CIRCULAR DE 2011 Das constantes alterações implementadas, tanto a nível fiscal como legal, através de circulares, fomos dando conhecimento, pelo menos, das que de uma forma directa ou indirectamente afectem a vida da vossa empresa e dos vossos colaboradores. Com efeito, os planos de austeridade vieram revolcionar o sistema fiscal e a Segurança Social não escapou às profundas alterações introduzidas o que nos obriga a uma atenção redobrada, razão pela qual voltamos a relembrar as principais obrigações introduzidas. Das mais importantes, destacamos: as alterações do IVA; as retenções na fonte sobre vários rendimentos; a base de incidência para a Segurança Social (regime dos trabalhadores independentes), e por último o imposto extraordinário sobre o subsídio ne Natal e outras remunerações. Recordamos, ainda, alguns aspectos já referidos em circulares anteriores que ainda não estão a ser cumpridos na íntegra, apesar dos nossos esforços, nomeadamente: as retenções na fonte, quer devidas a residentes quer a não residentes; a questão do Iva devido pelo adquirente; o alargamento dos sujeitos passivos sujeitos a reversecharge; a implantação do SAFT, facturação certificada e os recibos-verdes electrónicos, entre outros. No entanto, além destes, vamos agora focar a nossa atenção para algumas obrigações fiscais, que embora em vigor, foram um pouco desvalorizadas pelo Estado no passado, mas pela necessidade de receita, serão os mesmos objecto de uma maior atenção por parte da Administração Fiscal. Numa segunda parte chamaremos a atenção para alguns aspectos de índole contabilística. Aspectos de natureza fiscal Artº 63º-C da LGT Contas bancárias exclusivamente afectas à actividade empresarial 1 - Os sujeitos passivos do IRC devem possuir, pelo menos, uma conta bancária, por onde, exclusivamente, devem movimentar os recebimentos e os pagamentos respeitantes à actividade comercial desenvolvida. 2 Devem, ainda, obrigatoriamente, ser efectuados através da conta bancária os movimentos relativos a suprimentos e de outras formas de empréstimos, adiantamentos aos sócios, bem como quaisquer outros movimentos de/ou a favor dos sujeitos passivos; 3 Os pagamentos a fornecedores respeitantes a facturas ou documentos equivalentes, de valor igual ou superior a 20 vezes a retribuição mínima mensal, (485,00 ) têm de ser efectuados através de cheque ou transferência bancária, que identifique a identidade do respectivo destinatário.
Artº 129 do RGIT Falta de conta bancária - A falta de conta bancária é punível com coima de 180 a 18.000; - A falta de realização através de conta bancária dos movimentos de recebimento e pagamentos, é punível com coima de 120 a 3.000; - A realização de pagamentos através dos meios diferentes aos legalmente previstos (essencialmente os de valor superior a 14 vezes o SMN), é punível com coima de 120 a 3.000; Atenção que estas coimas são cumuláveis. Para cumprimento destas obrigações, sugerimos que todos os movimentos passem a ser efectuados pela(s) conta bancária(s) da Empresa, incluindo os movimentos com sócios. Assim, sempre que haja necessidade de colocar suprimentos, os mesmos devem ser feitos através de depósito (por cheque ou transferência bancária) na conta da empresa e pagas as despesas a partir da Empresa. Artº 36º do CIVA Todos os documentos de compras ou de despesas apresentadas, têm obrigatoriamente de cumprir os requisitos do art.º 36.º do Iva, nomeadamente: - Identificação completa dos intervenientes, sendo fundamental o nome e o nº de contribuinte da empresa adquirente, colocada pela entidade emitente/fornecedora do bem/serviço; - Identificação completa dos bens/serviços realizados, não sendo aceite a expressão serviços diversos ; - Sempre que não se aplique IVA, é obrigatória a indicação do motivo que isenta essa transmissão/prestação de serviço; - A data em que os bens foram colocados à disposição do adquirente, em que os serviços foram realizados ou em que foram efectuados pagamentos anteriores à realização das operações, se essa data não coincidir com a da emissão da factura; Para esta nota, favor ver a nossa última circular de 2 de Fevereiro p.p, em que resumimos as situações mais usadas e o que deve obrigatoriamente conter na factura, quer sejam de fornecedores quer das emitidas a clientes. Chamamos a atenção para a necessidade de a factura conter todos os itens obrigatórios, atrás citados.
Despesas com Iva não dedutível De notar, que as despesas cujo o Iva não fosse dedutível, v.g. refeições, deslocações, portagens, etc. havia o entendimento de que estes documentos não necessitariam de conter a identificação completa do adquirente. Porém, provavelmente com intenção de complicar, ainda que estas despesas não dêem lugar à dedução do Iva, só serão aceites como custo (a nível de IRC) se o fornecedor do bem ou serviço colocar, na factura ou documento equivalente a identificação completa do adquirente, ou pelo menos, o nome e nº de contribuinte e a localidade. De notar que nas facturas emitidas por meio informático, a identificação do comprador não pode ser manuscrita. Assim, solicitamos que nas futuras transacções sejam respeitados estes pressupostos, incluindo a indicação da matrícula da viatura em todas as despesas, incluindo as de combustíveis. De notar que pela nossa experiência, quer o sector da restauração, quer o dos combustíveis estão sensíveis a esse aspecto e é possível, desde que solicitado, que essa identificação seja colocada pela entidade emissora. De salientar, ainda, as tributações autónomas sobre as viaturas que a empresa possua, tal como a seguir se referencia pormenorizadamente, no ponto seguinte. Artº 81º CIRC Tributação Autónoma De acordo com o que vos foi transmitido, na nossa circular de 5 de Janeiro, registaram-se várias alterações ao nível das tributações autónomas. Essas alterações são-no quer ao nível das bases quer ao nível da própria tributação autónoma. Lembramos que há um agravamento nítido na aplicação das despesas com viaturas, que passam a ser tributadas pela totalidade, independentemente de serem ou não aceites fiscalmente, o que dará, como é fácil de perceber, uma dupla tributação. Essas tributações autónomas diferem consoante o ano de aquisição de viatura e do seu valor de aquisição. Assim, torna-se indispensável que os gastos com as viaturas (combustíveis, reparações, seguros, etc.) sejam devidamente identificados, para não haver dúvidas quanto ao apuramento da tributação autónoma. Essa identificação deverá ser feita, tendo o cuidado de conter pelo menos 2 aspectos: - NIF da empresa; - Identificação da matrícula;
Aspectos de natureza contabilistica Passando agora para o campo contabilístico, permitimo-nos relembrar a atenção para alguns aspectos até agora não cumpridos na íntegra: Vida útil dos activos fixos tangíveis (ex: imobilizado corpóreo) Quando da alteração do sistema contabilístico POC vs SNC foi solicitado que sempre se realizasse a aquisição de activos fixos tangíveis, fosse indicado na própria factura, a vida útil estimada. Apesar de se manter a existência das taxas de desgaste fiscal, esta nova legislação dá uma maior importância à parte contabilística. No caso particular do software, é ainda mais relevante essa informação, dadas as variadas características que este tipo de bens pode conter (ex.: licenças de tempo limitada, software que faz parte integrante, ou não, do computador, etc.) Continuamos a notar a falta dessa indicação, apesar de solicitado. Abate dos bens dos activos fixos tangíveis (imobilizado) Outro dos aspectos que nunca foi devidamente tratado pelos sujeitos passivos, são os activos fixos tangíveis (imobilizado). Relembramos quais os procedimentos a seguir sempre que se registe a inutilização / obsolescência dos bens (quaisquer que sejam): 1 Pela venda; 2 Pelo abate; No caso da venda, é emitida uma factura, com Iva liquidado à taxa legal em vigor. No caso concreto das viaturas, a liquidação de IVA depende de alguns factores, pelo que solicitamos o contacto antes de emitir a factura. No caso do abate, deverá ser enviada carta registada com aviso de recepção ao Serviço de Finanças, com 15 dias de antecedência, indicando o dia, hora e o local da destruição dos bens obsoletos, que deverão ser discriminados. Uma de 2 situações pode acontecer: 1 As Finanças vêm assistir à destruição e pedem para tomar as previdências necessárias para o(s) remover; 2 As Finanças não vêm assistir e o sujeito passivo emite o auto de destruição, com pelo menos uma testemunha. Esse auto é depois enviado à contabilidade para proceder ao respectivo registo contabilístico.
Anulação de facturas Sempre que uma factura tenha de ser dada como anulada, por qualquer motivo, lembramos que há 2 formas correctas de proceder em conformidade: 1 Emissão de nota de crédito da mesma; 2 Anulação directa da factura; No 1º caso, favor ver comentário à frente sobre a recuperação de IVA; No 2º caso, lembramos que a Empresa é obrigada a estar na posse de todas as vias da factura, incluindo o original e deve inutilizar a factura pondo a indicação de anulada e ainda o motivo. Recuperação do IVA na emissão das notas de crédito Sempre que seja necessária a emissão de uma nota de crédito, lembramos que em relação ao valor do IVA, há 2 formas de proceder: - Utilização do critério constante do nº 13 do artº 78º do CIVA, o que implica a emissão da nota de credito sem IVA; - Utilização do critério constante do nº 5 do artº 78º do CIVA, o que implica a emissão da nota de credito com IVA. Neste 2º caso, deve a mesma ser enviada em duplicado, destinando-se o duplicado a ser devolvido depois de carimbado e assinado pelo cliente é a forma correcta de proceder à recuperação do imposto; Recibos-verdes electrónicos Como foram devidamente informados através do nosso e-mail de 28 de Dezembro de 2010, a partir de 01 de Julho os trabalhadores independentes são obrigados à emissão de recibos-verdes electrónicos. Dado que a contabilidade se baseia em documentos, informamos que os mesmos devem ser impressos por quem os emite; Os mesmos servirão não só de base ao pagamento como para contabilização, pelo que continuarão a ser enviados para a contabilidade, como até aqui. Na expectativa de que este pedido seja cumprido por todos, ficamos como sempre ao dispor para quaisquer esclarecimentos. Com os melhores cumprimentos Manuela Fonseca