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Conselho Nacional de Justiça PJe - Processo Judicial Eletrônico 27/02/2019 Número: 0009142-28.2018.2.00.0000 Classe: PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS Órgão julgador colegiado: Plenário Órgão julgador: Corregedoria Última distribuição : 09/10/2018 Valor da causa: R$ 0,00 Relator: HUMBERTO EUSTAQUIO SOARES MARTINS Assuntos: Providências Objeto do processo: CNJ - Providências - Orientação administrativa aos Tribunais e Magistrados do Trabalho - Vedação para o pagamento direto de contribuições para o FGTS aos empregados, no âmbito de ações e acordos trabalhistas - Artigos 15, 18, 19-A e 26, Parágrafo único, da Lei 8.036/1990. Segredo de justiça? NÃO Justiça gratuita? NÃO Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO Partes Procurador/Terceiro vinculado UNIÃO FEDERAL (REQUERENTE) CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA - CNJ (REQUERIDO) Id. 35669 24 Data da Assinatura Documento Documentos 27/02/2019 14:48 Manifestação Anamatra Informações Tipo

EXMO SR. CORREGEDOR NACIONAL DE JUSTIÇA, MINISTRO HUMBERTO MARTINS, DD. RELATOR DO PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS N. PP 0009142-28.2018.2.00.0000 (CNJ) A ANAMATRA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS MAGISTRADOS DA JUSTIÇA DO TRABALHO, em atendimento à intimação para responder despacho constante nos autos do Pedido de Providências nº 0009142-28.2018.2.00.0000 (ID nº 3500521), proferido pelo Excelentíssimo Senhor Corregedor Nacional de Justiça, Ministro Humberto Martins, vem respeitosamente, perante Vossa Excelência, prestar informações e se posicionar acerca do pagamento direto do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) aos empregados no âmbito de ações e/ou acordos trabalhistas. A presente manifestação se faz com base em parecer exarado pelo representante da Região Centro-Oeste da Comissão Nacional de Prerrogativas da ANAMATRA, o Juiz do Trabalho André Araújo Molina. Parecer este já aprovado pela Diretoria e pelo Conselho de Representantes, consoante tramitação prevista no Regulamento da Comissão Nacional de Prerrogativas RCNP. Diante disso, apresenta a ANAMATRA suas razões nos seguintes termos. I. Introdução Cuida-se de Pedido de Providências, instaurado pela União em face deste eg. Conselho Nacional de Justiça CNJ no qual postula que este CNJ emita uma orientação acerca do pagamento direto do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço FGTS, exigindo que os magistrados trabalhistas não mais determinem tal pagamento aos empregados, no âmbito das ações judiciais de sua competência, devendo reverter os valores, necessariamente, para a conta vinculada do trabalhador, mediante recolhimento. 1 Num. 3566924 - Pág. 1

A União, ora requerente, alega que o pagamento direto viola os arts. 15, 18, 1º, 19-A e 26, da Lei n. 8.036/1990, impondo o Conselho Nacional de Justiça a dar um parecer que lhe seja mais favorável. O relator do presente pedido de providências, o eminente Corregedor Nacional de Justiça, Ministro Humberto Martins, solicitou informações desta associação, bem como da Associação dos Magistrados do Brasil AMB e do Conselho Superior da Justiça do Trabalho CSJT, para que o CNJ tenha condições de avaliar o tema. II. Lei n. 8.036/1990 - Dispõe sobre o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço A redação atual dos dispositivos supracitados é a seguinte: Art. 15. Para os fins previstos nesta lei, todos os empregadores ficam obrigados a depositar, até o dia 7 (sete) de cada mês, em conta bancária vinculada, a importância correspondente a 8 (oito) por cento da remuneração paga ou devida, no mês anterior, a cada trabalhador, incluídas na remuneração as parcelas de que tratam os arts. 457 e 458 da CLT e a gratificação de Natal a que se refere a Lei nº 4.090, de 13 de julho de 1962, com as modificações da Lei nº 4.749, de 12 de agosto de 1965. Art. 3º. A ANAMATRA poderá agir como representante ou substituta, administrativa, judicial ou extrajudicialmente, na defesa dos interesses, prerrogativas e direitos dos magistrados associados, de forma coletiva ou individual. Art. 18. Ocorrendo rescisão do contrato de trabalho, por parte do empregador, ficará este obrigado a depositar na conta vinculada do trabalhador no FGTS os valores relativos aos depósitos referentes ao mês da rescisão e ao imediatamente anterior, que ainda não houver sido recolhido, sem prejuízo das cominações legais. 1º Na hipótese de despedida pelo empregador sem justa causa, depositará este, na conta vinculada do trabalhador no FGTS, importância igual a quarenta por cento do montante de todos os depósitos realizados na conta vinculada durante a vigência do contrato de trabalho, atualizados monetariamente e acrescidos dos respectivos juros. Art. 19-A. É devido o depósito do FGTS na conta vinculada do trabalhador cujo contrato de trabalho seja declarado nulo nas hipóteses previstas no art. 37, 2o, da Constituição Federal, quando mantido o direito ao salário Art. 26. É competente a Justiça do Trabalho para julgar os dissídios entre os trabalhadores e os empregadores decorrentes da aplicação desta lei, mesmo quando a Caixa Econômica Federal e o Ministério do Trabalho e da Previdência Social figurarem como litisconsortes. Parágrafo único. Nas reclamatórias trabalhistas que objetivam o ressarcimento de parcelas relativas ao FGTS, ou que, direta ou indiretamente, impliquem essa obrigação de fazer, o juiz determinará que a empresa sucumbente proceda ao recolhimento imediato das importâncias devidas a tal título. 2 Num. 3566924 - Pág. 2

Entende-se da leitura dos dispositivos acima, especialmente o artigo 26, parágrafo único, que nos processos de competência trabalhista, em que tiver como objeto os depósitos do FGTS, a condenação será na modalidade de obrigação de fazer, acarretando como consequência o não pagamento direto dos respectivos valores e determinando que o devedor faça o depósito na conta vinculada do trabalhador, preconizando que os magistrados trabalhistas estejam impedidos de determinar o pagamento direto aos trabalhadores, no âmbito da própria ação, sob risco de flagrante ilegalidade judicial. Decorre que, com a vigência do novo CPC de 2015, que rompe com as modalidades de execução, onde havia um rito específico para a execução de pagar e outro para a execução de fazer, entende-se que não há mais essa separação de execução, ampliando a autonomia judicial do magistrado, dentro de seus limites, é claro. É importante destacar o art. 139, IV do CPC de 2015, que diz: Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: (...) IV determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou subrogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária; Depreende-se do artigo que compete ao juiz determinar as medidas necessárias no que se refere ao direito material em questão, assegurando o cumprimento da ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária. Observa-se, portanto, que cabe ao juiz a adaptar e flexibilizar os procedimentos dentro do processo, prezando pela celeridade processual e rompendo com as formalidades, para que desta forma, haja maior efetividade possível (art. 8º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, arts. 8º e 25 da Convenção Americana de Direitos Humanos, arts. 4º, 6º e 8º do CPC e art. 765 da CLT). Bueno diz que: No que diz respeito aos textos legislativos citados acima, Cássio Scarpinella Trata-se de regra que convida à reflexão sobre o CPC de 2015 ter passado a admitir, de maneira expressa, verdadeira regra de flexibilização das técnicas executivas, permitindo ao magistrado, consoante as peculiaridades do caso concreto, modificar o modelo preestabelecido pelo Código, determinando a adoção, sempre de forma fundamentada, dos mecanismos que se mostrem mais adequados para a satisfação 3 Num. 3566924 - Pág. 3

do direito, levando em conta as peculiaridades do caso concreto. Um verdadeiro dever-poder geral executivo, portanto. 1 É importante ressaltar ainda, o artigo 190, do CPC/2015: Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo. Observa-se, portanto, no dispositivo supracitado que, além da autonomia que o juiz possui, as partes também podem ajustar o procedimento da causa, podendo substituir os procedimentos legais padrão pelos procedimentos acordados entre si. Essa flexibilidade é bastante comum em transações judiciais trabalhistas, ocasião em que as partes celebram acordo por determinado valor, englobando as parcelas devidas a título de FGTS, porém ao invés de ajustarem o recolhimento na conta vinculada do trabalhador, já determinam que seja feito o pagamento, no prazo ajustado, sob pena de execução direta e incidência da cláusula penal. Salientando a ideia de desburocratização ao acesso dos cidadãos aos direitos, fora aprovada a Lei n. 13.726/2018, que visa a tomar providências dentro do serviço público, incentivando a criação de grupos de trabalho, para que identifiquem procedimentos abusivos e descabidos e para amenizar o excesso de burocracia, como consta no art. 5º, I e II. Art. 5º Os Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios poderão criar grupos setoriais de trabalho com os seguintes objetivos: I - identificar, nas respectivas áreas, dispositivos legais ou regulamentares que prevejam exigências descabidas ou exageradas ou procedimentos desnecessários ou redundantes; II - sugerir medidas legais ou regulamentares que visem a eliminar o excesso de burocracia. Desse modo, há o entendimento que os citados artigos 15, 18, 1º, 19-A e 26 da Lei n. 8.036/1990, que regula tanto o direito material, quanto o procedimento para cobrança dos valores devidos ao FGTS, devem ser atualizados com o novo modelo de flexibilização processual, onde admite-se que o magistrado (arts. 139, IV) tenha uma ampla autonomia para reajustar o procedimento de modo a dar maior celeridade processual. Portanto, se o magistrado tiver o entendimento de que o autor atende os requisitos da própria Lei 1 BUENO, Scarpinella. Manual de direito processual civil. São Paulo: Saraiva, 2015, p. 165. 4 Num. 3566924 - Pág. 4

supracitada, não há razão para que este determine o recolhimento, para ele mesmo, dias depois, expedir uma nova ordem de saque dos respectivos valores. Por fim, ainda que a União defenda que há violações dos artigos 15, 18, 1º, 19-A e 26 da Lei n. 8.036/1990, no sentido de que os depósitos têm que ser efetuados através da conta vinculada ao processo, caso contrário, sob pena de flagrante ilegalidade judicial, há que destacar que a adaptação procedimental também é possível, dentro do âmbito de atuação jurisdicional do juiz natural, ou seja, não há como o Conselho Nacional de Justiça definir qual procedimento é o mais adequado, pois cada processo há uma interpretação jurídica diferente, justificando, assim, a autonomia do magistrado, sob pena de ofensa à independência judicial, pilar indissociável da democracia constitucional brasileira. Portanto, ao que parece, o que busca a UNIÃO, com a devida vênia, é utilizar este eg. Conselho Nacional de Justiça para impor, por via transversa, uma interpretação jurídica que lhe seja mais favorável. De outro lado, fica resguardado à União atuar, judicialmente, nos processos em que os juízes do trabalho determinarem o pagamento direto do FGTS, podendo recorrer das decisões que achar pertinentes, mas tem que proporcionar a oportunidade dos debates das teses, a oitiva dos interessados, a ampla publicidade, requisitos todos de legitimidade que precisam ser prestigiados no processo de formação dos precedentes obrigatórios. III. Conclusão Diante do que foi exposto, entende a ANAMATRA que o Conselho Nacional de Justiça não possui atribuição para determinar, mediante ato administrativo orientador, qual a melhor interpretação para que os magistrados possam se basear, razão pela qual o PP 0009142-28.2018.2.0000 deve ser extinto. Sucessivamente, caso haja apreciação de mérito, há a necessidade de interpretar a Lei n. 8.036/1990 conjuntamente com o novo CPC de 2015, atentando-se ao artigo 139, IV e 190, onde permitem que o juiz e as partes reajustem o procedimento legal padrão, dando maior celeridade processual e maior efetividade ao direito material, de modo que qualquer orientação do CNJ no sentido em que pretende a UNIÃO, estaria, além de retirando a independência funcional do juiz natural, indicando para uma interpretação menos efetiva da lei 5 Num. 3566924 - Pág. 5

específica, além de substituir a atribuição da própria UNIÃO em valer-se dos recursos processuais próprios, para que sua interpretação prevaleça nos casos concretos. Assim, pela defesa das prerrogativas dos magistrados do Trabalho e, antes disso, pelas suas liberdades e garantias constitucionais, a bem da Democracia e do Estado de Direito, requer a ANAMATRA, a este colendo Conselho Nacional de Justiça que seja julgado improcedente o presente Pedido de Providências. Posto isso, requer a ANAMATRA: (1) seja observada a regra dos 1º e 2º, do art. 272, do CPC/2015; (2) seja realizado o imediato cadastramento dos advogados signatários no feito, de modo a permitir o acesso aos autos eletrônicos e o direito à realização de sustentação na sessão plenária de julgamento; (3) sejam consideradas as razões ora apresentadas para que o presente Pedido de Providências seja extinto ou, sucessivamente, julgado improcedente, em obediência à independência judicial, pilar indissociável da democracia constitucional brasileira. Termos em que pede deferimento. Brasília/DF, 27 de fevereiro de 2019. EMILIANO ALVES AGUIAR (OAB-DF, nº 24.628) PEDRO L BRAGANÇA FERREIRA (OAB-DF, nº 39.964) 6 Num. 3566924 - Pág. 6