Germinação da Copernicia prunifera (Mill) H. E. Moore: curva de embebição e efeito da pré-embebição

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Transcrição:

Germinação da Copernicia prunifera (Mill) H. E. Moore: curva de embebição e efeito da pré-embebição Luan Henrique Barbosa de Araújo (1) ; Rodrigo Ferreira de Sousa (2) ; Eduarda Ximenes Dantas (3) ; Richeliel Albert Rodrigues Silva (4) ; Fábio de Almeida Vieira (5) (1) Estudante de graduação em engenharia florestal; UFRN/Universidade Federal do Rio Grande do Norte; luan_henriqueba@hotmail.com; (2) Estudante de Pós-graduação em Ciências Florestais; UFRN/Universidade Federal do Rio Grande do Norte; rodrigofsousa72@yahoo.com.br; (3) Estudante de graduação em engenharia florestal; UFRN/Universidade Federal do Rio Grande do Norte; eduardaximenes@live.com; (4) Estudante de graduação em engenharia florestal; UFRN/Universidade Federal do Rio Grande do Norte; richeliel@yahoo.com.br; (5) Professor, UFRN/Universidade Federal do Rio Grande do Norte, vieirafa@yahoo.com.br. RESUMO Apesar da importância econômica da carnaúba, pouco se sabe sobre a propagação sexuada. Com este estudo, objetivou-se determinar o grau de umidade das sementes, a curva de embebição e o efeito da pré-embebição no percentual de germinação das sementes. A determinação do grau de umidade foi realizada a partir da mensuração da massa fresca das sementes, seguida da secagem e nova pesagem. Para a caracterização da curva de embebição, foram realizadas as pesagens das sementes submersas em água, nos intervalos de 0, 2, 4, 12 horas e posteriormente a cada 48 h, totalizando 576 h. Para os testes de germinação avaliaram-se os seguintes tratamentos: 1) sementes escarificadas e embebidas em água destilada, 2) não-escarificadas e embebidas em água destilada, e 3) não-escarificadas e embebidas em água natural (não destilada), visando a extensão dos resultados às comunidades extrativistas da carnaúba. As sementes de carnaúba tem grau de umidade médio de 35,93%, indicando que permanecem com alta umidade após serem liberadas da planta-mãe. A curva de embebição apresentou um crescimento lento entre os intervalos de 0 e 12 h (9% em relação à massa fresca) e maiores taxas de absorção de água (38,8% após 336 h). Houve diferença significativa entre os tratamentos 1 e 2 e entre 1 e 3, indicando efeito positivo da escarificação; e ausência de diferença significativa entre os tratamentos 2 e 3, evidenciando que o tipo de água não influencia nas taxas de germinação. Palavras-chave: carnaúba, propagação, sementes florestais. INTRODUÇÃO O estabelecimento de metodologias para análise de sementes florestais desempenha papel fundamental na pesquisa científica e em outras atividades. O conhecimento dos principais processos envolvidos na germinação de sementes de espécies nativas é de vital importância para a preservação e multiplicação das espécies e em programas de reflorestamento (SMIDERLE & SOUSA, 2003). Apesar do aumento considerável de dados de análise de sementes de espécies florestais, muitas ainda carecem de informações básicas sobre a germinação, cultivo e potencialidade, visando sua

utilização para os mais diversos fins (ALVES et al., 2004). Informações básicas sobre a germinação, o cultivo e a potencialidade das espécies nativas, visando sua utilização para vários fins são rotineiramente demandadas. Portanto, métodos que auxiliem em um manejo mais racional e econômico se tornam necessários (VIEIRA & GUSMÃO, 2008). O teor de água é um fator importante para a propagação florestal, já que a umidade está associada à deterioração das sementes. Determinações periódicas do grau de umidade, entre a colheita e a utilização nos plantios, possibilitam melhor aproveitamento das sementes no processo de germinação (VIEIRA & GUSMÃO, 2008). Entre os diversos fatores ambientais que influenciam o processo germinativo, a qualidade inicial das sementes e a disponibilidade de água constituem fatores essenciais, influenciando direta ou indiretamente em todas as demais etapas do metabolismo, na ativação do ciclo celular e consequentemente crescimento (VIEIRA & GUSMÃO, 2006). Segundo Silva et al. (2009) as sementes da carnaúba devem permanecer imersas em água até a protrusão do pecíolo cotiledonar. Reis et al. (2010) observaram 85% de protrusão do pecíolo cotiledonar de sementes de carnaúba embebidas em água na temperatura de 25 ºC, entre 12 e 18 dias do início do experimento. O objetivo deste trabalho foi determinar o grau de umidade das sementes da palmeira carnaúba (Coperncia prunifera), assim como a curva de embebição e o efeito da pré-embebição no percentual de germinação das sementes. MATERIAL E MÉTODOS Amostragem dos frutos O estudo foi realizado no Laboratório de Genética e Melhoramento Florestal (LABGEM) da Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias (UAECA), Macaíba, RN. Foram coletadas aleatoriamente amostras de frutos de Copernicia prunifera oriundos de duas populações: 1) população natural remanescente, no município de Macaíba, nas coordenadas 5 53'57"S, 35 22'59"W e 2) população plantada na orla costeira da Praia de Cotovelo, no município de Parnamirim, RN, coordenadas 5 57 59,14 S e 35 08 34 W. Os frutos coletados estavam em estágios finais de maturação os quais foram acondicionados em sacos plásticos e conduzidos ao laboratório da UEACA. Logo após a coleta, os frutos foram despolpados manualmente com o auxílio de estilete até promover a fissura do endocarpo e retirada das sementes. Logo após foram desinfetadas com hipoclorito de sódio (NaClO) a 2%, por dez minutos, seguida de lavagem com água destilada. Determinação do grau de umidade Foi realizada em delineamento inteiramente casualizado (DIC) com quatro repetições de 15 sementes. Inicialmente as sementes foram colocadas em placas de Petri, mensuradas a massa fresca em balança semianalítica e, em seguida, colocadas em estufa de secagem a 105 C por 24 h, método oficial de determinação da umidade (BRASIL, 1992). Após as 24 h, as sementes foram retiradas, e novamente pesadas, do qual foram obtidos os resultados do teor de água. Curva de embebição das sementes Foram selecionadas visualmente 100 sementes, obtendo-se as variáveis biométricas de comprimento e diâmetro da semente antes e depois da embebição, além das taxas de germinação ou emissão da radícula. Utilizou-se o delineamento DIC, com cinco repetições e 20 sementes por parcela em Becker de 200 ml, contendo água destilada. As sementes ficaram totalmente submersas ao longo do experimento. Foram realizadas as pesagens das sementes nos intervalos de 0, 2, 4, 12 horas e posteriormente a cada 48 h, totalizando 576 h.

Experimento de germinação O experimento foi conduzido em condições de laboratório (25 ± 2 C e 65 ± 3% de UR do ar). Os frutos amostrados apresentavam coloração escura, indicando o estágio final de maturação, oriundos da população de Praia de Cotovelo, Parnamirim/RN. Após seleção e beneficiamento das sementes no LABGEM, instalou-se o experimento em delineamento DIC, com cinco repetições de dez sementes. Testaram-se os seguintes tratamentos: 1) sementes escarificadas e embebidas em água destilada, 2) não-escarificadas e embebidas em água destilada, e 3) não-escarificadas e embebidas em água natural (não destilada). As sementes foram embebidas em beckers de vidro contendo 200 ml de água. Análise dos dados A variável dependente avaliada foi a protrusão da raiz primária, durante 18 dias de experimento. Utilizou-se o programa estatístico BIOESTAT 5.3 (AYRES et al., 2007), sendo realizado o teste de normalidade Shapiro-Wilk, a análise de variância Kruskal-Wallis e o teste de média de Dunn (α = 0,05), para dados não-paramétricos (ZAR, 1999). RESULTADOS E DISCUSSÃO Grau de umidade das sementes As sementes de carnaúba tem grau de umidade médio de 35,93%, indicando que permanecem com alta umidade após serem liberadas da planta-mãe. As espécies com sementes recalcitrantes tem, em geral, origem em locais mais úmidos e, portanto, adequados ao processo germinativo (VIEIRA & GUSMÃO, 2006). Portanto, sugere-se que as sementes da Copernicia prunifera devem ser semeadas logo em seguida à dispersão dos frutos. Entretanto, há necessidades de estudos sobre a capacidade de armazenamento das sementes e, paralelamente, sobre os procedimentos adequados de colheita, de beneficiamento e de secagem das sementes de carnaúba para preservar sua qualidade física, fisiológica e sanitária. Esses fatores são relevantes para reduzir, ao máximo, a velocidade e a intensidade do processo de deterioração (VIEIRA & GUSMÃO, 2008). Curva de embebição das sementes Inicialmente a curva de embebição das sementes (Figura 1) apresentou um crescimento lento entre os intervalos de 0 e 12 h (9% em relação à massa fresca). A partir deste momento foram observadas maiores taxas de absorção de água (38,8% após 336 h), e em seguida estabilizada até o final do experimento, com absorção máxima de água após 480 h (40,7%). As sementes embebidas tiveram um incremento de diâmetro e comprimento, respectivamente, de 9,6% (1,5 mm) e 6,8% (1,3 mm). Observou-se uma relação direta entre a embebição de água pelas sementes e a emergência da raiz primária, com taxa média de germinação de 91%, provavelmente associada a mudanças metabólicas do processo de germinação.

Figura 1. Curva de embebição em sementes de Copernicia prunifera durante 576 horas. A absorção de água pelas sementes obedece a um padrão trifásico. A fase I, denominada embebição, é consequência do potencial matricial e, portanto, trata-se de um processo físico, ocorrendo independentemente da viabilidade ou dormência das sementes, desde que não seja uma dormência tegumentar causando impedimento de entrada de água. Já a fase II, denominada de estacionária, ocorre em função do balanço entre o potencial osmótico e o potencial de pressão. Nessa fase, a semente absorve água lentamente e o eixo embrionário ainda não consegue crescer. Por último, a fase III caracteriza-se pela retomada de absorção de água, culminando com a emissão da raiz primária (BEWLEY & BLACK, 1994). Assim, para as sementes da carnaúba, conforme Figura 1, identifica-se como sendo a fase I as primeiras 4 horas de embebição, a fase II entre 4 e 24 horas de embebição, e a fase III a partir das 48 horas de embebição. Portanto, recomenda-se a embebição das sementes por pelo menos 12 dias, já que as sementes apresentam embebição estabilizada a partir das 288 horas (12 dias), e porcentagem elevada de protrusão da raiz primária. Germinação das sementes O percentual de germinação nos tratamentos 1, 2 e 3 foram de 96%, 64% e 80%, respectivamente. A análise de variância foi significativa (H = 10,001; P = 0,007), com diferença entre os tratamentos 1 e 2 (P = 0,02) e entre os tratamentos 1 e 3 (P = 0,05), indicando efeito positivo da escarificação das sementes na germinação. Não houve diferença significativa entre os tratamentos 2 e 3 (P = 0,22), sugerindo que o tipo de água (destilada ou não destilada) não influencia nas taxas de germinação. Esse resultado pode ser importante para os projetos de recuperação e produção de mudas da carnaúba em comunidades extrativistas, que não dispõem de equipamento para destilar água. Os resultados irão contribuir para a consolidação das metodologias de germinação da espécie, otimizando a porcentagem, velocidade e uniformidade na obtenção das mudas (Figura 2).

Figura 2. Emergência da radícula das sementes de Copernicia prunifera, após oito dias de experimento (A), semente de carnaúba escarificada (B) e mudas em casa de vegetação (C e D). CONCLUSÕES As sementes de Copernicia prunifera possuem alto teor de água (35,93%) após a liberação da planta mãe. A curva de embebição das sementes indica um comportamento trifásico, com embebição estabilizada após 12 dias (288 horas), sendo este o período sugerido para obter maior porcentagem da protrusão da raiz primária. Por último, conclui-se que há efeito positivo da escarificação das sementes na germinação. Entretanto, as condições da água (destilada ou não destilada) não influência na germinação das sementes da carnaúba. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, A.U.; DORNELAS, C.S.M.; BRUNO, R.L.A.; ANDRADE, L.A.; ALVES, E.U. Superação da dormência em sementes de Bauhinia divaricata L. Acta Botânica Brasilica, v.18, p.871-879. 2004. AYRES, M. et al. BioEstat 5.3. Sociedade Civil Mamirauá, 2007. 324 p. BEWLEY, J. D. & BLACK, M. Seeds: Physiology of development and germination. 2ª ed. New York: Plenum Press, 1994. 445p. BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária. Departamento Nacional de Defesa Vegetal. Regras para análise de sementes. Brasília, DF, 1992, 365 p. REIS, R.G.E. et al. Biometria e efeito da temperatura e tamanho das sementes na protrusão do pecíolo cotiledonar de carnaúba. Revista Ciência Agronômica, v.4, n.1, p.81-86, 2010.

SILVA, F.D.B. et al. Pré-embebição e profundidade de semeadura na emergência de Copernicia prunifera (Miller) H. E. Moore. Revista Ciência Agronômica, v.40, n.2, p.272-278, 2009. SMIDERLE, O.J.; SOUSA, R.C.P. Dormência em sementes de paricarana (Bowdichia virgilioides Kunth - Fabaceae - Papilionidae). Revista Brasileira de Sementes, v.25, p.48-52, 2003. VIEIRA, F.A.; GUSMÃO, E. Biometria, armazenamento de sementes e emergência de plântulas de Talisia esculenta Radlk. (Sapindaceae). Ciência e Agrotecnologia, v.32, p.1073-1079, 2008. VIEIRA, F.A.; GUSMÃO, E. Efeito de giberelinas, fungicidas e do armazenamento na germinação de sementes de Genipa americana L. Cerne, v.12, n.2, p.137-144, 2006. ZAR, J. H. Biostatistical analysis. New Jersey: Prentice-Hall, 1999. 662p. AGRADECIMENTOS Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo auxílio financeiro concedido, processo de nº 562828/2010-9.