PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

Transcrição

1 Registro: ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº , da Comarca de São Paulo, em que é apelante GOL LINHAS AÉREAS INTELIGENTES S/A, é apelada PATRÍCIA CRISTINA CAMPOS DE CASTRO. ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 22ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Deram provimento em parte ao recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Desembargadores MATHEUS FONTES (Presidente sem voto), SÉRGIO RUI E ALBERTO GOSSON. São Paulo, 23 de março de Roberto Mac Cracken Relator Assinatura Eletrônica

2 VOTO Nº: APEL.Nº: COMARCA: SÃO PAULO 1ª Vara Cível Forum Reg. Jabaquara Apte. : VRL Linhas Aéreas S.A. Apda. : Patrícia Cristina Campos de Castro TRANSPORTE AÉREO INTERNACIONAL ATRASO DE VÔO PERDA DE CONEXÃO Inaplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor REsp STF (Tema 210 STF) Aplicação dos tratados internacionais Convenção de Varsóvia/Convenção de Montreal Recurso parcialmente provido para tal fim. LEGITIMIDADE PASSIVA - TRANSPORTE AÉREO INTERNACIONAL ATRASO DE VÔO PERDA DE CONEXÃO Trecho operado por outra Companhia aérea Irrelevância - Responsabilidade solidária entre as empresas aéreas que realizaram o transporte de passageiros em regime de parceria - Artigo Convenção de Varsóvia DANOS MORAIS - TRANSPORTE AÉREO INTERNACIONAL ATRASO DE VÔO PERDA DE CONEXÃO Passageiro que atrasou sua chegada ao destino em 24 horas - Cumpre à transportadora o dever de prestar toda a assistência necessária aos seus passageiros Inteligência do art. 741 do CC e art. 14 da Resolução nº 141 da ANAC Empresa aérea que, apesar de ter providenciado acomodação em hotel, limitou-se a entregar valcher de US15,00 na manhã seguinte Descumprimento à Resolução 141 da ANAC - Pela evidência dos fatos, são notórios o cansaço exagerado, os transtornos, aborrecimentos e constrangimentos por que passou o autor Configurado o dano moral, a estipulação da indenização deve ser ponderada, suficiente para amenizar o abalo emocional experimentado Indenização fixada em R$7.000,00 - Juros de mora, incidem mesmo desde a citação por se tratar de responsabilidade contratual (cf. art. 405 do CC) - Sentença mantida. HONORÁRIOS RECURSAIS Majoração Impossibilidade Fixação no percentual máximo (art. 85, 11 do Novo CPC). RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. Trata-se de recurso de apelação interposto em face do teor da r. sentença de fls. 119/123 que, em ação que tem como objeto pedido de condenação em danos morais por atraso de voo internacional, Apelação nº Voto nº Cristiano 2

3 perda de conexão e acomodação da autora pela ré em hotel, porém, sem alimentação com chegada ao destino um dia depois, julgou parcialmente procedente a ação para:... condenar GOL LINHAS AÉREAS INTELIGENTES S/A a pagar a PATRÍCIA CRISTINA CAMPOS DE CASTRO a quantia de R$7.000,00, a título de danos morais, valor a ser corrigido da publicação desta sentença (na forma da Súmula 362 do STJ) e acrescido de juros legais de 1% ao mês a partir da dada da citação (fls. 123), bem como condenou a ré, ora apelante, ao pagamento das custas e despesas processuais e honorários advocatícios. Irresignada, insurge-se a ré, ora apelante, nos termos das razões recursais de fls. 125/164, pugnando pela reforma da r. sentença, aduzindo que, em se tratando de contrato de transporte aéreo em trecho internacional, as normas e tratados internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras têm prevalência sobre o Código de Defesa do Consumidor, conforme Recurso Especial REPERCUSSÃO GERAL, do Colendo Supremo Tribunal Federal. Neste particular, defende a aplicação da Convenção de Varsóvia. Aduz a apelante, ausência de responsabilidade da Cia Aérea, em caso de atraso de voo, aduzindo existir provas nos autos de que ela e seus prepostos adotaram todas as medidas que eram razoavelmente necessárias para evitar o dano. Alega culpa exclusiva de terceiro, eis que, o trecho em que ocorreu o atraso de voo, com a consequente impossibilidade de embarque no trecho de conexão, foi realizado por outra Cia Aérea (Delta Air Lines), que não a Apelante, ou seja, essa Cia Aérea é quem estava operacionalizando o trecho em questão, sendo a única responsável por Apelação nº Voto nº Cristiano 3

4 eventuais danos. Traz considerações sobre o Controle do Trafego Aéreo realizado pelo CEA - Departamento de Controle do Espaço Aéreo (fls. 146); caso fortuito ou força maior em função da reestruturação da malha aérea. Ante a assistência prestada à passageira pela empresa Delta, não há que se falar em dano; impugna o reconhecimento pela r. sentença de que: A hospedagem e a mera entrega de voucher ao consumidor, oferecido na manhã seguinte, sem qualquer outra conduta por parte da empresa, não satisfaz sua obrigação de assistência integral. Ao contrário do quanto fundamentado na r. sentença:..., referidas providências são mais do que suficientes para se comprovar a prestação de assistência por parte da Cia Aérea, devendo ser aplicado o disposto no art. 19 da Convenção de Montreal, alhures colacionado, no tocante a ausência de responsabilidade da Cia Aérea pelo alegado atraso (fls. 150). Aduz que, a Ré prestou toda assistência necessária, tendo cumprido as normas específicas na Resolução nº 141/2010 da ANAC, bem como com o contrato de transporte, garantindo o embarque da parte Apelada até o seu destino final, não havendo, portanto, que falar em responsabilidade da Cia Aérea. Defende a inexistência de danos morais, eis que a apelante agiu de forma escorreita, não havendo, assim, que se falar em descaso ou outra conduta irregular capaz de ensejar reparação a título de danos morais. Subsidiariamente, pugna pela redução do valor da Apelação nº Voto nº Cristiano 4

5 condenação em danos morais e que os juros de mora tenham incidência somente a partir da data do arbitramento da condenação. Em contrarrazões, pugna a autora pelo não provimento do recurso (fls. 197/212). 165/166). Anotados os recolhimentos das custas recursais (fls. Recurso processado e respondido. É o relatório. Segundo o resultado da r. sentença de Primeiro Grau, a ação foi julgada parcialmente procedente para, em suma, condenar a empresa de transporte aéreo internacional de passageiros ao pagamento de indenização por morais, no importe de R$7.000,00 (sete mil reais). Segundo fundamentação da r. sentença: Embora os trechos internacionais dos voos fossem operados pela Delta Airlines, é certo que as empresas atuam em conjunto e as passagens foram vendidas à autora pela ré, o que demonstra sua participação na cadeia de consumo. Aplica-se, na hipótese, o disposto no artigo 20 do Código de Defesa do Consumidor (fls. 120 o destaque não consta no original). Pretende a ré, ora apelante que, em se tratando de contrato de transporte aéreo em trecho internacional, as normas e tratados internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras tenham prevalência sobre o Código de Defesa do Consumidor, conforme Recurso Especial REPERCUSSÃO GERAL, do Colendo Supremo Tribunal Federal. Neste particular, defende a aplicação da Convenção de Apelação nº Voto nº Cristiano 5

6 Varsóvia. De fato, em recente julgamento conjunto do Recurso Extraordinário n e do Recurso Extraordinário com Agravo n , o Colendo Supremo Tribunal Federal determinou a prevalência da Convenção de Varsóvia, complementada pela Convenção Montreal, sobre o Código de Defesa do Consumidor nos casos de transporte aéreo internacional de passageiros, fixando a seguinte tese sobre o tema 210: Nos termos do art. 178 da Constituição da República, as normas e os tratados internacionais limitadores da responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em relação ao Código de Defesa do Consumidor (STF, RE n o /RJ, Tribunal Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, j ). Havendo transporte aéreo internacional, indubitável o enquadramento da situação concreta à regulamentação internacional, em linha com o disposto no art. 1º, 2, in verbis:... todo transporte em que, conforme o estipulado pelas partes, o ponto de partida e o ponto de destino, haja ou não interrupção no transporte, ou transbordo, estão situados, seja no território de dois Estados Partes, seja no território de um só Estado Parte, havendo escala prevista no território de qualquer outro Estado, ainda que este não seja um Estado Parte. O transporte entre dois pontos dentro do território de um só Estado Parte, sem uma escala acordada no território de outro Estado, não se considerará transporte internacional, para os fins da presente Convenção. Ainda que inaplicável a legislação consumerista, não é o caso de se afastar a responsabilidade solidária da requerida sob a argumentação de que os fatos ocorreram em trecho operado pela Delta Air Apelação nº Voto nº Cristiano 6

7 Lines, uma vez que as passagens foram todas adquiridas em conjunto perante a ré. Para o caso, segundo a Convenção de Varsóvia, com a devida vênia, a responsabilidade solidária dos transportadores deve ser reconhecida, podendo o passageiro optar pela cobrança perante a companhia-parceira, in verbis: Artigo Em se tratando de bagagem ou carga, o passageiro ou expedidor terá direito de ação contra o primeiro transportador, e o passageiro ou o destinatário que tenha direito à entrega terá direito de ação contra o último transportador, e um e outro poderão, além disso, acionar o transportador que haja efetuado o transporte durante o qual se produziu a destruição, perda, avaria ou atraso. Esses transportadores serão solidariamente responsáveis para com o passageiro, o expedidor ou o destinatário. A propósito, conforme bem fundamentado na r. sentença de Primeiro Grau: A empresa aérea responde pelo atraso de voo internacional, tanto pelo Código de Defesa do Consumidor como pela Convenção de Varsóvia, que unifica as regras sobre o transporte aéreo internacional e traz em seu bojo a orientação constitucional de que o dano moral é amplamente indenizável (fls. 120 o destaque não consta no original). Pela leitura dos autos, o pedido de condenação em danos morais está fundado no descaso da companhia aérea no que tange à não prestação de assistência integral, eis que, não obstante tenha providenciado acomodação dos passageiros em hotel, não houve fornecimento de alimentação, que limitou-se a entrega de volcher no valor de US15,00 na manhã seguinte. Apelação nº Voto nº Cristiano 7

8 Conforme relatado na r. sentença de Primeiro Grau: Alega a autora, em síntese, que comprou passagens aéreas da ré para viajar a Los Angeles, nos Estados Unidos da América; embarcou no dia 07/12/2016, na cidade de Goiânia, fazendo conexões nas cidades de São Paulo e Atlanta; o trecho internacional foi operado pela Delta Airlines; o retorno ao Brasil estava programado para às 9h do dia 17/01/2017, partindo de Los Angeles para Atlanta, de Atlanta para São Paulo e, posteriormente, viajaria de São Paulo para Goiânia; novamente o trecho internacional foi operado pela Delta Airlines; no momento do embarque de Los Angeles para Atlanta, os passageiros foram informados que o voo estava atrasado; o voo atrasou mais de 3h e, consequentemente, não conseguiu embarcar para São Paulo; o próximo voo para São Paulo seria apenas dia 18/01/2017, às 11h25min; a Companhia Delta Airlines hospedou os passageiros em um hotel, mas não providenciou alimentação para eles; na manhã seguinte, recebeu um voucher para alimentação no valor de US$ 15,00; conseguiu embarcar para São Paulo após 24h do inicialmente previsto; a situação criada pela ré trouxe à autora danos de ordem moral, pelos quais deve ser indenizada. Requer seja a ré condenada a lhe pagar indenização por danos morais, no valor de R$ ,00 (fls. 119 os destaques não constam no original). Neste particular, os danos morais foram reconhecidos pela r. sentença recorrida, pelo fato do descaso da ré no que tange à obrigação de assistência integral. A autora afirmou que a ré ofereceu hospedagem aos passageiros que perderam o voo de conexão, mas não ofereceu alimentação nem prestou informações adequadas, o que não foi impugnado pela ré. Em caso de atrasos em voos comerciais cabe às companhias aéreas a prestação de toda a assistência necessária aos consumidores, fornecendo-lhes informação, alimentação, hospedagem e transporte de ida e volta ao aeroporto, vez que assumem o risco do negócio desenvolvido. A hospedagem e a mera entrega de voucher ao consumidor, oferecido na manhã seguinte, sem qualquer outra conduta por parte da empresa, não satisfaz sua obrigação de assistência integral (O destaque não consta no original - Apelação nº Voto nº Cristiano 8

9 fls. 121/122). 141/2010 da ANAC: Com efeito, estabelece o artigo 14 da Resolução Nos casos de atraso, cancelamento ou interrupção de voo, bem como de preterição de passageiro, o transportador deverá assegurar ao passageiro que comparecer para o embarque o direito a receber assistência material. 1º - A assistência material consiste em satisfazer as necessidades imediatas do passageiro, gratuitamente e de modo compatível com a estimativa do tempo de espera, contados a partir do horário de partida originalmente previsto, nos seguintes termos: I superior a 1 (uma) hora: facilidade de comunicação tais como ligação telefônica, acesso a internet, ou outros; II superior a 2 (duas) horas: alimentação adequada; III superior a 4 (quatro) horas: acomodação em local adequado, traslado e, quando necessário, serviços de hospedagens (...) (o destaque não consta no original). Assim, ao contrário do que afirma a ré, ora apelante, não houve efetivo cumprimento às normas específicas da Resolução nº 141/2010 da ANAC, eis que a entrega de volcher de US15,00 somente na manhã seguinte, com a devida vênia não pode ser considerada como prestada a assistência integral ao passageiro, fato que impõe a condenação da ré em danos morais. Nesse sentido: TRANSPORTE AÉREO NACIONAL Cancelamento de voo em decorrência de condições meteorológicas adversas - Dano moral - Sentença de improcedência Causa de pedir fundada na falta de assistência Ausência de provas da parte da transportadora aérea de cumprimento da Resolução ANAC 141/2010, artigo 14, de aplicação mesmo na ocorrência de caso fortuito ou força maior Contexto a que relegados e submetidos os apelantes que configura dano moral Indenização devida Ação procedente Decaimento Apelação nº Voto nº Cristiano 9

10 invertido Recurso provido 1 AÇÃO INDENIZATÓRIA DANOS MORAIS TRANSPORTE AÉREO INTERNACIONAL ATRASO DE VOO POR QUESTÕES METEOROLÓGICAS (...) Transporte aéreo sujeito a problemas externos relativos às más condições climáticas Mesmo em casos de fortuito externo, cumpre à transportadora o dever de prestar toda a assistência necessária aos seus passageiros Inteligência do art. 741 do CC e art. 14 da Resolução nº 141 da ANAC Ausência de prova de que a empresa aérea supriu as necessidades de seus passageiros durante a espera do embarque para o Brasil - Prova da existência do dano moral despicienda, uma vez que, pela evidência dos fatos, são notórios o cansaço exagerado, os transtornos, aborrecimentos e constrangimentos por que passaram os autores Configurado o dano moral, a estipulação da indenização deve ser ponderada, suficiente para amenizar o abalo emocional experimentado Indenização fixada em R$6.000,00 para cada autor, face às circunstâncias do caso Indenização atualizada com correção monetária, a contar do arbitramento, e juros de mora, a contar da citação Súmula nº 362 do STJ 2 Assim, caracterizado o dano moral causado ao autor, por parte da Empresa aérea, ante a ausência de prestação da integral assistência material ao passageiro, em decorrência do atraso de voo, passase à análise da quantificação do dano moral. A quantificação do dano moral deve, de um lado, ter pressuposto didático ao infrator, de modo a inibir a prática de novos atos lesivos e, de outro lado, proporcionar à vítima uma compensação, satisfatória, pelo dano suportado, sendo a quantia fixada, com base no princípio da proporcionalidade ou razoabilidade, de acordo com prudente arbítrio do Julgador, evitando-se o enriquecimento sem causa, levando-se em consideração as circunstâncias fáticas e as condições econômicas do 1 TJ-SP Apel , 15ª Câm.Dir.Priv.Rel.Des. José Wagner de Oliveira Melatto Peixoto, j TJ-SP Apel , 24ª Câm.Dir.Priv.Rel.Des. Salles Vieira, j Apelação nº Voto nº Cristiano 10

11 infrator, sem, entretanto, fixar um valor irrisório. No caso dos autos, a r. sentença fixou danos morais em R$7.000,00 (sete mil reais), valor que, observadas as circunstâncias fáticas narradas nos autos, em prol de ambas as partes, constata-se que foi fixado com ponderação, pois, não ensejará a possibilidade de enriquecimento sem causa de uma das partes em detrimento da outra, sem perder seu caráter didático, bem como em efetiva observância ao princípio da proporcionalidade/razoabilidade. Nesse sentido: - O valor da indenização deve ser fixado sem excessos, evitando-se enriquecimento sem causa d a parte a t i n g i d a p e l o a t o i l í c i t o. Recurso especial provido em parte O v a l o r i n d e n i z a t ó r i o d o d a n o moral f o i fixado p e l o T r i b u n a l com b a s e n a verificação d a s c i r c u n s t â n c i a s d o c a s o e atendendo o s p r i n c í p i o s d a r a z o a b i l i d a d e e p r o p o r c i o n a l i d a d e. Destarte, h á d e ser mantido o q u a n t u m reparatório, e i s q u e fixado em parâmetro razoável, assegurando aos lesados justo ressarcimento, em incorrer em enriquecimento sem causa. 4 Tal quantia, de forma efetiva, está em consonância ao princípio da proporcionalidade ou razoabilidade, o que, além do mais, não gera enriquecimento ilícito para uma das partes em detrimento à outra e, ainda, fixada em consonância aos parâmetros adotados pela Colenda Vigésima Segunda Câmara da Seção de Direito Privado deste Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, em situações assemelhadas. 3 STJ R E s p nº /MG. Importante deixar registrado que o caso em tela possui 4 STJ - REsp /MG Apelação nº Voto nº Cristiano 11

12 particularidades que devem ser consideradas para o deslinde da questão, acerca do valor da condenação. O Decreto nº 5.910/2006, promulgou a Convenção para a Unificação de Certas Regras Relativas ao Transporte Aéreo Internacional, que foi celebrada em Montreal, em 28 de maio de A mencionada Convenção de Montreal prevê em seu artigo 22, que: 1. Em caso de dano causado por atraso no transporte de pessoas, como se especifica no Artigo 19, a responsabilidade do transportador se limita a Direitos Especiais de Saque por passageiro. (o destaque não consta no original). Os Direitos Especiais de Saque foram criados em 1969 pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) como moeda de reserva em opção ao ouro e ao dólar e somente é utilizada pelos bancos centrais dos países membros do FMI 5. Conforme resultado da conversão de moedas realizada por meio do site do Banco Central do Brasil 6, o valor de Direitos Especiais de Saque por passageiro corresponde, (em fevereiro de 2018) a R$19.162,21 (dezenove mil cento e sessenta dois reais e vinte e um centavos). Portanto, verifica-se que, aplicado o Tema 210 do STF, faltaria interesse recursal ao apelante, na medida em que a r. sentença guerreada fixou o valor de indenização por dano moral em montante inferior ao próprio limite estabelecido na Convenção de Montreal. Quanto aos juros de mora, incidem mesmo desde a citação por se tratar de responsabilidade contratual (cf. art. 405 do CC) Consulta realizada em Consulta realizada em Apelação nº Voto nº Cristiano 12

13 Por fim, Por fim, nos termos do artigo 85, 11, do Novo Código de Processo Civil, 'in verbis': 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos 2º a 6º, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos 2º e 3º para a fase de conhecimento, não se majora os honorários advocatícios em sede recursal, eis que já fixados no patamar máximo (fls. 123). Conclui-se que a r. sentença está a merecer pequena adequação, apenas, para afastar a incidência do Código de Defesa do Consumidor, mantido, no mais, o resultado de parcial procedência da ação. Ante o exposto, dá-se parcial provimento ao recurso. Roberto Mac Cracken Relator Apelação nº Voto nº Cristiano 13