Anais da Semana de Pedagogia da UEM ISSN Online: 2316-9435 XXII Semana de Pedagogia X Encontro de Pesquisa em Educação 05 a 08 de Julho de 2016 A atuação pedagógica de docentes e acadêmicos no Projeto Pedagogia Hospitalar da Universidades Estadual de Maringá ALMEIDA, Alex Ricardo de abdumuhad@hotmail.com CALEGARI-FALCO,Aparecida Meire(orientadora) ameirecalegari@uol.com.br Universidade Estadual de Maringá Eixo Temático: Educação e Diversidade Introdução A Pedagogia é uma área do conhecimento que vai além dos muros das escolas. A atuação dos profissionais dessa área pode ocorrer tanto nos espaços escolares quanto nos não escolares. Esta ampliação do campo de atuação do pedagogo, advém da complexidade de nossa sociedade e sem dúvida, do reconhecimento da necessidade de conhecimentos pedagógicos em espaços antes sem esta abordagem educacional. Dentre as diversas áreas de atuação do pedagogo fora do espaço escolar, temos a Pedagogia Hospitalar, a qual é tida como importante conquista por sua vinculação entre Educação x Saúde. Segundo Vasconcelos (2006), foi em 1935, que a Pedagogia Hospitalar teve seu início em Paris por Henri Sellier, com a instalação da primeira escola para crianças inadaptadas. No Brasil o reconhecimento oficial dessa pedagogia, somente chegou com a Resolução nº 41 de outubro de 1995, no item 9, onde é especificado o direito, durante a permanência hospitalar, de desfrutar de alguma forma de recreação, programas de educação para a saúde e acompanhamento do currículo escolar. Sendo um direito e uma necessidade da criança hospitalizada, de ter acesso ao estudo e ao brincar, o pedagogo assume um papel importantíssimo nessa intervenção, ajudando a criança a desenvolver-se mesmo enfrentando uma situação difícil.
A classe hospitalar, além de um direito da criança, é uma forma de mantê-la inserida num contexto de aprendizagem, em que a interação com os colegas, a situação de aulas, e o processo ensino-aprendizagem desviam sua atenção da condição de um tratamento, muitas vezes acompanhado de injeções e restrições. (CALEGARI-FALCO et al., 2009, p.299). A hospitalização infantil pode acarretar interferências negativas no desenvolvimento e qualidade de vida da criança, uma vez que a internação pode trazer mais problemas, além do problema de saúde que levou a criança ao hospital, qualquer intervenção que venha a ser feita com essa criança e com a família da mesma, tem que ter caráter de incentivo, de motivação, de conforto. Ao ser internada, a criança é desvinculada do seu mundo, da sua rotina, dos seus afazeres. É afastada de suas brincadeiras diárias, dos amigos, da escola, dos familiares. Então para a criança, a assimilação de um internamento, onde ocorrerá a interrupção de sua realidade, é de grande dificuldade. E é nesse contexto que o lúdico tem essencial importância na recuperação dessa criança. O lúdico, segundo Brasil e Schwartz (2001), associa-se a jogo, a brinquedo, a divertimento, é algo que provoca riso, graça, é espirituoso. A ludicidade então vem a ser, uma necessidade na vida dos seres humanos, não importando a idade, sendo que na infância é muito mais forte, e de muito mais relevância, pois a criança tem sua base de desenvolvimento, construída na relação realidade e imaginação. Através do brincar a criança encontra uma fuga para a realidade a qual está vivendo. Brincando a criança trabalha a junção da ação com o sentimento, com a emoção e também com a integração. O brincar contribui diretamente na formação da criança. Brincando a criança desenvolve os mais diversos aspectos que fazem parte de sua formação. Desenvolve a atenção, a motricidade, a criatividade, o raciocínio lógico, as expressões (corporal ou oral), a concentração, a socialização e muitos outros. Segundo Freud (apud BROUGÉRE, 1998, p.1) Toda criança que brinca se comporta como um poeta, pelo fato de criar um mundo só seu, ou, mais exatamente, por transpor as coisas do mundo em que vive para um universo novo em acordo com suas conveniências. A ludicidade faz com que a criança tenha seus sentimentos e imaginação livres. Ela consegue expressar, transmitir o que está sentindo com toda a experiência a qual está passando, sejam as boas ou as ruins. O brincar também é um meio de aproximação da criança com todos os outros que as rodeiam dentro do hospital.
É enorme a influência do brinquedo no desenvolvimento da criança. Para uma criança com menos de três anos de idade, é essencialmente impossível envolver-se numa situação imaginária, uma vez que isso seria uma forma nova de comportamento que liberaria a criança das restrições impostas pelo ambiente imediato. (VIGOTSKY, 1984, p. 109) Esta pesquisa buscou desenvolver um trabalho que apresente informações, que esclareçam e dê possíveis suportes aos profissionais da educação envolvidos em ambiente hospitalar, investigando assim, significativas formas de ação que podem vir a contribuir com a atuação dos mesmos no campo de trabalho. O trabalho aqui apresentado, também é de contribuição pessoal, enquanto aluno e futuro profissional da área da Pedagogia. O atendimento pedagógico nos espaços não escolares, principalmente em hospitais, sempre foi foco de minha atenção olhar, pois é um campo de atuação ainda não muito desenvolvido, fazendo-se assim uma área do conhecimento carente, necessitada de práticas pedagógicas que vão muito além do convencional. Por meio desta pesquisa, buscamos a compreensão de como o pedagogo pode desenvolver seu trabalho no ambiente hospitalar de forma que além de amenizar o sofrimento da criança, as práticas pedagógicas por ele utilizadas, possam também contribuir no seu desenvolvimento e aprendizado. De acordo com Vigotsky (1984), com o brinquedo a criança faz o que mais gosta de fazer, porque o brinquedo está unido ao prazer, é como se ela fosse maior do que ela é na realidade. Ele ainda afirma que, como no foco de uma lente de aumento, o brinquedo contém todas as tendências do desenvolvimento sob forma condensada, sendo, ele mesmo, uma grande fonte de desenvolvimento. Ceccim e Carvalho (1997), consideram que a percepção de que a criança, mesmo doente, pode aprender, criar e principalmente continuar interagindo socialmente, ajuda na recuperação. Pois assim, a criança terá uma atitude mais ativa mediante a situação de enfermidade. Diante de conteúdos estudados nas disciplinas acadêmicas, e de diversas leituras sobre o assunto, despertou-nos o interesse em entender essa importância e diferença que o trabalho com o lúdico, na aplicação de práticas pedagógicas, tem na recuperação e formação de crianças hospitalizadas, justificando assim o trabalho apresentado.
Objetivos Pesquisar acerca da importância da atuação do pedagogo no Projeto de extensão Pedagogia Hospitalar da Universidade Estadual de Maringá; Conhecer o campo de atuação do pedagogo em ambientes hospitalares. Metodologia Utilizamos a pesquisa bibliográfica para levantamento de dados para este trabalho cujo método se fundamenta na perspectiva do materialismo histórico, considerando o processo das mudanças no mundo do trabalho, bem como as novas demandas sociais que ampliam sobremaneira o campo de atuação deste profissional na contemporaneidade. Resultados O contexto educacional, na atualidade, passa por diversas mudanças. A Pedagogia das áreas da educação que está envolvida nesse processo, pois o foco dela começa a tomar novos rumos, onde a atuação não fica somente restrita ao espaço escolar, a preocupação dos profissionais da área também se volta para a atuação em espaços não-escolares. A Pedagogia é uma área do conhecimento, onde os profissionais enfrentam grandes desafios em todos os campos de atuação dele. Porém, esses são maiores ainda quando ele atua na área da pedagogia em ambientes não-escolares. O mesmo tem que fazer uso de recursos que vão muito além dos livros didáticos, e saber aplicá-los de forma correta, para que assim as práticas pedagógicas sejam efetivas, conforme cada situação que a criança se encontra. E um campo de atuação do pedagogo, fora do ambiente escolar, é a Pedagogia Hospitalar. Nesse campo da Pedagogia, o pedagogo para implementar suas intervenções, precisa levar em consideração todos os aspectos que envolvem a criança, abrangendo aspectos o psicológico até chegar ao pedagógico. A internação é um processo doloroso e difícil para todos os envolvidos. O hospital já é caracterizado um ambiente frio, de dor e de afastamento da realidade cotidiana das pessoas. E na hospitalização infantil, torna-se ainda mais dificultoso o processo de aceitação, uma vez que a criança não tem a plena noção das necessidades e complexibilidades dos métodos e tratamentos que serão utilizados.
A hospitalização na infância pode se configurar como uma experiência potencialmente traumática. Ela afasta a criança do ambiente familiar e promove um confronto com a dor, a limitação física e a passividade, aflorando sentimentos de culpa, punição e medo da morte. (MITRE, 2003, p.148) A criança então, ao deparar-se com o ambiente hospitalar, necessita de recursos que façam com que ela possa enfrentar essa fase pela qual está passando. Recursos esses, que a aproxime o máximo possível de sua vida fora do hospital, onde ela possa expressar seus sentimentos e ter proximidade com as pessoas, e que o sofrimento dessa criança, devido à hospitalização, seja minimizado. É nesse contexto, que o papel do pedagogo tem importante enfoque. Pois esse profissional, ao desenvolver atividades pedagógicas com as crianças hospitalizadas, consegue assim ajudá-las, segundo Calegari-Falco (2009), para que mesmo elas vivendo esse período de dificuldade, consigam continuar com seu desenvolvimento, dentro da mais possível normalidade, em todos os aspectos. A intervenção pedagógica em ambientes hospitalares pode ser imprescindível no caso da criança, uma vez que sua formação ainda não está completa. Suas capacidades são, por hora, meras potencialidades a formar todo um projeto de vida e pode depender de uma ação positiva da intervenção pedagógica para que não venha a sofrer sequelas no futuro da criança.( CALEGARI-FALCO et al., 2009, p.305). Dentre as práticas e intervenções, que o pedagogo pode fazer uso em ambiente hospitalar, está o lúdico. Nesse cenário, o lúdico torna-se um aliado na educação, dando a oportunidade da criança aprender de forma mais prazerosa, pois segundo ainda a autora acima citada, na mediação do professor a criança hospitalizada tem o apoio necessário para então superar os limites que a sua condição está impondo. Considerando que o brincar é um instrumento lúdico que medeia a relação da criança com o mundo e influencia na maneira como esta se relaciona e interage, este se apresenta como uma estratégia de cuidado integral à criança hospitalizada oportunizando a este ser especial deixar transparecer o seu modo de ser no mundo o que permite aos profissionais considerar sua singularidade no processo de adoecimento e de hospitalização, bem como oferecendo oportunidade a esta criança de expressar seus sentimentos encobertos, subsidiando consequentemente na construção de estratégias para lidar com os acontecimentos (MORAIS, 2011).
Logo, podemos entender o brincar, o lúdico, como um processo fundamental no tratamento de crianças no ambiente hospitalar, pois além de ser um recurso educativo na formação e desenvolvimento da criança, é ainda um meio de auxílio e contribuição no bem estar e na qualidade de vida da criança hospitalizada. Conclusão É certo que, uma criança hospitalizada tem necessidades iguais a qualquer outra pessoa, tais como: cuidados médicos, medicação, do cuidado e acompanhamento das enfermeiras e auxiliares, alimentação, higiene pessoal, essa mesma criança também necessita de ser ouvida, para que ela expressa suas dores e questionamentos, e em uma escuta pedagógica leva ela a expor os sentimentos pelo qual ela esta vivendo, nesse momento tão delicado de sua vida, a criança hospitalizada ela continua sendo criança com suas necessidades de brincar e estudar, pois brincar e estudar para ela remete a ideia em estar em boa saúde. Neste sentido, as intervenções traz resultados benéficos a saúde física e psicológica a criança que se encontra hospitalizada, em uma harmonia com os demais profissionais que atuam na ala pediátrica, tal trabalho do pedagogo em espaço não escolares não pode ser isolado dos demais profissionais que atuam no hospital, tal exercício profissional deve ser em conjunto, como membro de um único corpo de profissionais e cada membro reconhecendo e valorizando e respeitando o trabalho da sua equipe. É nítido os resultados durante e após interversões do pedagogo, as crianças em sua totalidade chegam a esquecer que estão doentes, ela brincam, estudam, e se interagem com as demais crianças internadas, ocorrendo a socialização e compartilhamentos das suas vidas, é certo que a medicação ocorre para a recuperação da saúde física, e que os aplicativos por outros profissionais da saúde agem sobre elas, como também que a regência das atividades lúdicas pedagógicas agem sobre a criança, contribuindo na sua recuperação física, como um agente extra nesse processo. Assim entendemos que o pedagogo pode atuar tanto nos espaços escolares assim como nos conhecemos, como também nos espaços informal que nesse artigo relatamos no Hospital Universitário de Maringá.
Referências BROUGÉRE, Gilles. Acriança e a cultura lúdica. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s0102-25551998000200007&script=sci_arttext&tlng=e!n>. Acesso em: 10 nov. 2011. CALEGARI, Aparecida Meire. As inter-relações entre Educação e Saúde: Implicações do trabalho pedagógico no contexto hospitalar. Dissertação. Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2003. CALEGARI-FALCO, Aparecida Meire. O processo de formação do pedagogo para atuação em espaços não-escolares: em questão a Pedagogia Hospitalar. Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação. Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2010. MORAIS, Gilvânia Smith da Nóbrega. O brincar na construção de um cuidado integral à criança hospitalizada. Disponível em: <http://189.75.118.67/cbcenf/sistemainscricoes/arquivostrabalhos/i11128.e3.t2317.d3a P.pdf >. Acesso em: 05set. 2011. VASCONCELOS, Sandra Maia Farias. Classe Hospitalar no Mundo: Um desafio a criança em sofrimento. Disponível em: <http://www.sbpcnet.org.br/livro/57ra/programas/conf_simp/textos/sandramaiahospitalar.htm>. Acesso em: 20 out. 2011. VIGOTSKY, Lev Semenovich. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores: O papel do brinquedo no desenvolvimento. 1ª São Paulo: Martins Fontes, 1984. 105-118 p.