O PAPEL DO ENFERMEIRO NA PREVENÇÃO DA GRIPE INFLUENZA A (H1N1): EDUCAÇÃO EM SAÚDE



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Transcrição:

O PAPEL DO ENFERMEIRO NA PREVENÇÃO DA GRIPE INFLUENZA A (H1N1): EDUCAÇÃO EM SAÚDE SEVERO, Emanoel; GASPAR, Maria Dagmar da Rocha & ZARPELLON, Lídia Dalgallo INTRODUÇÃO O papel do enfermeiro na história da humanidade passou por fases distintas, e atualmente está centrado em um pensamento diferente do modelo biologicista que caracterizou a maior parte da sua história. A partir da Reforma Sanitária, no final da década de 70, e com a consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1988, a nova forma de pensar a profissão voltou-se para um modelo educativo, que visa à promoção e a manutenção de um estado de saúde e de vida. Estas mudanças vêm exigindo do enfermeiro qualificação e desenvolvimento de diferentes competências. E esta nova concepção no contexto sanitário requer mudanças na formação dos profissionais enfermeiros, o que alerta as escolas a repensarem novas práticas pedagógicas, privilegiando o desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes que atendam a esta perspectiva profissional voltada para a promoção e educação em saúde (AMARAL, 2005). Promoção em Saúde são ações que visam o aumento da saúde e do bemestar da população. Um processo saúde-doença-cuidado, que identifica as necessidades da comunidade, indivíduo e família, prestando assistência integral e realizando atividades de informação e orientação (AMARAL, 2005; BUSS, 2000). Complementando as ações da promoção da saúde propriamente dita, a Educação em Saúde é o conjunto de práticas pedagógicas e sociais, de conteúdo técnico, político, científico e psicossocial, que no âmbito das práticas de atenção à saúde deve ser vivenciada e compartilhada pelos profissionais de saúde e pela comunidade. Em uma prática social humanizada, contribui para o processo de formação da consciência crítica das pessoas quanto aos problemas de saúde,

buscando a orientação, a prevenção e manutenção da qualidade de vida individual e/ou coletiva (FUNASA, 2007). De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) a Primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, realizada em Ottawa, no Canadá, novembro de 1986, define que a melhoria da qualidade de vida é resultado de um conjunto de fatores sociais, econômicos, políticos, culturais, ambientais, comportamentais e biológicos. Fatos recentes alertam o mundo para a ocorrência de uma nova pandemia causada por um microorganismo mutante, iniciada no México, estendendo-se por diversos países, com milhares de casos já confirmados (ERCOLE et al, 2009). Conhecida mundialmente como Gripe Suína, a Influenza A (H1N1) é uma doença infecciosa aguda do trato respiratório causada por um vírus influenza do tipo A (A/H1N1 e A/H3N2, da família Orthomyxoviridae) (BRASIL, 2005; WEBSTER et al, 2006). Devido às mutações genéticas sofridas pelo vírus a transmissão se dá de pessoa para pessoa, principalmente por meio de tosse e espirro ou de secreções respiratórias de pessoas infectadas, em ambientes e superfícies (BRASIL, 2009). Para Ercole et al (2009) a preocupação global com o surgimento de um novo subtipo pandêmico de vírus influenza é concreta. Apesar dos avanços clínicos, do uso de antivirais profiláticos e terapêuticos de última geração e de uma melhor abordagem clínica de suporte aos pacientes que se encontram em grupos de risco (menores de dois anos de idade, idosos e portadores de doenças crônicas), não se pode prever a magnitude dos danos causados por uma pandemia à saúde pública mundial. No Brasil, essa situação crítica e preocupante não é diferente. O sistema de saúde brasileiro deve estabelecer uma vigilância efetiva, disponibilizar medicamentos, materiais e equipamentos adequados para a resolução rápida do problema iminente, e principalmente, criar ações educativas direcionadas a toda população, com o intuito de garantir a prevenção e a proteção das comunidades

quanto à doença que já levou à morte cerca de 900 brasileiros, conforme o Boletim Epidemiológico Nº 8, de 16 de setembro de 2009 (SECRETARIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE, 2009). OBJETIVO O referido estudo teve como objetivo promover Educação em Saúde, orientando a comunidade universitária de uma instituição pública de ensino superior do Município de Ponta Grossa - Paraná, quanto às medidas preventivas da Gripe A (H1N1), buscando com isso a Promoção da Saúde, bem como a qualidade de vida da população em geral, evitando o aumento do número de casos e consequentemente reduzindo as complicações geradas pelo aumento da incidência de doentes e transmissores. MATERIAIS E MÉTODO Pela natureza do objeto e do objetivo do estudo, considerando suas contribuições a Educação em Saúde e promoção da qualidade de vida da comunidade acadêmica e da população em geral, bem como para enaltecer o trabalho docente e discente, em particular o curso de Bacharelado em Enfermagem, este estudo caracteriza-se por um Relato de Experiência das atividades educativas, envolvendo professores e acadêmicos do Departamento de Enfermagem e Saúde Pública (DENSP), da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), com apoio da Reitoria e Secretaria Municipal, na prevenção da Gripe Influenza A (H1N1), no Município de Ponta Grossa - Paraná, no período de Maio a Setembro de 2009.

Foram realizadas atividades planejadas direcionadas aos docentes, discentes, servidores e outros funcionários de uma instituição pública de ensino superior do Município de Ponta Grossa - Paraná, bem com aplicadas à população em geral. Sendo elas: a) palestras educativas abordando o tema Influenza A (H1N1) : conceitos, epidemiologia, transmissão, curiosidades, tratamento e prevenção; b) Entrevistas nas redes de rádios e jornais locais e estaduais; c) Informações e orientações em instituições públicas e privadas quanto à prevenção e os cuidados profissionais e administrativos; d) Assessorias por meio de atendimento telefônico diário, denominado Disk Influenza UEPG ; e) Elaboração e exposição semanal dos dados epidemiológicos municipal e estadual, junto à Vigilância Epidemiológica do Município, garantindo o planejamento e organização para retorno às atividades acadêmicas. As atividades educativas foram elaboradas com a utilização de materiais expositivos, apresentação de slides, consulta aos boletins epidemiológicos estaduais (SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO PARANÁ, 2009), nacionais e mundiais (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2009) e utilização da literatura encontrada, como Escore et al (2009), Donalísio (2005), Webster et al (2006), BRASIL (2009), entre outras. RESULTADOS E DISCUSSÃO O vírus H1N1, responsável pela proliferação da nova gripe, pode ser transmitido de duas formas básicas: a direta e a indireta. Ao tomar cuidados básicos de higiene, a população pode evitar sua disseminação. Na contaminação direta, uma pessoa infectada transmite o vírus para outra saudável. Isso pode ocorrer ao espirrar ou tossir, já que gotículas líquidas com o H1N1 podem atingir um indivíduo que esteja próximo. Essa é uma das formas mais comuns de contaminação,

principalmente, em locais com grande concentração populacional. A nova gripe também pode se espalhar por contaminação indireta. Nesse caso, uma pessoa nãoinfectada toca em superfícies que foram contaminadas por um paciente com o vírus e coloca a mão em contato com qualquer tipo de mucosa, seja ela oral, nasal ou conjuntiva (SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO PARANÁ, 2009; ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2009). A ação do enfermeiro, a partir de sua percepção, observação e análise do comportamento, situação e condições do ser humano, consiste na assistência integral ao indivíduo, família e comunidade (HORTA, 1979). Sabendo que esta pandemia tornou-se um grande problema de saúde pública gerando uma preocupação universal, cabe ao profissional enfermeiro elaborar métodos de comunicação e informação quanto aos cuidados à população, visando a prevenção de maiores complicações oriundas desta nova doença. As palestras e orientações direcionadas para toda a comunidade abordaram temas relacionados com as medidas básicas para prevenção da Influenza A (H1N1). Estas condutas são necessárias para evitar a disseminação do vírus, como: cobrir nariz e boca com lenço descartável ao tossir ou espirrar; lavar as mãos várias vezes ao dia; evitar cumprimentar com aperto de mão ou beijo, quando estiver doente; evitar compartilhar copos, pratos, talheres e/ou objetos pessoais; evitar aglomerações de pessoas; manter-se a uma distância considerável quando conversar com outras pessoas, pois o vírus pode ser projetado de um a dois metros, podendo chegar a quatro metros, dependendo do caso; manter o ambiente limpo e ventilado; não realizar auto-medicação, procurando um médico, na presença de sintomas (febre alta, tosse, dispnéia, cefaléia, dor de garganta, cansaço e fraqueza, diarréia e vômito, entre outros); descansar; e manter boa alimentação (frutas, verduras e proteínas) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009). Quanto à população atingida, aproximadamente 2000 pessoas receberam orientação presencial, as quais adquiriram a função primordial de multiplicadores,

repassando as informações obtidas para seus colegas, familiares e amigos. Deste modo, o trabalho enfocando educadores merece destaque, pois com a retomada das atividades escolares após as férias de inverno, estes instruíram seus alunos quanto às maneiras corretas de agir perante a situação que estávamos vivendo. Neste mesmo contexto, com o intuito de gerar multiplicadores internos na referida instituição, cerca de 750 pessoas foram capacitadas, todos docentes e funcionários, incluindo a equipe de limpeza, já que se descreve a importância da higienização e limpeza do ambiente, na prevenção da transmissão por meio de superfícies contaminadas (SESA, 2009). Com isso, a universidade estava preparando o manejo aos alunos para o retorno às atividades acadêmicas. Com público variado, composto principalmente de indivíduos na faixa etária entre 20 e 40 anos, a Educação em Saúde se estendeu aos adolescentes e à terceira idade, enfatizados pela susceptibilidade de manifestar complicações como pneumonias. Juntamente com as atividades educativas, a comunidade também pode receber informações por meio de entrevistas concedidas aos programas de rádio e noticiários locais, bem como à televisão aberta em noticiário estadual, além da elaboração e distribuição de materiais informativos, contendo as informações importantes sobre a doença (transmissão, prevenção e tratamento). Quanto ao planejamento de ações preventivas para o retorno dos alunos às atividades acadêmicas na referida instituição, suportando uma comunidade de aproximadamente 8000 indivíduos (alunos, professores e servidores), além da capacitação de multiplicadores de informações foram realizadas reuniões semanais junto aos responsáveis pelos setores e departamentos, demonstrando a situação epidemiológica tanto do estado, quanto do município, visando o conhecimento das condições reais da doença. A partir do planejamento e do reconhecimento da situação e dessas condições pré-estabelecidas, tornou-se primordial a organização do ambiente para

receber os alunos. Deste modo, foi orientada a utilização de álcool gel na anti-sepsia das mãos e na limpeza de bancadas e superfícies, evitando uma disseminação interna. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA, 2009) a higienização das mãos com preparações alcoólicas (gel ou solução a 70%) inativa o vírus em 30 segundos após a limpeza, secagem e anti-sepsia da mão com o álcool propriamente dito. Pensando ainda na organização e na prevenção da transmissão entre a comunidade acadêmica foram adotadas medidas de precaução àqueles indivíduos presentes no grupo de risco para complicação e óbito por Influenza A (H1N1). O principal destaque dessa conduta foi o afastamento das gestantes, até que se estabilizasse o número de casos. De acordo com os dados da Organização Mundial de Saúde (2009), as gestantes são o grupo de pacientes mais susceptíveis à contaminação e ao desenvolvimento de complicações pela doença, correspondendo a 24,3% dos casos confirmados laboratorialmente, segundo o Boletim Epidemiológico Nº 8 de 16 de setembro de 2009. Estes dados foram ainda mais elevados, sendo as gestantes 30-40% dos casos confirmados entre Junho e Agosto de 2009. Nessa perspectiva, em uma ação que pudesse abranger a Educação em Saúde e a organização do ambiente, da comunidade acadêmica, e consequentemente do Município de Ponta Grossa, sob responsabilidade dos docentes e acadêmicos do Departamento de Enfermagem e Saúde Pública - UEPG, foi criado o chamado Disk Influenza UEPG, composto por dois telefones fixos atendendo de segunda a sexta, e um telefone móvel atendendo 24 horas de segunda a segunda. Toda comunidade teve acesso a informações e esclarecimentos quanto à prevenção e aos cuidados com a saúde durante toda a fase crítica da doença. Este trabalho tem continuidade pelo Departamento até que cesse a pandemia, ou seja, por tempo indeterminado.

CONCLUSÕES A Educação e a Saúde como campos de conhecimentos e prática, têm sido consideradas a partir de suas especialidades, em que a educação está associada à escola e aos processos de aprendizagem e a saúde é identificada com os serviços de assistência ao doente e aos conhecimentos sobre o processo saúde-doença (SISTON & VARGAS, 2007). Vista de forma ampliada, a relação direta entre saúde e educação pode estabelecer uma integração de saberes, uma vez que os processos educativos e os de saúde incluem tanto conscientização e autonomia quanto a necessidade de ações coletivas e de estimulo à participação. A pandemia de Gripe Influenza A (H1N1) tornou-se um grande problema de saúde pública, gerando impactos na economia, educação, saúde e na organização social. A atuação do enfermeiro como educador, na criação de multiplicadores de informações, é primordial para evitar a disseminação dessa doença, visando à promoção da saúde e da qualidade de vida do indivíduo, família e comunidade. A universidade teve papel fundamental nesta luta pela prevenção, ampliando essas ações aos demais órgãos da sociedade, e à população em geral. A Educação em Saúde, por meio dos professores e acadêmicos do Departamento de Enfermagem e Saúde Pública, da Universidade Estadual de Ponta Grossa, subsidiou a promoção em saúde e a prevenção de complicações oriundas desta nova pandemia, organizando e planejando o manejo aos alunos para o retorno às atividades acadêmicas da referida instituição, protegendo a população universitária com a redução da transmissão do H1N1. Nessa perspectiva, docentes e discentes de enfermagem enaltecem a importância de relacionar saúde e educação, fornecendo informação e orientações quanto à prevenção e os cuidados frente às diversas comorbidades que atingem a humanidade, garantindo condições de vida saudáveis e bem-estar à população. Ou seja, as ações de assistência à população, por meio da educação em saúde,

prevenindo patologias e suas complicações, estão diretamente relacionadas com as propostas da Agenda 21, garantindo o desenvolvimento das comunidades saldáveis, sem destruir o meio ambiente e com maior justiça social. REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, P.C.; STOTZ, E.N. A educação popular na atenção básica à saúde no município: em busca da integralidade. Interface - Comunicação, Saúde e Educação, Botucatu, v. 8, n. 15, mar/ago. 2004. AMARAL, I.M. Competência do enfermeiro para a promoção e educação em saúde da família [dissertação]. Itajaí / SC: Universidade do Vale do Itajaí. 2006. BRASIL, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Influenza A (H1N1). Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/hotsite/influenza/index.htm>. Acesso em: 22 set. 2009. BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Nacional de Saúde (FUNASA). Educação em Saúde: diretrizes. Brasília, 2007. BRASIL. Ministério da Saúde. Influenza A (H1N1). Disponível em: <http://www.saude.gov.br>. Acesso em: 22 set. 2009. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretária de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Diretrizes para o enfrentamento à pandemia de influenza A (H1N1): ações da atenção primária à saúde. Brasília, 2009. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria Nacional de Vigilância à Saúde. Informe Epidemiológico Influenza A (H1N1): Boletim Epidemiológico Nº 8. Brasília: 16 set. 2009. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Plano e preparação brasileiro para o enfrentamento de uma pandemia de influenza. Brasília, 2005.

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