ODILLA MESTRINER Dois momentos / Um espaço Sala Especial do 27 SARP - Salão de Arte de Ribeirão Preto Nacional-Contemporâneo
Série: Bonanol I, 1 999, acrílica sobre tela, 80 x TI cm.
08 Série: Bananal - Enfaixadas, 2001, acrílica, areia e bandagem sobre tela, 70 x 110 cm.
Série: Bananal - Curvadas, 2001, acrílica e areia sobre tela, 80 x 1 00 cm. 09
Este catálogo é parte integrante da exposição ODILLA MESTRINER Dois momentos / Um espaço S a l a Especial d o 2 7 S A R P d e f i n i d a p o r d o i s Histórico núcleos: - o b r a s d a artista q u e i n t e g r a r a m a XII B i e n a l de S ã o P a u l o, e m 1 9 7 3, e o P a n o r a m a de A r t e A t u a l d o M u s e u d e A r t e M o d e r n a de S ã o P a u l o, e m Produção Atual 1974. - t r a b a l h o s d e s e n v o l v i d o s e m t o r n o d a série d a b a n a n e i r a e s e u fruto. MARP - Museu de Arte de Ribeirão Preto De 02 a 25 de agosto de 2002 Bate-papo com a artista: Dia 03/08/02, às 10:00 horas, no MARP Brasileira
960 e 1970,
A a r t e de OdiSlet M e s t r í n e r M e t ó d i c a e d i s c i p l i n a d a, O d i l l a M e s t r i n e r v e m p a s s a n d o p o r g e r a ç õ e s de a r t i s t a s c o m u m a o b r a v i g o r o s a e e q u i l i b r a d a. Esteve e m v á r i a s Bienais de São P a u l o, a V, a VI, a VII, VIII, a IX, a X e a XII, o nosso e v e n t o a r t í s t i c o m a i s i m p o r t a n t e. C o m o ela p ô d e t e r p a s s a d o p o r t a n t a s b i e n a i s s e g u i d a s? É a p e r g u n t a q u e m e f a ç o a o i n i c i a r - m e na l e i t u r a dos textos críticos s o b r e M e s t r i n e r e t e n d o a o p o r t u n i d a d e d e d e s c o b r i r u m a a r t i s t a p e c u l i a r, u m a c o n s t r u t o r a de f o r m a s, o r a q u a s e f i g u r a t i v a s, o r a q u a s e a b s t r a t a s. Ela esteve t a m b é m nos P a n o r a m a s da A r t e B r a s i l e i r a, o r g a n i z a d o s p e l o M u s e u de A r t e M o d e r n a de São Paulo e m suas versões de 1 9 7 1, 1 9 7 4, 1 9 7 7 e a de 1 9 8 0. De n o v o, o q u e s i g n i f i c a t e r p a s s a d o p o r t a n t o s P a n o r a m a s e estar t ã o b e m r e p r e s e n t a d a na c o l e ç ã o d o M u s e u? Q u e p r e s e n ç a é essa, n o c o n t e x t o a r t í s t i c o n a c i o n a l, e m u m a é p o c a q u e a b r a n g e, p r i n c i p a l m e n t e, dos a n o s c i n q ü e n t a a t é os a n o s s e t e n t a? E v a i a l é m. M u i t o já f o i escrito s o b r e O d i l l a M e s t r i n e r e s o a r i a r e d u n d a n t e se eu t e n t a s s e nesse t e x t o, ser m a i s u m crítico o u h i s t o r i a d o r a d i z e r m a i s s o b r e sua o b r a. T r a t a - s e de u m a a r t i s t a, d o n a d e u m a o b r a v i g o r o s a, c a r r e g a d a de e n e r g i a s e n s o r i a l e e m o ç õ e s, q u e no i n í c i o, a p a r e n t a v a m estar r e p r i m i d a s p a r a d e p o i s se a b r i r e m e e x p l o d i r e m e m v i b r a ç õ e s c r o m á t i c a s. M a s t u d o, t u d o de f o r m a m u i t o o r d e n a d a. A o r d e n a ç ã o de u m r e p e r t ó r i o q u e b e i r a a o e s t r a n h a m e n t o, t a m a n h a a obsessão à p r o c u r a da p e r f e i ç ã o, na e x p r e s s ã o m á x i m a da f o r m a, na f i r m e z a d o t r a ç o dos d e s e n h o s, no uso sensível da cor, na o r g a n i z a ç ã o e s p a c i a l p i c t ó r i c a e m a t é r i c a, no uso do m a t e r i a l a r t í s t i c o (do g u a c h e, da a q u a r e l a, d o n a n q u i m, da t i n t a acrílica) e na busca d o e s g o t a m e n t o t e m á t i c o e n t r e o h o m e m e a n a t u r e z a q u e a cerca. Talvez o seu m a i o r m é r i t o e a j u s t i f i c a t i v a p o r sua p r e s e n ç a no c e n á r i o a r t í s t i c o b r a s i l e i r o há t a n t o t e m p o - esta seria t a l v e z a resposta p a r a m i n h a s i n q u i e t a ç õ e s - e s t e j a e m sua c a p a c i d a d e de r e v i f i c a r a sua p r ó p r i a a r t e. U m a c a r r e i r a c o m mais de 4 0 a n o s. A a r t i s t a r e i n v e n t a, recria e n ã o e v i d e n c i a u m a a n s i e d a d e d e ser a t u a l e m sua o b r a, e m b o r a o s e n d o. O u d e e s t a r i n s e r i d a neste m u n d o f e r o z do q u a l f a z e m o s p a r t e, d i a n t e dos a t a q u e s da a g r e s s i v a e a n i q u i l a d o r a m e s m i c e c u l t u r a l g l o b a l i z a d a, o n d e q u a s e t o d o s, a r t i s t a s, críticos e h i s t o r i a d o r e s, c a m i n h a m e m u m a m e s m a d i r e ç ã o. Sem c o m p r o m i s s o c o m u m t r a b a l h o p r ó p r i o e é t i c o, m u i t o s o p t a m p e l o p e r c u r s o e q u i v o c a d o, o mais c u r t o e r á p i d o, p a r a c h e g a r a o t o p o dos m e r c a d o s c u l t u r a i s. E d e p o i s s a e m d e s c a r t a d o s, t ã o v e l o z m e n t e q u a n t o s u r g i r a m. V ã o, sem d e i x a r r a s t r o de suas p a s s a g e n s. N ã o é o caso de M e s t r i n e r. C o m o já disse, é d o n a de u m a o b r a c o m m a i s de q u a t r o d é c a d a s de h i s t ó r i a. A a r t i s t a, c a l m a m e n t e, sem n u n c a t e r d e i x a d o a sua c i d a d e - R i b e i r ã o Preto n ã o se d e i x o u s e d u z i r p o r o f e r t a s de f á c i l a p e l o, de u m a g r a n d e c a p i t a l. A a r t i s t a c o n s t r ó i d a l i, de sua c i d a d e i n t e r i o r a n a, p a r a o país, u m a c a r r e i r a r e s p e i t á v e l. Ela nos dá c o m isso u m a l i ç ã o a o nos m o s t r a r n ã o ser n e c e s s á r i o a r t i c u l a r o u a t r e l a r - s e às c o r r e n t e s c o n t e m p o r â n e a s e m v o g a, d i t a t o r i a i s na e s t i l i z a ç ã o das tendências artísticas, para desenvolver um t r a b a l h o sério, poético e pessoal. A s i n c e r i d a d e está a l i, m u i t o p r ó x i m a das suas p r i m e i r a s i m a g e n s de d e s e n h i s t a, c u j o t e m a e r a a casa, a c i d a d e e s t r u t u r a d a o n d e se d a v a j u s t a m e n t e a sua v i v ê n c i a o u e x p e r i ê n c i a de m u n d o. D a l i, p a r a a V B i e n a l de São Paulo, sua p r i m e i r a e x p o s i ç ã o f o r a de R i b e i r ã o Preto. M e s t r í n e r n u n c a d e i x o u sua o b r a e s t a g n a r, p e l o c o n t r á r i o, s o u b e o l h a r p a r a a h i s t ó r i a q u e estava
sendo construído paralela aos seus 40 anos de carreira e subtrair paro sí o essencial, Veio a "Pop Art" nos anos sessenta e a artista soube abrir-se sem, no entanto, perder-se na revolução cultural e comercial que marcou parte daquela geração. Trabalhou com a colagem, com o papelão e com.recortes de jornal. A figura humana, que estava ausente de suas pinturas e desenhos, surge como símbolo de uma presença sensível, Um trabalho que se resolve em estruturas de linhas e cores. Desenhos, pinturas, colagens e litografias. Nâo importa. PoiS'Sao desenhos com traços tão duros e vigorosos, que poderiam ser confundidos com: gravuras; são pinturas que aparentam ser desenhos; são colagens que se misturam com pinturas, e assim por diante. Elas não têm segredos, mas sim mistérios a serem desvendados. Com certeza as técnicas utilizadas são o que menos importa em uma obra carregada de significados. Significados políticos, sociais, humanistas e sensíveis. Uma obra cheia de sentidos, principalmente em trabalhos mais recentes de 2000 e 2001, em que Odilla Mestriner parece ter recuperado para o seu repertório uma grande "musa" nacional. Trata-se da bananeira e seu fruto. Uma planta da família das musáceas e que já foi motivo de obras de Tarsíla do Amaral, Lasar Segal!, Antônio Henrique Amaral,. Hudínílson Jr., entre muitos outros artistas, Esta série de pinturas de Mestriner, logo me impressionaram por sua delicadeza e implicações sociais e políticas deste quase símbolo nacional, que representa o nosso exotismo tropical em obras de SegaII e Tarsíla do Amaral ou de uma Carmen Miranda que vestia um cacho de bananas como chapéu e saía cantando o Tico Tico no Fubá, no cinema norte-americano. A partir daí, a banana que virou uma identidade brasileira, toma outro rumo conotativamente na direção do campo político e passa a ser um signo de um preconceito ou comicidade do nosso subdesenvolvimento econômico e cultural. Não se trata apenas do nosso país, mas de todo um continente de países equatoriais localizados no Hemisfério Sul, pejorativamente identificados, sem diferenciação, com: uma tal de ''República das Bananas". Nos anos sessenta, em meio a Arte Pop, Antonio Henrique Amaral parecia esgotar tais possibilidades conotativas da banana como um signo de nossa aculturação, enquanto passávamos por um processo ditatorial que retrocedia aos avanços sociais conseguidos na década anterior. Hudínílson Jr., nos anos setenta, diante da repressão militar que tentava afogar qualquer manifestação cultural nâo-oficial, desenvolvia um trabalho individua! experimental com as máquinas copiadoras xerográficas. Em uma série de imagens, descascou a banana novamente em conotações politicas e também homoeróticas. Odilla Mestriner retoma a banana como tema de suas obras mais recentes de 2000 e 2 0 0 2, e como um botânico em seu ofício, ela disseca a planta e a fruta em suas pinturas e desenhos sobre papel artesanal, feito da casca da própria bananeira. As imagens organizadas racionalmente resultam em uma simbiose de plasticidade incrível, ao misturar uma linguagem plástica primitivista que lembra as gravuras do artista plástico e gravador pernambucano, Gilvan Samico, com a morfologia botânica da artista inglesa Margareth Mee. Sem uma preocupação engajada evidente, o belo resultado estético desse conjunto é único. Ricardo Resende Curador do Museu de Arte Moderno de Sio Paulo 11
(Ribeirão Preto) Principais Exposições Individuais 1 999 Série Andantes, MARP - Museu de Arte de Ribeirão Preto Série Andantes, USP, Ribeirão Preto 1 994 Retrospectiva, MARP - Museu de Arte de Ribeirão Preto, Curadoria e Publicação do livro Odilla Mestriner e a Arte em Ribeirão Preto, por Tadeu Chiarelli 1 992 Modernidade / Experimentalismo - Artes Plásticas em Ribeirão Preto, USP, Curadoria Tadeu Chiarelli 1 987 Galeria Blue Life, São Paulo, lançamento do livro Odilla Mestriner, por Jacob Klintowitz 1 985 Galeria de Arte UNICAMP, Campinas 1 984 Museu Guido Viário, Curitiba 1 977 Paço das Artes, São Paulo 1969 Museu de Arte de Florianópolis Principais Exposições Coletivas Bienal de São Paulo (V, VI, VII, VIII, IX, X e XII) Panorama da Atual Arte Brasileira, MAM, São Paulo (1 971/74/77/80) Pré-Bienal de São Paulofl 970/72/74/76) 2000 Reinauguração do MAC, São Paulo 1984 VI Mostra da Gravura Pan-Am eriça na da Cidade de Curitiba 1973 Exposição Imagem do Brasil - EXPO 73, Bruxelas - Bélgica Iramarand Bel Gallery, Faifield - EUA 1 972 II Exposição Internacional de Gravura, MAM, São Paulo 1 968 II Bienal de Artes Plásticas da Bahia 1963 Artistas Brasileiros na Gallery Four Planets, Maryland - EUA I Exposição do Jovem Desenho Nacional, MAC, São Paulo Principais Premiações 1 979 Prêmio Aquisição, 1 a Mostra de Desenho Brasileiro, Curitiba 1 973 Prêmio Aquisição, 30 Salão Paranaense de Arte, Curitiba Prêmio Melhor Desenhista de 1 973, APCA, São Paulo 1 971 Prêmio Aquisição, 1 a Bienal de Artes Plásticas de Santos 1 969 Prêmio Aquisição Itamaraty, X Bienal de São Paulo 1 961 2 o Prêmio Leirner de Desenho, São Paulo