ESTUDO DA TERMOLUMINESCÊNCIA DO FELDSPATO NOS INTERVALOS DE COMPRIMENTO DE ONDA DAS RADIAÇÕES: ULTRA-VIOLETA, VISÍVEL E INFRA- VERMELHO.

Documentos relacionados
ANÁLISE DA LUMINESCÊNCIA OPTICAMENTE ESTIMULADA (LOE) DO FELSDSPATO

NOVO MÉTODO DE DATAÇÃO POR TERMOLUMINESCÊNCIA

Create PDF with GO2PDF for free, if you wish to remove this line, click here to buy Virtual PDF Printer

TERMOLUMINESCÊNCIA UV E PROPRIEDADES FLUORESCENTES DE AL 2 O 3 DOPADO COM Nd 3+ E Mg 2+

GEOL Soluções sólidas. Adriana Alves

O DESAFIO DOS SENSORES REMOTOS NO INVENTÁRIO DE BIOMASSA SÓLIDA. José Rafael M. Silva; Adélia Sousa; e Paulo Mesquita

Introdução à Química Moderna

DOSIMETRIA: TERMOLUMINESCENTE E OPTICAMENTE ESTIMULADA. Francielle Sezotzki, Natacha Enoki Maurício Lagatta, Renan Cordeiro

Nome: Jeremias Christian Honorato Costa Disciplina: Materiais para Engenharia

Fundamentos de Sensoriamento Remoto

Caracterização de dosímetros de Al 2 O 3 :C para dosimetria de fótons utilizando a técnica OSL

O espectro eletromagnético

Aula 5. Lembrete de regras de distribuição de Goldschmidt. Coeficiente de Partição/Distribuição. Aula de solução de exercicios visando a prova 1

O ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO

Tecnicas analiticas para Joias

Descoberta dos Raios-X

NOTAS DE AULAS DE FÍSICA MODERNA

Faculdade de Tecnologia de Bauru Sistemas Biomédicos

Departamento de Zoologia da Universidade de Coimbra

Laser. Emissão Estimulada

FMT402: FMT40 2: Int In rodu ção à Fís ica ic do Es do Es ad o Sólido Ementa:

Análise de alimentos II Introdução aos Métodos Espectrométricos

EMISSÃO e ABSORÇÃO de radiação

Caracterização de dosímetros de Al2O3:C para dosimetria de fótons utilizando a técnica OSL

SUGESTÕES DE EXERCÍCIOS PARA A SEGUNDA AVALIAÇÃO

Espectrofotometria UV-Vis. Química Analítica V Mestranda: Joseane Maria de Almeida Prof. Dr. Júlio César José da Silva

Noções básicas de quântica. Prof. Ms. Vanderlei Inácio de Paula

DETEÇÃO REMOTA 2011/2012 Frequência 23 de Novembro de 2011

interação feixe de elétrons-amostra [3] Propriedades do elétron:

Estrutura de Sólidos Cristalinos. Profa. Dra Daniela Becker

Estimativa do Comprimento de Onda de um LED

INVESTIGAÇÃO DOS EFEITOS DAS IMPUREZAS ALCALINAS E HIDROGÊNIO NO QUARTZO SUBMETIDO À ELETRODIFUSÃO E RADIAÇÃO IONIZANTE

Comparison of luminescence and optically stimulated luminescence response of BeO samples in standard conventional diagnostic radiology beams

Fluorescênciaderaios-X

CMS Física do Estado sólido

INVESTIGAÇÃO DAS PROPRIEDADES TERMOLUMINESCENTES DO ALUMINATO DE LANTÂNIO (LaAlO 3 ) DOPADO COM CARBONO PARA APLICAÇÃO EM DOSIMETRIA DAS RADIAÇÕES

Ligações químicas e estrutura dos materiais

1318 Raios X / Espectro contínuo e característico Medida da razão h/e.

NOTAS DE AULAS DE FÍSICA MODERNA

Mecânica Quântica. Corpo negro: Espectro de corpo negro, catástrofe do ultravioleta, Leis de Rayleigh e Jeans, Hipótese de Planck

PMT-3302 (Diagramas de Fases) Augusto Camara Neiva AULA 8. Determinação de um diagrama de fases Parte 1

Programa. Universidade de São Paulo Instituto de Física de São Carlos - IFSC

COMPORTAMENTO ESPECTRAL DE ALVOS

CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E QUÍMICA DE ESCAPOLITAS NATURAIS E TRATADAS DE COR ROXA E AMARELA. Prof. Klaus Krambrock

2. Propriedades Corpusculares das Ondas

MINERAIS Conceitos, importância, origem e sistemas cristalinos -Aulas 7 e 8-

Atenuações em Fibras Ópticas

O que são redes cristalinas?

Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Materiais 1º semestre de Informações e instruções para a resolução da prova

CLIMATOLOGIA. Radiação solar. Professor: D. Sc. João Paulo Bestete de Oliveira

RADIAÇÃO INFORMAÇÃO DO COSMOS COMO SE EXTRAI A INFORMAÇÃO VINDA DA LUZ EMITIDA POR OBJETOS ASTRONOMICOS

5 Caracterizações Física, Química e Mineralógica.

NOTAS DE AULAS DE FÍSICA MODERNA

Aula 25 Radiação. UFJF/Departamento de Engenharia de Produção e Mecânica. Prof. Dr. Washington Orlando Irrazabal Bohorquez

Exercícios Propostos de Mineralogia óptica

LISTA DE EXERCÍCIOS 6 1 (UNIDADE III INTRODUÇÃO À CIÊNCIA DOS MATERIAIS)

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL CAMPUS RIO GRANDE INSTRUMENTAÇÃO INDUSTRIAL

Simulação do Espectro Contínuo emitido por um Corpo Negro 1ª PARTE

7 Identificação de Regiões de Tensão ao Redor das Indentações por Catodoluminescência

RADIAÇÃO. 2. Radiação Eletromagnética. 1. Introdução. Características da Radiação Eletromagnética

Escola Politécnica FAP GABARITO DA P2 6 de novembro de 2009

CMS Física do Estado sólido

NOTAS DE AULAS DE FÍSICA MODERNA

Qualidade Radiométrica das Imagens Sensor ADS40

Prof. Dr. Lucas Barboza Sarno da Silva

SOLAR E TERRESTRE RADIAÇÃO O O AQUECIMENTO DA ATMOSFERA. 2. Radiação Eletromagnética. 1. Introdução. Características da Radiação Eletromagnética

Tópicos em Métodos Espectroquímicos. Aula 2 Revisão Conceitos Fundamentais

Tópicos em Métodos Espectroquímicos. Aula 2 Revisão Conceitos Fundamentais

Estrutura da Matéria BIK Prof. Fernando Carlos Giacomelli (Turma A)

Física IV Escola Politécnica GABARITO DA SUB 06 de dezembro de 2018

Física D Extensivo V. 8

Capítulo 1. Introdução

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL CAMPUS RIO GRANDE INSTRUMENTAÇÃO INDUSTRIAL

SOBRE A COR, CENTROS DE COR E TRATAMENTOS DE COR NA BRASILIANITA. Prof. Klaus Krambrock

8º ANO Ensino Fundamental

1ª e 2 ª Lista de Exercícios de Química Geral - Estrutura Atômica

ENERGIA SOLAR: CONCEITOS BASICOS

DOSÍMETROS 1. FILMES FOTOGRÁFICOS

NOTAS DE AULAS DE FÍSICA MODERNA

UNIDADE DE LIMPEZA ÓPTICA PARA DETECTORES CERÂMICOS α Al 2 O 3

Estrutura dos átomos

EMISSÃO e ABSORÇÃO de radiação

Universidade Paulista Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia Departamento de Engenharia Civil Professora Moema Castro, MSc.

Produção e qualidade dos raios X - Parte 1. FÍSICA DAS RADIAÇÕES I Paulo R. Costa

Termo-Estatística Licenciatura: 22ª Aula (05/06/2013) RADIAÇÃO TÉRMICA. (ver livro Física Quântica de Eisberg e Resnick)

ELÉTRONS EM ÁTOMOS. Depois do modelo de Rutherford: Como é o comportamento dos elétrons nos átomos? Rutherford: estrutura planetária, com o

4 Resultados Análise das soluções sólidas: Cr 2x Fe 2-2x Mo 3 O 12, Al 2x Cr 2-2x Mo 3 O 12, e Al 2x Fe 2-2x Mo 3 O 12.

RAIOS-X (RAIOS RÖNTGEN)

Química. A) Considerando-se que o pk a1 é aproximadamente 2, quais os valores de pk a2 e pk a3?

Analise de Joias e Metais por Raios X

Física IV Escola Politécnica GABARITO DA P2 14 de outubro de 2014

RAIOS-X (RAIOS RÖNTGEN)

PMT Fundamentos de Ciência e Engenharia dos Materiais 2º semestre de 2014

Espectrometria de luminescência molecular

Eficiência energética ambiental. Iluminação. 2 º. semestre, 2017

Sensoriamento remoto 1. Prof. Dr. Jorge Antonio Silva Centeno Universidade Federal do Paraná 2016

SCIENTIA PLENA VOL. 4, NUM

Espectrofotometria UV-VIS PROF. DR. JÚLIO CÉSAR JOSÉ DA SILVA

Transcrição:

ESTUDO DA TERMOLUMINESCÊNCIA DO FELDSPATO NOS INTERVALOS DE COMPRIMENTO DE ONDA DAS RADIAÇÕES: ULTRA-VIOLETA, VISÍVEL E INFRA- VERMELHO. Marcos Eiji Fukumoto* e Sonia Hatsue Tatumi** Resumo Este trabalho tem como objetivo estudar os centros de luminescência e o mecanismo envolvido nas emissões de termoluminescência (TL) de uma amostra de feldspato para utilizá-lo na datação de sedimentos. Utilizando três filtros distintos conseguiu-se separar a emissão da TL em três intervalos de comprimento de onda: ultravioleta, visível e infravermelho próximo, sendo identificados os prováveis responsáveis por tais emissões. O responsável pela emissão no ultravioleta é o Ce 3+, no visível, o centro Al-O - -Al e no infravermelho próximo, o Sm 3+ e o Fe 3+. Introdução O microclínio (KAlSi 3 O 8 ) é um feldspato de potássio formado a baixas temperaturas, vindo a ter uma cristalografia, além de triclínica, pinacoidal (Klein, Hurlbut, 1985). Seu parâmetro de célula (grupo espacial C 1) varia para diferentes estruturas, sendo a 8,5784, b 12,96, c 7,2112, α 9º 18, 115º 58 e γ 89º 7½, para uma amostra na qual foram realizadas determinações de estruturas mais precisas (Deer, Howie, Zussman, 1992). Os cristais do microclínio podem ser geminados de acordo com as leis de Carlsbad, geminado de penetração com o eixo c como eixo do geminado (Fig. 4); Baveno, com {21} como plano do geminado e da composição (Fig. 4); Manebach, com {1} como plano do geminado e da composição (Fig. 4). Os geminados, no caso do microclínio, segundo a lei de Carlsbad são comuns, mas segundo as de Baveno e Manebach são raros (Klein, Hurlbut, 1985). Geminam-se também segundo a lei da albita, com o pinacóide lateral formando o plano do geminado, e segundo a lei do periclínio, com o eixo cristalográfico b sendo o eixo do geminado. Estes dois tipos de geminação são característicos dos feldspatos triclínicos. Uma lâmina delgada do microclínio, examinada ao microscópio na luz polarizada, mostra usualmente uma estrutura reticular característica causada pelo cruzamento em ângulos quase retos das lamelas do geminado, formado de acordo com as leis da albita e do periclínio. O ortoclásio, sendo monoclínico, não pode mostrar essa geminação. O microclínio é encontrado em massas suscetíveis de clivagem, em cristais e em grãos irregulares como constituinte de rochas. Possui clivagem {1} e {1}, com ângulo de 89º 3, além de uma má clivagem em {11}. Figura 4 As leis de geminação mais comuns no grupo dos feldspatos (Vlach, 1998). A albita, por sua vez, possui uma cristalografia triclínica e pinacoidal, tendo um parâmetro de célula (grupo espacial C 1) a 8,14, b 12,8, c 7,16, α 94º 2, 116º 34 e γ87º 39 (Deer, Howie, Zussman, 1992). Com freqüência, os cristais são geminados de acordo com as leis de Carlsbad, Baveno e Manebach, vindo a ser, quase sempre, geminados segundo uma ou ambas leis conhecidas por lei da albita e do periclínio (Klein, Hurlbut, 1985). O plano de geminação na lei da albita é {1}. O ângulo entre o plano basal e este plano de geminação é de 94º, aproximadamente. A geminação da albita é comumente polissintética, dando origem a lamelas delgadas, cada uma delas em posição geminada em relação às situadas de um e de outro lado (Fig. 5). Em conseqüência, um plano basal ou a clivagem basal deste cristal será cruzado por sulcos ou estriações paralelas. Muitas vezes, estas estriações são tão finas que se tornam invisíveis à olho nu, mas em algumas espécies são grossas, podendo ser vistas com facilidade. A presença das linhas de estriação sobre a clivagem basal (a melhor superfície de clivagem de um feldspato) é uma das melhores provas de que ele pertence à classe plagioclásio. Na lei do periclínio, o eixo de geminação é o eixo cristalográfico b e, quando disto resultam geminados polissintéticos, as estriações conseqüentes são vistas no pinacóide lateral. Possui clivagem perfeita em {1}, boa, paralelamente a {1} e má em direções paralelas a {11} e {11}. O ângulo entre as clivagens {1} e {1} é de 93º 34. *Tecnólogo em MPCE FATEC-SP, Mestrando na Escola Politécnica /USP ** Prof.Pleno da FATEC-SP, Doutor em ciências pelo IFUSP

Figura 2: Germinação da Albita (Klein, 1985) Parte Experimental Neste projeto foi usado amostras de cristais de feldspato retidos do estado da Bahia. Com a análise de ativação de nêutrons (IPEN-CNEN) foram localizados os seguintes elementos e quantidades, conforme Tabela 1. Tabela 1: Elementos com suas respectivas quantidades e proporções. Elemento Amostra 1 Amostra 2 Proporção Sm 41,8 ± 4,2 52,9 ± 4,2 ng/g Lu 14,5 ± 5, 32, ± 5,7 ng/g Yb 196,3 ± 43,6 113,6 ± 38,2 ng/g La 279,6 ± 56,5 232,1 ± 47,1 ng/g Sb 846,2 ± 35,8 931,9 ± 35,7 ng/g Ce 327,4 ± 155,8 - ng/g Cr - 566,2 ± 269,5 ng/g Sc 52,4 ± 3,6 65, ± 3,7 ng/g Na 3742,3 ± 133,6 48794,7 ± 176, µg/g Ba 23,7 ± 23,2 316,8 ± 27,3 µg/g Cs 59,5 ± 1,6 69,3 ± 1,9 µg/g Rb 234, ± 61,6 1939,4 ± 58,7 µg/g Fe 181,7 ± 16, 123,1 ± 16,4 µg/g K 19,5 ±,8 3,6 ± 1,1 % Pode-se relacionar os elementos determinados nesta análise com a mudança das curvas de TL. Dentre tais elementos, os mais prováveis a contribuírem nesta mudança são os lantanídeos (terras raras): La, Ce, Sm, Yb e Lu. Esta análise, porém, não conseguiu determinar alguns elementos esperados, como o Si, o Ca, o Al entre outros, que não são ativados por nêutrons. O aparelho utilizado para as medidas de TL foi uma TL/OSL Daybreak modelo 11 Automated TL / OSL System, instalada no laboratório de vidros e datação FATEC-SP. Foi feito o corte das camadas mais externas das amostras, aproximadamente 5 mm para evitar a redução do nível de termoluminescência na camada mais externa por causa do efeito do sol e também porque a contaminação do solo na amostra deve ser rigorosamente evitada. Depois, quebrou-se mecanicamente as amostras, vindo a ser posteriormente peneiradas. Para este trabalho, utilizou-se amostras em grãos entre 75 e 149µm de diâmetro. Foi feito, então, um tratamento químico em ácido clorídrico 5%, durante 15 minutos. Posteriormente as amostras foram irradiadas com várias doses de radiação-γ: 1, 25, 5, 1, 15, 25, 5 e 1Gy, após tratamento térmico prévio de 5 C durante 9min. Foi, então, realizada as medidas de TL, separando-se três intervalos de radiações: ultravioleta, visível e infravermelho próximo. Para se determinar a luminescência no ultravioleta foi utilizado o filtro modelo U-34 (267 377,5nm), para a luminescência no visível, os filtros modelo 7-59 (296 483nm e 685 115nm) mais o filtro modelo Schott BG-39 (327 65nm), resultando em uma transmissão em 327 a 483nm. Para o infravermelho próximo foi utilizado a subtração das curvas obtidas através do filtro modelo 7-59 (296 483nm e 685 115nm) com as curvas do filtro modelo U-34 (267 377,5nm) e filtros modelo 7-59 + modelo Schott BG-39 (327 483nm), resultando em uma transmissão em 685 a 115nm. Resultados e Discussão Estudo das emissões TL no intervalo das radiações ultravioleta, Visível e Infravermelho próximo ultravioleta As Figuras 3 a 11 mostram as curvas de emissão TL obtidas com o filtro modelo U-34 (267 377,5 nm). Podemos observar um pico em 31 C aproximadamente para a amostra natural (Figura 3). As amostras irradiadas até a dose de 1Gy emitiram um pico em 21 C (Figuras 4 a 7). Acima desta dose foram observados dois picos em baixa temperatura, que se separam conforme o aumento da dose. Desta forma, as temperaturas dos picos foram variando conforme as Figuras 8 a 11. 14 12 1 8 6 4 2 1 2 3 4 5 Figura 3: Curva de emissão TL de amostra natural. 14 12 1 8 6 4 2 Figura 4: Curva de emissão TL de amostra tratada a 5 C e irradiada com dose de 1Gy de radiação-γ N at 1 Gy 1 2 3 4 5

14 12 25 Gy 14 12 15 Gy 1 1 8 6 4 8 6 4 2 2 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 Figura 5.: Curva de emissão TL de amostra tratada a 5 C e irradiada com dose de 25Gy de radiação-γ Figura 8: Curva de emissão TL para amostras com tratamento térmico de 5ºC e irradiação com dose de 15 Gy. 14 13 12 11 1 9 8 7 6 5 4 3 2 1-1 5 Gy 1 2 3 4 5 14 12 1 8 6 4 2 1 2 3 4 5 25 Gy Figura 6 : Curva de emissão TL para amostras com tratamento térmico de 5ºC e irradiação com dose de 5 Gy. Figura 9: Curva de emissão TL para amostras com tratamento térmico de 5ºC e irradiação com dose de 25 Gy. 14 1 Gy 14 5 Gy 12 12 1 1 8 6 4 8 6 4 2 2 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 Figura 7 : Curva de emissão TL para amostras com tratamento térmico de 5ºC e irradiação com dose de 1 Gy. Figura 1: Curva de emissão TL para amostras com tratamento térmico de 5ºC e irradiação com dose de 5 Gy.

14 12 1 Gy 14 12 25 Gy 1 1 8 6 4 2 1 2 3 4 5 Figura 11: Curva de emissão TL para amostras com tratamento térmico de 5ºC e irradiação com dose de 1 Gy. 8 6 4 2 1 2 3 4 5 Figura 13 Curva de emissão TL para amostras com tratamento térmico de 5ºC e irradiação com dose de 25 Gy. Sabemos que a amostra tem um série de elementos terras-raras incorporados em sua estrutura cristalina, comparando as emissão desses íons terras-raras, já citadas na literatura, com o intervalo de transmissão do filtro óptico usado podemos deduzir que o possível íon responsável pela TL neste intervalo é o Ce 3+. O íon Ce 3+ pode emitir radiações nos comprimentos de onda 38 e 325nm, devido a transição dos elétrons do estado 5d(e g ) para os níveis 2 F 5/2 e 2 F 7/2, respectivamente. 14 12 1 8 6 4 2 5 Gy Visível As Figuras 12 a 19 mostram as curvas de emissão TL para um intervalo de transmissão em 327 a 483 nm. A Figura 12 mostra a curva de emissão TL da amostra natural com um pico em 34ºC. As amostras irradiadas até 15 Gy forneceram mais dois picos em 25ºC e 245ºC aproximadamente (Figuras 14 a 19). Foi verificado comportamento similar ao espectro das radiações UV, isto é, o aparecimento de picos em diferentes temperaturas (Figuras 17 a 19). 14 12 1 Nat 1 2 3 4 5 Figura 14 Curva de emissão TL para amostras com tratamento térmico de 5ºC e irradiação com dose de 5 Gy. 14 12 1 8 6 4 2 1 Gy 8 6 4 2 1 2 3 4 5 Figura 12 Curva de emissão da TL para amostra natural. 1 2 3 4 5 Figura 15 Curva de emissão TL para amostras com tratamento térmico de 5ºC e irradiação com dose de 1 Gy.

14 12 15 Gy 14 12 1 Gy 1 1 8 6 4 8 6 4 2 2 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 Figura 16 Curva de emissão TL para amostras com tratamento térmico de 5ºC e irradiação com dose de 15 Gy. 14 12 1 8 6 4 2 25 Gy 1 2 3 4 5 Figura 17 : Curva de emissão TL para amostras com tratamento térmico de 5ºC e irradiação com dose de 25 Gy. 14 12 1 8 6 4 5 Gy Figura 19: Curva de emissão TL para amostras com tratamento térmico de 5ºC e irradiação com dose de 1 Gy. Consta na literatura (Speit, Lehmann, 1982 e Kirsh et al, 1987) que a emissão no espectro da luz visível tem origem devido à recombinação do elétron com o centro Al-O - - Al. Este centro consiste de uma lacuna O -, que tem dois íons de Al adjacentes, sendo um Al estrutural e o outro uma impureza, localizado no sítio de um Si. As emissões TL associadas a este centro ocorre em vários feldspatos entre 4 a 475 nm. Mittani et al, 1999, concluiu que a cinética envolvida na emissão do pico de 31 C segue o seguinte processo: durante a irradiação, teríamos (Al-O 2- -Al) (Al-O - -Al) + e - e Fe 3+ + e - Fe 2+ e durante a medida da TL, Fe 2+ Fe 3+ + e - e (Al-O - - Al) + e - (Al-O 2- -Al) + h (TL). Infravermelho próximo As Figuras 2 a 27 mostram as curvas de emissão TL na região do infravermelho próximo (685 115 nm). A Figura 2 mostra a curva de emissão TL da amostra natural com um pico em 35ºC. As amostras irradiadas forneceram um pico em 36ºC aproximadamente, não sendo observado alterações em temperaturas baixas (Figuras 21 a 27). 2 1 2 3 4 5 Figura 18:Curva de emissão TL para amostras com tratamento térmico de 5ºC e irradiação com dose de 5 Gy.

3 Nat 3 1 Gy 25 25 2 2 15 1 15 1 5 5 1 2 3 4 5 Figura 2: Curva de emissão da TL para amostras naturais. 1 2 3 4 5 Figura 23: Curva de emissão TL para amostras com tratamento térmico de 5ºC e irradiação com dose de 1 Gy. 3 3 15 Gy 25 25 Gy 25 2 15 1 5 2 15 1 5 1 2 3 4 5 Figura 21: Curva de emissão TL para amostras com tratamento térmico de 5ºC e irradiação com dose de 25 Gy. 1 2 3 4 5 Figura 24 Curva de emissão TL para amostras com tratamento térmico de 5ºC e irradiação com dose de 15 Gy. 3 25 Gy 3 25 2 15 1 5 5 Gy 25 2 15 1 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 Figura 22: Curva de emissão TL para amostras com tratamento térmico de 5ºC e irradiação com dose de 5 Gy. Figura 25 Curva de emissão TL para amostras com tratamento térmico de 5ºC e irradiação com dose de 25 Gy.

3 28 26 24 22 2 18 16 14 12 1 8 6 4 2-2 5 Gy 1 2 3 4 5 Figura 26 Curva de Temperatura emissão(ºc) TL para amostras com tratamento térmico de 5ºC e irradiação com dose de 5 Gy. As emissões TL associadas a este centro ocorre em vários feldspatos entre 4 a 475nm. Os prováveis responsáveis pela emissão no infravermelho próximo são o Sm 3+ e o Fe 3+. O Sm 3+ possui níveis de energia cujas transições, dos níveis 6 F 11/2 e 6 F 9/2 para o nível 6 H 5/2, podem resultar na emissão de radiações infravermelha. O íon de Fe 3+ poderia absorver os fótons azuis, emitidos pela recombinação do elétron com o centro Al-O - -Al, e emitir radiações infravermelhas. Outra forma de explicar essa emissão seria a recombinação de uma lacuna com um Fe 2+. Bibliografia Klein, C., Hurlbut, C.S., Manual of Mineralogy. 2 th Ed., J. Wiley & Sons inc.1985. 3 25 2 15 1 1 Gy Deer, W. A., Howie, R. A., Zussman, J., An introduction to the rock forming minerals. 2 nd Ed. Longman.1992. Speit, B., Lehmann, G., Radiation Defects in Feldspar, Physics and Chemistry of Minerals,vol. 8, 77-82.1982 5 1 2 3 4 5 Figura 27: Curva de emissão TL para amostras com tratamento térmico de 5ºC e irradiação com dose de 1 Gy. Talvez os responsáveis por esta emissão são o Sm 3+ e o Fe 3+, pois o Sm 3+ possui níveis de energia cujas transições, dos níveis 6 F 11/2 e 6 F 9/2 para o nível 6 H 5/2, podem resultar na emissão de radiações infravermelhas (Brito, 1998). Segundo o trabalho de Kirsh et al, 1987, o íon de Fe 3+ poderia absorver os fótons azuis, emitidos pela recombinação do elétron com o centro Al-O - -Al, e emitir radiações infravermelhas. Outra hipótese seria a recombinação de uma lacuna com um Fe 2+. Kirsh, Y., Shoval, S., Townsend, P. D., Kinetics and Emission Spectra of Thermoluminescence in the Feldspars Albite and Microcline, Phys. Stat. Sol., vol. 11, 253-262,1987. Mittani, J. C. R., Matsuoka, M., Watanabe, S., ESR and TL studies of feldspar, Radiation Effects & Defects in Solids, vol.149, 175-181,1999. Conclusões Segundo nossos resultados as emissões TL no ultravioleta e no visível são decorrentes, principalmente, das impurezas terras-raras encontradas na amostra, conforme a dose de radiação vai aumentando mais centros de TL são criados, resultando no aparecimento de novos picos TL em temperaturas diferentes. Foi observado para o caso das emissões no infravermelho apenas um pico em temperatura alta, este espectro não foi modificado com o aumento da dose de radiação, houve apenas um aumento na intensidade do pico. O provável responsável pela emissão no ultra-violeta é o Ce 3+, que pode emitir radiações nos comprimentos de onda 38 e 325nm, devido a transição dos elétrons do estado 5d(e g ) para os níveis 2 F 5/2 e 2 F 7/2, respectivamente. Uma explicação plausível para a emissão no visível é a recombinação do elétron com o centro Al-O - - Al.