OS PEDAGOGOS EM DIFERENTES ESPAÇOS: UMA PROPOSTA PARA DISCUTIR O TRABALHO DESTES PROFISSIONAIS¹



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Transcrição:

OS PEDAGOGOS EM DIFERENTES ESPAÇOS: UMA PROPOSTA PARA DISCUTIR O TRABALHO DESTES PROFISSIONAIS¹ SIQUEIRA, Gabriely Muniz²; ALVES, Bruna Pereira³; RIBEIRO, Eliziane Tainá Lunardi 4 ; MANCKEL, Maria Cecília Martins 5 ; FOLLMANN, Natiele 6 ; FERREIRA, Liliana Soares 7 ; ¹ Trabalho de Pesquisa _UNIFRA. ² Acadêmica do Curso de Pedagogia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil. Bolsista PROBIC/FAPERGS ³ Acadêmica do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil. Bolsista CAPES 4 Acadêmica do Curso de Educação Especial da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil.Bolsista PIBIC/CNPq 5 Acadêmica do Curso de Pedagogia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil. Bolsista PROLICEN 6 Acadêmica do Curso de Pedagogia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil. Bolsista FIPE/UFSM 7 Professora do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil. E-mail: gabriely_ms@hotmail.com; brualves_22@yahoo.com.br; elizianetaina@yahoo.com.br; fazerhistoria@yahoo.com.br; nattyfollmann11@hotmail.com; anaililferreira@yahoo.com.br. RESUMO Esta pesquisa, desenvolvida pelo Grupo Kairós Grupo de Estudos e Pesquisas em Trabalho, Políticas Públicas e Educação, busca identificar os espaços de Trabalho e Emprego dos pedagogos que concluíram o curso de Pedagogia (diurno) na Universidade Federal de Santa Maria, entre 1997 e 2009. Pretende-se, dialeticamente, entender as condições de emprego e trabalho no contexto contemporâneo, especialmente as relativas ao trabalho do pedagogo, tendo a escola como potencial ambiente de trabalho desses profissionais. A metodologia da pesquisa fundamenta-se em pressupostos científicos, com abordagem de cunho qualitativo e procedimento - Estudo de Caso. A técnica de coleta utilizada nesta investigação ocorreu a partir de questionários, com respostas abertas, que foram enviados por e-mail para os egressos. No momento, está acontecendo a análise das respostas desses questionários, a maioria destas foram respondidas pelos egressos dos anos de 2007, 2008 e 2009. A partir das análises percebe-se que o ambiente em que os pedagogos mais estão inseridos é a escola. Com o intuito de socializar os resultados já obtidos, serão realizados na UFSM, Centro de Educação, nos meses de novembro e dezembro de 2010, grupos de interlocução com os participantes da pesquisa. Palavras-chave: Trabalho; Emprego; Pedagogia; Escola. INTRODUÇÃO O estudo aqui apresentado é parte do projeto O Curso de Pedagogia e as Multifaces do Trabalho/ Emprego na Área de Educação: análises, perspectivas e desafios desenvolvido pelo grupo Kairós Grupo de Estudos e Pesquisa sobre Trabalho, Políticas Públicas e Educação. O objetivo do trabalho é analisar onde os pedagogos egressos do curso de Pedagogia (diurno) da UFSM estão inseridos, trabalhando ou empregados. Além disso, pretende-se aprofundar as categorias Pedagogia, Trabalho e Emprego. Em razão de que, em projetos anteriores, o grupo percebeu dificuldades em identificar e refletir sobre os espaços em que os pedagogos estão inseridos, propõe-se desenvolver esta pesquisa para reconhecer os espaços que os pedagogos ocupam no mundo do trabalho. Através dos questionários enviados por e-mail para os sujeitos da pesquisa está sendo possível entender se os pedagogos estão empregados, desempregados ou abdicaram da prática da Pedagogia. Que sentidos os egressos de Pedagogia atribuem à 1

relação trabalho e emprego? Os que ainda não estão trabalhando e desejam atuar como pedagogos, o que pensam acerca da relação entre ser portador de um diploma de Pedagogia e não estar trabalhando ou estar empregado? Quais as possibilidades de emprego e trabalho para o pedagogo? No decorrer desse trabalho apresenta-se algumas características em relação ao desenvolvimento da pesquisa, suas categorias, seus sujeitos e seus resultados prévios. METODOLOGIA Como procedimentos metodológicos o grupo de pesquisadoras segue uma abordagem de cunho qualitativo, acreditando que esta responde melhor ao que se propõe desenvolver na pesquisa. Realiza-se um Estudo de Caso, considerando como fator determinante do caso os sujeitos serem pedagogos que concluíram o Curso de Pedagogia na Universidade Federal de Santa Maria. Segundo Chizzotti (2006), o Estudo de Caso tem como objetivo, [...] apresentar os múltiplos aspectos que envolvem um problema, mostrar sua relevância, situá-lo no contexto em que acontecem e indicar as possibilidades de ação para modificá-lo (CHIZZOTTI, 2006, p. 103). A técnica de coleta de dados utilizada no estudo ocorreu através do envio de questionários com perguntas objetivas e descritivas. Os egressos receberam junto ao questionário uma carta de consentimento, em que concordavam em participar da pesquisa e autorizavam a utilização dos dados fornecidos. O questionário foi enviado por e-mail aos egressos, já que estes representavam um número grande (800 pedagogos) para a realização de entrevistas gravadas pessoalmente. Eram quatro questões relacionadas ao ambiente de trabalho no qual o pedagogo egresso está ou não inserido. Para a análise dos questionários utiliza-se, como embasamento teórico, a Análise de Conteúdo, que de acordo com Bardin é entendida como [...] um conjunto de técnicas de análises das comunicações. Não se trata de um instrumento, mas de um leque de apetrechos; ou, com maior rigor, será um único instrumento, mas marcado por uma grande disparidade de formas e adaptável [...]. (BARDIN, 2006, p. 27) A Análise de conteúdo é organizada seguindo alguns passos: a) Pré-análise: em que o grupo realizou uma leitura flutuante sobre as categorias Trabalho, Emprego e Pedagogia, leitura do Projeto Pedagógico de 2007 e das respostas dos questionários; formulou hipóteses; destacou índices; identificando a freqüência com que certa informação aparecia; tabelando as respostas e organizando-as. b) A exploração do material. c) Tratamento dos dados obtidos e interpretação: em que se discutiu os resultados obtidos e buscou-se compreender e ampliar os conceitos apresentados nas respostas. Após a análise dos questionários respondidos pelos egressos, como uma das etapas metodológicas da pesquisa, o grupo de pesquisadores enviou aos pedagogos um convite para participarem de grupos de interlocução, entendidos como [...] um encaminhamento da pesquisa capaz de torná-la atividade que congrega os sujeitos envolvidos, tendo a linguagem como ambiente da produção coletiva dos sentidos e do continuo redimensionamento da ação, visando a encontrar respostas ao problema. (FERREIRA, 2006, p. 38). Através da realização dos grupos de interlocução pretende-se, além de dar um retorno aos participantes sobre o andamento da pesquisa, socializar os resultados já obtidos até o momento. Os grupos de interlocução foram marcados para serem realizados na última semana de novembro e no mês de dezembro de 2010, possibilitando, ainda, discutir com os pedagogos sobre as categorias principais da pesquisa: Trabalho, Emprego e Pedagogia. 2

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A partir de pesquisas realizadas anteriormente pelo Kairós percebeu-se a necessidade do grupo desenvolver um estudo que tem como objetivo principal identificar os espaços em que os pedagogos, egressos da Universidade Federal de Santa Maria, estão inseridos e quais os sentidos que eles atribuem à relação trabalho e emprego. Para o grupo de pesquisadores cabe a necessidade de diferenciar trabalho e emprego com a intenção de aprofundar as categorias principais da pesquisa. Imprtante considerar que os seres humanos disponibilizam sua força de trabalho, ou seja, sua capacidade de trabalho, [...] conjunto de faculdades físicas e mentais existentes no corpo e na personalidade viva de um ser humano (MARX, 2008, p. 197). Disponibilizam-na mediante uma relação social, na qual o proprietário livre da força de trabalho e aquele que possui o dinheiro em condições humanas iguais estabelecem um acordo, porém, de modo que o possuidor da força de trabalho não a venda completamente, ou seja, possa alienar sua força de trabalho sem renunciar à sua propriedade sobre ela (MARX, 2008, p. 197). Então, para Marx (2008), o trabalho é o processo de humanização, na medida em que através de sua intervenção no ambiente e conseqüente produção, os seres humanos se tornam cada vez mais humanos, com humanas condições de continuar a viver em seu grupo social. Os trabalhadores são, nesse processo, a força de trabalho que, com a invenção da máquina, passa a ser mercadoria como outra qualquer, uma mercadoria que produz valor. Também, nesse processo, cabe ao capitalista extrair a riqueza da exploração da força de trabalho, pois somente a mais-valia produz riqueza. Para um aprofundamento maior do estudo, o grupo baseou-se principalmente em Ferreira (2010), que afirma que O trabalho está relacionado teleologicamente ao que é o ser humano, sua capacidade de intervir na natureza e de se constituir cidadão. O emprego diz respeito à capacidade dos seres humanos de manterem-se, de poderem consumir (FERREIRA, 2010, p. 12). Ainda na compreensão de Ferreira (2010, p. 12), O trabalho estabelece a condição de o mundo humano existir, o emprego reproduz as relações sociais, viabilizando as condições materiais de sobrevivência, mediante a venda da força de trabalho e um salário. Especificamente, se tratando dos pedagogos, o trabalho é sua produção humana, porque estão inseridos em ambientes pedagógicos, nos quais buscam atingir objetivos ao mesmo tempo individuais e coletivos. O emprego diz respeito ao contrato social que o mantém na escola. Neste caso, empregado, o pedagogo não está livre em sua produção, pois está em condições de venda de sua força de trabalho para alguém, reduzindo-se a empregado, muitas vezes, repetindo-se em uma rotina que o consome. Contrários a esta perspectiva redutora, acredita-se que o pedagogo não pode se reduzir tãosomente a mera condição de empregado, pois o emprego é a reprodução, é a repetição de atividades que não exigem criticidade por parte do sujeito. Como o pedagogo está inserido diretamente na área da educação, precisa compreender e constituir o trabalho como reflexivo, produção, algo que compõe o sujeito. A outra categoria desta pesquisa é a Pedagogia, entendida por muitos apenas como um Curso, uma licenciatura. Outros acreditam que a Pedagogia é uma das Ciências da Educação, assim como a Filosofia, a Psicologia, a Sociologia. Contrariando estas afirmações, defende-se a Pedagogia como Ciência da Educação, pois ao contrário das outras ciências ela parte da educação, visa à transformação, e retorna à educação. As demais ciências tem seu próprio objeto de estudo, seja ele filosófico, psicológico ou sociológico, externo à educação. Estas ciências perpassam a educação, mas ela não é o seu foco. Franco (2008) afirma que A pedagogia, para poder dar conta de seu papel social, deverá definir-se e exercer-se como uma ciência própria, que liberta dos grilhões de uma ciência clássica e da submissão às diretrizes epistemológicas de suas ciências auxiliares, a fim de que possa se assumir como uma ciência que 3

não apenas pensa e teoriza as questões educativas, mas que organiza ações estruturais, que produzam novas condições de exercício pedagógico, compreensíveis com a expectativa da emancipação da sociedade (FRANCO, 2008, p. 73). Assim, defende-se a Pedagogia como ciência da educação, ciência da e para a práxis em sua totalidade, envolvida diretamente com a educação, que contempla a pesquisa e a transformação. RESULTADOS Como já apresentado no decorrer desta investigação, foram enviados questionários que compreendiam a temática trabalho, emprego e pedagogia. Este questionário foi composto por quatro questões em relação à função profissional que é ocupada atualmente pelos pedagogos egressos: trabalhando na área da educação? Estudando? Trabalhando em outra área? Desempregado? Quais os desafios e perspectivas em relação à profissão de Pedagogo? A partir das respostas dos egressos iniciou-se o processo de análise dos questionários. Percebe-se que, embora alguns pedagogos encontrem-se trabalhando em áreas distintas da Pedagogia, por falta de oportunidade, insatisfação em relação ao salário, opção pessoal ou por estarem cursando pós-graduação, a maioria deles estão inseridos em escolas (públicas e particulares), defendendo que este é o potencial espaço de trabalho deste profissional. Dentre as explicações por não estarem trabalhando devido à falta de oportunidades, os egressos afirmam que um dos motivos provém das escolas privadas exigirem que o pedagogo tenha experiência. Como estes profissionais acabaram de sair da graduação possuem somente a experiência do estágio, não válida para as escolas. As escolas públicas, por sua vez, exigem que o pedagogo seja aprovado em um concurso público. Esses egressos afirmam que acreditavam que teriam uma vantagem em relação a outros por terem obtido um diploma de nível superior, porém, perceberam que este não foi suficiente para garantir-lhes um emprego na área da Pedagogia. E ainda há egressos que concluíram o Curso de Pedagogia sem o intuito de trabalhar como pedagogo, muitos querendo apenas adquirir um diploma de nível superior, não importando o curso que fosse. Na análise das respostas constatou-se que a maioria dos pedagogos considera como possibilidades de trabalho: a) recursos humanos e empresas; b) gestão escolar; c) hospitais, asilos, lar assistencial, conselho tutelar; d) concursos. A partir das análises já realizadas, o grupo está confirmando a importância do desenvolvimento da presente pesquisa, pois este assunto não se esgota nesta investigação. É preciso ampliar os estudos para uma maior compreensão sobre o que diferencia essas categorias e a importância desta distinção para os próprios pedagogos se reconhecerem como trabalhadores e não apenas empregados. Neste contexto, faz-se necessário continuar estudando, debatendo com os sujeitos nas escolas, e sistematizando questões produzidas. Embora se saiba que o emprego é uma condição social muito enfatizada e difundida pelo capitalismo, acredita-se ser necessário, na área educacional, ir além, buscando redimensionar a condição de trabalho, de modo autônomo e responsável, como o entendimento sobre a pedagogia, para que, assim, o pedagogo consiga se reconhecer como trabalhador. CONCLUSÕES O trabalho aqui apresentado objetivou caracterizar, com base nos discursos dos pedagogos egressos do curso de Pedagogia da Universidade Federal de Santa Maria, 4

desde 1997 até maio de 2009, quais os contextos, faces, perspectivas e desafios quanto ao trabalho e emprego desses profissionais. No decorrer das análises percebeu-se que, embora alguns pedagogos não trabalhem na área da educação, por estar estudando, cursando pós-graduação, por falta de oportunidade, insatisfação em relação ao salário, opção pessoal, ou pela dificuldade encontrada na inserção nas escolas, a maioria dos pedagogos está trabalhando nas escolas (públicas e particulares). Outro ponto importante a ser destacado sobre as análises é o fato dos pedagogos, que estão trabalhando na área da educação terem uma visão mais ampla do que seja o seu trabalho, saindo da sala de aula para os hospitais, empresas, gestão, ONGs, tutorias e aperfeiçoamento/estudos. Talvez essa relação esteja diretamente ligada ao trabalho que desenvolvem, por estarem nesse ambiente. Outra justificativa é o fato de a escola ser também um espaço para pensar a profissão e o trabalho dos pedagogos, talvez o melhor espaço para isso. A investigação apresentada ainda está em andamento. Até o momento, percebeu-se que o Pedagogo não está sendo pensado como profissional no âmbito do trabalho e do emprego, enfrentando dificuldades quando se refere a trabalhar na área da Educação. Acredita-se que a próxima etapa a ser desenvolvida o grupo de interlocução - possibilitará ricas discussões sobre a Pedagogia, o Trabalho e Emprego dos pedagogos, dando retorno sobre as análises aos sujeitos participantes e discutindo com eles sobre os dados obtidos. REFERÊNCIAS BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Porto: Edições 70, 2006. CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais. 8ª ed. São Paulo: Cortez, 2006. FERREIRA, L. S. Gestão do pedagógico: de qual pedagógico se fala? In: Currículo sem Fronteiras. v.8, n.2, p.176-189, Jul/Dez 2008. FERREIRA, L. S. Trabalho, profissionalidade e escola no discurso das professoras dos anos iniciais do ensino fundamental. Tese de Doutoramento em Educação. Porto Alegre: UFRGS, 2006. FERREIRA, L. S. O trabalho dos professores na escola: quando o tempo se trai. In: Revista HISTEBR, on-line, 2010. www.histebr.fae.br Acessado em 22/08/2010 FRANCO, M. A. S. Pedagogia como ciência da educação. 2.ed. ver. Ampl. São Paulo: Cortez, 2008. MARX, K. O Capital: crítica da economia política. São Paulo: Civilização Brasileira, 2008, livro I, vol. I. 5