PESQUISA EM SALA DE AULA E FORMAÇÃO DOCENTE

Documentos relacionados
CONSTRIBUIÇÕES DO PIBID NA FORMAÇÃO DOCENTE

O PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO DOCENTE NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA NO CAMPUS AMAJARI - IFRR: PERCEPÇÕES, DESAFIOS E PERSPECTIVAS

Professores do PED criam Mestrado Profissional em Educação: Formação de Formadores. Marli Eliza Dalmazo Afonso de André

OS SABERES DOCENTES: AS CONCEPÇÕES DE PROFESSORAS DA REDE MUNICIPAL DO RECIFE

PRÁTICA DE ENSINO E O ESTÁGIO SUPERVISIONADO: DESENVOLVIMENTO DE ATITUDES INVESTIGATIVAS PARA A DOCÊNCIA

TÍTULO: AULAS EXPERIMENTAIS DE CIÊNCIAS A PARTIR DE ATIVIDADES INVESTIGATIVA

Palavras-chave: Formação docente, Concepção didática, Licenciatura

RECIPROCIDADE NA FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA DE PROFESSORES: PROPOSTA EM DISCUSSÃO

FORMAÇÃO DE PROFESSOR: A CONSTRUÇÃO DO SABER DOCENTE¹

FORMAÇÃO DOCENTE: O PIBID E A FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES 1

Professor ou Professor Pesquisador

A RELAÇÃO DO ENSINO DE CIÊNCIAS/BIOLOGIA COM A PRÁTICA DOCENTE

A VISÃO DOS ALUNOS CONCLUINTES DO CURSO DE PEDAGOGIA DA FCT-UNESP DE PRESIDENTE PRUDENTE A RESPEITO DE PESQUISA

A FORMAÇÃO DE PROFESSORES: UM PROCESSO QUE MERECE UM OLHAR ESPECIAL

IMPACTOS DA EXPERIÊNCIA DA PESQUISA UNIVERSITÁRIA NA CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO COMO FUTURO PROFESSOR

PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO: PESQUISA E CURRÍCULO.

A DOCENCIA NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL: UM OFÍCIO PRODUTOR DE MESTRES NO ENSINO E NAS PROFISSÕES

A PESQUISA, A FORMAÇÃO DE PROFESSORES E OS FINS DA EDUCAÇÃO Telma Romilda Duarte Vaz Universidade Estadual Paulista Campus de Presidente Prudente

CONTRIBUIÇÕES DO PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA PARA A FORMAÇÃO DOCENTE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

23/08/2013. Pedagogia. Sete princípiosde diferenciaçãoda qualidade profissional docente conforme Pinheiro (2013):

A Proposta Pedagógica em questão: caminhos e descobertas 1 Alunas do Normal Superior da Faculdade Montserrat

Índice. 1. Professor-Coordenador e suas Atividades no Processo Educacional Os Saberes dos Professores...4

A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO EDUCACIONAL NO PROCESSO DO ENSINO DE BIOLOGIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DEPARTAMENTO DE MODERNIZAÇÃO E PROGRAMAS DA EDUCAÇÃO SUPERIOR

Aula 1 O processo educativo: a Escola, a Educação e a Didática. Profª. M.e Cláudia Benedetti

FORMAÇÃO INICIAL NOS CURSOS DE LICENCIATURA E PEDAGOGIA: QUAL O SEU IMPACTO NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DE UM BOM PROFESSOR?

OS DESAFIOS DA PESQUISA NA FORMAÇÃO DOS ESTUDANTES DO CURSO DE PEDAGOGIA OFERECIDO PELA PLATAFORMA FREIRE, NO MUNICÍPIO DE BOM JESUS DA LAPA BA

A Prática Pedagógica do Professor

No entanto, não podemos esquecer que estes são espaços pedagógicos, onde o processo de ensino e aprendizagem é desenvolvido de uma forma mais lúdica,

1 O Governo do Estado de Minas Gerais elaborou e implementou, em 2002, o Projeto Veredas

A ESTRATÉGIA DE APRENDIZAGEM: PORTFÓLIO REFLEXIVO NO ENSINO DE CIÊNCIAS

PERSPECTIVAS DO PLANEJAMENTO NO ENSINO FUNDAMENTAL PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES

Ensino de Didática: Parceria entre Universidade e Escola Básica

PORTFÓLIO - DO CONCEITO À PRÁTICA UNIVERSITÁRIA: UMA VIVÊNCIA CONSTRUTIVA

PENSAMENTOS DE PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS SOBRE SABERES DOCENTES: DEFINIÇÕES, COMPREENSÕES E PRODUÇÕES.

FORMAÇÃO DIDÁTICO - PEDAGÓGICA DO DOCENTE DO ENSINO SUPERIOR

Plano de Ensino. Identificação. Câmpus de Bauru. Curso 2503L - Licenciatura em Artes Visuais. Ênfase. Disciplina A - Didática

Educação, tecnologia, aprendizagem exaltação à negação: a busca da relevância

O SABER DOCENTE DOS PROFESSORES QUE ATUAM NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS EM UMA ESCOLA DO CAMPO

AS PERSPECTIVAS DOS ALUNOS DO 6ª ANO SOBRE A IMPORTÂNCIA DAS AULAS DE REFORÇO EM MATEMÁTICA

RESENHA. Contrapontos - volume 4 - n. 2 - p Itajaí, maio/ago

Palavras-chave: Formação de Professores; Formação Continuada e Estratégias Formativas.

A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM: CONTRIBUIÇÕES NA FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SECRETARIADO EXECUTIVO

PLANO DE CURSO 1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:

SABERES E COMPETÊNCIAS NECESSÁRIOS À DOCÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR

SISTEMATIZAÇÃO COLETIVA DO CONHECIMENTO COMO ALTERNATIVA METODOLÓGICA PARA O ENSINO DE FÍSICA DO ENSINO MÉDIO

FORMAÇÃO CONTINUADA EM SERVIÇO: ressignificar a pesquisa na escola numa abordagem da relação de saberes LUCIANA VIEIRA DEMERY

A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA E O BOM ENSINO DE HISTÓRIA: POSSIBILIDADE DE AUTONOMIA DOS DOCENTES E DISCENTES

A CONTEXTUALIZAÇÃO COMO AGENTE FACILITADOR NO PROCESSO ENSINO E APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA

PROGRAMA DE COMPONENTE CURRICULAR

A CONCEPÇÃO DE ENSINO ELABORADA PELOS ESTUDANTES DAS LICENCIATURAS

APROXIMANDO UNIVERSIDADE E EDUCAÇÃO BÁSICA PELA PESQUISA NO MESTRADO

O SUBPROJETO PIBID/UFABC INTERDISCIPLINAR E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES INSPIRADA EM PAULO FREIRE. O Relato de Pesquisa - Apresentação Oral

Discutindo o trabalho docente aliado às novas tendências educacionais De 25 à 29 de Maio de 2009 Vitória da Conquista - Bahia

11. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 1 PROGRAMA LALUPE- LABORATÓRIO LÚDICO PEDAGÓGICO

PROGRAMA DE DISCIPLINA

AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO COTIDIANO DA SALA DE AULA E O BOM PROFESSOR 1

FORMAÇÃO E A IDENTIDADE DOCENTE: PERSPECTIVAS PARA UMA PRÁXIS REFLEXIVA 1

O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO NA PERCEPÇÃO DO GESTOR DE UMA ESCOLA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE AREIA- PB

RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA: Docência e Prática pedagógica

Palavras-chaves: identidade profissional; docência universitária; desenvolvimento docente.

EXPERIÊNCIAS VIVIDAS: APRENDENDO PELA PESQUISA NAS CIÊNCIAS DA NATUREZA 1 LIVED EXPERIENCES: LEARNING THROUGH THE RESEARCH IN THE SCIENCES OF NATURE

Agente de transformação social Orientador do desenvolvimento sócio-cognitivo do estudante Paradigma de conduta sócio-política

IDENTIDADES E SABERES DOCENTES NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE HISTÓRIA E NA CONSTRUÇÃO DO FATO HISTÓRICO

Acadêmica do curso de graduação em Pedagogia da UNIJUÍ e bolsista PIBIC/CNPq, 3

OS NÚCLEOS DE PESQUISA EM DIREITO E SEU IMPACTO NA GRADUAÇÃO

DIMENSÕES PEDAGÓGICAS PRESENTES NOS DIÁRIOS DE AULA EM CONTEXTOS DE EDUCAÇÃO INFANTIL E ANOS INICIAIS

Geane Apolinário Oliveira UEPB Senyra Martins Cavalcanti UEPB (Orientadora) INTRODUÇÃO

Ingrid Janaína dos Santos Ferreira 1 ; Paulo Cézar Pereira Ramos 2 ; Maria Aparecida dos Santos Ferreira 3 INTRODUÇÃO

PLANO DE ENSINO FORMAÇÃO CONTINUADA: OFICINAS PEDAGÓGICAS. Profª. Msc. Clara Maria Furtado

O DESAFIO DE SER UM PROFESSOR PESQUISADOR DO ENSINO DE HISTÓRIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS

DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL, SABERES E FORMAÇÃO DOCENTE

ETNOMATEMÁTICA E LETRAMENTO: UM OLHAR SOBRE O CONHECIMENTO MATEMÁTICO EM UMA FEIRA LIVRE

OS FAZERES PEDAGÓGICOS DOS PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA NO INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE: de que práticas estamos falando? 1

SABERES DOCENTES E SUAS RELAÇÕES COM O LUDISMO EM SALA DE AULA

PLANO GESTÃO Números de alunos da escola e sua distribuição por turno, ano e turma.

Indisciplina na Escola: Desafio para a Escola e para a Família

ATITUDES EM RELAÇÃO AO PROFESSOR E AOS ALUNOS 27 Demonstrar compromisso com a profissão

PEDAGOCIA UNIVERSITÁRIA desafios e possibilidades ao trabalho docente

DAS PRÁTICAS DE ENSINO NA PERCEPÇÃO DE ESTUDANTES DE LICENCIATURAS DA UFSJ

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES: ENTRE SABERES E PRÁTICA DO SABER FAZER DOCENTE

A IMPORTÂNCIA DA CARTOGRAFIA ESCOLAR PARA ALUNOS COM DEFICIENCIA VISUAL: o papel da Cartografia Tátil

SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL: UMA RELAÇÃO INTENSA ENTRE AS CRIANÇAS E O MEIO AMBIENTE

A QUALIDADE DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL E AS POLÍTICAS PÚBLICAS DE FORMAÇÃO DOCENTE

A docência no ensino superior: a formação continuada do professor-formador e a reflexão crítica da sua ação docente

IDENTIDADE E SABERES DOCENTES: O USO DAS TECNOLOGIAS NA ESCOLA

FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES E A EXPERIÊNCIA DO PIBID EM UMA IES COMUNITÁRIA: CAMINHOS PARA A CONSOLIDAÇÃO DE UMA CONCEPÇÃO DE TRABALHO DOCENTE

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA CAMPUS JAGUARÃO CURSO DE PEDAGOGIA

APLICAÇÃO DA DIDÁTICA MATEMÁTICA EM SALA DE AULA

ESTÁGIO E FORMAÇÃO DOCENTE: REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO DO FUTURO PROFESSOR

A PERCEPÇÃO DA CARREIRA DOCENTE A PARTIR DAS AÇÕES DO (PDVL) NAS ESCOLAS DO MUNICÍPIO DE VITÓRIA DE SANTO ANTÃO

Relatório Mensal Julho 2017

A RELEVÂNCIA DA PESQUISA NA FORMAÇÃO DOS FUTUROS PEDAGOGOS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO III NA FORMAÇÃO DOCENTE: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO DE EDUCAÇÃO CIENTÍFICA E NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

SESSÕES DE TRABALHO PERÍODO PROBATÓRIO. Coimbra, 27 de Novembro de 2017 Lília Vicente Fernando Alexandre José Diogo

TÉCNICAS ENSINO UTILIZADAS PARA TRABALHAR COM AS TECNOLOGIAS DIGITAIS MÓVEIS

BRINCAR E DESENVOLVIMENTO: UM ESTUDO SOBRE AS CONCEPÇÕES DE PROFESSORES DE EDUCAÇÃO INFANTIL.

FACULDADE EDUCACIONAL ARAUCÁRIA CURSO DE PEDAGOGIA. PORTARIA NORMATIVA 3, de 18 de fevereiro de 2010.

O CONSTRUTIVISMO NA SALA DE AULA PROFA. DRA. PATRICIA COLAVITTI BRAGA DISTASSI - DB CONSULTORIA EDUCACIONAL

Transcrição:

PESQUISA EM SALA DE AULA E FORMAÇÃO DOCENTE Anelise Carvalho dos Reis Carla Webber Ligia Chies Maria Angélica Magagnini Borges Cineri Fachin Moraes O seguinte texto tem o intuito de demostrar e refletir sobre os resultados obtidos a partir de um projeto de pesquisa desenvolvido na disciplina Análise Crítica da Prática Docente. O foco do projeto é a presença da pesquisa em sala de aula e na formação docente. A pesquisa, desenvolvida em sala de aula, como instrumento pedagógico que potencializa o ensino e a aprendizagem, representa um importante meio para produzir conhecimentos. Pesquisar, partindo de uma determinada problematização, contribui para a articulação dos saberes englobando teoria e prática. De fato, o ato de pesquisar, analisar dados e concluir ideias deve fazer parte do cotidiano escolar de nossos educandos e também da vida funcional dos professores. Tem uma pedra no meio do caminho da educação que impede o sucesso pleno das práticas pedagógicas. Vemos alunos desmotivados, professores desvalorizados e descrentes nas mudanças e uma comunidade à mercê de um sistema de ensino falho. Dessa forma faz-se necessário buscar novas alternativas que visem a excelência no processo de aprendizagem, sendo este o mais importante. Infelizmente, o que se tem visto, são professores abdicando de suas carreiras por estarem cansados frente a uma realidade nada fácil, mas felizmente não são todos que desistem. Uma escola não existe sem o professor, que é a peça chave para a concretização de todos os processos que nela ocorrem. Falar a respeito dos motivos pelos quais os professores optam por esta profissão, se torna complexo se for analisado somente pelo ponto de vista do senso comum, para tal, se faz necessário uma busca avançada da epistemologia da pratica profissional docente. Segundo Tardif (2012), os saberes profissionais dos professores estão ligados às vivências que adquiriram no decorrer de suas experiências pessoais e como alunos. Estas experiências formam sistemas de crenças, modelos e baseiam as ações na

resolução dos problemas docentes. Também pode o professor se apoiar nos saberes disciplinares, didáticos e pedagógicos, durante seu curso universitário. E, por fim, nas trocas profissionais, nas leituras e manuais que apoiam as suas práticas. Se levarmos em consideração a primeira afirmativa, de que o professor leva para a sala de aula seus saberes prévios e os modelos que obteve no momento em que era estudante, podemos concluir que talvez a opção de muitos profissionais nesta área, tenha se baseado nas experiências positivas. No passado, a profissão professor era muito relacionada a feminilidade e a maternidade. O professor na sua grande maioria se representava no gênero feminino, pois às mulheres era dada a incumbência dos cuidados da maternidade, da delicadeza, e dos valores humanos, e, em consequência disso, o ensino. Em relação aos motivos que levam os indivíduos a cursar pedagogia, baseando-se nas respostas encontradas, nota-se que a maioria dos entrevistados optou por esta carreira devido a uma escolha pessoal, pois, 114 professores sempre desejaram seguir no magistério. Na pesquisa que realizamos com professores da rede pública municipal, estadual e particular da cidade de Caxias do Sul e redondeza, constatamos que a grande maioria dos entrevistados teve influência familiar e modelos positivos que levaram a reforçar suas escolhas. O que vem a confirmar a teoria que Tardif se utiliza para explicar a psicogênese da carreira de professor. Os modelos são fundamentais nesta escolha e o papel da mulher e da maternidade veio através dos tempos influenciando estes profissionais. O ser afetivo, que se encontra no estereótipo feminino possui a afetividade e a intuição, que são capazes de promover a empatia tão necessária a pratica docente. Segundo Tardif (2002, p. 130) uma boa parte do trabalho docente é de cunho afetivo, emocional. Baseia-se em emoções, em afetos, na capacidade não somente de pensar nos alunos, mas igualmente de perceber e de sentir suas emoções, seus temores, suas alegrias, seus próprios bloqueios afetivos. Pensamos ser esta uma das explicações mais convincentes para justificar tal preferência. Dar aulas, ou promover aulas, vem de uma construção histórica, de valores e modelos, que influenciaram muitos profissionais e que

ainda hoje, influenciam estas escolhas. Nos próximos anos, este quadro poderá mudar, pois a mulher já assumiu outros papeis na sociedade, e não está mais somente vinculada à feminilidade. Hoje concorre em competência de igualdade com os homens no mercado de trabalho. Existe um consenso na literatura educacional de que a pesquisa é um elemento essencial na formação profissional dos professores. Existe também a ideia de que a pesquisa deve ser parte integrante do trabalho do professor, ou seja, de que os professores devam se envolver em projetos de pesquisa nas escolas e salas de aula. Iniciar uma pesquisa em sala de aula com os alunos consiste em muitas questões, mas é de suma importância considerar que o ponto de partida é a criação de um projeto de pesquisa, um momento de muito estudo, questionamento e reflexão onde o diálogo e a interação dos envolvidos se torne parte constituinte deste processo. Ser professor pesquisador é ser ouvinte, observador e também é ser autor, é registrar experiências, sejam elas de vida ou de outros temas, bem como as vivências transcorridas durante sua pesquisa, consolidando espaços de aperfeiçoamento e construção de novos significados. De acordo com os resultados da pesquisa realizada, 128 professores se consideram pesquisadores, seja para procurar alternativas diferenciadas para melhorar o planejamento ou buscar conhecimentos e aperfeiçoamento, com participação em cursos, palestras, leituras e formação diferenciada. Nesse sentido, percebese o interesse dos profissionais pela inovação e por planejamentos que agreguem dinâmicas e novas tecnologias, o que favorece a participação e o interesse dos educandos. Pesquisar é comprometer-se com essa prática, sendo que a pesquisa na sala de aula, inquieta tanto professores como alunos. De acordo com Demo (2007, p. 8) a pesquisa inclui sempre a percepção emancipatória do sujeito que busca fazer e fazer-se oportunidade à medida que começa a se constitui pelo questionamento sistemático da realidade. Incluindo a prática como componente necessário à teoria, e vice versa, englobando a ética dos fins e valores. Fica assim evidente que o papel da pesquisa na formação docente vai muito além da questão do professor pesquisador/reflexivo. É preciso avaliar as razões pelas quais esta prática ainda não faz parte do cotidiano e do

planejamento de todos os professores ou quando aparece, fica restrita a apenas alguns assuntos e conteúdos fechados. Propiciar tal prática favorece a construção de ideias, o pensamento crítico e promove uma reflexão sobre a realidade dos sujeitos. Neste sentido, é preciso compreender de que professor e quais os objetivos ao elaborar um projeto de pesquisa. A intencionalidade pedagógica deve estar clara e coerente, visto que o sucesso de uma atividade investigativa potencializa a aprendizagem. Mediante tamanha importância do pesquisar, a tarefa do professor tornase complexa e desafiadora. Demanda tempo, iniciativa, dedicação e espírito investigativo, isso mesmo, os educadores necessitam despertar em si uma postura reflexiva e pesquisadora. Tratando-se do perfil dos profissionais, nos remetemos à sua formação acadêmica. Não se pode exigir que um professor organize projetos de pesquisa em sala de aula, se ele não foi exposto a esta vivência enquanto acadêmico. Como nos diz André: é extremamente importante que ele aprenda a observar, a formular questões e hipóteses e a selecionar instrumentos e dados que o ajudem a elucidar problemas e a encontrar caminhos alternativos na sua prática docente. E nesse particular os cursos de formação têm um importante papel: o de desenvolver com os professores, essa atitude vigilante e indagativa, que os leve a tomar decisões sobre o que fazer e como fazer nas suas situações de ensino, marcadas pela urgência e pela incerteza. (2011 p.59) Mediante os resultados da pesquisa, a maioria dos professores vivenciou situações de pesquisa durante sua formação. De acordo com os resultados, muitos professores da graduação, utilizavam a pesquisa como metodologia de ensino o que consequentemente influenciou positivamente no aparecimento da pesquisa hoje nos planejamentos nas escolas. Alguns entrevistados ainda responderam que a pesquisa foi pouco divulgada em seus cursos, então encontraram alternativas para buscar conhecimentos e qualificar sua prática. Considerando o questionamento realizado percebe-se que muitos entrevistados entenderam a prática de pesquisar apenas quando se utiliza livros didáticos, ou seja, aquela pesquisa básica. O trabalho educativo necessita ser aprimorado e a pesquisa em sala de aula deve ser considerada como recurso facilitador no processo de ensino e de aprendizagem, visto que os alunos exercitam seu lado reflexivo, questionam e interagem sadiamente com a sociedade onde vivem.

Referências ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de (Org.). O papel da pesquisa na formação e na prática dos professores. 12.ed. Campinas, SP: Papirus, 2011. DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa, 8 ed, Campinas, SP: Autores Associados, 2007. TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 13.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012