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ACORDAM, em 3 a Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte

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ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº , da Comarca de São Paulo, em que é apelante UNITED

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A C Ó R D Ã O. O julgamento teve a participação dos Desembargadores WALTER BARONE (Presidente sem voto), JONIZE SACCHI DE OLIVEIRA E SALLES VIEIRA.

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São Paulo, 13 de dezembro de 2017.

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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores MIGUEL BRANDI (Presidente sem voto), LUIS MARIO GALBETTI E MARY GRÜN.

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Transcrição:

ACÓRDÃO Registro: 2018.0000387637 Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 1003061-93.2017.8.26.0408, da Comarca de Ourinhos, em que é apelante LATAM AIRLINES GROUP S/A (LAN AIRLINES), são apelados ISABELA FLOSI VICENTE e JULIANA FLOSI VICENTE. ACORDAM, em 23ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento em parte ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores J. B. FRANCO DE GODOI (Presidente), JOSÉ MARCOS MARRONE E SEBASTIÃO FLÁVIO. São Paulo, 23 de maio de 2018. J. B. Franco de Godoi RELATOR Assinatura Eletrônica

VOTO Nº: 42388 APEL.Nº: 1003061-93.2017.8.26.0408 COMARCA: OURINHOS APTE. : TAM LINHAS AÉREAS S/A (LATAM AIRLINES BRASIL) APDAS. : ISABELA FLOSI VICENTE E JULIANA FLOSI VICENTE RESPONSABILIDADE CIVIL Danos morais Transporte aéreo Overbooking Total descaso da companhia aérea que não ofereceu assistência adequada às passageiras - Indenização fixada no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) para cada autora Recurso nesta parte improvido. CONTRATO Transporte aéreo Extravio de bagagem Danos materiais Limitação necessária Prevalência dos diplomas internacionais em relação ao Código de Defesa do Consumidor Orientação do E. STF no RE 636.331/RJ Limitação da indenização por danos materiais no contrato de transporte aéreo internacional 1.000DES art. 22, item 2, da Convenção de Varsóvia - Recurso nesta parte provido. 1) Insurge-se a apelante contra sentença que julgou procedente ação de indenização por danos materiais e morais que lhe moveram as apeladas, alegando em síntese que agiu de acordo com o disposto na Resolução 141/2010 da ANAC e ofereceu a reacomodação no primeiro voo disponível, conforme admitido pelas próprias autoras, coma diferença de algumas horas do voo inicialmente marcado; deve ser afastada sua responsabilidade, pois não agiu com dolo, muito menos culpa grave, cumprindo seu dever e realocando passageiros no voo seguinte disponível; caso seja reconhecido o dever de indenizar, sua responsabilidade deve ser limitada pelo disposto no Código Brasileiro de Aeronáutica, cujas regras se coadunam aos pactos internacionais de Varsóvia bem como alterações pelos Protocolos de Haia e Montreal; não se aplica o Código de Defesa do Consumidor; as companhias que operam no mercado Apelação nº 1003061-93.2017.8.26.0408 - Ourinhos - Voto nº 42388 - S/A/V/R/R/R 2

doméstico fizeram um acordo com as autoridades de defesa do consumidor para que a prática do overbooking continuasse, sob pena de deixar rotas economicamente inviáveis; foi elaborado um plano de contingência que determina a reacomodação dos passageiros; tal prática não gera o dever de indenizar; não houve dano moral, mas pequenos dissabores e aborrecimentos; houve mero atraso e não extravio de bagagem que são situações distintas; na hipótese do passageiro desejar a indenização pelo valor dos bens que transporta, lhe facultado a contratação do seguro de sua bagagem, mediante a declaração de seu conteúdo e, obviamente, o pagamento do seguro proporcionalmente ao valor declarado, o que não fizeram as apelantes. Aduz que, ainda que se entenda pelo dever de indenizar, deve ser aplicado o Código Brasileiro de Aeronáutica; não são devidos danos materiais, pois os itens adquiridos passaram a integrar o patrimônio das apelantes; não houve ato ilícito; se mantida a condenação, deverá ser reduzido o valor da indenização. Efetuou-se o preparo. As apeladas apresentaram contrarrazões, afirmando que não há como ser reduzido o valor da indenização por danos materiais; os danos morais decorrem tanto do overbooking como do extravio da bagagem; deve ser aplicada a multa por litigância de má-fé à apelante; o Código de Defesa do Consumidor prevalece sobre outros diplomas jurídicos; ao contrário do que alega a apelante, o overbooking é uma prática comercial abusiva; o próximo voo com destino a Miami veio a sair quase 12 horas após o horário previsto; a apelante não prestou a devida assistência; as despesas foram demonstradas; o dano moral é presumido; o valor da indenização deve ser mantido; não houve litigância de má-fé. É o breve relatório. Apelação nº 1003061-93.2017.8.26.0408 - Ourinhos - Voto nº 42388 - S/A/V/R/R/R 3

recurso. 2) Merece acolhimento em parte o Pretende a apelante a reforma da r.sentença que julgou procedente ação de indenização por danos materiais e morais proposta pelas apeladas. Relataram as autoras, na petição inicial, que adquiriram passagens para viajar de São Paulo para Miami. Ocorre que, quando chegaram ao aeroporto de Guarulhos, no momento do check in, foram informadas que apenas uma poderia embarcar em virtude do overbooking. Por tal motivo, como viajariam juntas, tiveram que aguardar o próximo voo que partiria na manhã seguinte. Dormiram em seu veículo, pois o hotel que a companhia aérea disponibilizou estava localizado no centro da cidade e tiveram receio de perder o novo embarque em virtude do trânsito, tendo em vista que havia uma greve de transporte agendada para o dia seguinte. Utilizaram as dependências de um hotel localizado perto do aeroporto apenas para fazer sua higiene pessoal e pagaram R$ 198,90. Ademais, quando chegaram em Miami, não encontraram a bagagem que só foi localizada no penúltimo dia de viagem. Patente o dano moral! Passaram as autoras por diversos transtornos que ultrapassaram, em muito, o mero aborrecimento. A alegação da apelante de que houve overbooking, fato este incontroverso nos autos, demonstra sua responsabilidade pelos danos sofridos pelas autoras. Apelação nº 1003061-93.2017.8.26.0408 - Ourinhos - Voto nº 42388 - S/A/V/R/R/R 4

Total o descaso da companhia aérea que não prestou o serviço contratado e não ofereceu assistência adequada às passageiras. A bagagem só foi localizada no penúltimo dia da viagem! E, em se tratando de dano moral, não há que se falar em prova, sendo suficiente a demonstração do fato que o gerou. Insta salientar, ademais, que a relação entre as partes é de consumo, sendo da ré o ônus da prova. Quanto ao valor da indenização, a estimativa deve ser tal a possibilitar a reparação mais completa, considerando a conduta da ré e a repercussão na esfera íntima do autor, sempre se respeitando a proporcionalidade da situação econômica de ambas as partes. Assim, o valor fixado na r.sentença em R$ 20.000,00 (vinte mil reais) para cada autora, mostra-se adequado ao fim a que se destina, o qual deverá ser atualizado a partir da data do arbitramento da indenização e os juros de mora devem incidir a partir da citação, conforme determinado na r.sentença. Em relação aos danos materiais, nos termos do art. 543-B, 3º, do CPC/73 (atual art. 1.030, II, do CPC), esta Câmara passa à nova análise da matéria ventilada no Recurso Extraordinário nº 636.331/RJ, no qual se firmou o entendimento no sentido de limitar a indenização no caso de extravio de bagagem no transporte aéreo de passageiros. Em que pese o reiterado entendimento deste Relator em sentido diverso, no julgamento do Recurso Extraordinário nº 636.331/RJ firmou-se o reconhecimento da constitucionalidade das Apelação nº 1003061-93.2017.8.26.0408 - Ourinhos - Voto nº 42388 - S/A/V/R/R/R 5

Convenções de Varsóvia e Montreal, diplomas que prevalecem sobre o Código de Defesa do Consumidor, autorizando, assim, a limitação da indenização por danos materiais em razão do extravio da bagagem de passageiros nos voos internacionais: Recurso extraordinário com repercussão geral. 2. Extravio de bagagem. Dano material. Limitação. Antinomia. Convenção de Varsóvia. Código de Defesa do Consumidor. 3. Julgamento de mérito. É aplicável o limite indenizatório estabelecido na Convenção de Varsóvia e demais acordos internacionais subscritos pelo Brasil, em relação às condenações por dano material decorrente de extravio de bagagem, em voos internacionais. 5. Repercussão geral. Tema 210. Fixação da tese: "Nos termos do art. 178 da Constituição da República, as normas e os tratados internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor". 6. Caso concreto. Acórdão que aplicou o Código de Defesa do Consumidor. Indenização superior ao limite previsto no art. 22 da Convenção de Varsóvia, com as modificações efetuadas pelos acordos internacionais posteriores. Decisão recorrida reformada, para reduzir o valor da condenação por danos materiais, limitando-o ao patamar estabelecido na legislação internacional. 7. Recurso a que se dá provimento. (RE nº 636.331/RJ Rel. Min. GILMAR MENDES j. 25.05.2 017) (g.n.) E, o art. 22, item 2, da Convenção Apelação nº 1003061-93.2017.8.26.0408 - Ourinhos - Voto nº 42388 - S/A/V/R/R/R 6

de Varsóvia assim dispõe: Artigo 22 Limites de Responsabilidade Relativos ao Atraso da Bagagem e da Carga (...) 2. No transporte de bagagem, a responsabilidade do transportador em caso de destruição, perda, avaria ou atraso se limita a 1.000 Direitos Especiais de Saque por passageiro, a menos que o passageiro haja feito ao transportador, ao entregar-lhe a bagagem registrada, uma declaração especial de valor da entrega desta no lugar de destino, e tenha pago uma quantia suplementar, se for cabível. Neste caso, o transportador estará obrigado a pagar uma soma que não excederá o valor declarado, a menos que prove que este valor é superior ao valor real da entrega no lugar de destino. Portanto, limita-se o valor da indenização por danos materiais em 1.000 DES, vigentes à época da publicação deste acórdão. Ante o exposto, dá-se provimento em parte ao recurso, nos termos do acórdão. J.B. FRANCO DE GODOI Relator Apelação nº 1003061-93.2017.8.26.0408 - Ourinhos - Voto nº 42388 - S/A/V/R/R/R 7

Apelação nº 1003061-93.2017.8.26.0408 - Ourinhos - Voto nº 42388 - S/A/V/R/R/R 8