Por que arquitetura sustentável? Princípios da arquitetura sustentável Bibliografia Sobre as autoras... 41

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Transcrição:

1

ÍNDICE Por que arquitetura sustentável?... 3 Princípios da arquitetura sustentável... 8 Bibliografia... 40 Sobre as autoras... 41 Sobre o SustentArqui... 42 Contato... 43

POR QUE ARQUITETURA SUSTENTÁVEL? O setor da construção civil é um dos principais responsáveis pelos impactos ambientais e sociais. 3

POR QUE ARQUITETURA SUSTENTÁVEL? As edificações consomem cerca de 40% da energia no mundo. Sendo que a indústria da construção civil é o setor que mais gera resíduos dentre todas as indústrias. Além disso, é o setor que mais consome os recursos naturais do nosso planeta. 4

POR QUE ARQUITETURA SUSTENTÁVEL? As vantagens ambientais em se construir sustentável são evidentes, destacando a redução do consumo de água e energia, a diminuição do uso racional de recursos naturais e da geração de resíduos e a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas. Uma construção sustentável pode reduzir em até: 35% 20 a 50% 40 a 50% 50 a 80% Emissões de CO2 Consumo de energia Consumo de água Resíduos gerados 5

POR QUE ARQUITETURA SUSTENTÁVEL? Os benefícios da arquitetura sustentável são inúmeros, não só ambientais mas também econômicos e socioculturais. Construções sustentáveis garantem o retorno financeiro do investimento a médio prazo e a economia dos custos operacionais do empreendimento. O ambiente arquitetônico também afeta diretamente a todos nós, pois passamos a maior parte do nosso tempo em espaços construídos. 6

Perspectiva do Sarah Fortaleza Projeto Lelé Por isso é fundamental que todos os arquitetos conheçam e apliquem os princípios da arquitetura sustentável, para a construção de ambientes ecologicamente corretos, confortáveis e saudáveis. 7

PRINCÍPIOS DA ARQUITETURA SUSTENTÁVEL 1 - Análise do entorno; 2 - Uso sustentável do terreno; 3- Planejamento detalhado e integrado; 4 - Adaptação as condições climáticas com desenho bioclimático; 5- Atender as necessidades do usuário; 6- Atendimento as normas e legislações; 7- Uso racional da energia; 8- Eficiência Hídrica; 9- Uso racional dos materiais; 10- Uso de tecnologias inovadoras; 11 - Paisagismo sustentável; 12- Priorizar a saúde e o bemestar dos ocupantes; 13 - Viabilidade Econômica; 14- Análise do ciclo de vida da construção; 15- Promover a conscientização dos envolvidos no processo. 8 8

1- ANÁLISE DO ENTORNO As construções têm uma relação vital com o seu entorno, afetando diretamente o ecossistema local e impactando questões relacionadas ao trânsito, à poluição do ar, aos corpos hídricos e também ao adensamento populacional. Analisar o entorno antes de pensar em construir é fundamental para as construções sustentáveis, já que um dos principais objetivos é causar o menor impacto possível no local onde a construção será implantada. Portanto, todos os aspectos do terreno devem ser avaliados. Os stakeholders tomarão as decisões pensando em estratégias que minimizem a perturbação do empreendimento gerada durante o desenvolvimento do projeto, da sua construção e ao longo da sua operação. 9

1- ANÁLISE DO ENTORNO Integrar o projeto ao entorno, respeitando o espaço, o tráfego e as condições geológicas existentes; Valorizar as origens, os materiais e a cultura local; Minimizar, ao máximo, os incômodos gerados na vizinhança; Prevenir a poluição do ar, do solo e de corpos d água durante a construção Pensar em possíveis impactos no entorno durante a operação do empreendimento 10

2 USO SUSTENTÁVEL DO TERRENO O uso sustentável do terreno deve considerar que os espaços previamente desenvolvidos e que possuem infraestrutura existente, facilitam o acesso aos serviços de esgoto, água, eletricidade, transporte público e locais de interesse. Isso diminui a pressão do espraiamento urbano e consequentemente a necessidade de construção de novas infraestruturas. Além disso, deve-se pensar em formas para minimizar a interferência do projeto no ambiente, preservando, ao máximo, o equilíbrio e as características naturais do local, como o ciclo hidrológico, o microclima, o solo e a vegetação. 11

2 USO SUSTENTÁVEL DO TERRENO Dar preferência a terrenos previamente desenvolvidos com infraestrutura existente; Evitar fazer modificações radicais no terreno, preservando o seu ecossistema; Utilizar a menor parcela do terreno com a construção, maximizando as áreas verdes e permeáveis e mantendo, ao máximo, o ciclo hidrológico do terreno; Para as pavimentações, especificar pisos com alta taxa de permeabilidade; 12

2 USO SUSTENTÁVEL DO TERRENO Minimizar o efeito ilha de calor; Utilizar espécies nativas ou adaptadas no paisagismo; Priorizar terrenos com proximidade de serviços básicos e de transporte alternativo; Realizar a gestão das águas pluviais. 13

3 PLANEJAMENTO DETALHADO E INTEGRADO Fonte: WDGB Uma construção sustentável possui uma série de desafios. O primeiro deles é ter um olhar holístico sobre o projeto, levando em consideração todo o seu ciclo de vida e suas disciplinas, de forma integrada. Isso é um grande empecilho, considerando a forma como são desenvolvidos os projetos no Brasil. Geralmente, as diferentes disciplinas (arquitetura, elétrica, hidráulica, luminotécnica, estrutura, etc) desenvolvem seus projetos de forma independente com pouca interação e visão do todo. Para garantir o sucesso de um empreendimento sustentável, é necessário que seja realizado um processo integrado de projeto, onde todos os atores envolvidos trabalham em conjunto, de forma a estudar os cenários e definir juntos as metas de sustentabilidade do empreendimento. É uma nova forma de trabalhar, mas que costuma trazer resultados fantásticos e recompensadores ao final. 14

3 PLANEJAMENTO DETALHADO E INTEGRADO Gerente de projeto Renováveis Fluxos Paisagista Comissionam. Automação Gerente de facilities CORE GROUP Cliente Arquiteto Construtora Arquiteto de interiores Engenheiro mecânico Consultor LEED Engenheiros de instalações Luminotécnica Engenheiro civil A integração com projetos complementares, garantem melhor execução e resultado; Metas bem definidas desde a concepção; Colaboração interdisciplinar e comunicação efetiva. 15

4 ADAPTAÇÃO ÀS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS COM DESENHO BIOCLIMÁTICO Corte do Sarah Fortaleza Projeto Lelé Com a industrialização, ocorreu uma padronização dos projetos de arquitetura e a replicação de construções que são feitas sem levar em consideração as condições climáticas locais. Porém, para termos projetos sustentáveis, as edificações devem ser adaptadas ao local onde estão inseridas, de forma a contribuir para o conforto do usuário e utilizando a menor quantidade de recursos possível. Para diminuir o consumo energético e promover o conforto térmico, lumínico e acústico, convém utilizar o desenho arquitetônico bioclimático e estratégias passivas para adaptar, da melhor forma possível, o projeto ao seu local de implantação. 16

4 ADAPTAÇÃO ÀS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS COM DESENHO BIOCLIMÁTICO Analisar cautelosamente o microclima local ventos predominantes, insolação, temperatura, índices pluviométricos; Direcionar o projeto para o melhor aproveitamento passivo dos recursos naturais (ex: iluminação e ventilação natural); Utilizar elementos arquitetônicos (ex: brises e cobogós) adequadamente, de modo a reduzir o consumo energético e aumentar o conforto interno. 17

5 ATENDER AS NECESSIDADES DOS USUÁRIOS Em alguns casos, termos um projeto que foi feito sem pensar em todo o ciclo de vida da edificação, sem considerar que seu uso pode mudar ao longo dos anos e que a forma de utilização dos espaços, mesmo que seja para o mesmo fim, também muda com o passar do tempo. Por isso, é necessário pensar sempre em construir espaços flexíveis e adaptáveis, pensando no futuro e em adequar o prédio a todo o seu período de ocupação. Não adianta termos um projeto que seja icônico mas que não atenda às necessidades dos usuários. 18

5 ATENDER AS NECESSIDADES DOS USUÁRIOS O projeto deve ser ergonômico, flexível e facilmente adaptável às mudanças de uso; Deve atender as necessidades dos usuários a curto, médio e longo prazo O projeto deve considerar acessibilidade universal. 19

6 ATENDER AS NORMAS E LEGISLAÇÕES Apesar do atendimento às normas técnicas e legislações ser obrigatória, ainda vemos hoje muitos casos de empresas que não se adequam ao mínimo exigido pela lei, e isso é pré-requisito para se pensar em um projeto sustentável. Não adianta querer ser verde se os seus trabalhadores não estão regularizados, se a empresa não cumpre as legislações ambientais e não segue as normas técnicas brasileiras. Cumpri-las garante o mínimo que deve ser respeitado para nossa saúde e segurança. 20

6 ATENDER AS NORMAS E LEGISLAÇÕES Parece óbvio, mas cumprir as normas construtivas é fundamental; Cumprir totalmente as leis trabalhistas, pois não existe sustentabilidade sem responsabilidade social. 21

7 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA No Brasil, as edificações consomem cerca de 50% do total da eletricidade gerada. É um número assustador e por isso, pensar em edificações eficientes energeticamente é tão importante para o país. Mesmo que tenhamos em nossa matriz energética as hidrelétricas como maiores geradoras, quando aumentamos o consumo, as usinas térmicas, mais caras e poluidoras, entram em ação para suprirem a demanda. Quando reduzimos o consumo, reduzimos também as emissões de gases de efeito estufa relacionadas à eletricidade e diminuímos a demanda por mais infraestrutura e mais geração de energia. 22

7 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA O projeto deve contemplar estratégias para que a edificação tenha o menor consumo de energia possível, desde a sua construção e durante sua operação, sem prejudicar o conforto aos usuários; Para o edifício ter o melhor desempenho energético, ferramentas de análise climática e simulações computacionais podem direcionar melhor as decisões de projeto; O monitoramento do consumo é fundamental para uma boa gestão energética do edifício. O uso de energias renováveis deve ser estudado e implementado. 23

8 EFICIÊNCIA HÍDRICA A crise hídrica é realidade em cada vez mais lugares ao redor do mundo. No Brasil, São Paulo e Rio de Janeiro já viveram crises hídricas, onde houve racionamento e pavor com as reservas baixando de nível a cada dia durante a época menos chuvosa. A água é o nosso bem mais precioso, pois sem ela morremos. Infelizmente, ela é totalmente desvalorizada por nós e tratada como abundante e infinita. Mas somente 1% de toda a água do planeta é potável. Pensar em reduzir o consumo e principalmente o desperdício da água é um fator primordial para projetos sustentáveis e a sobrevivência do Homem no planeta Terra. 24

8 EFICIÊNCIA HÍDRICA Especificar equipamentos eficientes que utilizam menos água; Adotar sistemas para a redução e tratamento do volume de esgoto; Medir e monitorar o consumo para identificação de possíveis desvios e vazamentos. Usar fontes alternativas de água como água pluvial, água de reuso para fins não potáveis; Prever uma irrigação eficiente com menor consumo hídrico ou usar espécies que não precisam de irrigação; 25

9 USO RACIONAL DOS MATERIAIS A ineficiência no nosso método construtivo chega a desperdiçar 30% do total de materiais empregados. A construção civil é o maior consumidor de recursos dentre todas as indústrias e também a que gera mais resíduos. Quando pensamos no uso racional dos materiais, queremos diminuir a energia incorporada e os outros impactos relacionado à extração, processamento, transporte, manutenção e descarte dos materiais dentro do processo da construção. 26

9 USO RACIONAL DOS MATERIAIS Usar métodos construtivos pré-fabricados ou modulares que evitam desperdício; Utilizar materiais regionais e com conteúdo reciclado; Reutilizar materiais, sempre que possível; Especificar madeiras de manejo sustentável; Analisar o ciclo de vida dos materiais. 27

10 USO DE TECNOLOGIAS INOVADORAS A tecnologia evolui a cada dia e nos traz soluções disruptivas para os problemas que encontramos no nosso dia a dia. A Indústria 4.0 está mudando radicalmente a forma como nos relacionamos com o mundo e com as informações, permitindo o acesso a dados precisos em tempo real e a possibilidade de processamento inteligente dos mesmos de forma a otimizar processos, produtos e trazer insights valiosos que antes simplesmente não tínhamos capacidade computacional para processar. Além disso, outras tecnologias de ponta também vêm se destacando e evoluindo rapidamente como a energia fotovoltaica, impressão 3D, Internet das Coisas, realidade virtual e inteligência artificial. Tudo isso pode ser usado a nosso favor para projetar empreendimentos mais inteligentes, sustentáveis e com preços acessíveis. 28

10 USO DE TECNOLOGIAS INOVADORAS Usar a tecnologia a favor da eficiência da construção, sempre que for viável economicamente; Utilizar sistemas construtivos industrializados e mais inteligentes; Utilizar energias renováveis para economia de energia e redução de emissões; Utilizar sistemas de automação com integração à rede de internet das coisas, se possível; 29

11 PAISAGISMO SUSTENTÁVEL O Brasil é o país de maior biodiversidade do mundo. Porém, o nosso paisagismo tradicional utiliza pouquíssimas espécies nativas, priorizando o uso de espécies exóticas e trazidas de fora do país, muitas vezes, copiando os estilos europeus ou asiáticos. O paisagismo sustentável vem combater a utilização de espécies exóticas e invasoras que são causadoras de perda de biodiversidade nativa e que podem aumentar o consumo hídrico, compactar o solo e requerer o uso de pesticidas e químicos. 30

11 PAISAGISMO SUSTENTÁVEL Usar a vegetação a favor da eficiência energética da edificação; Projetar telhados verdes e jardins verticais podem ser boas estratégias para melhorar o conforto térmico, além de beneficiar o meio ambiente e o bem estar dos usuários; Especificar espécies nativas e adaptáveis para o reduzir consumo de água na irrigação e proteger a biodiversidade Utilizar sensores de umidade para uma irrigação adequada. 31

12 SAÚDE E BEM-ESTAR DOS OCUPANTES Muitas vezes esquecemos que passamos mais de 90% do nosso tempo dentro de espaços fechados. Projetamos edificações e pensamos muito em seu desempenho com relação ao consumo de água, energia, mas nos esquecemos que além disso, o empreendimento deve proporcionar um lugar acolhedor, estimulante, agradável e confortável para os ocupantes. Focar no bem-estar e saúde dos ocupantes é fator essencial para um projeto sustentável. 32

12 SAÚDE E BEM-ESTAR DOS OCUPANTES O projeto deve favorecer o conforto térmico, acústico e lumínico; Prover níveis adequados de renovação de ar nos ambientes; Especificar materiais com níveis baixos de compostos orgânicos voláteis; Projetar espaços de descompressão; Incentivar a prática de atividades físicas e a alimentação saudável. 33

13 VIABILIDADE ECONÔMICA Falamos bastante sobre impactos ambientais e sociais, mas não falamos do terceiro pilar da sustentabilidade o pilar econômico. Não adianta atender aos requisitos dos dois primeiros e esquecer deste. As edificações devem ser economicamente viáveis e as estratégias de sustentabilidade devem trazer valor agregado ao projeto. Também deve-se levar em consideração todo o seu ciclo de vida para realizar os estudos de payback e custos, pois muitas vezes as construtoras consideram somente a etapa de projeto e obra e esquecem que a maior parte dos custos e consumo de recursos da edificação estará na fase de manutenção e operação. 34

13 VIABILIDADE ECONÔMICA O projeto deve tornar a construção atraente, aumentando seu valor agregado; Contemplar a redução dos custos de operação e manutenção; Realizar estudos de viabilidade técnica e econômica do empreendimento, das soluções e tecnologias empregadas. 35

14 ANÁLISE DO CICLO DE VIDA MATERIAIS RECICLAGEM TRANSPORTE MANUTENÇÃO CONSTRUÇÃO USO A análise do ciclo de vida de uma edificação é a forma mais completa de analisar o impacto ambiental que esta terá ao longo de toda a sua vida, considerando desde a extração das matérias-primas para sua construção até sua operação, manutenção e posterior demolição. Apesar de ser uma análise complexa, oferece uma visão completa da energia incorporada no edifício e nos ajuda a pensar em formas de otimizar os recursos empregados em cada uma das etapas projeto, construção, operação e demolição. 36

14 ANÁLISE DO CICLO DE VIDA A edificação deve ser projetada para ser duradoura e ter o menor impacto possível ao meio ambiente e à população; Deve contemplar uma gestão sustentável durante o seu ciclo de vida; Ao final, deverá ser desmontada e seus resíduos reaproveitados e reciclados. 37

15 PROMOVER A CONSCIENTIZAÇÃO Os projetos sustentáveis devem ser sempre fonte de inspiração e admiração para a comunidade, pois eles tem um papel primordial na divulgação dos benefícios trazidos por um prédio verde para o presente e para o futuro. A educação e conscientização dos usuários é uma etapa fundamental no processo de engajamento das pessoas e da sociedade numa economia mais verde. Quanto mais divulgamos os resultados positivos e os benefícios trazidos por esse tipo de construção, mais teremos pessoas engajadas nesse propósito. E o planeta agradece! 38

15 PROMOVER A CONSCIENTIZAÇÃO Realizar programas de educação ambiental com os visitantes e com a comunidade; Orientar os usuários a fazerem o uso consciente da edificação, considerando, no mínimo, o uso racional da água, a economia de energia e a reciclagem de resíduos. 39

BIBLIOGRAFIA Balanço Energético Nacional 2017, Disponível em: <https://ben.epe.gov.br/>. Acesso em 3 de agosto de 2018. Conselho Brasileiro de Construção Sustentável, Disponível em: http://www.cbcs.org.br/website/. Acesso em 7 de agosto de 2018. Green Building Council Brasil, Disponível em: <http://www.gbcbrasil.org.br/estudos.php>. Acesso em 3 de agosto de 2018. PBE Edifica, Disponível em: <http://www.pbeedifica.com.br/>. Acesso em 7 de agosto de 2018. WELL Building Institute - WELL Building Standard-Certification Guidebook. Disponível em: <https://www.wellcertified.com/node/4788/>. Acesso em 9 de agosto de 2018. 40

SOBRE AS AUTORAS DANIELLE GARCIA Arquiteta e Urbanista formada pelo Centro Universitário Metodista Bennett. MBA em Edifícios Sustentáveis: Projeto e Performance pela Universidade Católica de Petrópolis. LEED AP BD+C, atua no mercado de green buildings desde 2009 e foi responsável direta por certificações de grande visibilidade como a do Museu do Amanhã no RJ. FRANCINE VAZ Arquiteta e Urbanista, formada pela UFRJ. Master of Science em Architecture, Energy and Sustainability pela London Metropolitan University. Especialista em Gestão de Negócios Sustentáveis pela UFF. Formada em Gestão de Projetos pela FIA-SP Fundação Instituto de Administração. LEED AP BD+C e ID+C JULIANA RANGEL Sócia Fundadora da SustententArqui. Arquiteta e Urbanista, formada pela UFRJ em 1999. Especializouse o em Arquitetura Sustentável pela Universitat Politècnica de Catalunya - Barcelona, ES em 2008 e em bioarquitetura pelo Instituto de Tecnologia Intuitiva e Bio-Arquitetura Tibá. 41

SOBRE O SUSTENTARQUI O SustentArqui é um negócio social que visa promover a arquitetura, a construção, urbanismo e a decoração sustentável. Somos um portal de informações destinado a quem busca construir de forma eco eficiente e menos prejudicial ao meio ambiente. No portal você encontra, notícias, dicas, uma agenda com os eventos do setor e um catálogo de materiais e técnicas construtivas sustentáveis e /ou ecológicas, com ênfase no mercado brasileiro, e os melhores cursos do mercado. 42

CONTATO contato@sustentarqui.com.br www.sustentarqui.com.br www.facebook.com/sustentarqui/ www.instagram.com/sustentarqui/ twitter.com/sustentarqui www.linkedin.com/company/sustentarqui www.pinterest.com/sustentarqui/ DIREITOS AUTORAIS O Ebook Arquitetura Sustentável 15 Princípios Básicos foi elaborado pelas arquitetas Danielle Garcia, Francine Vaz e Juliana Rangel. Conforme a Lei 9.610/98, é proibida a reprodução total e parcial ou divulgação comercial sem a autorização prévia e expressa das autoras. As imagens usadas estão sujeitas aos direitos intelectuais de seus autores. OS DIREITOS RESERVADOS. SustentArqui 2013-2018 43