Desenvolvimento Capitalista e Questão Social. Profa. Roseli Albuquerque

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Transcrição:

Desenvolvimento Capitalista e Questão Social Profa. Roseli Albuquerque

Nesta aulas estudaremos grandes temas para a área do Serviço Social, são eles: - Questão Social; - Neoliberalismo; - Estrutura e Superestrutura.

Todos estão sendo desafiados a pensar nas mudanças que vêm afetando o mundo da produção, a esfera do Estado e das Políticas Sociais Públicas e analisar como elas vêm estabelecendo novas mediações nas expressões da Questão Social. (Iamamoto)

O que é Questão Social? Podemos entender que questão social é a base da profissão do Assistente Social, ou seja, é a especialidade do trabalho do Assistente Social.

É o conjunto das expressões da desigualdade na sociedade capitalista. Cada vez mais temos uma produção coletiva, só que os frutos desta produção não é coletiva, ele se concentra nas mãos de poucos.

O desafio do Serviço Social é trabalhar com a questão social em suas mais variadas expressões do dia a dia. Quais são essas expressões: os trabalhadores, a família, a moradia, a saúde, atuando no serviço público em esferas federais, estaduais e municipais.

Aprender a questão social é também enxergar que os desafios desta profissão podem ser encontrados no nosso cotidiano. A Assistente social precisa entender seus desafios. Esses desafios são constantes e requerem um olhar diferenciado sobre as necessidades dos grupos sociais. Para entender seus diversos perfis: econômico, político, social, cultural e outros.

Como afirma Marilda V. Iamamoto em seu livro: O Serviço Social na Contemporaneidade: trabalho e formação profissional. captar as múltiplas formas de pressão social, de invenção e de re-invenção da vida construídas no cotidiano, pois é no presente que estão sendo recriadas formas novas de viver, que apontam um futuro que senta sendo germinado. (pag.28)

No cotidiano do Serviço Social a questão social em sua totalidade pode ser reconhecida por meio das questões indígena, racial, mulher, na área rural, com operários. Cada especificidade destas questões em tempo e espaços diferentes dá um sentido amplo a questão social. (Castel, pag.10)

Também podemos compreender que outras questões sociais são consideradas setoriais e que, em diversos países, tem se tornado de difícil solução como: saúde, saneamento básico, acesso a terra entre outros.

Fatores que contribuíram para o agravamento destas questões sociais: -Ajustes neoliberais Neoliberalismo é um conjunto de idéias políticas e econômicas capitalistas que defende a não participação do Estado na economia. De acordo com esta doutrina, deve haver total liberdade de comércio (livre mercado), pois este princípio garante o crescimento econômico e o desenvolvimento social de um país.

-Na área social, o Neoliberalismo propõe uma participação mínima do Estado em serviços considerados essenciais para o cidadão, essa diminuição do Estado é conhecido como Estado mínimo. Ex.: - pouca intervenção do governo no mercado de trabalho flexibilização das leis do trabalho - política de privatização de empresas estatais; -O livre mercado é capaz de proporcionar o desenvolvimento econômico e social de um país.

Ex: Lei pode ampliar a terceirização da saúde no Estado de São Paulo. Essa proposta permite que organizações privadas atuem em todas as áreas da saúde, antes era só para novos serviços, hoje a proposta é atinge toda a estrutura. Justificativa: o modelo é mais barato, mais competente... Folha de São Paulo 31/08/2009, Cadernos Págs. C1 e C3

Essa é uma questão social que devemos observar. O que se pretende? Como isso irá chegar aos cidadãos? De que forma o Serviço Social irá atuar dentro deste processo de privatização dos serviços essenciais ao cidadão?

Vamos entender esse processo: O Serviço Social é fruto do padrão de desenvolvimento do pós-guerra, sob o controle norte-americano. Esse padrão irá estimular um grande crescimento do setor industrial.

O que caracteriza esse processo de industrialização nas grandes cidades? Expande-se a economia capitalista; Nova organização de produção (taylorista/ fordista) - Esses modelos são a base da mudança das relações de trabalho, o que tinham como projeto? A produtividade a todo custo, quanto mais se produz mais se consome. Esse processo é rígido com os trabalhadores pelo nível de exploração

Texto de apoio para nossa reflexão: Para além do capitalismo: a saga do capitalismo contemporâneo Paul Singer Revista Seade São Paulo em perspectiva v.12 nº 2 Abr/jun 1998 site do Seade www.seade.gov.br

Modelos de modos de produção na sociedade capitalista Produção simples produtores independentes. Produção Pública, estatal ou privada Emprega assalariado Oferece serviços gratuitos (educação, saúde, segurança).

Produção doméstica Para auto consumo, ou seja, para sua família. Produção cooperativa São empresas de propriedade dos trabalhadores.

Conclusão: Os modos de produção funcionam lado a lado. O que vendemos na sociedade capitalista é a nossa força de trabalho, sem isso não existiria o capitalismo. Você hoje trabalha e está preparando seu filho também para o trabalho e seu filho também irá preparar seu neto para o trabalho.

Os modos de produção em conjunto formam a infra-estrutura econômica da formação social capitalista. As relações sociais que se estabelecem entre os produtores e consumidores, inseridos nos diversos modos de produção, são reguladas por normas, leis e valores derivados de estruturas legais, políticas e culturais que formam a supra-estrutura. (Singer,pag.3-4)

Esta distinção foi analisada por Marx, é de suma importância, porque no capitalismo infra estrutura e supra-estrutura estão sujeitas às dinâmicas distintas. (Singer,pág.4)

Para Marx, a sociedade dividi-se em: Estrutura, ou seja, relações econômicas, trabalhistas e produtivas. Superestrutura- Sobre o fundamento da estrutura cria-se a superestrutura, que são as normas, leis, ideologias filosofia, arte, religião e outros.

Veja o que Marx diz: Em sua vida produtiva em sociedade, os homens participam de determinadas relações necessárias e independentes de sua vontade: relações de produção que correspondem a certa fase de desenvolvimento de suas forças produtivas materiais. Esso conjunto de relações de produção constitui a estrutura econômica da socidade, que é a base real sobre a qual se ergue uma superestrutura jurídica e política e à qual se correspondem determindadas formas sociais de consciência (...) Portanto, o modo de produção da vida material em geral condiciona o processo da vida social, política e espiritual. (MARX, Karl. Contribuição à Crítica da Economia Política. São Paulo, Martins Fontes, 1977. Página 176)

Os impactos das transformações dos modos de produção farão com que as estruturas legais e políticas tenham a sua própria dinâmica. Será a organização da sociedade que fará com que sua supra-estrutura seja menos excludente e a classe trabalhadora venha tentando a todo custo buscar garantias mínimas de direito.