IV Congresso Internacional de Educação VII Semana Acadêmica do Curso de Pedagogia da Uniamérica



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Transcrição:

AS POSSIBILIDADES DE FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DA REDE MUNICIPAL A PARTIR DO PROJETO LABORATÓRIO VIVO DE CIÊNCIAS NATURAIS E CUIDADO COM O MEIO AMBIENTE Simone Zacarias da Silva RESUMO Este artigo aborda, as possibilidades de formação dos professores da rede municipal a partir do projeto laboratório vivo de ciências naturais. A formação continuada de professores através da participação em projetos é uma discussão contemporânea e faz parte dos programas formativos das redes, pois é intenção dos gestores modificarem as práticas pedagógicas. O estudo investigou três professores da rede municipal de Foz do Iguaçu que participam do projeto desde 2010, através de questionário estruturado, onde objetivou averiguar a formação e identificar as influências do projeto nas práticas pedagógicas dos professores em sala de aula. O ensino de ciências nas escolas tem resquícios dos métodos tradicionais, onde a exploração do livro didático é a ferramenta exemplificadora das representações da natureza, o aluno fica limitado à visualização de figuras e memorização de nomenclaturas abstratas que mal tem haver com o significado real. O projeto apresenta atividades inovadoras da ciência do cotidiano, nas aplicações o professor tem oportunidade de resignificar seus conhecimentos, aprender a aproximar o currículo da vida do aluno, avaliar a aprendizagem e o domínio dos saberes. Participar de projetos que estimulem a construção de novas experiências, de novos saberes, deve fazer parte do cotidiano do professor. Cabe as políticas educacionas oportunizar estes ambientes, possibilitando o crescimento do profissional. PALAVRAS-CHAVE: Formação, Ciências, Professores, Ensino. Introdução A formação continuada de professores através da participação em projetos é uma discussão contemporânea e faz parte dos programas formativos das redes, pois é intenção dos gestores modificarem as práticas pedagógicas. É cada vez mais comum encontrar os docentes dos Anos Iniciais participando de formação continuada, ancorada em conhecimentos mais sólidos, principalmente na área de Ciências Naturais, complementando a formação recebida nos cursos de graduação. O estudo tem relevância, pois acompanhou a formação de professores da rede municipal de um município da região do Extremo Oeste do Paraná que participam de um Projeto de Ciências Inovador desde 2010. Além de entender como o Projeto auxiliou na formação dos professores, observamos a contribuição para 1

incentivar o espírito científico junto às crianças, despertando o interesse pela área de Ciências Naturais. O estudo investigou as dificuldades dos professores em inovar suas práticas pedagógicas no ensino de Ciências Naturais, pois para haver um ensino de qualidade é necessário que os docentes se apropriem do conhecimento cientifico que ocorre através de fenômenos e transformações no cotidiano do ser humano. A pesquisa tem sua importância para o campo da Educação, pois problematiza as dificuldades encontradas no processo de formação docente, principalmente quando se trata de redes de ensino de menor organização. O estudo se insere na linha de pesquisa Formação de Professores do Curso de Pedagogia. A finalidade do estudo partiu da questão que a área de Ciências Naturais, em pleno século XXI aparece como a mais esquecida, embora seja a mais rica quando a ideia é trabalhar com praticas pedagógicas inovadoras. A problemática que norteou o estudo parte das questões: Por que os professores têm dificuldades de inovar em suas práticas pedagógicas? Como o ensino de Ciências Naturais do Projeto poderá auxiliar na formação dos professores da rede? Além das questões apresentadas procuramos também compreender como a participação em projetos pode melhorar a prática docente e se a partir dessa experiência ocorreram mudanças no processo ensino e aprendizagem? Tivemos como objetivo averiguar a formação de professores a partir do Projeto Laboratório Viva de Ciências Naturais, identificando as influências nas práticas pedagógicas em sala de aula. A hipótese corresponde à dificuldade dos professores em ministrar o conteúdo de Ciências Naturais nas escolas na rede municipal relacionadas com o método tradicional de ensino que muitos usam como estratégia por não ter conhecimento na área cientifica, no que resulta em um bloqueio pessoal ao que pressupõe a mudança nas práticas pedagógicas. A pesquisa se utilizou do Estudo de Caso no trabalho metodológico. É na analise de um pequeno grupo que podemos identificar os problemas do coletivo. Nas palavras de Gil (2009, p. 55) os propósitos do estudo de caso não são os de proporcionar o conhecimento preciso das características de uma população, mas sim o de proporcionar uma visão global do problema ou de identificar possíveis fatores que o influenciem ou não por ele influenciados. Investigamos três professores dos Anos Iniciais da rede de Foz do Iguaçu, que participaram do Projeto 2

Laboratório Vivo de Ciências Naturais. Aplicamos um questionário estruturado, tendo como critérios um professor do pré ou 1º ano, um professor do 2º ou 3º ano e um professor do 4º ou 5º ano. O questionário estruturado foi de caráter formal, objetivando proporcionar confiabilidade na pesquisa, de acordo com Gil (2006, p. 90) a confiabilidade de uma pesquisa é sua coerência, determinada através da constância dos resultados. Em outras palavras, a confiabilidade de uma pesquisa é a confiança que a mesma inspira. A questão norteadora pretendeu dar base a oralidade dos docentes. Por que os professores tem dificuldades de inovar suas práticas pedagógicas no ensino de ciências? A partir da mesma pode-se chegar às peculiaridades e especificidades do problema, através da coleta da fala, dados e informações cabíveis ao assunto, na busca pela confiabilidade da pesquisa. A pesquisa acrescenta conhecimentos já construídos em organizações sociais e políticas de um grupo, com recorte claro na formação do professor participante de projeto e nas mudanças e reflexões que ocorrem na participação docente após, se confrontar com métodos tradicionais que não são compatíveis com a geração atual. científica O projeto laboratório vivo de ciências como espaço de produção Na segunda década do século XXI encontramos em relação à prática do ensino de Ciências Naturais nas escolas Brasileiras problemas quanto ao aspecto metodológico, devido à dificuldade que os professores têm em inovar a práxis em sala de aula. Entendemos o contexto educacional brasileiro que quer um docente com pleno domínio do conhecimento especifico da sua área e que promova a aprendizagem dos alunos. Contudo deve compreender que para a construção de um conhecimento sólido é preciso utilizar todos os recursos para a produção ser significativa. Para alguns professores, seguir uma proposta tradicional parece cômodo, pois a formação que receberam não possibilita encontrar novos mecanismos. A repetição de métodos clássicos só distancia a pedagogia inovadora. Segundo 3

Saviani (1984, 47-48) o método pedagógico mais empregado é o expositivo, calcado nos cinco passos formais de Herbart: preparação, apresentação, comparação e assimilação, generalização e, por último a aplicação. A metodologia herbatiana é ainda forte nos dias atuais, a relação professor aluno é autoritária, tendo o professor como centro do conhecimento e o aluno mero receptor. A disciplina garante a ordem e a atenção em sala de aula. A partir dos anos 90 tem se provado que o professor tradicional, não representa sinônimo de aprendizagem e várias propostas de educação vão surgindo junto à globalização. A idéia de rever e refletir as atuações pedagógicas com pesquisas referentes á análise do cotidiano escolar foi o viés para propor mudanças significativas. Segundo Baillauquès (2001, p. 47) Os mesmos professores fizeram compreender que na situação real, complexa, móvel, aberta a múltiplas pressões e em total responsabilidade com o ensino, uma outra maneira de formar, diferente daquela vivida até então, é posta em prática ou é descoberta. Ela é personalizada, enraizada nas situações da classe e da profissão, baseado nas atividades locais; é também, nesses locais e dentro desse período de tempo, uma interpelação do sujeito sobre o que ele é, o que ele sabe, o que ele faz, o que ele está se tornando ou deseja tornar-se. Um dos motivos da prática tradicional manter-se viva até hoje é o fato de que ela deu certo por muito tempo, na lógica progressivista se mais da metade dos alunos compreendia o conteúdo era sinal de que a forma de ensinar estava eficiente. Sem considerar, que cada aluno é diferente do outro, para cada um existe um momento certo para aprender, no qual a maturação cognitiva precisa de tempo. Está forma de ensinar foi se mantendo por conta da sociedade tradicional, pois a partir do momento que ela evolui junto às tecnologias, considerando que cada ser humano aprende com métodos e didáticas diferentes, o tradicionalismo perdeu para inovação. Mas a rotina, o dia-a-dia e as dificuldades que o professor enfrenta o forçam para uma acomodação, mesmo refletindo suas práticas, nem sempre obtém êxito. O ensino de Ciências Naturais nas escolas tem resquícios dos métodos tradicionais, onde a exploração do livro didático é a ferramenta exemplificadora das representações da natureza, o aluno fica limitado à visualização de figuras e memorização de nomenclaturas abstratas que mal tem haver com o significado real. A aula expositiva e o uso da lousa como único recurso, não ocasiona curiosidade 4

para o aluno, é cansativo e ele irá preferir prestar atenção em outra coisa sem ser a fala do professor. São apontados inúmeros fatores que impedem um ensino de melhor qualidade, os mais citados são: as condições de trabalho, a falta de material didático, o pouco tempo disponível para ciências. Conforme Bizzo (2009, p. 14) é comum que diante da falta de compreensão de certa definição, por exemplo, tanto o professor quanto os alunos passem a acreditar que estejam diante de uma verdade absoluta e se sinta incapazes, intelectualmente, de entender algo que parece óbvio para os cientistas. Para haver mudança é necessário criar possibilidades de modificar as práticas pedagógicas dos professores, através da formação continuada com o objetivo de aperfeiçoar a profissionalização docente. A formação continuada, por meio da participação de projeto é de grande valia, pois o professor pode acompanhar estratégias inovadoras. O projeto Laboratório Vivo de Ciências Naturais, tem o apoio da Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu, FPTI (Fundação do Parque Tecnológico de Itaipu) e Faculdade União das Américas Uniamérica, onde desde 2010 disponibiliza estudantes de Pedagogia e Ciências Biológicas, junto a Orientador e Supervisor do projeto. O projeto vai até a escola (Altair Ferraz da Silva - Zizo), no horário de aula, aplicar atividades diferenciadas do ensino de ciências. O professor regente pode acompanhar o desenvolvimento das atividades junto aos alunos. Tem o objetivo de apresentar atividades inovadoras das ciências do cotidiano, nas aplicações o professor tem oportunidade de resignificar seus conhecimentos, aprender a aproximar o currículo da vida do aluno, avaliar a aprendizagem e o domínio dos saberes. Na formação continuada o professor pode rever e avaliar suas práticas, inserindo novos mecanismos para desenvolver o gosto pelo o ensino da disciplina, de uma ciência viva que ocorre ininterruptamente na vida de todo ser vivo. Segundo Bizzo (2009, p. 15) o ponto principal é reconhecer a real possibilidade de entender o conhecimento científico e a sua importância na formação dos nossos alunos uma vez que ele pode contribuir efetivamente para a ampliação de sua capacidade de compreensão e atuação no mundo que vivemos. Parte-se de que ensinar ciências no mundo atual deve constituir uma das prioridades para todas as escolas, que devem investir na edificação de uma população consciente e crítica diante das escolhas e decisões a serem tomadas. 5

É importante que o professor propicie aos alunos práticas de experimentação, pois quando o aluno realiza um experimento cientifico, ele pode comprovar a veracidade do mesmo. Esta atividade pode ser prazerosa tanto para o aluno quanto para o professor, pois pode ser realizada fora da sala de aula, em ambiente aberto ou laboratório, onde ambos podem sair da rotina da sala de aula. O aluno provavelmente irá criar expectativas por está aula diferenciadas, é natural de a criança gostar de resolver desafios e ter a possibilidade de investigar aspectos da natureza. Após a aula é interessante propor debates sobre o que observaram, fazendo comparações, classificar e conceituar elementos, ligando com os acontecimentos de casa. Há inúmeras possibilidades de estratégias inovadoras do ensino ciências, porém é necessário que o professor queira modificar-se, no sentido de melhorar sua profissionalização. Para ocorrer atividades de ciências significativas, como em qualquer disciplina é necessário planejamento, este é a base para qualquer professor realizar seu trabalho, é interessante que ele seja aberto para qualquer alteração e complementação. Sabemos que há limitações para a ação docente, mas há também liberdade, pode- se ampliar temáticas ou abordar temas transversais tão importante quanto o conteúdo anual. Fazer-se- á necessário de fundamentação profunda, pois não há prática sem teoria, está é essência de todo professor. Desta forma, é possível que os professores estabeleçam prioridades quanto a uma metodologia inovadora, que seja capaz de motivar e sensibilizar-se, pois, os que serão os futuros professores de amanhã merecem um ensino de qualidade, voltado para a formação de um cidadão transformador e agente da sociedade, no qual fará uso da ciência do seu dia-a-dia para a sala de aula. Reflexo do projeto laboratório vivo de ciências naturais e cuidado com o meio ambiente na práxis escolar A formação de professores quanto ao estudo e prática cientifica, não é considerado relevante na sociedade atual, há variáveis que confirmam a ideia de que, a aplicabilidade da língua portuguesa e da matemática são as disciplinas mais importantes que os docentes devem se ater. Segundo Harlen, citado por Borges 6

(2010, p. 35) na educação fundamental, o professor é responsável por todas as matérias, mas sua formação cientifica tende em geral a ser bastante limitado, o que faz com que a evite e que dê preferência a outras questões. Atualmente as políticas educacionais reforçam a ruptura entre as propostas de avaliação em larga escala e o conhecimento de ciências naturais, com isso ocorre o recuo do professor quanto à necessidade de aprimorar o caráter investigo cientifico, pois a falta de cobrança quanto a está disciplina faz com que não haja interesse em ampliar o conhecimento nesta área. O ensino de ciências na prática tradicional limita a aprendizagem, proporcionando situações como a citada por Arroyo (2006) os professores ficam surpresos quando aprendem que mesmo apesar de seu melhor empenho, os estudantes não conseguem aprender as idéias fundamentais apresentadas na sala de aula. Mesmo quando os alunos com melhor desempenho apresentam as respostas corretas a impressão é de que se trata da memorização das palavras corretas. Pois quando questionados mais profundamente os estudantes revelam sua falhas no entendimento dos conceitos em si. O Projeto Laboratório Vivo de Ciências Naturais e Cuidado com o Meio Ambiente vem realizando um trabalho desde 2010, justamente para romper o mito de que ciências é coisa de cientista e diminuir o fracasso escolar nesta área. Sugerindo que o planejamento seja feito de forma interdisciplinar, contrapondo o reforço únicas determinadas disciplinas, ampliando outras possibilidades, propondo ideias inovadoras para os professores, na busca do aprimoramento prático e intelectual. O estudo investigou três professores da rede municipal de Foz do Iguaçu que participam do projeto, através de questionário estruturado, onde objetivou averiguar a formação de professores a partir do projeto e identificar as influências do projeto nas práticas pedagógicas dos professores em sala de aula. Responderam o questionário professores do 1º, 4º e 5º ano, as perguntas foram voltadas aos elementos que envolvem o ensino de ciências naturais dentro do projeto. Dentre elas, perguntas objetivas e dissertativas. Os nomes dos entrevistados são fictícios, para manter o sigilo dos mesmos, que optaram por não se expor. Os professores foram chamados de Entrevistado 1, Entrevistado 2 e Entrevistado e Entrevistado 3. 7

Conteúdos do ensino de ciências Relacionando o conteúdo de ciências no currículo escolar, foi apresentado aos entrevistados o questionário de cunho objetivo. A questão pede para que identifique os conteúdos que devem ser contemplados no ensino de ciências naturais. As alternativas obtém respostas do conteúdo básico, conteúdo estruturante e conteúdos fictícios. Todos os depoentes apresentaram dificuldades ao escolher a resposta, pois optaram pelo conteúdo básico e conteúdo fictício, isso mostra a falta de conhecimento que os professores tem, em relação ao conteúdo de ciências naturais. Na lógica da questão, deveriam ter optado pelo conteúdo estruturante, que já contempla o conteúdo básico dentro do currículo escolar. Conhecer o currículo abre possibilidades de domínio sobre um trabalho diferenciado em sala de aula, segundo Henning (1998, p.26) O currículo de ciências pode ser organizado de várias maneiras, em função dos conceitos, dos métodos, dos temas, das generalizações, dos ramos, dos conteúdos, dos processos de investigação, de uma unidade de ensino. Em uma perspectiva de que o professor conheça diferentes currículos (as formas de suas organizações) e possa, posteriormente, pensar em organizar um currículo conveniente para o ensino de Ciências em nosso meio. O método para propor a compreensão dos fenômenos científicos, deve ser atrativo para o aluno, a forma como o professor ensina, os meios que utiliza para expor o conteúdo faz parte de um processo de vínculo com a disciplina. Henning (1998, p. 84) conceitua o método científico em um conjunto sistematizado de etapas de atividades mentais e práticas, como o proceder regular do fazer Ciência; uma estratégia de conduzir à investigação; uma maneira de fazer uma boa ciência, tão boa que possibilite uma compreensão coerente do universo e inúmeras descobertas científicas relevantes. A questão posterior visa conhecer os meios de como os professores entrevistados ensinam ciências naturais, todos optaram por métodos diferenciados e criativos se comparados aos métodos tradicionais, como: experimento científico, aula fora da sala, vídeo, dentre outros. 8

Analisando as duas questões acima, pode-se identificar que os professores entrevistados mesmo sem conhecer os conteúdos de ciências naturais, procuram formas inovadoras na prática educativa com os alunos, isso pressupõe que diante da dificuldade, os professores tentam compensar os alunos com um cotidiano diferente. Recursos A área de científica está totalmente ligada com as tecnologias, os produtos tecnológicos é resultante de uma ação científica inovadora, embasada no desenvolvimento global humano. O uso da tecnologia nas escolas vem a somar ao processo ensino aprendizagem dos alunos, é um recurso determinante na geração atual que respira aparelhos tecnológicos inovadores. Quando perguntado aos depoentes, sobre qual recursos eles utilizam para a disciplina de ciências naturais, a internet foi citada por dois entrevistados, isso mostra que os professores utilizam este recurso á seu favor, como parte dos elementos de aprendizagem. Poder fazer uso dos meios tecnológicos, é uma forma de implantar estratégias pedagógicas inovadoras, para Henning (1998, p.35) a inovação é a intenção deliberada de tornar familiar o que não era; é enxertar o novo no velho; é criar novos modelos; é vencer a resistência intrínseca às alterações e preferência pela estabilidade que não conduz ao progresso; é lutar para que, se a inovação for boa (não-prejudicial, não-antieconômica), ela perdure, seja amplamente utilizada e que não perca suas características; é empenhar-se para que as alterações realmente progressistas não fiquem condicionadas a iniciativas fortuitas de pessoas ou grupos alheios ás realidades concretas. Práticas experimentais no ensino de ciências Sem dúvida a prática experimental faz parte no estudo de ciências, atualmente nas escolas é pouco praticada, devido ao déficit na formação inicial e contínua dos professores nesta área. Segundo Carvalho (2001, p. 146) Embora algumas experiências tenham mostrado que o desenvolvimento de cursos de graduação oferecidos a futuros professores da escola elementar nem sempre apresentam resultados muito positivos quanto à alteração das concepções destes professores em relação à natureza da ciência. 9

Quando perguntado, como se define uma prática experimental de cunho científico? Apenas o Entrevistado 2, professor do 4ºano, sintetizou uma resposta coesa de cunho cientifico os demais não interpretaram a pergunta e utilizaram-se de conhecimento ímpirico na resposta. Está dificuldade em definir ou conceituar os elementos da ciência como a prática experimental, vem com a fragilidade da aprendizagem nas academias, de certo modo os problemas educacionais direcionam-se consequentemente no professor, conforme Tardif (2008, p.114) Na maioria dos países ocidentais, os sistemas escolares vêem-se hoje diante de exigências, espectativas e desafios sem precedentes. É no pessoal escolar, e mais especificamente nos professores, que essa situação crítica repercute com mais força. As pessoas se interrogam cada vez mais sobre o valor do ensino e seus resultados. Enquanto as reformas anteriores enfatizavam muito mais as questões de sistema ou de organização curricular, constata-se, atualmente, uma ênfase maior na profissão docente, e também na formação dos professores e na organização do trabalho cotidiano. Exigi-se cada vez mais, que os professores se tornem profissionais da pedagogia, capazes de lidar com inúmeros desafios suscitados pela escolarização de massa em todos os níveis do sistema de ensino. Os apontamentos do fracasso na área da ciência, não cabe somente ao professor, pois as políticas atuais de educação e todo o sistema capitalista não planeja com qualidade a formação docente, a necessidade abre á frente de trabalho sem investir no profissional. Portanto, é evidente que os professores farão uso de conhecimento empírico para responder o que desconhecem. Contribuições do projeto laboratório vivo de ciências naturais e cuidados com o meio ambiente para os professores da rede Segundo as informações do questionário, os depoentes consideram relevante a existência do projeto na escola. Na fala do Entrevistado 3, percebeu-se que o projeto trabalha com o resgate do profissional, O projeto sempre nos anima a fazer práticas que muitas vezes deixamos de fazer por comodismo e ou falta de tempo. Quando questionado sobre, quais contribuições o Projeto traz para sua prática pedagógica? O Entrevistado 2 respondeu: Traz um espaço de vivência 10

prática, articulando a teoria trabalhada em sala de aula, dando a oportunidade ao aluno de observar, comparar e analisar. Ao analisar a fala dos depoentes, observou-se que o Projeto atinge dois elementos importantes na escola: O aluno e o professor. Ou seja, o fato é que o projeto mexe no cotidiano do professor, instiga, renova, motiva, com está movimentação, o aluno ganha em qualidade de conteúdo, em práticas experimentais diferenciadas, em recursos inovadores. A participação em formação continuada através de projetos, tendência a uma evolução das práticas tradicionais para as práticas inovadoras, que considere o aprender. Conforme Henning (1998, p. 46) Aprender implica desenvolver destrezas e atitudes naturais do aluno, capacitando-o a aplicar conhecimentos e compreensões; pensar disciplinadamente, de conformidade com as normas da lógica e da evidência, envolvendo amplitude e independência de critério; desenvolver uma forma de pensamento imaginativo e criador. Considerações finais A fragilidade na formação de professores no ensino de ciências, tendência ao pensamento de que outras possibilidades que permitam o aprimoramento da profissionalização da práxis docente, seja válida na aquisição da aprendizagem. Participar de projetos que estimulem a construção de novas experiências, de novos saberes, deve fazer parte do cotidiano do professor. Cabe as políticas educacionais oportunizar estes ambientes, possibilitando o crescimento do profissional. Nos espaços escolares podem-se evidenciar as angustias dos professores, ao ministrar conteúdos científicos com dificuldades até mesmo para quem tenta ensinar. Desta forma, a introdução de projetos nas escolas com caráter formativo, deve ser abraço por gestores que pensam na educação, de forma global. Assegurar a contribuição de novas práticas, métodos, recursos, é acreditar no processo ensino aprendizagem tanto do aluno quanto do professor. REFERÊNCIAS 11

ARROYO, A. CONCEPÇÕES ALTERNATIVAS COMO BARREIRAS NO APRENDIZADO DE CIÊNCIAS ed.31, Revista eletrônica de Ciências São Carlos 2006. BAILLAUQUÈS,S. Formando Professrores Profissionais: Quais Estratégias? Quais Competências. Organizado por Léopold Paquay, Fhilippe Perrenoud, Marguerite Altet, Évelyne Charlier; trad. Fátima Murad e Eunice Gruman.- 2. Ed. rev.- Porto Alegre: Artmed Editora, 2001. BIZZO, N. Ciências: Fácil ou Difícil? São Paulo, 2009. BORGES, R.C.P. Formação de Formadores para o Ensino de Ciências Baseado em Investigação. São Paulo: s.n., 2010. CARVALHO, L.M. Pro-Posições - vol. 12, N. 1 (34) Rio Claro, 2001. GEORGE J. HENNIG. Metodologia do Ensino de Ciências. 3ªed. Porto Alegre, Mercado Aberto, 1998. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2009. TARDIF, M. Saberes Docentes e Formação Profissional. 9ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. 12