EUCLIDES DA CUNHA OS SERTÕES PRÉ-MODERNISMO

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ANÁLISE DE OS SERTÕES DE EUCLIDES DA CUNHA PROFESSOR SINVAS EUCLIDES DA CUNHA OS SERTÕES PRÉ-MODERNISMO O Pré-Modernismo apresenta como marco inicial a publicação de Os Sertões, de Euclides da Cunha, e Canaã, de Graça Aranha. Não consiste em movimento literário organizado, mas a transição entre a visão de mundo do Realismo-Naturalismo e as ideias de vanguarda do Modernismo. O período guarda ainda os conceitos deterministas, darwinistas, positivistas, nas obras em prosa, como Os Sertões; e, na poesia, as formas clássicas cultivadas pelos parnasianos, na obra de Augusto dos Anjos. Os autores pré-modernistas inovam no enfoque dado a problemas nacionais. Euclides da Cunha, Monteiro Lobato, Graça Aranha e Lima Barreto representam as revoltas populares, a decadência da sociedade rural, a imigração e a urbanização. Na poesia, a angústia expressionista de Augusto dos Anjos renova nosso lirismo. E a busca da linguagem brasileira em textos de Monteiro Lobato e Lima Barreto. O Pré-Modernismo foi, no plano cultural, a transição entre a República velha, decadente, e o Brasil urbano, que culminaria no Estado Novo. EUCLIDES DA CUNHA O AUTOR Nascido em Cantagalo, 20 de janeiro de 1866, morto de maneira trágica, em um duelo com o amante de sua esposa, no Rio de Janeiro, 15 de agosto de 1909, Euclides da Cunha foi um dos principais intelectuais de sua época, ao lado de Machado de Assis, Olavo Bilac, Raul Pompeia. Engenheiro militar, positivista, muito influenciado pelas ideias científicas de sua época, republicano, agitador, florianista, o que lhe causou dissabores, era constantemente enviado para serviços fora do Rio de Janeiro, sendo o engenheiro escolhido para definir a fronteira do Brasil com a Bolívia na questão do Acre, o que lhe trazia problemas na também difícil relação com Ana de Assis, sua esposa.

Foi como correspondente do jornal O Estado de São Paulo que conheceu Canudos. Cobriu a definitiva batalha contra os sertanejos comandados por Antônio Conselheiro. A princípio favorável ao Exército, devido a sua formação militar e positivista, mudou de opinião ao perceber as barbaridades cometidas pelas forças do governo contra o sertanejo. O que presenciou e as pesquisas que fez durante quatro anos embasaram a sua obra prima: Os Sertões, que se tornou um best seller na época e modificou a maneira de o país ver o Sertão e o sertanejo. OS SERTÕES A OBRA Os Sertões representa o ponto máximo da prosa pré-modernista e é fruto de trabalho metódico, rigoroso, que o aproxima mais da Sociologia que da Literatura. Da Literatura, mantém a estrutura narrativa, por narrar a origem e a formação de Canudos e a ascensão de Antônio Conselheiro; mas é na Sociologia e nas teorias científicas que influenciaram o Naturalismo que o livro se sustenta. Euclides da Cunha foi o primeiro intelectual brasileiro a perceber a existência de realidades distintas no mesmo país: o Brasil rico do litoral e o Brasil pobre do Sertão e a incapacidade do primeiro perceber e interessar-se pelos problemas do segundo. O autor viu Canudos como reflexo do isolamento a que a população sertaneja vivia, sem as condições de acesso ao que ao que a suposta modernidade proporcionava. O autor aplicou a seu livro, como era comum no período, as teorias do Determinismo e do Darwinismo. A linguagem do livro, técnica e rebuscada, aproxima-se das Ciências. A obra representa um dos primeiros estudos das relações sociais no Brasil, associando-a primeiramente à História, Geografia e Sociologia. Por outro lado, aproxima-se do jornalismo, principalmente por ter as reportagens do autor para O Estadão como uma das principais referências do livro. O que torna a obra literária é a construção da personagem Antônio Conselheiro, personagem central de uma trama religiosa e política, reconstituindo-a de sua origem no Ceará a seu desfecho trágico no sertão da Bahia. O autor condenou veementemente a campanha contra Canudos e o livro modificou a forma como a sociedade urbana via o sertanejo, que nada tinha de heroico. ANÁLISE E RESUMO

Os Sertões divide-se em três partes, cada uma representando um dos Determinismos: A Terra/o meio/determinismo geográfico, O Homem/a raça/determinismo racial e a Luta/o momento/determinismo histórico. Primeira parte A Terra: Divide-se em cinco capítulos. Nesta, Euclides da Cunha, usando de linguagem técnica, científica, analisa as condições geográficas do sertão nordestino, as adversidades da paisagem seca, de árvores pequenas, retorcidas e que não produzem frutas comestíveis. O meio adverso influencia o comportamento do indivíduo, que se adapta para sobreviver. O regime desértico ali se firmou, então, em flagrante antagonismo com as disposições geográficas: sobre uma escarpa, onde nada recorda as depressões sem escoamento dos desertos clássicos. Acredita-se que a região incipiente ainda está preparando-se para a Vida: o líquen ainda ataca a pedra, fecundando a terra. E lutando tenazmente com o flagelar do clima, uma flora de resistência rara por ali entretece a trama das raízes, obstando, em parte, que as torrentes arrebatem todos os princípios exsolvidos acumulando-os pouco a pouco na conquista da paragem desolada cujos contornos suaviza sem impedir, contudo, nos estilos longos, as insolações inclementes e as águas selvagens, degradando o solo. Daí a impressão dolorosa que nos domina ao atravessarmos aquele ignoto trecho de sertão quase um deserto quer se aperte entre as dobras de serranias nuas ou se estire, monotonamente, em descampados grandes... Euclides da Cunha, num apanhado geral, estudou os caracteres geológicos e topográficos das regiões que estão entre o Rio Grande do Norte e o sul de Minas Gerais, de modo particular a bacia do rio São Francisco. Nos sertões do norte, fala discorre sobre a seca, das causas da mesma, dando relevo especial ao papel do homem como agente geológico da destruição, que ao praticar desde os tempos mais remotos a agricultura primitiva baseada em queimadas, arrasou as florestas. Os desertos, a erosão, o ciclo das secas terríveis vieram em seguida. Segunda parte O Homem. Divide-se em cinco partes, aqui o autor revela o estudo do sertanejo, desde sua gênese, a partir da miscigenação de bandeirantes paulistas, índios/habitantes originais do Sertão e negros escravos, fugidos do Recôncavo baiano. O isolamento da civilização, as características do sertão baiano geraram um mestiço forte,

feio, mas resistente, diferindo-o do sertanejo de outras regiões, que vive em condições favoráveis, e do mulato urbano, enfraquecido pelos vícios da vida urbana. O autor descreve o homem, a vida e os costumes do sertão, ou seja, a vida do sertanejo. Trata-se de um estudo antropológico e sociológico, em que o homem é determinado pela tríade - meio, raça e história - segundo a teoria determinista do historiador francês Hippolyte Taine. É nessa parte que também explora a vida e personalidade do líder de Canudos, Antônio Conselheiro, através da genealogia, das suas pregações, caráter, passado e relatos de como era a vida e os costumes em Canudos. Tudo relatado por visitantes e habitantes capturados. Na representação do ser humano, o autor evidencia o atavismo como o condicionador do caráter violento e primitivo do indivíduo do sertão. Euclides da Cunha foi um dos principais expoentes do pensamento de sua época, portanto extremamente influenciado pelas teorias cientificas em moda no final do século XIX e início do XX no meio intelectual brasileiro. O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral. A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas. É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo, reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. O andar sem firmeza, sem aprumo, quase gingante e sinuoso, aparenta a translação de membros desarticulados. Agrava-o a postura normalmente abatida, num manifestar de displicência que lhe dá um caráter de humildade deprimente. A pé, quando parado, recosta-se invariavelmente ao primeiro umbral ou parede que encontra; a cavalo, se sofreia o animal para trocar duas palavras com um conhecido, cai logo sobre um dos estribos, descansando sobre a espenda da sela. Caminhando, mesmo a passo rápido, não traça trajetória retilínea e firme. Avança celeremente, num bambolear característico, de que parecem ser o traço geométrico os meandros das trilhas sertanejas. E se na marcha estaca pelo motivo mais vulgar, para enrolar um cigarro, bater o isqueiro, ou travar ligeira conversa com um amigo, cai logo cai é o termo de cócoras,

atravessando largo tempo numa posição de equilíbrio instável, em que todo o seu corpo fica suspenso pelos dedos grandes dos pés, sentado sobre os calcanhares, com uma simplicidade a um tempo ridícula e adorável. É o homem permanentemente fatigado. Reflete a preguiça invencível, a atonia muscular perene, em tudo: na palavra remorada, no gesto contrafeito, no andar desaprumado, na cadência langorosa das modinhas, na tendência constante à imobilidade e à quietude. Entretanto, toda esta aparência de cansaço ilude. Nada é mais surpreendedor do que vê-la desaparecer de improviso. Naquela organização combalida operam-se, em segundos, transmutações completas. Basta o aparecimento de qualquer incidente exigindo-lhe o desencadear das energias adormecidas. O homem transfigura-se. Terceira parte Divide se em 34 capítulos, nos quais o autor narra as quatro expedições contra Canudos. A Luta é consequência das duas primeiras. Por adaptar-se às condições adversas da paisagem, o sertanejo nordestino adquiriu força e só requeria o elemento aglutinador, este respondeu pelo nome de Antônio Conselheiro, o líder religioso, carismático, que liderou a formação do povoado de Canudos e sua luta. Acusado de agitador monarquista pela imprensa de Salvador e do Sul, de fanático que comandava um bando de ignorantes, que não aceitavam a modernidade republicana. Os jornais criaram o clima, o apoio da população, para a destruição de Canudos. Foram quatro campanhas militares, do governo baiano e do governo federal, contra o povoado. A última, presenciada por Euclides da Cunha, destruiu o povoado e eliminou a ameaça. A terceira parte, A Luta, é a mais importante, por se tratar de um estudo historiográfico, constituída da narrativa das quatro expedições do Exército enviadas para sufocar a rebelião de Canudos, que reunia "os bandidos do sertão": jagunços (das regiões do Rio São Francisco) e cangaceiros (denominação no Norte e Nordeste). Havia cerca de 20.000 habitantes no arraial, na maioria antigos trabalhadores dos latifúndios da região. CONCLUSÕES A atualidade e modernidade de Os sertões mais: sua eternidade está em ser entendido como verdadeiro fenômeno cultural, inserido no cenário de constituição e transformação do pensamento social sobre o Brasil. Euclides da Cunha mostra-se sempre

um intelectual preocupado em pensar o Brasil dentro de um momento histórico e complexo processo de formação de uma sociedade que fosse capaz de integrar os diversos grupos humanos (litoral e sertão) na definição da identidade nacional. Com toda justiça passou a ser reverenciado como o primeiro autor a escrever um clássico no Brasil, uma obra de peso, científica, densa, consistente, vigorosa. O maior feito jornalístico das letras brasileiras ou o maior feito literário do jornalismo brasileiro, ao retratar um dos episódios mais marcantes da história republicana, registrar o conflito elite x povo, sertão x litoral, monarquia x república, e sobretudo expor condições e situações sociais e culturais de contingentes populacionais, obra que é uma epifania de brasilidade, uma fala do Brasil. PROFESSOR SINVAL SANTANA SINVAS Professor do Grupo Olimpo/Goiânia e dos Colégios Medicina e Desafio, Coordenador do site Guia de Linguagens/www.guiadelinguagens.com.br. Graduado em Letras pela PUC-Goiás.