FERTILIDADE E RESISTÊNCIA À PENETRAÇÃO DO SOLO EM SISTEMA AGROFLORESTAL NO IFSULDEMINAS CÂMPUS INCONFIDENTES

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Transcrição:

6ª Jornada Científica e Tecnológica e 3º Simpósio de Pós-Graduação do IFSULDEMINAS 04e 05 de novembro de 2014, Pouso Alegre/MG FERTILIDADE E RESISTÊNCIA À PENETRAÇÃO DO SOLO EM SISTEMA AGROFLORESTAL NO IFSULDEMINAS CÂMPUS INCONFIDENTES Joice M. N. BARBOSA 1 ; Lilian V. A. PINTO 2 ; Vinícius A. CÂNDIDO 3 RESUMO Sistemas agroflorestais são considerados uma prática que alia à produção de alimentos e outros bens a preservação dos recursos naturais. Dentre os recursos naturais o solo é a base para a agricultura e para o equilíbrio dos ecossistemas, tornando-se necessário adotar práticas que colaborem com sua preservação. Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi avaliar a contribuição de sistema agroflorestal na fertilidade do solo por meio de análise química e avaliar a resistência mecânica a penetração na área do sistema e nas áreas circunvizinhas. Concluiu-se que o sistema agroflorestal contribuiu para o incremento de elementos químicos no solo colaborando com o aumento da fertilidade, entretanto, quanto à resistência do solo a penetração o tempo de implantação de 3 anos e 3 meses ainda não foi suficiente para promover melhorias nesse aspecto. INTRODUÇÃO Os Sistemas Agroflorestais consistem na associação de espécies florestais, frutíferas e culturas agrícolas, podendo ser inseridos também animais. Tem a diversidade como pressuposto buscando se aproximar dos ecossistemas naturais. Apresentam-se como promissores ao aliar produção e preservação dos recursos naturais, contribuindo diretamente para a conservação do solo. O solo é a base para uma agricultura e uma produção florestal sustentável, portanto é necessário adotar práticas de manejo que visem conservar, e ou, restaurar sua fertilidade, a fim de manter a produtividade (Alvarenga, 1996) respeitando os ecossistemas e suas dinâmicas. 1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais Câmpus Inconfidentes. Inconfidentes/MG, email: joiceggp@hotmail.com; 2 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais Câmpus Inconfidentes. Inconfidentes/MG, email: lilianvap@gmail.com; 3 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais Câmpus Inconfidentes. Inconfidentes/MG, email: vinicius.ifambiental@gmail.com.

A presença de nutrientes é um dos aspectos fundamentais que garantem a qualidade dos solos e o seu bom uso e manejo, principalmente no caso de agroecossistemas (Lopes & Guilherme, 2007), ambiente constantemente explorado em que ocorre saída elevada de nutrientes por meio de frutos, grãos e madeira. Os elementos são considerados essenciais quando constituem um metabólito ou são requeridos para a ação de um processo metabólico. Desta forma são elementos essenciais e nutrientes para as plantas: carbono (C), Hidrogênio (H), Oxigênio (O), Nitrogênio (N), Fósforo (P), Enxofre (S), Potássio (K), Cálcio (Ca), Magnésio (Mg), Ferro (Fe), Manganês (Mn), Cobre (Cu), Zinco (Zn), Molibdênio (Mo), Boro (B), e Cloro (Cl) (Neto et al. 2001). Mesmo com limitações, já que não diz respeito à acessibilidade das plantas aos nutrientes existentes no solo, a análise do solo continua a ser um instrumento fundamental para adubação e correção do solo em sistemas orgânicos (Feiden, 2001). A avaliação da resistência mecânica a penetração (RMP) permite a identificação de valores potencialmente limitantes ao crescimento das raízes e possibilita também que se possam estabelecer valores críticos de umidade e de densidade do solo (Imhoff et al., 2000). Aguiar (2011) ressalta que o uso agrícola pode provocar alterações na resistência do solo à penetração, causando modificações negativas, pois degrada a estrutura do solo, o que leva solos cultivados ou pastejados a apresentarem, geralmente, maior RMP quando comparados com solos sob vegetação natural. Com o exposto, o presente estudo objetiva avaliar a contribuição de sistema agroflorestal na fertilidade do solo por meio de análise química e avaliar a resistência mecânica a penetração na área do sistema e nas áreas circunvizinhas. MATERIAL E MÉTODOS A área de estudo localiza-se na Fazenda Escola do IFSULDEMINAS Câmpus Inconfidentes, altitude de 879 m, coordenadas geográficas de 22º18 37 latitude sul e 46º19 47 longitude oeste. Apresenta clima segundo a classificação de Köeppen, do tipo tropical úmido, com estação chuvosa (outubro a março) e seca (abril a setembro), com precipitação média anual de 1.800 mm e temperatura média de 19 C.

O experimento foi implantado em dezembro de 2010, abrange uma área de 0,024 ha sendo 20 m de largura e 15 m de comprimento. Esta área foi dividida em duas parcelas de 0,012 ha, uma denominada plantio convencional e outra sistema agroflorestal modelo silviagrícola (Cândido, 2013). Nesse mês (dez. 2010) foi realizado plantio das mudas florestais Lonchocarpus muehlbergianus Hassl. (embira-de-sapo), Cytharexyllum myrianthum (tucaneira), Cabralea canjerana (canjerana) e das mudas frutíferas de Psidium guajava (goiaba) e Musa paradisiaca (banana) seguindo o espaçamento 3x2 m. Devido à morte de todos os indivíduos da espécie Cabralea canjerana (canjerana), realizou-se o plantio da Schinus terebinthifolius (aroeira-pimenteira) no mês de agosto de 2011. No mesmo mês introduziram-se nas linhas, espécies frutíferas Bactris gasipaes (pupunha), Eriobothrya japonica (Thunb.). Lind (ameixa), Prunus myrtifolia (L.) Urb (pessegueiro-bravo), Eugenia pyriformis Cambess (uvaia), (Cândido, 2013). Para avaliar a contribuição na fertilidade do solo foram realizadas três análises químicas no laboratório de análises de solo do IFSULDEMINAS Câmpus Inconfidentes seguindo a metodologia proposta pela CFSEMG (1999). Analisou-se os teores de ph, P, K, Ca, Mg, Al, e também a SB (Soma de Bases), H+Al (Hidrogênio + Alumínio), CTC (Capacidade de Troca Catiônica a ph 7), V% (Saturação por base) e M.O (matéria orgânica). Os resultados foram avaliados tendo como referência os valores estabelecidos pela CFSEMG. A resistência mecânica do solo à penetração (RMP) foi avaliada em março de 2014, fazendo uso do penetrômetro de Stolf, efetuando-se leituras a cada 5 cm, até a profundidade de 40 cm. Foram realizadas cinco repetições em cada área (SAF, convencional, área circunvizinha). Os valores obtidos foram convertidos em MPa a partir das equações: R= 5,6 + 6,89 x N x 10 e MPa= 0,0980665 x R Em que: R é a resistência apresentada em kgf/cm 2 N é o nº de impactos/profundidade (cm) Para classificar a RMP do solo utilizaram-se os valores estabelecidos pela USDA (1993), que propõe a seguinte classificação: RMP<0,1= Baixa; 0,1<RMP<2,0 = Intermediária; RMP>2,0 = Elevada.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos para a análise química de fertilidade do solo (Tabela 1) evidenciam que houve contribuição significativa após a implantação do sistema na área, podendo ser verificado na segunda análise (março 2012) aumento nos teores dos elementos avaliados (P, K, Ca, Mg, SB, CTC V%) ao comparar com a primeira análise (março 2011), realizada 3 meses após a implantação. Na terceira análise realizada (abril 2014) os valores começaram a decair, porém, verifica-se aumento no teor de fósforo (P). Ressalta-se que a principal fonte de nutrientes da área é proveniente da matéria orgânica resultante da queda de folhas e frutos, e eventualmente excrementos de animais (galinha d Angola e pássaros) que visitam a área. De acordo com Marin Perez (2002), deve-se dar importância à matéria orgânica como principal fonte de N, P, S e micronutrientes do solo, podendo conter de 15 a 80% do fósforo total encontrado no solo. Tabela 1. Resultados analíticos para fins de fertilidade do solo na área do sistema agroflorestal Inconfidentes, MG. ph P K Ca Mg H+Al Al SB CTC V M.O ANÁLISES --mg/dm 3 -- ----------------Cmol/dm 3 ----------------- % dag/kg 1.mar.2011 6,6 91 177 2,10 1,30 1,84 0,90 3,9 5,7 67,7-2.mar.2012 6,3 384,3 240 8,34 4,08 2,35 0 13,04 15,38 84,7 0,68 3.abr.2014 6,7 674 184 6,31 1,38 1,88 0 8,16 10,04 81,2 0,37 Fonte:IFSULDEMINAS-Câmpus Inconfidentes, laboratório de análise de solos. Os valores obtidos para a avaliação de resistência mecânica a penetração nas diferentes áreas encontram-se na tabela 2. A média obtida de RMP para o solo do SAF de acordo com a tabela da USDA (1993) foi considerada alta. Observou-se valores acentuados a partir dos 10 cm (3,27 MPa) com redução entre 30 e 35 cm (2,20 e 1,82 MPa). Para a área sob cultivo convencional a média foi considerada alta, os maiores valores também foram verificados a partir dos 10 cm (3,27 MPa), com redução entre 30 e 35 cm (2,29 e 1,96 MPa) evidenciando valores semelhantes aos obtidos no SAF. Na área circunvizinha a média obtida foi considerada intermediária (1,63 MPa). Mantendo variação menor nos valores em relação às outras áreas avaliadas.

Tabela 2: Resistência mecânica à penetração nas áreas do SAF, Convencional e área circunvizinha. Resistência Mecânica a Penetração Profundidade (cm) SAF Convencional Área circunvizinha 0-5 1,96 0,49 1,96 5-10 1,96 1,96 1,71 10-15 3,27 3,27 1,47 15-20 3,31 3,55 1,96 20-25 2,35 2,65 1,37 25-30 2,20 2,29 1,80 30-35 1,82 1,96 1,40 35-40 1,71 1,65 1,35 Média 2,32 2,23 1,63 Aguiar (2008) ao comparar área sob sistema agroflorestal e cultivo a pleno sol em latossolo vermelho amarelo observou valores acima de 2,0 MPa nas camadas de 15 a 20 cm nas duas áreas avaliadas. Para Imhoff (2000) valores a partir de 2,5 MPa afetam o crescimento das plantas. Os valores obtidos em alguns pontos do SAF evidenciam níveis de compactação e podem provocar limitações no desenvolvimento das espécies inseridas na área. Entretanto há indicações de culturas que se desenvolvem normalmente até valores superiores a 3,0 MPa (Beuther e Centurion, 2003; Aguiar, 2008). CONCLUSÕES Conclui-se que o sistema agroflorestal contribuiu para o incremento de elementos químicos no solo colaborando com o aumento da fertilidade. A avaliação da resistência do solo a penetração apresentou valores elevados indicando que o tempo de 3 anos e 3 meses da implantação do sistema agroflorestal ainda não foi suficiente para promover melhorias neste aspecto. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUIAR, M. I. de; Qualidade física de solo em sistemas agroflorestais. 2011. 91 p. Dissertação (Mestrado em Solos e Nutrição de Plantas) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2011.

ALVARENGA, M. I. N. Propriedades físicas, químicas e biológicas de um Latossolo Vermelho-Escuro em diferentes ecossistemas. 1996. 211 p. Tese (Doutorado em Fitotecnia) Universidade Federal de Lavras, Lavras, 1996. CÂNDIDO, V. A. Sistema agroflorestal para recomposição de reserva legal em propriedades de agricultores familiares. 2013. 59 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Gestão Ambiental) IFSULDEMINAS Câmpus Inconfidentes, Inconfidentes, 2013. COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais - 5ª Aproximação Viçosa, MG. UFV. 1999. 359p. FEIDEN, A. Conceitos e Princípios para o Manejo Ecológico do Solo. Seropédica: Embrapa Agrobiologia, 2001. 21 p. (Embrapa Agrobiologia. Documentos, 140). IMHOFF, S.; SILVA, A. P. da; TORMENA, C. A. Aplicações da curva de resistência no controle da qualidade de um solo sob pastagem. Pesquisa Agropecuária Brasileira, p. 1493-1500, 2000. LOPES, A. S.; GUILHERME, L. R. G. Fertilidade do solo e produtividade agrícola. In: NOVAIS, R. F. et al., Fertilidade do solo. SBCS, Viçosa. 2007. Cap. I, p. 2-61. MARIN PEREZ, A. M. Impactos de um sistema agroflorestal com café na qualidade do solo. 2002. 94p. Tese (Doutorado em Solos e Nutrição de Plantas) Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2002. NETO, A. E. F. et al. Fertilidade do solo. Lavras: UFLA/FAEPE. 2001. 261 p.