O IMPÉRIO EM BRASÍLIA: 190 Anos da Assembleia Constituinte de 1823

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Transcrição:

010 A partir da esquerda, Sérgio Sampaio de Almeida, diretor-geral da Câmara dos Deputados, Doris Marize Romariz Peixoto, diretora-geral do Senado Federal, Henrique Eduardo Alves (fazendo o seu discurso), presidente da Câmara dos Deputados, Angelo Oswaldo de Araújo Santos, presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e Celita Procopio de Carvalho, presidente do Conselho de Curadores da FAAP O IMPÉRIO EM BRASÍLIA: 190 Anos da Assembleia Constituinte de 1823 O presidente do Senado Federal, Renan Calheiros, e o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, assinaram a seguinte mensagem na apresentação do catálogo da exposição O Império em Brasília: 190 Anos da Assembleia Constituinte de 1823: No dia 3 de maio de 1823, foi instalada no Rio de Janeiro a Assembleia Geral Constituinte e Legislativa do Império do Brasil, a primeira representação política em nível nacional a funcionar no País, verdadeiro embrião do que viria a ser o Parlamento brasileiro. Embora a Assembleia Constituinte tenha sido dissolvida pelo imperador d. Pedro I após seis meses de funcionamento, ela foi reconhecida pelos historiadores como o início do Poder Legislativo no País, por reunir cidadãos brasileiros eleitos deputados com a missão de elaborar uma Constituição e dotar a Nação recém-independente de um novo ordenamento jurídico. Não se pode negar o papel fundamental do Parlamento na construção e na consolidação da democracia brasileira. Representantes escolhidos pelos cidadãos, os parlamentares ouvem e propõem leis afinadas com os anseios dos diversos setores da população, regulando o funcionamento da sociedade. Além disso, cabe ao Legislativo exercer a importantíssima função de fiscalizar a ação do Executivo, sobretudo em termos orçamentários, financeiros e tributários, dirigindo recursos e esforços para o desenvolvimento das regiões mais carentes e buscando o equilíbrio e a justiça social. Esta é, aliás, a origem histórica do Parlamento no mundo ocidental e uma característica marcante de nossas duas Casas legislativas desde o seu surgimento. Para comemorar os 190 anos da fundação do Parlamento brasileiro, a Câmara dos Deputados, o Senado Federal, o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e a Fundação

Armando Alvares Penteado (FAAP) realizaram a exposição O Império em Brasília: 190 Anos da Assembleia Constituinte de 1823, na qual se reuniu um acervo museológico de elevado valor artístico-cultural e documentos históricos de grande significado para o conhecimento da sociedade brasileira do fim do século XIX e do importante papel do Poder Legislativo na formação do nosso Estado nacional. Entre os meses de julho e outubro de 2013, o Salão Negro do Congresso Nacional exibirá, pela primeira vez na capital da República, peças do Museu Imperial, uma das mais importantes instituições museológicas do País pelo A saudação ao público de Angelo Oswaldo de Araújo Santos, presidente do Ibram, observado (a partir da esquerda) seu notável acervo alusivo à por, Sérgio Sampaio de Almeida, Doris Marize Romariz Peixoto, Celita Procopio de Carvalho e Henrique Eduardo Alves. história monárquica brasileira. Além dessas obras do Museu Imperial, a exposição foi São gravuras de Jean-Baptiste Debret, quadros de Araújo enriquecida com documentos históricos e peças museporto-alegre, Félix Émile Tauney, Victor Meirelles e Henriológicas pertencentes ao acervo do Senado Federal e que José da Silva, além de objetos decorativos, insígnias, da Câmara dos Deputados, os quais retratam momentos medalhas e condecorações usadas pela realeza brasileira. importantes do Legislativo na formação da nacionalidade Sim, pois o Legislativo brasileiro nasceu ainda no período e na história política do Brasil também no período repumonárquico, o que nos brinda com o privilégio de sermos blicano, iniciado em 1889. um dos mais antigos do continente americano. Documentos sobre as Constituições e as leis aqui aprovadas, decisões relevantes e personagens que marcaram a trajetória do País ao longo desse período devem ser do conhecimento de todos os brasileiros. Esta mostra não seria possível sem a parceria entre a Câmara, o Senado e o Ibram, do Ministério da Cultura (MinC), ao qual está subordinado o Museu Imperial, localizado na cidade de Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro. E sem o apoio da FAAP, instituição de notável dedicação ao ensino, à arte e à promoção da cultura e história brasileira aliada tradicional do Congresso Nacional em iniciativas de grande significado e marcadas por qualidade irrepreensível, que responde pela instalação e organização da mostra e pela confecção de seu catálogo. Assim Brasília, capital de todos os brasileiros e sede do Legislativo há 53 anos, teve, pela primeira vez, a oportunidade de conhecer um acervo museológico de elevado valor artístico-cultural, pertencente ao patrimônio histórico nacional, à altura desta importante efeméride e da própria história da instituição parlamentar. O Senado Federal e a Câmara dos Deputados se sentiram honrados em disponibilizar esse verdadeiro tesouro para o público na comemoração dos 190 anos do Parlamento do Brasil. O catálogo que foi elaborado para descrever a exposição No seu pronunciamento, a presidente do Conselho de O Império em Brasília. Curadores da FAAP, Celita Procopio de Carvalho, desta-

012 A partir da esquerda, Ricardo Oriá, curador da exposição, Maurício Vicente Ferreira Júnior, diretor do Museu Imperial e curador da exposição, Angelo Oswaldo de Araújo Santos, presidente do Ibram e Celita Procopio de Carvalho, presidente do Conselho de Curadores da FAAP. cou: Em janeiro deste ano, a FAAP recebeu da Câmara dos Deputados o convite para participar da exposição com a qual se iria comemorar os 190 anos da instalação da primeira Assembleia Constituinte da história do Brasil. Tema tão significativo na história do Brasil imperial, motivou intensamente a FAAP a integrar o núcleo de parceiros e assumir a responsabilidade de organizar e produzir a mostra O Império em Brasília: 190 Anos da Assembleia Constituinte de 1823 que está sendo inaugurada, hoje, 7 de agosto de 2013. A mostra conta com cinco módulos, nos quais são aborda- Um aspecto das peças que fizeram parte da mostra. dos: a transferência da corte portuguesa para a América; o processo de Independência do Brasil; a formação do Estado nacional o papel do Legislativo; a consolidação do Império do Brasil e os símbolos da ordem monárquica. Foram trazidas para o público obras de arte e objetos de valor simbólico e artístico, com o objetivo de reconstituir aspectos relacionados àquele período e resgatar seus principais fatos e personagens históricos, procedentes do Museu Imperial e do Museu do Senado. A FAAP tem se dedicado à educação e à promoção da cultura desde a sua criação, em 1947, em São Paulo. Dessa forma damos continuidade à nossa missão e nos sentimos muito honrados em participar dessas celebrações. A ministra de Estado da Cultura, Marta Suplicy, na abertura do catálogo enfatizou: Unir Brasília e Petrópolis na celebração de marco histórico tão relevante é uma iniciativa do Congresso que enalteceu as duas Casas legislativas tanto quanto valoriza a história do País e honra o Ministério da Cultura. Esta pasta, por intermédio do Ibram, empenha-se na concretização dos valores sociais da museologia, a fim de que os museus sejam capazes

Retrato do imperador d. Pedro I, elaborado por Henrique José da Silva. Juramento da princesa d. Isabel, um quadro de Victor Meirelles de Lima. Sessão das Cortes Gerais, Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa em 1822, obra de Oscar Pereira da Silva.

014 Um grande público compareceu à inauguração da exposição. localizado em Petrópolis, constituindo-se em um rico e dinâmico centro cultural, pelas diferentes atividades que articula, a partir de seus importantes acervos, coleções e programas. Não apenas o Segundo Reinado nele encontra referência, porque o Museu Imperial contempla um itinerário que procede da chegada da família real portuguesa, passa pela Independência e pela abdicação, estendendo-se para além da queda da monarquia, 81 anos depois do desembarque do então príncipe regente d. João. A CONSTITUINTE DE 1823 O professor Arno Wehling, presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), assim descreve a evolução dos fatos até se chegar a Constituinte de 1823: A primeira proposta para a convocação de uma Assembleia Constituinte foi do então juiz de fora de Vila Real da Praia Grande, atual Niterói, José Clemente Pereira, logo secundado por Nicolau de Campos Vergueiro, ambos de nacionalidade portuguesa e com extensa atuação política nas décadas seguintes, até o Segundo Reinado. de participar, efetivamente, do pleno desenvolvimento da sociedade brasileira. O Museu Imperial, criado pelo presidente Getúlio Vargas na década de 1940, conserva mais que a residência construída por d. Pedro II na serra fluminense, ao redor da qual planificou a cidade que recebeu o nome do imperador. Um notável acervo representativo do período e intensa atividade cultural fazem com que a instituição seja uma referência no quadro dos museus nacionais. O repertório escolhido para Na frente, a partir da esquerda, observando alguns dos objetos expostos, o curador da exposição, Maurício Vicente a mostra que se abre no Ferreira Júnior, a presidente do Conselho de Curadores da FAAP, Celita Procopio de Carvalho e o presidente do Congresso evidencia não só Ibram, Angelo Oswaldo de Araújo Santos. a riqueza dos testemunhos materiais, como também as dimensões variadas do trecho histórico, cujo início a Constituinte de 1823 demarcou. Dessa maneira, o Ministério da Cultura associa-se ao Senado da República e à Câmara dos Deputados na evocação da Constituinte de 1823, compartilhando a certeza de que a exposição contribui, de maneira exemplar, para o conhecimento dos primórdios da Independência e da busca de um regime democrático e participativo para o País. Deve-se ressaltar que o Museu Imperial é um dos museus nacionais que integram a rede do Ibram,

Em Sergipe não houve eleição de deputados, e, na Bahia, esta só ocorreu depois da expulsão das tropas portuguesas em julho de 1823, o que limitou a atuação da representação baiana aos últimos meses da Constituinte. As eleições para a Assembleia se realizaram com base nas instruções elaboradas pelo ministro José Bonifácio e divulgadas em 19 de junho de 1822. Elas previam sufrágio indireto, com eleitores de freguesia elegendo os de paróquia e estes representantes no modelo definido pela Constituição de Cádiz. Após uma sessão preparatória em 17 de abril, a Assembleia Geral Constituinte Juliana Baeza (à esquerda), o diretor-presidente da FAAP, Antonio Bias Bueno Guillon e Clarissa Coelho de Castro, e Legislativa do Império do curadora da exposição. Brasil instalou-se solenemente a 3 de maio de 1823, com a fala do imperador d. A Assembleia Constituinte foi convocada ainda na regênpedro I. Foram eleitos para a Assembleia 90 deputados, cia de d. Pedro, mas num clima no qual já se acentuava o distribuídos por 14 Províncias, das quais seis não tomaesgotamento da fórmula política do Reino Unido. ram assento nem tiveram substituto. Do ponto de vista Assim, em 3 de janeiro de 1822, três meses antes da da representação profissional, havia 26 bacharéis, 22 ruptura de 7 de setembro e quatro antes da criação do magistrados, 19 sacerdotes e sete militares, além de Império do Brasil, com a aclamação de d. Pedro como médicos, proprietários rurais e funcionários públicos. imperador em 12 de outubro, foram convocados, pela Os curadores da exposição Clarissa Castro, Maurício segunda vez, os deputados constituintes. Dessa vez, a Vicente Ferreira Jr. e Ricardo Oriá explicaram: À primeira reunião estava prevista para o Rio de Janeiro e não mais vista, o título dessa exposição pode parecer estranho, para Lisboa. especialmente no contexto de uma República FederatiOs acontecimentos posteriores a 3 de junho só fizeram va com uma segunda capital que já completa 53 anos. confirmar a ação de d. Pedro e do ministro José Bonifácio O que poucos sabem é que a ideia de mudança da sede do de Andrada e Silva. Nos preparativos para a aclamação, realizada a 12 de outubro, este chegou a se desentender com líderes maçônicos, que desejavam do novo imperador o compromisso prévio de juramento constitucional, que já havia sido exigido de d. João VI tanto em Portugal quanto no Brasil. Mantendo-se firme na negativa, o governo sinalizava que não cederia ante o que considerava a radicalização do processo político e a diminuição de seus poderes. A consolidação da Independência implicou gestões externas, para o reconhecimento do ato por outras nações, e a guerra de Independência, para eliminar bolsões de resistência à separação. A guerra impediu que se fizessem eleições nas Províncias que não aderiram à Independência. Com isso, ficaram sem representação na Constituinte a Província Os visitantes apreciando os documentos e peças museológicas na exposição no Salão Negro do Cisplatina, o Piauí, o Maranhão e o Pará. Congresso Nacional.

016 nia da Fala do Trono. Em um longo discurso, o imperador d. Pedro I ressaltou os fatos que levaram o Brasil a se tornar independente de Portugal para depois revelar suas pretensões absolutistas. Espero que a Constituição que façais mereça a minha imperial aceitação, um prenúncio dos impasses e conflitos que iriam ocorrer entre o imperador e os constituintes. D. Pedro I dissolveu a Assembleia em 12 de novembro de 1823, com uso da força militar, depois do acirramento das discussões em torno de um projeto de lei sobre a liberdade de imprensa. E a Constituinte tinha apenas 6 meses de funcionamento. Os O importante acervo reunido para exposição O Império em Brasília: 190 Anos da Assembleia Constituinte de deputados reagiram, em vão, à 1823 impressionou a todos os visitantes. violência do imperador, no evenpoder central para o interior do País remonta ao período to que passou à história como a Noite da Agonia. colonial de nossa história, com as propostas do marquês No entanto, a dissolução da Assembleia Constituinte pelo de Pombal, ministro do rei d. José I, e, posteriormente, imperador não reduziu sua importância. Além de ser um retirados pelos inconfidentes mineiros no final do século marco na história política e constitucional do País e o XVIII. E no início do século XIX, durante os trabalhos de primeiro espaço de representação parlamentar, a Consnossa primeira Assembleia Constituinte, o então deputituinte aprovou e sancionou seis projetos de lei, dos 39 tado José Bonifácio de Andrada e Silva revisitou a ideia apresentados, sete requerimentos, 157 indicações, 237 sugerindo o nome de Brasília ou Petrópole para a nova pareceres, além do próprio regimento interno que norteou capital. Assim, o nome de Brasília está associado ao os trabalhos legislativos. E inúmeros artigos do projeto período monárquico de nossa história no momento em de Constituição, elaborados pelo relator Antonio Carlos que se formava o Estado nacional brasileiro. de Andrada, foram incorporados à Carta outorgada pelo Dessa maneira, o Brasil recém-formado necessitava criar imperador em 1824. o seu próprio ordenamento jurídicopela primeira vez foram reunidos importantes documentos explicando a evolução da Assembleia -constitucional para consolidar-se como Constituinte, observados por José Luiz Hernández, curador do acervo do MAB-FAAP e José Theodoro Estado e inserir-se no conceito das na- Mascarenhas Menck, diretor adjunto da Consultoria Legislativa da Câmara dos Deputados. ções civilizadas. Desde a segunda metade do século XVIII, o mundo ocidental presenciava a mudança dos regimes políticos, com a substituição de monarquias absolutistas por governos de caráter constitucional. E, em 3 de maio de 1823, a cidade do Rio de Janeiro amanheceu em festa, comemorando a instalação de nossa primeira Constituinte, conforme relatou a viajante inglesa Maria Graham: A época era de extraordinária excitação. O imperador, a imperatriz e a filha mais velha estiveram presentes. Era o acontecimento mais importante para o Brasil desde que Pedro Álvares Cabral havia chegado às suas praias. A solenidade da instalação dos trabalhos da Constituinte se iniciou com a cerimô-