EDUCAÇÃO (BÁSICA) A DISTÂNCIA - POSSIBILIDADES



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Resolução nº 111, de 20 de dezembro de 2011.

Transcrição:

EDUCAÇÃO (BÁSICA) A DISTÂNCIA - POSSIBILIDADES Rio de Janeiro - RJ - abril de 2010 Vanessa do Carmo Marinho - Colégio Pedro II - vanessacp2@gmail.com Mônica Repsold - Colégio Pedro II - mrepsold@gmail.com Categoria (C) Métodos e Tecnologias Setor Educacional (1) Educação Básica Natureza (B) Descrição de Projeto em Andamento Classe (1) Relatos de Experiência Inovadora RESUMO Se no passado a educação a distância - EAD carregava o estigma de cursos de ensino básico e profissionalizantes de baixa qualidade, hoje provoca polêmicas discussões em torno da inclusão digital, uma vez que a EAD se agregou, de fato, aos meios eletrônicos, ainda de difícil acesso à maior parte da população brasileira. De qualquer modo, com ou sem recursos sofisticados, a EAD não somente cresceu quantitativa e fisicamente, alcançando maior número de pessoas e lugares mais distantes, como se aprimorou na sua utilização em todo o mundo, em todos os níveis de ensino. O público-alvo e os objetivos são fatores determinantes do tipo de material instrucional a ser oferecido nesta modalidade educativa. E é nessa direção que o presente artigo relata a experiência de um curso de nivelamento, ainda em andamento, com recursos do computador e da Internet, em Educação Musical para alunos do 7º ano de uma escola pública federal de ensino fundamental e médio, com a intenção de contribuir com as pesquisas na área da educação básica. Palavras-chave: educação básica educação a distância ambiente virtual de aprendizagem.

INTRODUÇÃO Os gestores de educação e, certamente, todos os demais educadores brasileiros manifestam unanimidade quanto à presença da criança e do jovem na escola. E com razão, pois o desenvolvimento das capacidades abstrativas que o espaço escolar físico propicia como formação básica inicial, envolve a inclusão de aspectos éticos e socioculturais embutidos nos componentes curriculares, e insere na rede de informações, conteúdos vinculados às problemáticas sociais e interrelacionais. A falta de convívio no espaço escolar registra nas estatísticas um prejuízo alto no desenvolvimento global do país. Por outro lado, reconhece-se que a educação, hoje, está descentralizada e que todos os ambientes e canais são importantes na formação geral do cidadão. Os desafios atuais do mundo contemporâneo implicam um conhecimento teórico e prático de uma sociedade, que a sala de aula projeta para além de suas paredes, quando possível, por meio da rede mundial de computadores. A formação encontra-se, assim, estendida, superando os espaços geográficos e os tempos escolares fixos. Nesse contexto, a escola precisa se posicionar como dinamizadora e mediadora das informações e meios, e, em consonância com as limitações sócio cognitivas dos alunos, pode também contar com a estratégia da educação a distância, conforme preconiza o Art 32, parágrafo 4º da LDB/96. 4º: "O ensino fundamental será presencial, sendo o ensino a distância utilizado como complementação da aprendizagem ou em situações emergenciais". A Lei insiste no ensino presencial, para resguardar os aspectos sócio-psico-pedagógicos do desenvolvimento das crianças e adolescentes. A possibilidade de estudar a distância abre-se em dois casos: a) complementação da aprendizagem (enriquecimento e aprofundamento do currículo, recuperação e aceleração de estudos para alunos com atraso escolar, dentre outras. Veja também Art. 24, item V, da LDB - http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm); b) situações emergenciais, (tais como: falta temporária de professores contratados, crianças e adolescentes hospitalizados e aqueles que estejam morando com seus pais no exterior e não tenham como se alfabetizar em língua portuguesa. Com base em tais premissas, foi proposto um curso a distância de nivelamento em Educação Musical, para atender aos novos alunos de uma escola pública federal, que tem a disciplina de Educação Musical desde os

anos iniciais da Educação Básica. Esses alunos, que ingressaram por concurso para o 7º ano sem aulas de música em seus currículos anteriores, chegaram com uma defasagem significativa de conteúdo em relação aos alunos que estudam na instituição desde o 1º ano. A opção pela modalidade a distância levou em consideração a localização dos alunos em diferentes unidades escolares, com disponibilidade de tempo também variável, além da insuficiência de professores de música em cada unidade escolar para ministrar aulas de apoio presenciais. Santos[9] tem a acrescentar que no desenvolvimento de um ambiente de aprendizagem planejado com recursos tecnoeletrônicos é relevante considerar o impacto provável causado à clientela. Nessa perspectiva, é esperado que, ao final do curso, os alunos adquiram alguns elementos a mais do que o conteúdo de música: a habilidade de usar (bem) a informática e a autonomia no seu crescimento intelectual. Sendo a EAD atividade pioneira, nesta escola, para aprimorar a aprendizagem e o ensino de música, usando a tecnologia da comunicação eletrônica, faz parte do escopo do curso [5] [6]: motivar e fundamentar a inovação educativa; fornecer pistas significativas para a definição e redefinição das atividades; verificar se os objetivos definidos para o curso estão sendo alcançados, bem como as estratégias escolhidas para este curso são eficientes e eficazes; verificar se houve na apropriação de conteúdo mudanças de atitude; desenvolvimento de criatividade; capacidade para se relacionar. Na EAD, o triângulo didático - professor, aluno e saber - não atinge apenas pessoas, mas agentes coletivos que, nas relações virtuais, passam por uma organização do tempo e espaço, hábitos, normas de trabalho e comunicação. A partir disso, surge uma pedagogia ativa, cooperativa e diferenciada, que precisa contar com uma coordenação esclarecida, atenta e disposta a mudar, se necessário. O relato/parecer de Gouveia e Bizzo à Câmara de Educação Básica/CNE [4] reafirma que a aprendizagem, possível por intermédio dos meios de comunicação, não ocorre sem uma relação estreita entre os vários protagonistas do processo, evidenciando que a participação e a interação entre os alunos e entre alunos,

professores e tecnologias em uso são essenciais tanto na educação presencial quanto na educação a distância. A escola pública em questão acumula, ao longo de pouco mais de duas décadas, experiências positivas em Informática Educativa e, tal como estas, o curso de nivelamento em ambiente virtual releva também a questão da inclusão digital de seu alunado, socialmente heterogêneo. A consciência de que o computador e a Internet são meios de acesso à informação e ao conhecimento, transmitida aos alunos que tiveram a Informática na sua vida escolar e que já deixaram a instituição, move a equipe a realizar sempre mais. EQUIPE PEDAGÓGICA Na verdade, a solicitação de um curso, ou aulas extracurriculares, partiu do Departamento de Educação Musical da instituição para uma das autoras do presente artigo, que tem formação inicial em Música e colabora com a Informática Educativa desde que foi oficialmente instituída na escola. Nessa sequência, aderiu ao projeto a outra autora, especialista em Informática na Educação e em EAD, também da equipe fundadora da Informática Educativa na instituição. A tônica da interdisciplinaridade é fator preponderante para o trabalho cooperativo, presencial ou não. Nesse sentido, coordenação e tutoria atuam, de fato, como equipe, convictas do enriquecimento da troca e isso facilita a condução das atividades com os alunos adolescentes. Aretio [2] afirma que há muitas denominações para o docente a serviço do aluno e que a palavra tutor refere-se àquele que protege, inicialmente empregada para designar pessoa responsável por um menor. Em educação aberta e a distância essa palavra é atribuída ao docente que dá apoio ao aluno isolado, solitário, que não conta com a presença do professor. Todavia, é preciso considerar que, hoje, a figura do tutor adquiriu outro perfil, uma vez que um número significativo dos cursos a distância dispõe de meios de informação e comunicação muito mais eficientes e interativos do que há alguns anos atrás, redesenhando as funções e tarefas dos orientadores na aplicação do conteúdo.

Ainda Aretio [1] credita aos tutores o sucesso (ou insucesso) de um curso, sem dissociá-lo das condições estruturais propostas. Segundo ele, a despeito de sua formação, o tutor não precisa ser, necessariamente, autor do conteúdo, mas responsável pela sua orientação ao aluno. O tutor precisa estar atento aos limites da sua função e esclarecer seu papel de mediador, ajudando os participantes a integrarem-se entre si, diminuindo a sensação de isolamento ou de ansiedade, diante dos problemas que costumam acontecer. Entretanto, o tutor precisa liderar sem centralizar, para evitar atitudes paternalistas, frequentemente verificadas nas relações professor-aluno, especialmente na faixa etária aqui tratada. Ao tutor cabe desenvolver meios de natureza pessoal, como princípios éticos de integridade, competência, honestidade, responsabilidade pelas pessoas e pelo bem-estar geral, assim como estabelecer relação empática no processo ensino e aprendizagem [3]. Dessa maneira, em complementaridade às suas atribuições, é recomendável que o tutor reúna algumas qualidades, já apontadas por Sanchez e Spruce [1] como básicas para uma boa ação educativa, em especial, a distância, tais como cordialidade, maturidade/estabilidade emocional, cultura social, confiança, aceitação e liderança. No caso do curso de nivelamento em Educação Musical, a coordenadora é especialista no assunto tratado, e possui conhecimento da matéria e dos materiais apresentados, pois, recentemente, elaborou todo o material didático da disciplina de modo eletrônico, a fim de disponibilizá-lo livremente num portal da Internet, inclusive para todas as escolas que passaram a ter ensino de música por obrigatoriedade da lei. Vale acrescentar que a equipe, ainda que não trabalhe presencialmente com estes alunos, conhece bem o perfil do público alvo da educação básica, acumulado à prática didática de projetos escolares via web, de caráter multicultural, desenvolvidos em parceria com outras escolas nacionais e estrangeiras. RECURSOS PEDAGÓGICOS Apesar dos parcos recursos com que se sustentam as escolas públicas no país, pode-se dizer que esta é bem atendida em laboratórios de Informática

Educativa e periféricos, inclusive Internet. Assim, o aluno que não possui qualquer dos recursos em casa pode fazer as tarefas do curso no laboratório da sua unidade escolar, preferencialmente, fora do seu turno regular. A urgência para realizar o nivelamento em Educação Musical dos alunos, ainda dentro do período que antecede as provas finais do primeiro semestre, impediu a construção de uma plataforma própria e a conseqüente capacitação dos usuários. Dessa maneira, ficou decidido que o curso, com previsão de duração por todo o ano letivo, fosse desenvolvido, inicialmente, por meio de um blog, em respeito às preferências e referências do público alvo. Lá, os alunos são orientados para suas atividades e fontes de pesquisa, enquanto que o material para estudo e os exercícios de fixação são enviados por email. Na realização das tarefas, os alunos podem contar com o já mencionado Portal de Educação Musical, que dispõe o conteúdo curricular da instituição sob forma de apresentação gráfica, exercícios e prática musical, apostilas em formato eletrônico, entre outros. Há também a opção de obter as apostilas impressas na própria escola, caso os usuários tenham dificuldade de ler na tela ou imprimir. Findo o prazo para a conclusão das tarefas, o gabarito é postado no blog para que eles mesmos verifiquem o que acertaram. As dúvidas devem ser sempre disponibilizadas no blog. Assim, tanto tutor quanto colegas podem colaborar para um melhor entendimento e solução do problema. ALUNOS Experiências anteriores mostraram que a maior parte dos jovens tem conhecimento de recursos de informática voltado mais para entretenimento e comunicação síncrona. Muitos são bastante hábeis com o correio eletrônico e o chat, no telefone ou no computador. Entretanto, não têm familiaridade com fóruns ou outra ferramenta de postagem. Isso não preocupou a equipe pedagógica, pois uma característica essencial do aprendiz adolescente é que ele seja (ou se torne) pró-ativo, tal como se espera de qualquer aprendiz em EAD [7][8].

Salvo exceções, prevista em lei até, o jovem brasileiro tem a cultura do modelo presencial de estudo. O ambiente virtual traz uma perspectiva diferente da sala de aula tradicional. Os alunos devem estar abertos a esta nova concepção de aprendizagem. Em EAD, o aluno precisa, em primeiro lugar, querer aprender e somente a partir dessa premissa ele assume o controle e a responsabilidade de seu aprendizado. Isto pode parecer óbvio, mas não é. Curiosamente, o aluno, quer seja jovem quer seja adulto, adota a mesma postura dependente das determinações e limites estabelecidos pelo professor, como por exemplo, acumula suas tarefas para a véspera dos prazos de entrega, copia trabalhos de outros para entregar como pesquisa, se tem oportunidade, e assim por diante. Enfim, o aluno transfere a responsabilidade que lhe cabe, enquanto aprendiz, para outro (ou outros). Art. 1º "Educação a distância é uma forma de ensino que possibilita a auto-aprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação. (DECRETO Nº 2.494, de 10 de fevereiro de 1998. Disponível em: http://www.lei.adv.br/2494-98.htm) Diante desta dinâmica do ambiente virtual de aprendizagem, ainda pouco conhecida na área da educação básica, foi necessária a promoção de uma reunião com os responsáveis para explicar a proposta e obter a permissão de participação no curso. Em seguida, foi enviado um email para cada aluno, comunicando a data de início e o convite do blog, previamente preparado. Além de servir de correio para envio de material, este email é o canal com que os alunos podem se dirigir à equipe do curso de modo particular, se assim desejarem, além do telefone do Departamento de Música, para assuntos administrativos. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho leva em conta os pressupostos teóricos para colocar em prática o curso de nivelamento em Educação Musical, para alunos do 7 ano da educação básica de uma escola pública federal, utilizando um ambiente virtual de aprendizagem.

Indubitavelmente, o computador invadiu quase todos os segmentos da sociedade e, fortalecido com o advento da rede mundial Internet, deflagrou um processo de reestruturação global nas comunicações. As contribuições da EAD via Internet reúnem aspectos pouco observáveis na rede de educação no plano real, pelo menos em tão larga escala, como: transpassar a barreira espaço-tempo-grupo de estudantes; possibilitar o uso dos instrumentos disponíveis da Internet para mediar a construção de novos conhecimentos; modificar o papel dos professores de transmissores de informação para planejadores e gestores de aprendizagem; gerar uma nova cultura de estudo. Até o momento, o curso de nivelamento em Educação Musical, em ambiente virtual de aprendizagem tem se mostrado eficaz como complemento aos momentos presenciais. Com características próprias, o sistema de EAD dispõe de vários recursos que têm suas aplicações imediatas à aprendizagem continuada e à vida prática dos estudantes. Conforme mencionado anteriormente, é esperado que os alunos do curso desenvolvam diferentes habilidades na arte de aprender, que sejam aplicadas em outras situações, que tenham o desejo de aprender estimulado para investir na construção de novos conhecimentos, aprender só e em grupo, selecionar informações etc. A escolha da EAD via Internet para atender à demanda do Departamento de Educação Musical, se deu pela visão de mais uma possibilidade tecnológica do computador nesta escola básica. Há muito que o CPII tem investido nas ações da Informática Educativa para criar, por meio de seus laboratórios, um ambiente capaz de gerar inteligência coletiva, de cooperação, de abertura, de discussão, de construção, de circulação de pessoas e saberes. Nesse momento, está sendo observado como o aluno de 7º ano se posiciona num ambiente virtual de aprendizagem, como ele gere seu tempo, como isso tem fortalecido sua autonomia intelectual, sua capacidade de aprender a aprender (sempre), de resolver problemas e criar estratégias Finalmente, é inovador poder trabalhar com educação geradora de conhecimento; considerar as dimensões individuais, sociais e culturais dos sujeitos envolvidos nas situações de ensinar e de aprender para planejar estratégias educacionais adequadas. Inovador é o professor assumir um

comportamento participativo e reflexivo, abandonando posturas inflexíveis de detentor único do saber. Inovador é viver numa sociedade em que a educação é um direito de todos que se iniciam na educação básica e continuam, construindo seu próprio percurso.. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] ARETIO, Lorenzo G. Educação a distancia hoy. Madrid: Universidad Nacional de Educación a Distancia. 1994. [2] ARETIO, Lorenzo G. La educación a distancia: de la teoria a la práctica. Barcelona: Editorial Ariel. 2001. [3] GARDNER, Howard. Inteligências múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artmed. 1995. [4] GOUVEIA, S F. & BIZZO, N. M. V. (Relatores). Diretrizes Nacionais para a Educação a Distância no âmbito da Educação Básica. CNE/MEC. Conselho Nacional de Educação, MEC. Câmara de Educação Básica. 2002, p.10. [5] HADJI, Charles. A avaliação, regras do jogo: das intenções aos instrumentos. Porto: Porto Editora. 1994. [6] PERRENOUD, Philippe; Thurler, Mônica G.. Avaliação: da excelência à regulação das Aprendizagens - entre duas lógicas. Porto Alegre: Artmed. 1999. [7] PETERS, Otto. Didática do ensino a distância: experiências e estágio da discussão numa visão internacional. São Leopoldo, RS: UNISINOS, 2001. [8] SANTOS, João V, A experiência inovadora do Laboratório de Ensino à Distância da Universidade Federal de Santa Catarina [p.45-80]. In ESTEVES, Antonia P., OLIVEIRA, Gabriella D. [org.]. Educação a distância: experiências universitárias. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ. 2001. [9] SANTOS, Neide at alli. Cooperação e aprendizagem on-line. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.