de espírito, de autoaperfeiçoamento e de evolução. A despeito disso, a Logosofia se propõe estender-se, no devido tempo, a toda a humanidade. Trabalhando nessa direção, vem despertando a atenção de um crescente número de pessoas, tanto no Brasil como em outros países, pessoas dispostas a aprender técnicas novas para encarar a vida com resultados realmente auspiciosos. Para elas, o grande sentido da vida está fora da cartilha cultural que o século 20 descartou. Acima de qualquer outra coisa, sentem-se felizes e seguras ao constatarem que avançam rumo à perfeição e se constituem em verdadeiros servidores da humanidade. Para González Pecotche, no lugar do abandono cético deve entrar a preocupação pelo melhoramento das condições pessoais, até conseguir que volte a renascer a confiança em si mesmo e o entusiasmo; até conseguir que a força dinâmica do espírito faça brotar a esperança de um amanhã pleno de gratas emoções para a vida.

Entrevista Oferecer à infância e à juventude, através da Pedagogia Logosófica, um amparo e um saber que favoreçam o desenvolvimento pleno de suas aptidões físicas, mentais, morais e espirituais, formando as bases de uma nova humanidade, mais consciente de sua responsabilidade frente à própria vida, à sociedade em que vive e ao mundo. (Missão do Colégio Logosófico) A missão declarada dos Colégios Logosóficos, tanto no Brasil como em outros países, é um manifesto de confiança no futuro do mundo, anunciando uma pedagogia a serviço de uma humanidade nova e mais consciente. Nesta breve entrevista, os atuais coordenadores do colegiado do Sistema Logosófico de Educação do Brasil, Francisco Liberato Póvoa e Liara Moreira Salles, abordam aspectos relacionados à formação de gerações com maior sabedoria e mais felizes do que a nossa.

Revista L: Podemos afirmar que no mundo de hoje existe uma maior preocupação com a educação das crianças e adolescentes? Liberato: Em princípio, a educação dos menores sempre foi uma preocupação, tanto dos pais como da escola, e é natural que tenha sido assim. Além dos cuidados que o afeto familiar e a responsabilidade escolar sugerem, existe o fato indesejável de que crianças e jovens deseducados são uma fonte de problemas imensos. Diversas linhas de pensamento e diversos métodos surgiram para aperfeiçoar essa educação, mas sempre houve, infelizmente, uma limitação. Os vários sistemas que foram surgindo tinham em vista, basicamente, a educação formal, assim geralmente conhecida a que é ministrada na escola. Revista L: Houve, então, descaso para com a educação aplicada em casa? Liberato: O termo descaso talvez não possa ser generalizado. É como se pai e mãe não precisassem também de perícia na definição de objetivos e de condutas, de métodos e de técnicas, de recursos para enfrentar as tantas situações complexas do ensino-aprendizagem em família. Parecia que o amor dos pais bastava, preenchendo todos os requisitos para uma educação eficaz, mas a História mostra que não é bem assim. Liara: Atentos a isso, os educandários logosóficos têm procurado ser, também e cada vez mais, Escolas para Pais, com um variado elenco de atividades voltadas para esse fim. É um prazer trabalhar lado a lado com tantas famílias! Revista L: As inovações tecnológicas do mundo moderno vieram amenizar ou acentuar as dificuldades? Liberato: O mundo do computador, da internet, do celular e da aldeia global é, como sabemos, o mesmo mundo da decadência dos conceitos, dos bons costumes e dos valores. Em consequência, os desafios educacionais se agigantaram. Os descuidos são, agora, amplificados e globalizados por máquinas poderosas e programas sofisticados que alcançam o planeta inteiro. Eu diria que está fazendo falta uma nova e mais elevada geração de conceitos e valores, capazes de pôr toda essa tecnologia a serviço do bem, em particular da educação. Mas a responsabilidade enorme que o momento está a exigir de todos nós nem sempre é vista nos adultos que estão nos principais postos de comando, inclusive da mídia. E já é fato comum que pais e professores não tenham mais segurança na antevisão do mundo de amanhã. Falta, para muitos, confiança no futuro. Revista L: Dentro desse cenário, quais têm sido as maiores preocupações da escola? Liara: A lista é grande, mas ela deve ser encarada sempre como um instigante desafio para realizarmos cada dia mais no campo educacional. Podemos citar a falta de bons exemplos, a difusão de todas as formas da violência e do desamor, o desrespeito às hierarquias, o incremento do bullying, a exploração do consumismo e da

marão as raízes e os frutos do mundo do futuro, hoje antevisto com desconfiança e inquietação por muitos. Revista L: A missão do Colégio Logosófico fala em nova humanidade. Em que se funda essa confiança? Liara: No trabalho dos colégios mantidos pela Fundação Logosófica, dentro e fora do País, o clima é realmente de muita confiança no futuro, apesar dos desafios. A ação pedagógica leva em conta que, durante essa primeira idade, as possibilidades humanas são assombrosamente fecundas para o desenvolvimento natural da vida consciente, com todas as prerrogativas que a evolução lhe abre no curso de sua existência. competição em níveis claramente prejudiciais, a banalização dos sentimentos e o semnúmero de atividades e compromissos que são atribuídos a gente ainda muito pequena, transformando nossos filhos e alunos em verdadeiros executivos em miniatura... Podemos ver que, hoje, talvez mais do que em qualquer outra época, a luta por uma educação de qualidade tem sido uma façanha digna de heróis. Liberato: Na infância, certos impactos são devastadores. Esses descuidos acentuam os fatores que desvirtuam inteiramente aquela que deveria ser a fase de ouro na formação da pessoa, uma fase necessária, de encantos e ternuras, com a sabida participação do espírito na vida infantil. Segundo a pedagogia logosófica, a mente da criança é terra virgem e fértil, o que bem fala da responsabilidade dos adultos na seleção das sementes a serem plantadas nessa idade e, em continuação, também na juventude. Dessas sementes é que se for- A concepção de educação da Logosofia responde aos mais elevados anseios da humanidade. Um deles foi recentemente expresso pela Unesco, em documento da Comissão Internacional sobre Educação para o Século 21. Ali é sugerido que se acrescente à educação regular uma nova disciplina que trate do conhecimento de si mesmo, que leve à construção da própria pessoa, das relações entre os indivíduos, grupos e nações. Julgamos preciosa a sugestão da Unesco e consideramos que é realmente por esse caminho que haveremos de ajudar no nascimento de uma nova humanidade. Liberato: De novo, é a expressão do sonho milenar por Sabedoria, esse algo mais que as escolas não têm sabido dar, ao se concentrarem na formação de pessoas para as profissões, cedendo à pressão de um mercado cada vez mais competitivo, e não na formação para a vida. Revista L: E como seria, no Colégio Logosófico, essa educação para a vida? Liara: A Logosofia ensina a teoria e prática de uma pedagogia que permite à criança e ao adolescente a gradual superação de suas condições

internas, o desenvolvimento metódico de suas aptidões e uma postura ativa e consciente diante do mundo que encontram pela frente. Nossos docentes se empenham em oferecer elementos adequados ao nível mental e sensível dos alunos, proporcionando um equilíbrio no jogo normal de suas faculdades internas. Soma-se a isso o cultivo de conceitos e valores que resistam à decadência atual, com o estímulo à busca dos mais altos ideais de superação e a criação de defesas mentais que resguardem a moral, os bons conceitos e os valores fundamentais de cada um. Tudo converge para fazêlos conhecer e amar a verdade que aprendem a descobrir no laboratório da vida diária. Liberato: Não basta que criança e jovem sejam inteligentes, que depois passem nos concursos e vençam nas profissões que escolheram. Se a linha pedagógica adotada inclui a formação do intelecto e da consciência, tem de incluir também o trabalho com o coração. Ensinar aos alunos o cultivo da sensibilidade é contribuir para o surgimento de seres humanos completos, sensíveis à realidade de si mesmos, dos semelhantes e do Universo. Conhecimento, inteligência e sensibilidade se unem na construção de gerações realmente mais felizes do que a nossa. Revista L: No Brasil, fala-se muito em educação integral. Até onde confiar nas promessas? Liberato: Para uns, educação integral é a realização do famoso mens sana in corpore sano (mente sadia em corpo sadio). Para outros, é o trabalho com o aluno em tempo integral: crianças e jovens ficam na escola praticamente o dia todo, desenvolvendo atividades diversas. Nos educandários logosóficos, ao lado da educação física, busca-se esta educação integral na formação do aluno nos aspectos mental, moral e espiritual. Liara: É indispensável que a prática pedagógica absorva mas também permeie e transcenda todos esses pontos, trabalhando com elementos que possibilitem a real formação integral do ser humano, nos três aspectos mencionados, que vale repetir: o mental, o moral e o espiritual. Liberato: Se quisermos que a educação integral não se reduza a um slogan ou a um ideal impreciso, os responsáveis por sua aplicação deverão saber como abordar a configuração biopsicoespiritual do educando. É lógico que isso exige de cada membro do corpo docente passos progressivos no processo de conhecimento de si mesmo. Liara: Os colégios do Sistema Logosófico de Educação aplicam, com o currículo oficial, um Plano de Educação Superior, elaborado com os elementos muito precisos da Logosofia. Tudo é feito de forma prática, experimental e viva. Trabalhar com a criança e o adolescente sob a orientação dessa nova concepção pedagógica permite, de fato, ter grande confiança no futuro da humanidade!

Assim como Pasteur um dia comoveu o mundo científico, ao demonstrar a existência dos micróbios físicos por detrás das epidemias que assolavam povos inteiros, a Logosofia faz agora outro tanto, ao assinalar os agentes extrafísicos que, por detrás das ações boas e más de homens e povos, existem e atuam como verdadeiros micróbios psicológicos. Estamos falando dos pensamentos, apresentados agora como entidades animadas autônomas, que podem num instante passar de uma mente para outra. Pela primeira vez, portanto, após séculos de reclusão nas sombras do ignoto, foi concedido aos pensamentos um lugar proeminente, ao serem tratados como corresponde à realidade de sua existência. Foi a sabedoria logosófica que iluminou tão curioso como prodigioso acontecimento, permitindo ao homem conhecê-los e identificá-los em seus impulsos e tendências.

Com atuações próprias, como as pessoas Quando se fala de pensamento, é comum confundi-lo com a razão, a mente, a inteligência, a reflexão, a imaginação, etc., como se tudo tivesse a mesma função, e até são muitos os casos em que se toma uma coisa por outra, sem distinção alguma. Apesar de filósofos e sábios, tanto da Antiguidade como da idade moderna e contemporânea, haverem exercido a faculdade de pensar, nenhum deles jamais atribuiu vida própria aos pensamentos, nem declarou que pudessem reproduzir-se nem ter atividades dependentes e independentes da vontade do homem. A experiência no campo logosófico mostra que os pensamentos, à semelhança do que ocorre com as pessoas, têm atuações próprias. Assim sendo, podem chegar à mente de um homem e exercer ali uma determinada influência, às vezes sem que a consciência desse homem perceba isso. Trata-se de entidades animadas autônomas, que podem passar num instante de uma mente para outra, sendo necessário que toda pessoa aprenda a diferençar os que são próprios dos alheios, a repelir os maus e ficar com os bons. Mas não se deve crer que essa seleção seja tão fácil, nem que baste simplesmente querê-lo: há pensamentos que são pouco menos que donos da vida, e o homem se submete a eles mansamente, pois costumam ser mais fortes que sua vontade. No caso dos pensamentos negativos, os conhecimentos da Logosofia atuam como verdadeiros antibióticos mentais, eliminando esses micróbios psicológicos que fazem a infelicidade humana. A Logosofia, ao expor seus conhecimentos, apresenta o que se refere aos pensamentos como um dos mais transcendentes e de vital importância para o homem Ao falar sobre os pensamentos como entidades individuais, a Logosofia fixa o caráter especificamente celular deles e até apresenta à observação a semelhança que existe, nos seus respectivos campos de ação, entre os pensamentos e as células propriamente ditas, como organismos viventes. Estudando-se a vida, a atividade, a procriação, etc., dos pensamentos, ver-se-á que, comparados às células fisiológicas, eles procedem mais ou menos de forma análoga.

Não sou capaz de matar uma mosca! Não vou esta noite ao teatro, pensa o homem. Vem-lhe, porém, um pensamento à mente, recordando-lhe uma peça interessante que vai estrear; busca o jornal para se informar a que horas começa e, esquecendo o que pensou primeiro, vai solícito, levado pelo pensamento que influenciou seu ânimo, sentar-se na plateia, como se nada tivesse acontecido. A partir de hoje não farei mais isso, diz aquele que, como o jogador, o alcoólatra, etc., cai na armadilha do vício; mas os pensamentos afins voltam, com maior violência, a excitá-lo e induzi-lo a continuar na mesma vida. Não sou capaz de matar uma mosca!, exclama o bom homem que, um dia, num arrebato de indignação, ergue a mão e mata quem o ofendeu. Mas... seria a razão a que atua em cada uma destas circunstâncias? Ou talvez a consciência? Ou o sentimento? Não sejamos ingênuos, por Deus!, haveria de dizer Voltaire, crendo que essas coisas nós as fazemos em são juízo! Por outro lado, nada de pôr a culpa no destino. E, por não ser ele quem se compraz em brincar assim com a vida humana, pois seria uma insensatez pensar tal coisa, devemos admitir que, mais perto de nós, algo atua com diligência e rapidez, e esse algo não pode ser outra coisa que os pensamentos. Verdadeiras potências do espírito Admitamos, então, que são eles, os pensamentos não no conceito ambíguo e errôneo que a generalidade tem deles, mas sim tais quais eles são na realidade quem impera no mundo mental em que vivemos. Se não nos preparamos para buscá-los, descobri-los e dominálos, não seremos outra coisa senão joguetes de suas hábeis manobras, e nessas condições não poderemos esperar nunca o desfrute de uma verdadeira felicidade. A diferenciação que fazemos entre a função de pensar e os pensamentos é extremamente necessária para o ordenamento das atividades da inteligência e, sobretudo, para que se possa ter uma visão clara a respeito de como o ser deve se comportar no emprego das próprias opiniões e juízos. Por estas e tantas outras razões, estudadas todas elas pela Logosofia, os pensamentos são os agentes essenciais da existência humana. Superados, convertem-se em verdadeiras potências do espírito.

Pensamento é diferente de pensar Com o aprendizado desses conhecimentos, não perigará jamais o equilíbrio nem a estabilidade psicológica do indivíduo. Defendido dos desagradáveis enredos próprios dos estados mentais inferiores, ele saberá esgrimir melhor suas defesas contra o complicado jogo dos pensamentos que povoam os ambientes que frequente, sem temer os perigosos enlaces com as ideias enganosas e os pensamentos vulgares. O princípio consciente do conhecimento da vida radica na distinção, pelo ser humano, entre os pensamentos e a função de pensar, o que pode acontecer já na infância. Ao fazer essa distinção, a criança ou o adulto se põe em condições de perceber, dentro de si, os movimentos dos pensamentos como entes autônomos que antes dominavam a mente, dando a falsa noção de que se usava a faculdade de pensar. E precisamente nessa distinção entre mente e pensamento, entre a função de pensar e a ação de entidades autônomas, está, segundo a Logosofia, o ponto de partida para o conhecimento da psicologia humana, para o conhecimento de si mesmo, que implica, também, o conhecimento do próprio espírito.

Em vão se atribuirá ao fatalismo a decadência da atual civilização. Quando tudo tiver passado pelo crisol das mudanças que se devem operar no acontecer evolutivo da humanidade, ver-se-á, com inequívoca lucidez, quais foram e são os responsáveis, e por quê. Para a Logosofia, a humanidade chegou à era da responsabilidade, a dos deveres e dos direitos conscientemente praticados: a era da evolução consciente. Graças ao processo de superação que seus preceitos estabelecem, homem e mulher poderão alcançar as máximas prerrogativas concedidas ao seu ser psicológico, mental e espiritual. Conhecerão, ao mesmo tempo, as potências criadoras de sua mente, que são os agentes diretos e insubstituíveis do equilíbrio, da harmonia e da potestade de cada componente da grande família humana.

Falta conhecer a finalidade da vida No cenário da História, as diversas culturas foram enriquecendo ao infinito o mundo das formas, mas nenhuma nos disse qual é o supremo "para quê" da existência humana. Este ponto, que é o principal, o fundamento dos outros, faltou sempre, e poderíamos dizer que sua ausência é que tem dado instabilidade a todas as obras de nossa espécie no terreno da evolução espiritual. Assim, se o ser humano leva seu olhar até mais longe, todo o maravilhoso edifício da atual cultura ocidental e oriental lhe parece incompleto: falta conhecer a finalidade. A civilização desenvolveu todos os valores, menos esse, que, ao que parece, ela nunca pôde descobrir e muito menos definir. Cresce, entre as pessoas de todas as latitudes, a noção de que a espécie humana vive sem saber por quê No cúmulo da desorentação, homem e mulher chegam a admitir que não somente suas vidas, mas a existência inteira de todas as gerações humanas, das civilizações e dos povos se move em forma de círculo. Toda mudança que ocorre dentro da atividade desse círculo não é real, e sim aparente, porque depois de um curto tempo acontece outra mudança que retorna o ser ao estado anterior. São meras transformações externas, ocorridas no ser físico, psicológico, no ser anímico, mas que não obedecem de modo algum à Lei das Mudanças que toda evolução consciente manifesta. Crenças ingênuas e absurdas Cresce, entre as pessoas de todas as latitudes, a noção de que a espécie humana vive sem saber por quê. A mente não tem podido ter nenhuma percepção de tudo aquilo que transpõe os limite desse círculo em que cada um vive, se move e atua. E o ser humano vê que a História universal, da mesma forma, se repete em séries cíclicas, passando intermitentemente por subidas e descidas que jamais conduzem a algum resultado positivo. Não descobre, nesse insistente vaivém, finalidade alguma capaz de avivar o entusiasmo ou servir de incentivo para a busca espiritual. Diante de tudo isso, sente apoderar-se dele o mais amargo pessimismo, que o lança nos braços de extremismos ideológicos, de crenças as mais ingênuas e absurdas, quando não o submerge na mais crua indiferença e, depois de certa idade, no já bastante conhecido cansaço da vida.

Trata-se nada menos que de mudar muitos conceitos antiquados e nocivos para a alma, bem como uma infinidade de hábitos negativos e crenças estéreis Quando dizemos "processo de evolução consciente", estamos indicando o caminho que leva a penetrar nos segredos da vida psicológica, mental e espiritual própria Necessidade de mudar conceitos e hábitos Hoje, tudo nos mostra que estamos atravessando um dos períodos mais críticos e angustiosos da trajetória humana sobre a Terra. Por todas as partes, percebe-se uma situação de anormalidade poucas vezes observada no curso da História. A humanidade parece estar se debatendo num daqueles estados incertos de onde talvez pudesse alcançar um estado superior, que significaria o que vulgarmente se convencionou chamar de salvação do mundo, ou então precipitarse num caos cujas proporções é muito difícil predizer. Quanto tempo ainda vai durar a decadência da atual civilização? Isso depende, naturalmente, de múltiplos fatores, principalmente porque se trata nada menos que de mudar muitos conceitos antiquados e nocivos para a alma, bem como uma infinidade de hábitos negativos e crenças estéreis. É imprescindivelmente necessário renovar também os centros energéticos desgastados pelo tempo e reorganizar a estruturação psíquica, mental e espiritual do homem, estendendo seus benefícios a toda a espécie humana. O grande objetivo da vida A ciência logosófica abriu uma nova rota para o desenvolvimento humano. Seu trajeto implica uma direção definida e imodificável, em cujos trechos se cumpre, gradual e ininterruptamente, a realização simultânea dos conhecimentos que possibilitam seu extenso percurso. Tal realização abarca o conhecimento de si mesmo e dos semelhantes; o do mundo mental, metafísico ou transcendente; e o das leis universais, unindo-se a tudo isso o avanço gradual e supremo do homem e da mulher até as alturas metafísicas que custodiam o Grande Mistério da Criação e do Criador.

Com tal segurança, cada um poderá cumprir plenamente o grande objetivo de sua vida, isto é, a realização de seu processo de evolução consciente. Entenda-se bem que, quando dizemos "processo de evolução consciente", estamos indicando o caminho que leva a penetrar nos segredos da vida psicológica, mental e espiritual própria. Cada pessoa deve ser consciente das mudanças favoráveis experimentadas dia após dia por seu próprio conteúdo moral, psicológico e espiritual Novo conceito de consciente Quando a Logosofia menciona o termo consciente, ela está se referindo ao estado de plenitude que infunde um novo e vibrante fulgor na vida. Comumente se pensa e se atua em virtude de um rápido processo mental que se verifica nas imediações da consciência. Todavia, ninguém poderia dizer que é consciente em todos os instantes de sua vida, e de modo especial quando se trata de sua evolução e destino.

A Logosofia expressa que a consciência é a essência viva dos conhecimentos que a integram, o que dá ideia de que, quanto mais conhecimentos assimila, maior é a atitude consciente do indivíduo. Mas isso não chega nunca a motivar o funcionamento pleno da consciência, o que é possível quando esta se nutre com conhecimentos que custodiam o processo de evolução consciente, o qual, realizado sob o controle da auto-observação, nos adverte sobre a diferença que existe entre o conteúdo comum do vocábulo "consciente" e o logosófico. Cada pessoa deve ser consciente das mudanças favoráveis experimentadas dia após dia por seu próprio conteúdo moral, psicológico e espiritual, bem como do aumento de sua capacidade consciente para compreender que pode ampliar indefinidamente sua vida. O processo de evolução consciente é, em suma, um processo de enriquecimento espiritual do homem, da mulher, da espécie humana Edificação de uma vida exemplar e magnífica Não se deve, portanto, de forma alguma, confundir a evolução consciente, que implica uma autêntica renovação da vida, com os sucessivos vaivéns a que, em matéria de mudanças, o ser se vê obrigado pelas circunstâncias. Essa evolução não é, por exemplo, a que força o intelectual a mudar de posição ante a derrocada incessante das suposições e teorias que, a seu juízo, tinham assumido elevada importância, fazendo-nos recordar certos movimentos que se repetem indefinidamente na música. Aqui surge, com inquestionável evidência, que só mediante uma estrita disciplina mental e exercendo um severo controle dos pensamentos que atuam na mente é que a evolução da espécie humana poderá ser efetuada conscientemente, comprovando-se passo a passo os progressos revelados em cada avanço rumo às regiões do conhecimento e da sabedoria. O processo de evolução consciente é, em suma, um processo de enriquecimento espiritual do homem, da mulher, da espécie humana, pois implica incorporar grande número de conhecimentos de altíssimo valor, mais do que suficientes para edificar com eles uma vida exemplar e magnífica.

A Logosofia converte o ser humano em explorador do universo individual. Entre os grandes objetivos desta nova ciência, está o conhecimento de si mesmo, que implica o domínio pleno dos elementos que constituem o segredo da existência de cada um. Em todos os tempos, desde muito antes de Sócrates, o autoconhecimento constituiu para homem e mulher, para filósofos e sábios, uma espécie de sonho, de meta dourada, quando não um amor sem esperanças. Infelizmente, porém, quanto mais procuravam conquistar tal conhecimento, mais ele parecia afastar-se de suas possibilidades. Para a Logosofia, o conhecimento mais extraordinário, o maior que se pode possuir, é, primordial e fundamentalmente, o conhecimento dessa criatura humana que é o ser mesmo. Seu estudo põe em relevo a criação mais maravilhosa: o próprio ser humano, plasmado à imagem da Criação.

Ante a desorientação de hoje Desde que o homem e a mulher começaram a ter as primeiras noções de moral, vem-lhes sendo repetido que devem ser bons, que devem elevar sua vida e ser melhores. Entretanto, foi-lhes ensinado positivamente como fazer para alcançar semelhante objetivo? A resposta, por demais sugestiva, é oferecida pelo estado de incrível desorientação em que hoje ambos se encontram. Não lhes foi ensinado como ser melhores. Os que pretenderam fazê-lo careciam de conhecimentos capazes de substanciar esse propósito e, na falta disso, adotaram o sistema de inculcar no semelhante, desde a mais tenra idade, pensamentos e sugestões incompatíveis com sua razão e sua sensibilidade. O investigador mede a trajetória dos astros, e desconhece a de sua própria vida O ensino que tem faltado E que dizer dos pensamentos perfumados? Ou então das frases de efeito e os conselhos gratuitos, com belíssimas músicas de fundo? O investigador mede a trajetória dos astros, e desconhece a de sua própria vida; segue as modificações do átomo, e descuida as de seu pensamento; estuda e analisa tudo, menos o que diz respeito ao conhecimento de sua mente, que é a que lhe permite discernir e pensar, enquanto se capacita para conhecer a origem e evolução do próprio pensamento; lê e comenta mil biografias, e treme pensando como terminará a sua; descreve maravilhas sobre a organização das formigas e das abelhas, e, quando quer promover a organização de seus valores pessoais, vacila ante cem conselhos antagônicos. Assim, o estudioso, o universitário, ou simplesmente o homem e a mulher que cuidam de sua instrução, encontram-se diante de livros que tratam sobre a essência da história, sobre a filosofia das matemáticas ou a evolução da mitologia, mas nada de certo podem saber a respeito da essência de seu próprio ser, sobre a filosofia de sua condição humana ou sobre a evolução de seu caráter, não obstante tudo isso constituir a primeira e última realidade de sua existência.

As promessas de coisas inalcançáveis A Logosofia assinala que a pessoa pode chegar a ser dona de sua vontade e de seus pensamentos, porém jamais pelos procedimentos simplistas que têm servido para encher e preencher tantos volumes. Por exemplo, a simples repressão do pensamento não conduz a nada, e pode chegar a produzir uma verdadeira alienação ante a realidade da vida, bem como um sem-número de outras desastrosas consequências. Outro exemplo: confiar a solução de problemas internos à falsa chave da imaginação, como muitos ensinam. Isso significa entregar-se ainda mais aos braços da ignorância que se queira superar. A ficção, a fantasia e as contínuas promessas de coisas inalcançáveis devem ser repudiadas e assinaladas como nefastas para a evolução Sócrates jamais explicou a ninguém sua fórmula favorita, nem ensinou com o exemplo o caminho para a sua realização E que dizer dos pensamentos perfumados? Ou então das frases de efeito e os conselhos gratuitos, com belíssimas músicas de fundo? Dão a impressão de que tudo é muito simples, bastando uma pitada nova de compreensão ou emoção. Com muito de poesia e nada de ciência, fazem esquecer que, na vida real, a felicidade deve ser construída e que as bondades vistas ou entrevistas só se gravam em nosso ser interno mediante processos. A ficção, a fantasia e as contínuas promessas de coisas inalcançáveis, com meras práticas ilusionistas que depois deixam tantos inocentes na infelicidade, devem ser repudiadas e assinaladas como nefastas para a evolução.

Conhecendo a mente e os pensamentos O próprio Sócrates, famoso defensor do conhecimento de si mesmo, jamais explicou a ninguém sua fórmula favorita, nem ensinou com o exemplo o caminho para a sua realização. Prova disso está no fato de que tanto Platão quanto Xenofonte, divulgadores e discípulos diletos do ilustre filósofo, não deixaram nenhuma pista que permitisse ao homem e à mulher, de ontem e de hoje, a aquisição desse prodigioso conhecimento. A concepção logosófica parte do estudo da própria mente, por ser ela, especificamente considerada, o órgão promotor da vida psíquica, e se projeta sobre os pensamentos, por serem os agentes naturais que configuram a vida de cada pessoa em seus aspectos mais preponderantes. O sistema mental, integrado pela mente superior e pela inferior, é a prova mais palpável da genial criação da estrutura psicológica humana. Desconhecido pelo próprio ser que o possui, sua realidade se manifesta tão logo os conhecimentos logosóficos revelam sua existência. O importante papel da consciência Autoconhecimento implica, também, conhecer o próprio espírito tal qual ele é em potência e atividade A evolução consciente deve sua realidade à efetividade desse maravilhoso sistema, configurado pelas duas mentes, pelas faculdades da inteligência nas funções respectivas, e pelos pensamentos. A intervenção da consciência no esclarecimento das funções que cada pensamento desempenha na mente é, pois, essencial, porque permite distinguir com toda a exatidão quais são os pensamentos produzidos pela própria mente, quais os adotados ou de procedência alheia incorporados ao acervo individual, e quais os que têm vida própria, ou seja, os que atuam com autonomia ou com prescindência da mente que os abriga. Nem seria preciso dizer que a consciência facilita grandemente a identificação dos pensamentos inúteis ou estéreis, bem como dos maus, que têm quase sempre parte ativa em cada uma das três categorias citadas.

Deficiências psicológicas e espírito Uma das proposições que a Logosofia apresenta como necessárias ao conhecimento de si mesmo é a das deficiências que escravizam homem e mulher. São falhas caracterológicas que, em maior ou menor grau, cada um acusa, sem poder evitar as derivações contraproducentes que têm sobre sua psicologia. A isso acrescentamos que o estudo e o empenho constante por neutralizá-las, bem como por anular sua danosa influência na vida do ser, é parte irrenunciável do processo de evolução consciente que ambos devem realizar. Pela primeira vez se ensaia no mundo um método tão eficaz para o esclarecimento das proposições que a inteligência sempre formulou a si mesma sobre os enigmas da vida e os mistérios da figura humana, tão complexa em sua estruturação psicológica e espiritual. E isso precisou ser feito, inevitavelmente, sobre a base do conhecimento de si mesmo, considerado este em seu maravilhoso conteúdo e na dimensão de suas amplas projeções. Esse autoconhecimento implica, também, conhecer o próprio espírito, tal qual ele é em potência e atividade. Ao conseguirem sua integração à vida consciente, homem e mulher passam a aproveitar os valores que lhes pertencem, originados em sua própria herança. Orientados pelo conhecimento logosófico, homem e mulher se internam nos segredos de um enigma até hoje indecifrável para o entendimento humano Conhecimento de si mesmo e mundo metafísico Outro grande objetivo da Logosofia é o conhecimento do mundo mental, transcendente ou metafísico, onde têm origem todas as ideias e pensamentos que fecundam a vida humana. O conhecimento desse mundo superior começa, imprescindivelmente, com o conhecimento de si mesmo, por estarem ambos os mundos, o interno do ser e o metafísico, indissoluvelmente ligados. Vem ao caso destacar a função imponderável do espírito como condutor para esse mundo das grandes ideias, onde reina permanentemente o Pensamento de Deus. Daí que a Logosofia tenha apontado o espírito como o elo que une o ser humano a seu Criador. Dessa forma, orientados pelo conhecimento logosófico, homem e mulher se internam nos segredos de um enigma até hoje indecifrável para o entendimento humano.

A evidente derrocada dos conceitos e valores da cultura vigente, no Ocidente e no Oriente, mostra um cenário cada dia mais deprimente. Os comportamentos ligados à moral e à ética constrangem a quem ainda conserva algo das reservas internas ligadas aos grandes conceitos e às excelências do sentir interno. Tudo parece querer mostrar-nos, aos gritos, a verdade de que a miséria moral é ainda mais espantosa do que a material. Muito do que está acontecendo em nossa época é devido ao fato de o homem e a mulher haverem perdido a consciência de seus deveres, daqueles deveres que são e devem ser para ambos, para a sociedade e para a humanidade inteira leis inevitáveis. Mas é muito natural que perguntemos: que leis inevitáveis seriam essas? A que princípios universais elas nos remeteriam, poupando-nos da confusão dos chamados relativismos culturais? A Logosofia é clara e concludente ao mostrar a necessidade de se chegar a compreender que existem, também nesse terreno, leis universais, e que elas são inflexíveis: ao serem infringidas, é impossível evitar que se produzam tremendas calamidades, como as que deparamos no dia a dia do mundo moderno. Uma dessas leis é, precisamente, a que rege tudo aquilo que diz respeito à existência humana e, muito especialmente, à sua evolução, seu progresso e suas perspectivas de desenvolvimento individual.

No auge da desorientação e do ceticismo Padecendo uma desorientação confessa em termos de rumos, princípios e valores, homem e mulher chegam a admitir que suas vidas carecem de maior sentido, não encontrando ambos apoio para sustentar sua moral. É uma situação de visível insegurança que hoje diz respeito a todos os povos de nossa cultura, terminando por arrasar, metafórica ou efetivamente, o conteúdo da vida. Esse estado tão especial, misto de melancolia e abandono, afeta muito particularmente a juventude e é definido no livro O Senhor De Sándara, de González Pecotche, como a doença do vazio". Trata-se de uma enfermidade que provém, segundo ele, da falta de uma razão ou força superior que, tirando as pessoas do ceticismo em que caíram, pudesse conduzi-las por caminhos que lhes garantissem a reintegração dos valores do espírito. E Pecotche adiciona: Em vão se tem buscado o grande elemento que os libere de tais angústias; no final, as poucas defe- sas morais que restam vão sendo abatidas pelo frenesi das paixões e pela neurose coletiva, que empurra irresistivelmente essa parte da humanidade para os caminhos incertos da perdição. É necessário dar ao homem os elementos que lhe faltam para orientar sua vida, com segurança, pelos caminhos do mundo Em tal situação, não é nada estranho que muitos, no auge de sua desorientação e ceticismo, já rechacem como impossível toda tentativa de superação. Para estes, não poderão ser resolvidos os problemas que há séculos têm estado como enigmas tentando o espírito humano.

O que a Logosofia agora oferece A Logosofia adverte que, depois de se ter deixado o mal avançar tanto, não basta apontar uma ou outra vez o desvio, com posturas sentenciosas desta ou daquela cátedra; o que a humanidade necessita é que se lhe ensine e transmita o verdadeiro conhecimento de sua evolução. O ensinamento logosófico vai mais além: ensina o jovem a ser consciente de seus pensamentos e atos É necessário dar ao homem os elementos que lhe faltam para orientar sua vida, com segurança, pelos caminhos do mundo. É precisamente isso o que a ciência logosófica oferece a favor do grande problema pedagógico-moral cuja solução a consciência humana reclama. Repercussão na juventude A juventude, como dissemos, sofre de maneira muito particular esse estado de coisas. Falta-lhe, por exemplo, uma preparação básica para a vida. Não recebe diretrizes precisas que lhe determinem a conveniência de seguir uma conduta reta, conduta que deve ser ilustrada com imagens claras a respeito das responsabilidades que cada indivíduo assume, tanto na família como na sociedade. O jovem há de chegar a compreender a fundo que toda infração aos princípios morais e sociais de convivência humana introduz uma perturbação em sua vida, em prejuízo do conceito que merece. Todo ensinamento moral, quando não avalizado pelo exemplo de quem o dita, atua em sentido contrário na alma de quem o recebe Além de atender a todos esses aspectos, o ensinamento logosófico vai mais além: ensina o

jovem a ser consciente de seus pensamentos e atos. Desse modo, advertelhe que suas aspirações de êxito na vida deverão condicionar-se a um comportamento que não desvirtue a legitimidade delas. O grande valor das defesas mentais O incremento da delinquência juvenil obedece, em grande parte, ao fracasso dos sistemas pedagógicos empregados até o presente. As mentes dos jovens são assaltadas por pensamentos que os levam a cometer toda classe de deslizes. A pedagogia logosófica inclui, para estes casos, um elemento de grande valor: as defesas mentais. O conhecimento do sistema mental e dos pensamentos que se hospedam na própria mente, a eliminação dos maus ou inúteis e o aumento dos bons ou úteis são fatores importantíssimos de defesa mental. De onde surge a verdadeira moral O frio método pedagógico dos estabelecimentos educativos oficiais e particulares carece de eficácia no fundo da psicologia de cada educando; ao contrário, mantémse na superfície dela, dando lugar a uma defeituosa formação da personalidade. Todo ensinamento moral, quando não avalizado pelo exemplo de quem o dita, atua em sentido contrário na alma de quem o recebe. É esse um fato tão evidente que ninguém ousará pô-lo em dúvida. Entre os grandes conhecimentos logosóficos que constituem a base fundamental de uma conduta moral e ética iluminada pelas luzes da evolução, destaca-se o das Leis Universais A Logosofia declara que a moral surge, no indivíduo, das excelências de seu sentir interno. É preciso cultivar essas excelências e

ser consciente de que elas constituem uma força imponderável, quando postas a serviço dos desígnios superiores do espírito. Mudanças que levam à redenção A moral insistimos se edifica com o bom exemplo, não com palavras. Ela se nutre e afirma numa atitude que surge do ser interior como imperativo da consciência. Essa atitude é o respeito; o respeito que cada qual deve ter para consigo mesmo, o respeito ao semelhante, o respeito a Deus e a tudo o que, por sentimento natural, inspire respeito. Ao enunciar seus importantes resultados também no aspecto moral, a Logosofia destaca o enorme valor do processo de evolução consciente, o qual, ao mesmo tempo que depura o indivíduo de tudo de mau e inservível que atormenta sua existência, concede-lhe a vantagem de supri-la com o que lhe seja útil e realmente bom, e essa série de mudanças constitui o princípio básico no qual vai sustentando sua própria redenção. Entre os grandes conhecimentos logosóficos que constituem a base fundamental de uma conduta moral e ética iluminada pelas luzes da evolução, destaca-se o das Leis Universais. Trata-se de conhecimento indispensável para que homem e mulher encontrem dentro de si orientação para a conduta moral, ajustando suas vidas aos sábios princípios que pairam acima dos relativismos culturais e que os explicam com recursos de sabedoria.

A ciência logosófica aborda os problemas do espírito considerando-os de natureza tão real, visível e palpável como o são os problemas do ser em seu aspecto físico ou material. Essa posição, que entre muitas outras distingue e dá caráter original ao conhecimento logosófico, é a que está ganhando dia a dia o interesse, a simpatia e a adesão de todos os que, nos mais variados ambientes do pensamento, tomam contato com a Logosofia. É muito frequente ouvir dizer que nem a filosofia, nem a fé, nem a pedagogia, alcançaram resultados apreciáveis diante do grande conflito que distancia a questão espiritual da investigação séria e metódica, impedindo seu conhecimento efetivo por parte do homem. Tampouco a ciência oficial, apesar de seu avanço vertiginoso, conseguiu forjar a chave desse conflito. O terreno conquistado nas múltiplas zonas que ela abarca não lhe pôde servir de base para chegar a uma explicação satisfatória de nosso mundo interior; daí que os estudiosos, muitas vezes, tenham de sentir na própria carne os efeitos contraproducentes de tal situação.

Três fronteiras que limitam a mente Tão maravilhoso mistério deve ser surpreendido nas profundezas do próprio ser interno Desde os alvores do mundo, a vida do homem tem sido um contínuo transitar entre a ignorância e o saber, regulado pelo desenvolvimento progressivo das funções de seu entendimento, o que o levou a realizar inusitados esforços para liberar-se da primeira e alcançar o segundo, em boa parte concretizados pelas vias técnica e científica, da mesma forma que pela arte. Não obstante, houve zonas de sua mente que permaneceram alheias a esse desenvolvimento evolutivo. Estamos nos referindo às zonas que abarcam: 1º) o conhecimento de si mesmo, que implica o conhecimento do espírito individual; 2º) o conhecimento do mundo metafísico ou transcendente, ao qual somente com seu espírito o homem tem acesso consciente; 3º) o conhecimento de Deus, irrealizável se o espírito não intervém como elemento de ligação entre o humano e o divino. Essas zonas mentais, convertidas por sua inatividade em fronteiras que limitam o entendimento, tornaram-se para o homem cada vez mais infranqueáveis, por sua pretensão de transpô-las dirigindo sua atenção invariavelmente para o externo. Tudo quanto existe e toma contato com a consciência tem que constituir motivo de estudo, um estudo sereno e discreto O ansiado encontro com o próprio espírito Foi assim que o homem reiteradamente tentou ver, estudar e descobrir em seus semelhantes as causas que lhe revelassem sua origem, o porquê de seu aparecimento na Terra, sua missão e, finalmente, seu futuro extraterreno, ou seja, a sobrevivência de sua entidade anímica.

Não pôde compreender pois ninguém lhe ofereceu esse grande conhecimento que tão maravilhoso mistério deve ser surpreendido nas profundezas do próprio ser interno, por ser ali, e não em outra parte, onde ele alcançará o ansiado instante de se encontrar com seu espírito e receber dele o imenso bem representado pelo despertar para uma realidade que supera tudo o que foi intuído. As descabidas preocupações fenomênicas Esta ciência convida homem e mulher a realizar um estudo pleno de suas psicologias Muitos acreditaram que, ao se fazer referência ao campo experimental e às experiências que correspondem ao terreno espiritual, tais expressões diziam respeito a coisas fenomênicas ou a práticas de outro gênero, das quais tanto abusaram os fanáticos e falsários espalhados pelo mundo. No campo experimental da Logosofia, eminentemente científico, não cabem as preocupações de ordem fenomênica aludidas; mais ainda: para todos os que cultivam esse conhecimento, está vedado alimentar o menor pensamento a respeito. Isto não quer dizer que os chamados fenômenos da Natureza, como os biológicos, os psicológicos, etc., não tenham para o investigador-logósofo especial importância, com o objetivo de determinar suas causas e o que haja de mérito para os fins da investigação. Um estudo pleno da psicologia própria A Logosofia chama de campo experimental a própria vida e todo ambiente que cada um frequente, já que

Para a maioria, o espiritual é algo abstrato e indefinido, algo que estaria em oposição ao material, quer dizer, ao físico não se deve desprezar nenhuma oportunidade para a própria observação e investigação. Tudo quanto existe e toma contato com a consciência tem que constituir motivo de estudo, um estudo sereno e discreto. As conclusões a que se chega por esse meio servem, depois, de base para outras observações mais importantes. Esta ciência convida homem e mulher a realizar um estudo pleno de suas psicologias, mas entenda-se bem que dissemos um estudo pleno: caráter, tendências, pensamentos, qualidades e tudo quanto direta ou indiretamente entra no jogo de suas faculdades e diga respeito aos estados de seu espírito. Como se sabe, ainda não foi incorporado às investigações da ciência oficial esse gênero de experimentação a que ora nos referimos. Não se deve tapar os ouvidos Embora admitamos que a experimentação no campo da Biologia, assim como a que concerne ao da Psicologia comumente conhecida, deva ser feita em corpos alheios, efetuando a primeira seus ensaios em animais, continuando-os depois nos enfermos que em grande quantidade frequentam os hospitais, não acontece o mesmo, afirmamos categoricamente, no campo fecundo da experiência interna, que responde às exigências de um verdadeiro processo de evolução consciente. Não se deve, pois, tapar os ouvidos. E também é bom que a surdez desapareça quando uma nova expressão da verdade se manifesta para fecundar as adormecidas fibras da inteligência e despertar um novo afã de aperfeiçoamento em benefício do mundo.