Eleine de Oliveira Salustiano 1, Alfran Lima Oliveira 2, Roberta Manfron de Paula 3,



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Transcrição:

TERCEIRIZAÇÃO: O CAMINHO PARA UMA ORGANIZAÇÃO FLEXÍVEL Eleine de Oliveira Salustiano 1, Alfran Lima Oliveira 2, Roberta Manfron de Paula 3, 1 Graduanda em Administração de Empresas Universidade do Vale do Sapucaí Univás Pouso Alegre MG Brasil - eleine.oliveira@oi.com.br 2 Professor e Coordenador do curso de Administração - Universidade do Vale do Sapucaí Univás Av. Prefeito Tuany Toledo 470 Fátima I 37.550-000 Pouso Alegre MG Brasil Mestre em Qualidade Universidade Estadual de Campinas UNICAMP - SP Brasil alfran.oliveira@terra.com.br 3 Professora auxiliar da Universidade do Vale do Sapucaí Univás Av. Prefeito Tuany Toledo 470 Fátima I 37.550-000 Pouso Alegre MG Brasil - Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional MGDR Universidade de Taubaté Rua Visconde do Rio Branco, 210 Centro - 12020-040 - Taubaté - SP - Brasil roberta.univas@terra.com.br Resumo- Este estudo aborda o processo de terceirização como uma ferramenta auxiliadora a qualquer empresa, independente de seu porte, a se tornar mais flexível. O objetivo desse trabalho é mostrar que ao transferir uma atividade para uma empresa especializada, a empresa contratante poderá direcionar seus esforços para o core business (foco do negócio), obtendo vantagem competitiva e intensificando seu produto/serviço aos seus clientes em potencial. Para isso, a metodologia será baseada num denso diagnóstico bibliográfico de autores consagrados que tratam do tema em questão. Para adquirir pleno conhecimento sobre o assunto abordado, este estudo foi estruturado da seguinte forma. Primeiramente será abordado o conceito de organização, como também, o significado de organização flexível. Logo em seguida serão analisados os assuntos relevantes sobre o processo de terceirização que ultimamente tem sido a tônica no ambiente empresarial, como: o conceito, as características da terceirização; os meios utilizados para terceirizar; as vantagens e as desvantagens; o que terceirizar e de forma bem sucinta será abordado à questão sobre a quarteirização. Espera-se com isso trazer uma visão breve, mas ampla sobre o assunto, mostrando que o processo de terceirização está muito longe de representar um caminho momentâneo. Palavras-chave: Terceirização, Organização Flexível, Quarteirização. Área do Conhecimento: VI - Ciências Sociais Aplicadas Introdução Atualmente as empresas estão tão focadas em se proteger da concorrência, que acabam construindo torres altíssimas, dificultando o acesso até mesmo de seus clientes, porém, esses mesmos clientes pressionam para que essas empresas derrubem essas torres e se tornem competitivas, se adequando as mudanças que acontecem a todo o momento. Para se adequar a essas mudanças é indispensável à integração das empresas com o mercado em potencial, como também, se faz necessário mergulhar na modernidade, que significa neste contexto entender o mercado e aderir algumas alternativas que intensifiquem seu produto/serviço aos seus clientes e tentar modificar para melhor o ambiente empresarial As mudanças estão acontecendo em várias áreas, tanto em nível de mercado quanto em nível em relação de emprego, esta por sua vez cede lugar a relação de parceria. Assim, chegou à hora das empresas entrarem no estimulante jogo do ganha-ganha, que se constrói através de parcerias, que nada mais é do que o ato de terceirizar. Espera-se com esse artigo, conscientizar as empresas de que a competitividade é saudável para sua sobrevivência, neste mercado cada vez mais exigente, e que a parceria é fundamental para se posicionar no mercado atual. Metodologia A metodologia utilizada para a realização deste artigo foi o método de pesquisa exploratória, com a finalidade de proporcionar maior familiaridade com o tema em questão. O levantamento de dados relevantes à pesquisa se teve através de bibliografias. Conceituando organização As organizações existem desde a pré-história da humanidade, quando o homem primitivo 1

procurou, através de grupos organizados, atingirem determinados objetivos que sozinhos seriam incapazes de conseguir, desde então as organizações fazem partes da vida de cada indivíduo. Afirmando esse conceito Dias (2004) esclarece que, Na perspectiva mais conhecida e aceita se entende organização como um ente social criado intencionalmente para se conseguir determinados objetivos mediante o trabalho humano e o uso de recursos materiais. Estes entes sociais que têm que ser administrados dispõe de uma determinada estrutura hierárquica, entre seus componentes estão: poder, divisão do trabalho, motivação, comunicação etc. (p. 180). Para Maximiano (2000) uma organização é um sistema (combinação de partes ou elementos organizados para realizar objetivos explícitos), de recursos que procura deliberadamente realizar os objetivos ou conjuntos de objetivos. A organização é composta por quatro elementos, conceituados: Objetivos: produtos e/ou serviços; Recursos: pessoas, dinheiro, tempo, espaço e recursos materiais; Divisão do trabalho: é o processo que permite superar as limitações individuais por meio de especializações; Processo de transformação: por meio de processos, o sistema transforma os recursos para produzir os resultados. (MAXIMIANO, 2000) A organização é a junção de forma organizada de atividades e recursos, com o interesse de atingir os objetivos e resultados pré-definidos pela empresa, independente do seu tamanho, de sua propriedade ou do tipo de atividade exercida. Organização Flexível Quando uma onda de mudanças tão grande se lança contra a sociedade e a economia, os executivos tradicionais acostumados a operar em águas mais seguras, são tipicamente lançados ao mar. Os hábitos de uma vida inteira os mesmos que os ajudaram a alcançar o sucesso - tornam-se agora contraproducentes. Não é muito diferente nas empresas, os próprios produtos, procedimentos e formas organizacionais que as levaram ao sucesso no passado muitas vezes se tornam a sua ruína. Na verdade, a primeira regra de sobrevivência é bem clara: nada é mais perigoso do que o sucesso de ontem. Nesta perspectiva, as organizações que utilizam práticas de gestão antigas podem se considerar atualizadas somente por breves momentos, uma vez que em curto espaço de tempo o saber estará defasado e as informações desatualizadas pelas constantes mudanças sociais, econômicas e tecnológicas. Isso faz com que as organizações lutem contra o seu passado e o obsoletismo ainda existente, buscando cada vez mais a inovação e transformação necessária (Motta, 1998). Tachizawa e Scaico (2006) afirmam que, as mudanças observadas ultimamente nas práticas administrativas, estão revelando o questionamento de determinados pressupostos paradigmáticos e seus correspondentes métodos, que por muitas décadas tem pautado a gestão das organizações. Em decorrência a essas mudanças ocorridas nos últimos anos as organizações viram-se obrigadas, sob pena de serem deslocadas do mercado, a ir abrindo mão de práticas tradicionais que, com o passar do tempo, acabaram tornandose verdadeiros descaminhos em seus anseios de desenvolvimento, na medida em que sua utilização passava a produzir resultados indesejáveis tanto em desempenho quanto em qualidade. Handy (1996) esclarece que, Organizações centralmente planejadas estão também descobrindo, um tanto tarde, que os velhos métodos que funcionavam muito bem no passado não têm mais eficácia de custo. Elas terão que reformular seu futuro e repensar a maneira de executar seu trabalho se desejar sobreviver numa época em que a tecnologia torna quase tudo possível (pág. 69) Todas as empresas desejam ter sucesso em seus negócios, mas para isso é preciso possuir um maior grau de flexibilidade e agilidade para pode atender as necessidades dos seus clientes em tempo hábil, com isso a empresa se tornará competitiva. As empresas geralmente seguem um ciclo de vida, nascem, crescem, atingem o seu apogeu e nesse ponto perdem vigor e tendem a declinar. Declínio esse provocado por vários fatores, entre eles a falta de flexibilidade por parte da direção em compreender e adaptar-se às novas exigências do mercado (CASTELLI, 2002) Com base nas experiências dos autores relatados, observa-se que as organizações que adotam uma administração tradicional que conservam uma estrutura rígida e verticalizada necessitam revisar suas convicções básicas (e se preparar para abandoná-las, se for esse o caso) e implantar práticas modernas de gestão para poder atender as atuais exigências do mercado ou acontecerá o mesmo que acontece com um ramo seco: se quebram. 2

De acordo com Nogueira (2007) uma organização flexível se apóia nas noções de revisão, reorganização das estruturas, em busca de um modo mais ágil, maleável e produtivo de administrar as organizações. Harvey (apud NOGUEIRA, 2007) define a organização flexível como um procedimento de superação do modelo fordista encaminhado por uma maneira de acúmulo de capital. Toffer (1985) define a organização flexível em uma organização que se divide numa estrutura altamente flexível, composta por arcabouço e módulos. Sendo que arcabouço consiste na empresa contratante (mãe ou central) e os módulos seriam as empresas temporárias (contratadas ou parceiras). Essa forma empresarial consiste de um pequeno arcabouço permanente, ao qual se prende uma variedade de módulos (de acordo com a necessidade de cada organização) pequenos e temporários. Esses Módulos deslocam-se em reação às mudanças, podem ser removidos ou reorganizados conforme a necessidade da organização central. As principais características da organização flexível são: trabalho em equipe, unidades descentralizadas e independentes, diferenciação por objetivos e por área geográfica, comunicação intensiva baseada na tecnologia da informação e redundância (NOGUEIRA, 2007). Com base nas informações acima, verifica-se que a empresa ao se tornar flexível só obterá ganhos, pois, se tornará mais ágil, maleável, conseguindo atender de forma personalizada cada necessidade de seus clientes e conseqüentemente se colocará num posto mais elevado, referente à competitividade no mercado que cada vez se torna mais competitivo. Terceirização Neste final de século as empresas vêm passando por intensas reestruturações na área produtiva, implicando mudanças não só para as suas estruturas como para os trabalhadores. Entre as diversas estratégias adotadas nestes processos de reestruturação está a terceirização, que vem assumindo há alguns anos um papel relevante dentro desse processo de reorganização produtiva. Provavelmente, devido ao fato de que ao mesmo tempo em que realiza o desmonte das grandes estruturas verticalizadas, ela possibilita a criação de alternativas por meio da multiplicação do número de prestadores de serviço. Desde os primórdios do capitalismo houve uma tendência à concentração de atividades que, por uma questão de economia de escala, de tecnologia e de disponibilidade de serviços no mercado, compensava serem realizados pela própria empresa. Com a terceirização caracterizase uma mudança recente de organização empresarial em que a desconcentração assume papel fundamental invertendo um largo processo histórico (DIAS, 1998). No âmbito das relações empresariais, o costume de contratar serviços de terceiros é antigo, porém, durante certo tempo, algumas empresas relutaram em adotar o termo terceirização, preferindo palavras como subcontratação ou contratação de serviços. Nova é a palavra terceirização, assim como nova é a intensidade com que o fenômeno vem se ampliando, se impondo no mercado não apenas como palavra, mas, fundamentalmente, como conceito e filosofia na gestão empresarial. Queiroz (2004, p. 61) menciona que a terceirização originou-se nos EUA, por volta de 1940, quando este país aliou-se aos países europeus para combater as forças militares da Alemanha e posteriormente as do Japão, ou seja, durante o segundo conflito bélico mundial. No Brasil temos relatos da utilização desta técnica por volta da década de 60, utilizada pelas montadoras de automóveis, onde as mesmas adquiriam componentes de diversos fornecedores. Como diz Leiria, Souto e Saratt (1993) a terceirização, Foi introduzida no Brasil pelas fábricas de automóveis que adquiriam as peça de um sem-números de outras empresas, guardando para si a atividade fundamental de montagem dos veículos. Ainda hoje e bem mais que antes a indústria automobilística tem como alicerce a contratação de parceiros (p. 22). Terceirização é a empresa contratante passar para empresas especializadas a realização de atividades administrativas ou operacionais que exigem certo investimento com otimização de custos, enquanto concentra energia em suas atividades principais, com o intuito de aprimorar a qualidade de serviços e diminuir a ociosidade. Dias (1998) declara que a terceirização é uma filosofia de gestão em que a empresa direciona toda a atenção e conhecimento para o produto que constitui a sua atividade principal, tornando-a cada vez mais consolidada no seu ramo específico e terceirizando tudo aquilo que não contribua diretamente com a razão de ser da organização. A terceirização é uma nova forma de gestão de negócios, onde as empresas estarão cada vez mais focadas nos seus produtos e passando para terceiros, eficientes e eficazes, as suas atividadesmeio, posicionando-se apenas no gerenciamento e na avaliação de resultados dos seus parceiros, 3

somados a sua gestão eficaz, da atividade-fim, conduzirão à manufatura de produtos competitivos. Características da terceirização A terceirização propagou-se no meio empresarial com o objetivo de aumentar a competitividade das empresas e melhorar a qualidade da produção. De acordo com Nogueira (2007) as principais características da terceirização são trabalho em equipe, unidades descentralizadas e independentes, diferenciação por objetivos e por área geográfica, comunicação intensiva baseada na tecnologia da informação e redundância. Nas literaturas pesquisadas observa-se um senso comum ao descrever as principais características da terceirização. Aqui foram mencionadas de forma sucinta para melhor entendimento. Entre elas podemos apontar: aumento da flexibilidade do trabalhador das empresas terceirizadoras; diminuição dos postos de trabalho; enxugamento das empresas corporativas; multiplicação de empresas Meios para terceirizar Nogueira (2007) explica que os principais meios de terceirização, são: 1. Desverticalização: transferência de funções para o fornecedor externo especializado que, atuando nas próprias instalações, manufatura partes e componentes especializados pelo tomador; 2. Prestação de serviço: intervenção de um terceiro em uma atividade-meio do tomador, executando seu trabalho nas instalações deste ou onde for determinado; 3. Franquia : concessão a terceiros do uso da marca do tomador ou da comercialização desses produtos ou serviços em condições preestabelecidas; 4. Compra de serviços: a empresa procura parceiros especializados que complementem sua capacidade produtiva mediante especificações técnicas; 5. Nomeação de representantes: contratação de terceiros para representar a empresa em suas atividades de venda em geral; 6.Concessão: uma empresa atua em nome da outra, que cede sua marca sob condições para comercializar seus produtos; 7. Alocação de mão-de-obra ou subcontratação: aquisição ou aluguel de horas de trabalho por meio de contratos temporário ou empreitadas; 8. Permissão: forma típica de terceirização de serviços públicos (p. 236). Segundo Queiroz (2004) além dos meios descritos por Nogueira, a empresa pode utilizar os seguintes meios de terceirização: 1. Desintegração: Ainda pouco conhecida, consiste na desverticalização avançada. Nesta forma de terceirização, o fornecedor planeja e desenvolve as especializações técnicas, da atividade que assumiu, ou vai manufaturar um componente ou produto, que o tomador apenas idealizou. O fornecedor desenvolve e industrializa o produto; 2. Facção: Esta forma é muito utilizada nas atividades têxteis e calçadistas. O fornecedor manufatura, nas suas instalações, parte ou o produto completo do tomador. Este agrega as partes ou apenas coloca a sua marca; 3. Corporação virtual: É a união imaterial de duas empresas especializadas no que ambas têm de melhor, com produtos próprios, que são partescomponentes de outro produto que ambas decidiram criar. É a sinergia de recurso com força competitiva; 4. Descentralização integrada: É a forma de terceirização muito recente idealizada experimentalmente e precariamente implantada na área automobilística. O fornecedor atua nas instalações do tomador, em módulos integrados e complementares, que se unem pata compor o produto final; 5. Distribuição: O fornecedor atuando na suas instalações adquire produtos do fabricante, á preços diferenciados e os revende de acordo com as especializações do fabricante. Dadas às particularidades de cada organização, deve essa escolher quais dessas modalidades de terceirização melhor se adéqua às suas necessidades para obter um resultado positivo. As vantagens e desvantagens da terceirização As principais vantagens da terceirização, são: concentração de esforços da empresa na atividade principal; agilização da produção; redução de custos; redução do espaço físico ocupado e possibilidade de realizar alianças estratégicas (DIAS, 1998). Saratt, Silveira e Moraes (2008) acreditam que os fatores que as empresas mais buscam com a terceirização são: redução estrutural de custos não atrelada aos salários praticados; redimensionamento do quadro de empregados; redefinição do negócio e o surgimento de novas vocacionalidades; redimensionamento do enquadramento sindical de colaboradores internos; flexibilidade contratual e remuneração por desempenho; revisão tributária. As principais vantagens da implantação do processo de terceirização na empresa são: gera a desburocratização; alivia a estrutura organizacional; proporciona melhor qualidade no fornecimento de serviços, contribuindo para a melhoria do produto final; traz mais especialização 4

no fornecimento de serviços; proporciona mais eficácia empresarial; aumenta a flexibilidade nas empresas; proporciona mais agilidade decisória e administrativa; simplifica a organização; incrementa a produtividade. E como complemento a todos os pontos citados acima; auxilia também a economia de recursos; fornecedores de serviços especializados; administração da qualidade nos serviços fornecidos; estrutura básica, simples e ágil; reutilização produtiva dos espaços; investimentos direcionados para a atividade-fim; supervisão envolvida no produto e preocupada com a qualidade como também resultados competitivos (QUEIROZ, 2004). Como em todo processo tem seu lado positivo e seu lado negativo, como já foram relacionados os pontos positivos da terceirização, é importante atentar se para os pontos negativos. Na visão de Leiria e Saratt (1995), é importante atentar para as seguintes desvantagens da terceirização: aumento do risco a ser administrado; dificuldades no aproveitamento dos empregados já treinados; demissões na fase inicial; mudanças na estrutura do poder; falta de parâmetros de preços nas contratações iniciais; custo das demissões; desgaste na relação com sindicatos; má administração do processo e aumento da dependência de terceiros. Ao optar pelo processo de terceirização, é necessário precaver-se para possíveis desvantagens, tais como: o eventual choque cultural entre o tomador e o prestador de serviços, os quais nem sempre seguem as mesmas filosofias empresariais e de relações com seus empregados; conseguir estabelecer uma perfeita integração sem perder a identidade e a autonomia; as ameaças à preservação da independência (QUEIROZ, 2004). Além disso, Brasil (1993) considera que a terceirização traz algumas desvantagens para a empresa, tais como: a terceirização incentiva a formação de grandes empresas-destino, com forte poder de barganha frente às empresas-origem; aumenta a quantidade de fornecedores a serem controlados pela empresa-origem; em alguns casos, pode ser que diminua a quantidade de condutores que facilitem o processo de diferenciação (dos produtos, do processo de produção e da própria organização do trabalho) das empresas-origem e pode desenvolver custos de mudança com relação às empresas-destino. Com base nas literaturas pesquisas, chega-se a conclusão que a implantação do processo de terceirização implica em algumas conseqüências, ora positivas ora negativas, cabe ao administrador estudar e averiguar se cabe a empresa correr o risco de optar pela terceirização. Essa decisão deve ser tomada levando em consideração a atual situação da empresa no mercado em potencial, quais as atividades, quais ganhos e as perdas que a empresa poderá sofrer. Pois esse processo proporcionará mudanças importantes e sensíveis no desenvolvimento das organizações. O que terceirizar A importância do processo de terceirização na reorganização produtiva pode ser evidenciada pela rapidez que esse processo vem sendo praticado no ambiente empresarial. Por causa da rapidez com que essa técnica vem se destacando, muitos empresários se encontram em meio a muitas dúvidas, principalmente, em quais atividades é favorável aplicar essa técnica, qual atividade deve ser transferida pra terceiros. Para solucionar essa questão, o empresário deve saber primeiramente o que é atividade-fim e atividade-meio. A atividade-fim é a finalidade do negócio, ou seja, o objetivo econômico, a atividade para a qual a empresa foi criada e organizada. Estas não devem e nem podem ser terceirizadas, uma vez que fazem parte da finalidade empresarial e como tal precisam e devem ser administradas pela própria empresa (QUEIROZ, 2004). Já a atividade-meio de acordo com Saratt, Silveira e Moraes (2008) define se como: A atividade-meio é aquela que não agrega valor à produção ou ao negócio do tomador de forma direta. Trata-se, evidentemente, de serviço necessário, mas facultativo, e não de algo essencial (p. 78). No entanto a atividades-meio são aquelas que têm a finalidade de dar suporte às atividades principais constantes em seus objetivos sociais. QUARTEIRIZAÇÃO Com a crescente demanda da terceirização, a quarteirização tem se tornado uma importante aliada da gestão empresarial, pois, algumas empresas, em especial as de grande porte, encontram algumas dificuldades na hora de administrar os terceiros e acabam se perdendo em meio a tanta burocracia (LEIRIA; SOUTO; SARATT, p. 1993). A quarteirização, ou a delegação da gestão de contratos com terceiros, consiste na contratação de uma empresa especializada para gerenciar as parcerias, proporcionando a gestão plena da terceirização, ou seja, a quarteirização é a espécie do gênero terceirização que incidir na transferência a um terceiro especialista da gestão 5

da administração das relações com os demais terceiros (SARATT; SILVEIRA; MORAES, 2008). Com base nos autores citados, pode concluir que a quarteirização é quando uma empresa especializada, que se responsabiliza em gerenciar não só pelos contratos terceirizados, como também pelo relacionando entre o tomador e a tomadora, ou seja, o processo de quarteirização, nada mais é que a contratação de empresa para administrar atividades terceirizadas. De modo claro a quarteirização surgiu para manter o equilíbrio entre as partes, porque ao contrário do que muitas empresas pensam terceirização não é abandonar a atividade transferida. A quarteirização exerce o papel de mediadora entre as partes, porque as empresas que praticam a terceirização como filosofia necessitam estabelecer claramente as rotinas de acompanhamento de seus parceiros, em especial quanto à atuação técnica, à idoneidade patrimonial e fiscal e ao cumprimento da legislação que rege o contrato. Conclusão Preparar a organização para as mudanças viabiliza a absorção das mais modernas ferramentas de administração, considerados como os mais novos paradigmas de administrar negócios. A terceirização é uma dessas ferramentas, como já foi observado no decorrer deste artigo, quando uma companhia adota a terceirização, usa os serviços de terceiros para realizar atividades empresariais que não fazem parte de suas competências. A contratação de terceiros permite que a empresa concentre esforços em suas competências essenciais. Nota-se que a opção pela terceirização não deve ser baseada somente em redução dos custos financeiros. È importante ressaltar que ao focar seus esforços nas atividades ligadas ao produto final, a empresa estará obtendo vantagem competitiva, o que nesse momento é de extrema importância, para que a mesma mantenha-se ativa no mercado altamente competitivo. De um modo geral, o objetivo da terceirização não é apenas reduzir custos, como também conferir maior agilidade, flexibilidade e competitividade à empresa. Referências BRASIL, Haroldo Guimarães. A empresa e a estratégia da terceirização. In: Revista de administração de empresas. v. 33, n. 2. São Paulo: FGV, 1993. CASTELLI, Geraldo. Excelência em hotelaria: uma abordagem prática. Rio de Janeiro: Qualitymark Ed., 2002. DIAS, Reinaldo. Quarteirização. Campinas, SP: Editora Alínea, 1998.. Sociologia & Administração. Campinas, SP: Editora Alínea, 2004. HANDY, Charles. Tempo de mudanças: a descontinuidade administrativa num mercado competitivo. São Paulo: Saraiva 1996. LEIRIA, Jerônimo Souto; SOUTO, Carlos Fernando; SARATT, Newton Dorneles. Terceirização passo a passo: o caminho para a administração pública e privada. 2 ed. rev. Porto Alegre: Sagra-DC Luzzatto, 1993. LEIRIA, Jerônimo Souto; SARATT, Newton Dorneles. Terceirização: uma alternativa de flexibilidade empresarial. 8 ed. São Paulo: Editora Gente, 1995. MAXIMIANO, Antônio Cesar Amaru. Introdução à administração. São Paulo: Atlas, 2000. MOTTA, Paulo Roberto. Transformação organizacional: a teoria e a prática de inovar. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1998 NOGUEIRA, Arnaldo José França Mazzei. Teoria geral da administração para o século XXI. São Paulo: Ática, 2007. SARATT, Newton Dorneles; SILVEIRA, Adriano Dutra da; MORAES, Rogério Pires. Gestão plena da terceirização: o diferencial estratégico. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2008. TACHIZAWA, takeshy: SCAICO, Oswaldo. Organização flexível: qualidade na gestão por processos. São Paulo: Atlas, 2006. TOFFER, Alvin. A empresa flexível. Tradução A. B. Pinheiro de Lemos. 3 ed. Rio de Janeiro: Editora Record, 1985. QUEIROZ, Carlos Alberto Ramos Soares de. Manual de terceirização: onde podemos errar no desenvolvimento e na implantação dos projetos e quais são os caminhos do sucesso. 10 ed. São Paulo: STS, 2004. 6