P R É - V E S T I B U L A R 04.09 QUESTÃO 41 HISTÓRIA Com a mente cheia de todas as espécies de aventuras fantásticas, aos 50 anos parte finalmente pela estrada incerta da vagabundagem cavaleirosa. Imagina que moinhos de vento são gigantes enfurecidos, e rebanhos de ovelhas, exércitos de infiéis, cabendo-lhe o dever de desbaratá-los com a espada. Em sua imaginação enferma toma estalagens por castelos e as criadas, por damas galantes perdidas de amor por ele. (BURNS, Edward McNall. da civilização ocidental. 2.ed. Porto Alegre, Globo, 1968, pg. 433-4) O livro D. Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes, referido nesse trecho por Burns, constitui uma das mais ilustrativas obras da literatura renascentista e expressa em grande medida o sentimento de viver um período de transição entre dois mundos, dois tempos. A figura de D. Quixote representa de forma satírica um homem de um determinado tempo e mundo que vive anacronicamente em outro tempo e mundo. Nesse sentido pode-se afirmar que a) O período metaforicamente representado pelos gigantes enfurecidos, exércitos infiéis castelos e damas galantes perdidas de amor em que fantasiosamente vive D. Quixote é a representação trovadoresca da Idade Média. b) O período simbolizado pelos moinhos de vento, rebanhos de ovelhas,. estalagens e criadas, consiste na Idade Moderna,e D. Quixote a encarnação de suas transformações. c) O período ilustrado pelos moinhos de vento, rebanhos de ovelhas é a Inglaterra do século XVIII em que D. Quixote trava sua derrotada batalha contra os Cercamentos. d) O período caracterizado pelos moinhos de vento, rebanhos de ovelhas,. estalagens e criadas, é a Idade Contemporânea e D. Quixote constitui o cavaleiro em luta contra a idade Moderna Absolutista. 33
04.09 P R É - V E S T I B U L A R Resposta: A A opção (A) está correta pois as metáforas agrupadas na opção representam o passado medieval idealizado no qual deseja viver o Cavaleiro Andante e seu Fiel Escudeiro ; construções típicas do Trovadorismo, satirizadas no livro D. Quixote (1605-1615). As metáforas agrupadas na opção (B) representam a realidade moderna, da qual D. Quixote tenta se dissociar; D. Quixote não encarna a mudanças da Idade Moderna. O Progresso caracterizado pelo aumento da produção e desenvolvimento do comércio, a urbanização, as mudanças nas relações de trabalho, o crescimento da classe burguesa, são algumas das transformações que anunciam a decadência da tradição medieval e que tornam anacrônico e impotente tão corajoso cavaleiro. Ao contrário do que afirma a letra (C) O cenário de D. Quixote é a Espanha e ele se fantasia de um típico cavaleiro medieval remanescente da Reconquista. A Idade contemporânea se inicia no século XVIII e a obra é Renascentista. QUESTÃO 42 Deus proibiu o assassínio e nós nos matamos tão facilmente por causa do furto de algumas moedas! Alguém dirá, talvez: Deus, com esse mandamento, tirou o poder de matar ao homem privado, mas não ao magistrado que condena aplicando as leis da sociedade. Mas se é assim, quem impede os homens de fazer outras leis igualmente contrárias aos preceitos divinos e de legalizar o estupro, o adultério e o perjúrio? Como!... Deus nos proibiu tirar a vida não somente ao nosso próximo, mas também a nós mesmos; e nós poderíamos legitimamente convencionar em degolarmo-nos em virtude de algumas sentenças jurídicas! E esta convenção atroz colocaria juízes e carrascos por cima da lei divina, dando-lhes o direito de mandar à morte aqueles que o código penal condena a morrer! Resultaria disso esta conseqüência monstruosa: a justiça divina tem necessidade de ser legalizada e autorizada pela justiça humana; e que, em todos os casos possíveis, cabe ao homem determinar quando deve obedecer ou não aos mandamentos de Deus. (http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv000070.pdf) 34
P R É - V E S T I B U L A R 04.09 No trecho da obra Utopia escrita por volta de 1513 por Thomas Morus é POSSÍVEL perceber uma influência de caráter: a) cético pela condição intelectual de dúvida permanente e admissão da incapacidade de compreensão de fenômenos metafísicos, religiosos ou mesmo da realidade. b) platônico pois a percepção das realidades inteligível e sensível leva à conclusão que o mundo percebido pelos sentidos é uma mera reprodução do mundo das idéias. c) humanista no qual o homem, como ser dominante, está sempre se aperfeiçoando através do desenvolvimento proporcionado por sua racionalidade. d) teocêntrico em sua defesa da idéia de ligação do Homem com o divino e sua forte influência na sociedade. Resposta: C Homem de grande valor e muito respeitado em sua época, Thomas Morus foi um humanista de destaque e amigo de Erasmo de Roterdã. Em sua obra Utopia, Morus descreveu uma sociedade organizada racionalmente, através da narração dos feitos do explorador Rafael Hytlodeo. Utopia é uma comunidade que estabelece a propriedade comum dos bens. Não enviam seus cidadãos à guerra salvo em casos extremos, mas contratam mercenários entre seus vizinhos mais belicosos. Todos os cidadãos da ilha vivem em casas iguais, trabalham por períodos iguais no campo e em seu tempo livre se dedicam à leitura e à arte. Toda a organização social da ilha é pensada para dissolver as diferenças e fomentar a igualdade por exemplo, todas as cidades são geograficamte iguais. Na ilha impera uma paz total e harmonia de interesses que são resultado da organização social, na qual foram eliminados os conflitos e suas potenciais possibilidades de materialização. Em sua obra é possível perceber que Morus mostra-se um homem religioso, mas que abre sempre espaço para que o Homem se destaque por seu pensamento racional e, a partir daí, possa estabelecer quais os critérios para sua ação. 35
04.09 P R É - V E S T I B U L A R QUESTÃO 43 Leia.... nos primeiros séculos da colonização os portugueses, como carangueijos, arranham a costa do Brasil. Considerando a citação acima e seus conhecimentos acerca da ocupação colonial nos primeiros séculos, podemos afirmar que: a) A ocupação inicial caracterizou-se pela interiorização motivada pela ação das expedições de captura dos gentios e procura de ouro. b) Corresponde à realidade colonial, pois a organização da produção agrária direcionada para exportação exigia uma ocupação estritamente litorânea. c) Revela o sentido da política régia de controle colonial, que não permitia a interiorização dos núcleos de povoamento em função da autonomia que os colonos acumulariam no sertão. d) Revela a predominância da lavoura exportadora, apesar da existência de núcleos de povoamento e ocupação diferenciados no sertão meridional e setentrional. Resposta: D. A frase registra o predomínio da ocupação litorânea em função da lavoura açucareira, apesar de outros núcleos de ocupação terem sido organizados no interior da colônia, por exemplo, a vila de São Paulo, fundada em 1556 pelos jesuítas e a região norte ocupada pelas Missões e extração das drogas do sertão. 36
P R É - V E S T I B U L A R 04.09 QUESTÃO 44 Analise o texto a seguir A Reforma protestante foi um movimento religioso de adequação aos novos tempos, ao desenvolvimento capitalista; representou no campo espiritual o que foi o Renascimento no plano cultural: um ajustamento de ideais e valores às transformações socioeconômicas da Europa. Fonte: VICENTINO, Cláudio. Geral. São Paulo, Scipione, pg. 200 Em relação ao processo reformista vivenciado na Europa do século XVI, podemos afirmar, EXCETO: a) O livre exame da sagrada escritura associa-se ao princípio de valorização do individualismo formulado pelos pressupostos do movimento renascentista. b) A teoria da salvação pela graça, justificou a ética e a moral da classe burguesa ao valorizar os princípios do trabalho e do enriquecimento material. c) O Anglicanismo, formulado pelo Ato de Supremacia, caracterizou-se pela fusão dos conteúdos católicos com a hierarquia e rituais calvinistas. d) A supressão das práticas mercadológicas e a reafirmação dos dogmas católicos caracterizaram os trabalhos desenvolvidos pelo Concílio de Trento. Resposta: C. O Anglicanismo caracterizou-se pela fusão da hierarquia e rituais do catolicismo com o conteúdo doutrinário do Calvinismo, como por exemplo, o fundamento da salvação pela graça. O princípio da hierarquia eclesiástica, não faz parte da Igreja Cristã Calvinista. Além disso, o Anglicanismo defendia a subordinação da Igreja à autoridade do Estado, pressuposto formulado pelo luteranismo. 37
04.09 P R É - V E S T I B U L A R QUESTÃO 45 Analise o texto a seguir: A Revolução Científica do século XVII caracterizou-se por um grande progresso na Filosofia e na ciência (Física, Química, Matemática e Mecânica), com um interesse crescente pelo método experimental. (...) Muitos foram os filósofos que aplicaram o racionalismo (...) à política e à religião, priorizando a razão e o progresso. A valorização da razão como guia infalível da verdade e a existência de leis naturais que explicassem os fenômenos universais destacavam-se como pontos fundamentais do conhecimento científico. FONTE: BEIRUTTI, Flávio, Tempo & Espaço,. São Paulo, Saraiva, 2004, pg. 278. Em relação ao conhecimento científico formulado no século XVII, podemos ressaltar, EXCETO: a) A constatação da irregularidade da superfície lunar, através do telescópio, permitiu a Galileu Galilei confirmar a percepção aristotélica de universo. b) Em seu axioma Penso, logo existo!, René Descartes realçou o princípio da dúvida metódica, para a dedução das verdades universais. c) A produção intelectual de John Locke orientou-se para a afirmação do Estado constitucional defensor dos direitos naturais dos cidadãos. d) A produção newtoniana caracterizou-se pela interpretação mecanicista da natureza regida por leis gerais passíveis de demonstração matemática. Resposta: A A constatação da irregularidade da superfície lunar, através do telescópio, permitiu ao astrônomo Galileu Galilei refutar e não confirmar, a percepção aristotélica de um universo, fundamentada na constituição de corpos celestes perfeitos. 38
P R É - V E S T I B U L A R 04.09 QUESTÃO 46 Observe as imagens. Mulher mameluca Índios Puris Mulato Índia tupi Negra Albert Eckhout (1610-1666), pintor holandês que veio para o Nordeste do Brasil, a Nova Holanda, na comitiva do Conde Maurício de Nassau onde permaneceu de 1637 a 1644. 39
04.09 P R É - V E S T I B U L A R A sua missão como pintor era registrar a paisagem brasileira. Muitas de suas pinturas ajudaram a Europa a ter uma idéia do Novo Mundo, para isso contribuíram as obras de caráter etnográfico. A análise dessas imagens nos permite afirmar que: a) Eckhout apresenta com fidelidade a diversidade étnica característica da sociedade brasileira; b) O pintor mostra a completa aculturação dos nativos e do negro africano escravizado; c) Eckhout a partir de seu olhar eurocêntrico retrata alegoricamente a variedade étnica brasileira; d) O pintor revela com precisão técnica a estética dos nativos e o heterogéneo universo colonial; Resposta: C. A opção c registra corretamente o olhar eurocêntrico/ etnocêntrico do pintor como se pode constatar nas pinturas; observe a estilização da Mulher Mameluca como uma Vênus Grega ou os traços ocidentalizados dos índios tupis. Eckhout não retrata com fidelidade como afirma a opção (B), mas com parcialidade etnocêntrica e colonizadora. Pode-se afirmar uma imposição da cultura européia cristã colonizadora; mas não uma completa aculturação; as próprias imagens atestam isso. Eckhout produz uma representação dos nativos, não é adequada a expressão revela, isso daria a conotação de verdade, e os índios e a colônia são representações em certa medida alegóricas. 40
P R É - V E S T I B U L A R 04.09 QUESTÃO 47 Observe o gráfico: Crioulos Africanos 41
04.09 P R É - V E S T I B U L A R A partir da análise do gráfico e de seus conhecimentos pode-se afirmar: a) O significativo predomínio da população escrava africana em Minas Gerais, até meados do século XVIII, é explicado principalmente pelo tráfico negreiro estimulado pelo desenvolvimento da cafeicultura. b) O aumento proporcional da população escrava crioula decorre de uma conjugação entre o crescimento vegetativo dos negros escravos e a redução do tráfico negreiro devido a crise do ouro. c) O tráfico negreiro favorecia, de modo geral, uma paridade entre o número de homens e mulheres o que beneficiou a prevalência da população crioula no final do século XVIII. d) A crise da mineração no final do século XVIII provocou uma drástica redução da população da capitania das Minas Gerais, seja livre ou escrava africana e crioula. Resposta: B Como afirma a opção (B) a população negra escrava cresceu significativamente na primeira metade do século XVIII em função do tráfico negreiro intensificado pelo aumento da atividade mineradora. Isto favoreceu o gradativo e constante crescimento da população negra escrava pelo nascimento, negro crioulo. No final do século XVIII a mineração entra em crise e ocorre a redução do tráfico negreiro, o que provocou a diminuição do percentual de negros africanos. Ao contrário da afirmativa (A)a cafeicultura se desenvolveu no século XIX a partir do Período Joanino. O tráfico negreiro comercializava muito mais homens que mulheres, o que desfavorecia o crescimento vegetativo dos negros escravos, isso torna errada a opção (C). A crise da mineração não provocou uma redução da população da capitania de Minas Gerais, apenas uma desaceleração do ritmo de crescimento, tanto da população. 42
P R É - V E S T I B U L A R 04.09 QUESTÃO 48 Observe a imagem abaixo: Fonte: DUBY, Georges. Atlas historique. Paris: Larousse, 1987 A respeito das estruturas administrativas da América Espanhola pode-se afirmar, EXCETO: a) Os vice-reinos, principais unidades administrativas da América Espanhola, ficavam situados nas áreas economicamente ativas da região colonial, sendo conduzidas pelos vice-reis que tinham amplos poderes administrativos; b) As audiências, responsáveis pelas estruturas jurídicas da região colonial, foram transferidas para a América com o objetivo de garantir a manutenção da ordem e a aplicação das leis espanholas; c) Os cabildos, órgãos administrativos regionais, serviam como espaço de atuação política dos setores sociais menos abastados, como indígenas e mestiços, visto a sua função restrita às pequenas localidades; d) As capitanias-gerais, situadas nas áreas não pacificadas ou estratégicas para a Coroa espanhola, apresentavam-se como regiões mais inóspitas e estavam submetidas ao controle dos vice-reinos. 43
04.09 P R É - V E S T I B U L A R Resposta: C. Apesar dos cabildos serem órgãos da administração local, suas funções não eram conduzidas pelos nativos e mestiços, mas pelos espanhóis e seus descendentes. 44