II Congresso Nacional de Formação de Professores XII Congresso Estadual Paulista sobre Formação de Educadores OFICINA DE MATERIAIS DIDÁTICOS ADAPTADOS PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS: UM ESPAÇO DE FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES PARA EDUCAÇÃO INCLUSIVA Ivete Maria Dos Santos, Andréia Silva Dos Santos, Jacilene Silva De Melo1, Laís Danielle Dos Santos Silva, Lucinéia Dos Santos Souza, Rafaela Rocha De Oliveira, Simonalha Santos França, Viviane Borges Dias Eixo 5 - A formação de professores na perspectiva da inclusão - Relato de Experiência - Apresentação Pôster Este trabalho apresenta uma experiência de formação inicial de professores de Química, Física e Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Santa Cruz, em Ilhéus-Bahia, realizada em 2013. Através do projeto Ensino de Ciências: educação inclusiva no sul da Bahia, onde foi desenvolvida a oficina Materiais didáticos adaptados para o ensino de Ciências, cujo objetivo foi contribuir para a ampliação do conhecimento dos licenciandos sobre Educação Inclusiva, além de instigá-los para o desenvolvimento de materiais didáticos adaptados nas áreas de Química, Física e Biologia que possam contribuir para a inclusão dos alunos com deficiência visual nas escolas de educação básica da região. Palavras- Chave: Educação Inclusiva. Formação Inicial. Ensino de Ciências. 8759
OFICINA DE MATERIAIS DIDÁTICOS ADAPTADOS PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS: UM ESPAÇO DE FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES PARA EDUCAÇÃO INCLUSIVA Ivete Maria dos Santos; Viviane Borges Dias; Andréia Silva dos Santos; Jacilene Silva de Melo; Laís Danielle dos Santos Silva; Lucinéia dos Santos Souza; Rafaela Rocha de Oliveira; Simonalha Santos França. Universidade Estadual de Santa Cruz 1,Ilheus, BA. CAPES. O trabalho em questão apresenta uma experiência de formação inicial de professores de Química, Física e Ciências Biológicas ocorrida na Universidade Estadual de Santa Cruz(UESC), em Ilhéus-Bahia, realizada no ano de 2013. Refletindo sobre a sociedade contemporânea temos observado diversas mudanças em sua estrutura organizacional, o que tem levado a discutir a inclusão em várias esferas (família, escola, trabalho entre outras). Nesse contexto, promover uma Educação Inclusiva significa permitir a participação ativa de todos os indivíduos no espaço escolar, percebendo o sujeito em sua singularidade e com direito a uma educação de qualidade. De acordo com os dados divulgados pelo Censo da Educação Básica (BRASIL, 2013), no período 2007-2012, houve um aumento de cerca de 100% no número de alunos com Necessidades Educacionais Especiais (NEE) matriculados em classes regulares do Ensino Fundamental, e uma diminuição de cerca de 45% dessas matrículas em classes especiais. Apesar disso, as pesquisas na área da educação inclusiva têm se concentrado na formação de professores dos cursos de Pedagogia. Sendo assim, verificam-se lacunas no que tange a outros níveis de ensino da Educação Básica, âmbito de atuação dos docentes das disciplinas específicas, demandando pesquisas que contribuam de forma mais ampla para mudanças no cenário educacional. No que concerne aos cursos de licenciatura, o reconhecimento da importância de complementar os currículos de formação de professores tem sido evidenciado por meio de diversas políticas públicas. Dentre elas, merece destaque a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN, nº 9394/96) determina no artigo 59 que os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência: [...] III - Professores com especialização adequada em nível médio ou superior para atendimento especializado, bem 1 8760
como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns (BRASIL, 2013, p. 34). Além disso, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica (BRASIL, 2001) também salienta que a Educação Básica deve ser inclusiva, no sentido de atender a uma política de integração dos alunos com necessidades educacionais especiais nas classes comuns dos sistemas de ensino. Isso exige que a formação dos professores das diferentes etapas da Educação Básica inclua conhecimentos relativos à educação desses alunos (BRASIL, 2001, p. 25-26). Assim, está previsto que os cursos de graduação devem possibilitar aos futuros professores, discussões que estejam associadas ao desenvolvimento de competências para atuar com todos os alunos, no intuito de se efetivar a educação inclusiva. Contudo, apesar de todos os avanços legais e pedagógicos, ainda há muito a se conquistar. Nessa perspectiva, os cursos de licenciatura precisam oferecer uma formação que contemple a diversidade, refletindo acerca das potencialidades dos sujeitos. Contudo, autores como Lippe e Camargo (2009) têm apontado que uma das principais barreiras para a inclusão é a precariedade da formação dos professores e demais agentes educacionais para lidar com alunos com significativos problemas cognitivos, psicomotores, emocionais e/ou sensoriais, na complexidade de uma turma regular de ensino. Esse problema decorre de uma formação inicial que ainda prioriza apenas os conceitos em detrimento dos sujeitos, ou seja, os futuros professores na maioria das vezes desconhecem as características do público que futuramente irão atender. Sousa e Silveira (2011) apontam como principal causa para desistência escolar dos alunos com deficiência, bem como para o desenvolvimento educacional de suas habilidades, a falta de infraestrutura adequada e professores preparados para atender suas especificidades. Desse modo, norteados por esse pensamento foi elaborado o projeto Ensino de Ciências: educação inclusiva no sul da Bahia, vinculado ao Prodocência/Capes, com o objetivo de proporcionar aos licenciandos um espaço de aquisição de conhecimentos relativos à Educação Inclusiva, tendo em vista a carência dessa abordagem nos currículos dos respectivos cursos. O projeto está organizado em quatro eixos de ação: I. Aprofundar a compreensão de aspectos históricos e conceituais da Educação Inclusiva; II. Levantamento dos tipos de deficiências encontradas nas escolas; 2 8761
III. IV. Construção e reprodução de materiais adaptados; Elaboração e aplicação de oficina. Os licenciandos que participam do projeto elaboraram a oficina Materiais didáticos adaptados para o Ensino de Ciências. O trabalho em questão relata a experiência de elaboração e aplicação da oficina, que foi organizada a partir de três etapas distintas: I. Pesquisa: levantamento de propostas de produção de materiais didáticos adaptados nos principais periódicos de Ensino de Ciências. II. Confecção de materiais: reprodução de materiais encontrados na literatura e produção de novos materiais voltados para os deficientes visuais. III. Elaboração e aplicação: organização e aplicação da oficina para licenciandos e professores dos cursos de Química, Física e Ciências Biológicas. Considerando todos os desafios vivenciados pela escola para efetivar o processo de ensino e aprendizagem aos deficientes visuais, a produção de materiais didáticos é uma etapa de fundamental importância nesse processo. De acordo com Borges (2000) o material didático, [...] não é um mero auxiliar; ele pode interferir de forma intensa e intencional na relação professor/aluno/conhecimento. [...] É ele que articula o diálogo entre professores e alunos. (BORGES, 2000, p.180). Apesar de termos clareza que a educação inclusiva não se resume a mera produção de material, pensar o processo de produção de material didático na formação inicial, é extremamente relevante. Na educação especial de deficientes visuais, os recursos didáticos podem ser obtidos de três formas: seleção, adaptação e confecção. O trabalho desenvolvido na oficina Materiais didáticos adaptados para o Ensino de Ciências teve suas atividades direcionadas a adaptação e confecção de materiais didáticos nas áreas de Química, Física e Ciências Biológicas. Além disso, também foram reproduzidos alguns materiais adaptados encontrados na literatura. A oficina foi iniciada através de uma palestra onde foi destacado o conceito, as características e os critérios de seleção e produção do material didático adaptado para deficientes visuais. Depois da apresentação foi 3 8762
realizada a exposição dos materiais confeccionados destacando os aspectos indispensáveis na produção desse tipo de material. Em seguida os participantes da oficina elaboraram os materiais didáticos adaptados de acordo com sua área de conhecimento (Figura 1) química (A), física (B) e biologia (C), sob a orientação dos bolsistas do projeto. Figura 1 Materiais confeccionados pelos participantes Para finalizar a atividade foi realizada a avaliação da oficina pelos participantes. Nesse sentido, o trabalho foi avaliado pelos participantes como um importante espaço de discussão sobre o tema, tendo em vista a carência dessa abordagem nos cursos de formação inicial. No que se referem aos bolsistas que ministraram a oficina além do aspecto destacado pelos participantes, também relataram sobre a aprendizagem adquirida a partir do processo de elaboração da oficina, tendo em vista se tratar da primeira experiência vivenciada pelos bolsistas. Diante disso, acreditamos que a experiência relatada permitiu que os licenciandos adquirissem conhecimentos sobre a educação inclusiva, bem como, sobre as possíveis alternativas para sua efetivação na escola. Contudo, sabemos que é necessária a promoção de outras ações, tais como 4 8763
incluir o tema na agenda dos cursos de formação de professores, discutir sobre como articular os conhecimentos, os fundamentos e práticas de educação inclusiva na grade curricular e no projeto pedagógico dos cursos do ensino superior. Tais ações podem contribuir para a formação de um professor que seja capaz de compreender e praticar a diversidade considerando as características individuais dos seus alunos. REFERÊNCIAS BORGES, G. L. de A. Formação de professores de Biologia, material didático e conhecimento escolar. Campinas, SP: 2000. BRASIL. Resolução n. 02/2001. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Brasília: CNE, 2001.. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9394/96, 20 de novembro de 1996. Brasília: MEC, 2013.. Censo da educação básica: 2012. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, 2013. LIPPE, E. M. O.; CAMARGO, E. P. Análise da formação inicial de professores de ciências e biologia frente ao desafio da inclusão escolar: uma questão curricular. Atas do II Congresso Brasileiro de Educação. Bauru, 2009. SOUSA, S. F. e SILVEIRA, H. E. Terminologias químicas em Libras: a utilização de sinais na aprendizagem de alunos surdos. Revista Química Nova na Escola, v.33, n.1, 2011. Nota 1. Universidade Estadual de Santa Cruz. Departamento de Ciências Exatas e Tecnológicas Rodovia Jorge Amado Km-16 Salobrinho, Ilhéus/BA, CEP 45662-900. 5 8764