Regulação da publicidade infantil e prevenção da obesidade 241ª Assembleia Ordinária do CONANDA 09 de julho de 2015 Mariana de Araujo Ferraz Advogada e Consultora Mestre em Direitos Humanos - USP Ex-conselheira CONSEA Membro da Rede Brasileira de Infância e Consumo - Rebrinc
Obesidade Infantil e Publicidade Fonte: Instituto Alana
Interferência da Publicidade Fonte: Instituto Alana
Diversas estratégias
CONANDA Resolução 163/2014 CONANDA
O CONANDA Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente Competência de elaborar as normas gerais da política nacional de atendimento dos direitos da criança e do adolescente, fiscalizando as ações de execução - Lei 8.242/1991, art. 2º Res. 163/2014: Define como abusiva a prática do direcionamento de publicidade e comunicação mercadológica à criança com a intenção de persuadi-la para o consumo de qualquer produto ou serviço, por meio de aspectos como:
Resolução 163 CONANDA - linguagem infantil; - efeitos especiais e excesso de cores; - trilhas sonoras de músicas infantis ou cantadas por vozes de criança; - representação de criança; - pessoas ou celebridades com apelo ao público infantil; - personagens ou apresentadores infantis; - desenho animado ou de animação; - bonecos ou similares; - promoção com distribuição de prêmios ou de brindes colecionáveis ou com apelos ao público infantil; - promoção com competições ou jogos com apelo ao público infantil.
Constitucionalidade Regulação da Publicidade Infantil CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Constitucionalidade Regulação da Publicidade Infantil CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 5º XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: V - defesa do consumidor; Art. 48 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias determina ao legislador que edite em 120 dias um Código de Defesa do Consumidor. Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990 Código de Defesa do Consumidor
Publicidade O que é? Mensagem dirigida ao público com a finalidade de estimular a demanda de produtos e serviços. Fator persuasivo Estímulo ao consumo É atividade comercial Regrada pela CF no título da Ordem Econômica e Financeira Está sujeita a regras
diferente de: Liberdade de Expressão Refere-se à difusão de idéias e conceitos Regrada pela CF no título dos Direitos e Garantias Fundamentais Proibido censura de natureza política, ideológica e artística NÃO HÁ NENHUMA PREVISÃO NA CF SOBRE liberdade de expressão mercadológica neologismo Não há menção expressa a um direito à publicidade
O argumento da inconstitucionalidade... Exigência de Lei Federal para disciplinar as possíveis restrições à publicidade (CF, art. 220, 3º, II) Essa lei já existe!!!! Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990 Código de Defesa Consumidor
Código de Defesa do Consumidor Direitos Básicos do Consumidor : (art. 6º, IV) Proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais; Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva. 1 É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços.
Código de Defesa do Consumidor Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva. 2 É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança. Princípio da Identificação Art. 36. A publicidade deve ser veiculada de tal forma que o consumidor, fácil e imediatamente, a identifique como tal.
Hipervulnerabilidade da Criança Prejudicado o Princípio da Identificação Criança é hipervulnerável às práticas de marketing Além da menor experiência de vida e de menor acúmulo de conhecimentos, a criança ainda não possui a sofisticação intelectual para abstrair as leis (físicas e sociais) que regem esse mundo, para avaliar criticamente os discursos que outros fazem a seu respeito (Conselho Federal de Psicologia)
Importância da Res. 163/2014 do CONANDA Clarifica as características da comunicação mercadológica abusiva direcionada à criança Clarifica a abusividade das ações de marketing em instituições escolares de educação infantil e fundamental Excepciona o caso de campanhas de utilidade pública
Projetos de Lei Estudo Idec IDRC: Temas considerados prioritários por especialistas: restrições à comercialização de brindes e brinquedos associados à alimentos; restrições à comercialização e/ou publicidade de alimentos nas escolas; restrições à publicidade de alimentos (avisos de alerta sobre riscos pontenciais, proibição de direcionamento à criança, restrições de horários); regramento das informações dispostas na rotulagem/embalagem de alimentos (avisos de alerta, restrição ao uso de mascotes, etc); Disponível em: http://www.idec.org.br/publicidade -alimentos-nao-saudaveis/
Próximos passos O que pode ser feito a partir da Resolução 163 do CONANDA?
Próximos passos Solicitar aos órgãos competentes (Ministério Público, órgãos de defesa do consumidor, etc. ) a fiscalização do cumprimento à Res.163 Solicitar aos Ministérios que divulguem formalmente a Res. 163. Ex: MS: envio de nota técnica aos secretários estaduais e municipais de saúde; campanhas de alerta à população e profissionais da saúde MJ: por meio da Senacon, elaboração de nota técnica aos órgãos de defesa do consumidor para fiscalização da publicidade abusiva direcionada à criança MEducação: campanhas de divulgação da Res. 163 e adequação das cantinas escolares
Mariana de Araujo Ferraz Advogada e consultora Mestre em Direitos Humanos Faculdade de Direito do Largo São Francisco, Universidade de São Paulo USP Membro da Rebrinc Colaboradora do Idec e Instituto Alana Email: aferraz.mariana@gmail.com