ANO XXIX - 2018-4ª SEMANA DE DEZEMBRO DE 2018 BOLETIM INFORMARE Nº 52/2018 IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE PENSÃO ALIMENTÍCIA - TRATAMENTO FISCAL... Pág. 621 SERVIÇOS DE LIMPEZA, CONSERVAÇÃO, SEGURANÇA, VIGILÂNCIA E LOCAÇÃO DE MÃO-DE-OBRA RETENÇÃO DE IRRF... Pág. 624
IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE Sumário PENSÃO ALIMENTÍCIA Tratamento Fiscal 1. Conceito; 2. Valor da Pensão Fixada em Percentual Sobre o Rendimento Líquido Mensal; 3. Tratamento na Declaração de Ajuste Anual de Quem Paga Pensão Alimentícia; 4. Tratamento Fiscal no Beneficiário do Rendimento; 4.1 - Tributação Mensal no Carnê-Leão; 4.2 - Tratamento na Declaração de Ajuste Anual do Beneficiário; 5. Fonte Pagadora Não Responsável Pelo Desconto da Pensão. 1. CONCEITO A pensão alimentícia é a importância que, nos casos previstos na Lei Civil, uma pessoa deve pagar, periodicamente, ao ex-cônjuge ou a parentes, para prover a subsistência desses, segundo as possibilidades do prestador e as necessidades do beneficiário. Os alimentos provisionais são as importâncias que o juiz determina que sejam pagas de forma provisória pelo alimentante para a manutenção do alimentado durante o processo judicial de separação, divórcio ou anulação de casamento. Nos itens a seguir abordaremos as normas e procedimentos para cálculo do valor da pensão alimentícia com base nos arts. 101 a 103 da Instrução Normativa RFB nº 1.500/2014 e nos arts. 72, 709 do Decreto nº 9.580/2018 (RIR/2018) e outras fontes citadas no texto. Observação: a matéria foi publicada no boletim de acordo com a legislação vigente à época de sua publicação, estando sujeita a sofrer alterações posteriores a publicação em nosso site. 2. VALOR DA PENSÃO FIXADA EM PERCENTUAL SOBRE O RENDIMENTO LÍQUIDO MENSAL Quando o valor da pensão for fixado em percentual aplicável sobre o rendimento líquido mensal, a fonte pagadora deverá, para obter o valor correto da pensão a ser paga, utilizar a seguinte fórmula: P = {RB - CP - [ A x (RB - CP - D - P)] + PD} x T 100 100 onde: P = valor da pensão a ser paga; RB = rendimento bruto; CP = Contribuição Previdenciária; A = alíquota da faixa da tabela progressiva a que pertencer o rendimento bruto; D = dedução de dependentes, caso o contribuinte tenha outros dependentes sob sua guarda, que não o beneficiário da pensão; PD = parcela a deduzir correspondente à faixa da base de cálculo (da tabela progressiva) a que pertencer o rendimento bruto; T = percentagem da pensão alimentícia fixada pelo juiz. Exemplo: Considerando-se que no mês de novembro/2018 um funcionário percebeu um salário de R$ 8.000,00 e tenha sido condenado, consoante normas do direito de família, ao pagamento de pensão alimentícia, cujo valor foi fixado judicialmente em 30% do rendimento líquido do mês. IMPOSTO DE RENDA E CONTABILIDADE DEZEMBRO 52/2018 621
Rendimento bruto... R$ 8.000,00 INSS descontado (11% sobre o teto)... R$ 621,04 Dependente (1)....R$ 189,59 Alíquota da faixa a que pertence o rendimento bruto da tabela progressiva: 27,5% Parcela a deduzir da tabela progressiva correspondente à faixa a que pertence o rendimento bruto R$ 869,36 a) cálculo do valor da pensão alimentícia a ser paga, mediante aplicação da fórmula: P = {RB - CP - [ A x (RB - CP - D - P)] + PD} x T 100 100 P = 8.000,00 621,04 - [ 27,5 x (8.000,00 621,04-100 189,59 - P)] + 869,36} x 30 100 P = {8.000,00 621,04 - [0,275 x (7.189,37 - P)] + 869,36} x 0,30 P = {7.378,96 - [1.977,08 0,275P] + 869,36} x 0,30 P = {7.378,96 1,977,08 + 0,275P + 869,36} x 0,30 P = {6.271,24 + 0,275P} x 0,30 P = 1.881,37 + 0,0825P P 0,0825P = 1.881,37 0,9175P = 1.881,37 = 1.881,37 : 0,9175 P = 2.050,54 b) cálculo do Imposto de Renda: Rendimento bruto... R$ 8.000,00 (-) INSS... R$ 621,04 (-) 01 dependente... R$ 189,59 (-) Pensão alimentícia... R$ 2.050,54 (=) Base de cálculo... R$ 5.138,83 (X) 27,5% da tabela progressiva... R$ 1.413,18 (-) Parcela a deduzir da tabela progressiva... R$ 869,36 (=) Imposto de Renda... R$ 543,82 Ressalta-se que se o rendimento bruto (RB) deduzido do valor relativo a dependentes da Contribuição Previdenciária e da pensão alimentícia resultar em valor pertencente à faixa inferior da tabela progressiva, o cálculo deverá ser refeito, utilizando-se a alíquota e a parcela a deduzir correspondentes à faixa a que pertence o rendimento bruto (RB). c) comprovação do valor da pensão alimentícia: Rendimento bruto... R$ 8.000,00 (-) INSS descontado... R$ 621,04 (-) IRRF... R$ 543,82 IMPOSTO DE RENDA E CONTABILIDADE DEZEMBRO 52/2018 622
(=) rendimento líquido... R$ 6.835,14 (X) percentual fixado da pensão... R$ 30% (=) valor da pensão alimentícia... R$ 2.050,54 3. TRATAMENTO NA DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL DE QUEM PAGA PENSÃO ALIMENTÍCIA A dedução de pensão alimentícia na Declaração de Ajuste Anual somente é permitida quando o contribuinte declarar no modelo completo, uma vez que no simplificado o desconto de 20% (vinte por cento) dos rendimentos substitui todas as deduções admitidas na Legislação, observando-se que (Art. 72, inc. II, alínea a, da Instrução Normativa RFB nº 1.500/2014): a) na Declaração de Ajuste Anual não poderá ser utilizada a dedução de pensão alimentícia cumulativamente com a dedução de dependentes relativamente à mesma pessoa, exceto na hipótese de mudança da relação de dependência no ano-calendário; b) o contribuinte que pagar a pensão alimentícia e apresentar a declaração no modelo completo deverá informar o beneficiário e o valor pago na Relação de Pagamentos e Doações efetuadas; c) o valor deduzido fica sujeito à comprovação, mediante recibo que identifique o beneficiário ou por meio de cópia de cheque nominativo emitido em nome do beneficiário da pensão. 4. TRATAMENTO FISCAL NO BENEFICIÁRIO DO RENDIMENTO 4.1 - Tributação Mensal no Carnê-Leão As importâncias recebidas a título de pensão alimentícia, inclusive alimentos provisionais, em cumprimento de acordo ou decisão judicial, sujeitam-se à tributação mensal na forma do carnê-leão (Art. 118 do RIR/2018 e inc. IV do art. 53 da IN RFB nº 1.500/2014). 4.2 - Tratamento na Declaração de Ajuste Anual do Beneficiário As importâncias recebidas a título de pensão alimentícia, inclusive alimentos provisionais, em cumprimento de acordo ou decisão judicial, comporão os rendimentos tributáveis na Declaração de Ajuste Anual, qualquer que seja o modelo adotado pelo contribuinte: completo ou simplificado. No caso de pensão alimentícia recebida por menores ou por incapazes, a apresentação da Declaração de Ajuste e o pagamento do imposto devido é de responsabilidade da pessoa sob cuja guarda estiver o beneficiário da pensão (Art. 4º do RIR/2018). Quando a decisão ou acordo judicial especificar os beneficiários da pensão alimentícia, o responsável pela guarda do menor poderá, opcionalmente ( único do art. 4º do RIR/2018): a) apresentar a declaração em nome de cada um deles, separadamente, sob CPF próprio; ou b) incluir as importâncias recebidas pelos filhos em sua declaração e considerá-los como dependentes. 5. FONTE PAGADORA NÃO RESPONSÁVEL PELO DESCONTO DA PENSÃO Quando a fonte pagadora não for responsável pelo desconto da pensão, o valor mensal pago pode ser considerado para fins de determinação da base de cálculo sujeita ao imposto na fonte, desde que o alimentante forneça à fonte pagadora o comprovante do pagamento, observado o seguinte: a) o valor da pensão alimentícia não utilizado como dedução, no próprio mês de seu pagamento, poderá ser deduzido no mês subsequente; b) em relação às despesas de educação e médicas dos alimentandos, pagas pelo alimentante, deve-se observar o disposto no 1º do art. 91 e no art. 99 da IN RFB nº 1.500/2014. Fundamentos Legais: Os citados no texto. IMPOSTO DE RENDA E CONTABILIDADE DEZEMBRO 52/2018 623
SERVIÇOS DE LIMPEZA, CONSERVAÇÃO, SEGURANÇA, VIGILÂNCIA E LOCAÇÃO DE MÃO-DE-OBRA Retenção de IRRF Sumário 1. Incidência; 2. Serviços de Limpeza e Conservação - Alcance da Incidência; 3. Locação de Mão-de-Obra; 4. Não Exclusão do ISS da Base de Cálculo; 5. Compensação do Imposto Retido na Fonte; 6. Dispensa de Recolhimento; 7. Recolhimento do Imposto; 7.1 Fato Gerador no Caso de Importâncias Creditadas; 7.2 Momento da Retenção no Caso de Importâncias Creditadas; 8. Preenchimento do DARF; 9. Pessoas Jurídicas Sujeitas ao Regime Tributário do Simples Nacional; 10. Comprovante Anual de Rendimentos; 11. Informação do IRRF na DIRF. 1. INCIDÊNCIA Estão sujeitos à incidência do Imposto de Renda na Fonte à alíquota de 1% (um por cento) os rendimentos pagos ou creditados por pessoas jurídicas a outras pessoas jurídicas civis ou mercantis, a título de remuneração pela (Art. 716 do Decreto nº 9.580/2018 ( RIR/2018)): a) prestação de serviços de limpeza e conservação de bens imóveis, exceto reformas e obras assemelhadas; b) prestação de serviços de segurança e vigilância; e c) locação de mão-de-obra de empregados da locadora colocados a serviço da locatária, pessoa jurídica, em local por está determinado. 2. SERVIÇOS DE LIMPEZA E CONSERVAÇÃO - ALCANCE DA INCIDÊNCIA Para delimitar o alcance da incidência do IRRF sobre a remuneração paga ou creditada pela prestação de serviços de limpeza e conservação de bens imóveis, a Secretaria da Receita Federal esclareceu que deve ser considerada a definição de bens imóveis prevista no artigo 79 da Lei nº 10.406/2002 (Código Civil). O artigo 79 do Código Civil define como bens imóveis: São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou rtificialmente. 3. LOCAÇÃO DE MÃO-DE-OBRA É comum muitas empresas confundirem a locação de mão-de-obra e a simples intermediação na contratação de empregados. Na locação de mão-de-obra, a locadora coloca empregados seus à disposição da locatária para executar trabalhos temporários em local por esta designado. O pessoal fornecido mantém a condição de empregado da locadora e é por ela remunerado. A locadora cobra da locatária uma importância que cobre os seus custos (salários e encargos sociais relativos aos empregados, etc.), as despesas operacionais e a sua margem de lucro e sobre esse valor incide o IRRF à alíquota de 1% (um por cento). No caso de intermediação para a contratação de empregados, a atividade da intermediária limita-se a recrutar profissionais e encaminhá-los à empresa que deseja contratá-los. Nesse caso, a remuneração paga à agência de empregos sujeita-se à incidência do IRRF à alíquota de 1,5% (um e meio por cento), prevista para comissões e corretagens. 4. NÃO EXCLUSÃO DO ISS DA BASE DE CÁLCULO Quando o serviço prestado for tributado pelo ISS, o Imposto de Renda na Fonte incidirá sobre o preço total dos serviços, sem exclusão da parcela relativa ao ISS, ainda que o mesmo seja destacado na Nota Fiscal. 5. COMPENSAÇÃO DO IMPOSTO RETIDO NA FONTE IMPOSTO DE RENDA E CONTABILIDADE DEZEMBRO 52/2018 624
O Imposto de Renda Retido na Fonte, na modalidade tratada neste trabalho, poderá ser compensado pela pessoa jurídica beneficiária dos rendimentos, com o Imposto de Renda Pessoa Jurídica devido no período, seja este calculado com base no lucro real, presumido ou arbitrado (Arts. 34, da Lei nº 8.981/1995 e arts. 1º e 2º da Lei nº 9.430/1996). 6. DISPENSA DE RECOLHIMENTO Está dispensada a retenção de Imposto de Renda, na hipótese tratada neste trabalho, de valor igual ou inferior a R$ 10,00 (dez reais), incidente na fonte sobre rendimentos pagos a pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado (Art. 67 da Lei nº 9.430/1996, e art. 785 do Decreto nº 9.580/2018-RIR/2018). 7. RECOLHIMENTO DO IMPOSTO O Imposto de Renda Retido na Fonte deverá ser recolhido até o último dia útil do segundo decêndio do mês subsequente ao da ocorrência do fato gerador (Art. 70, inciso I, letra e, da Lei nº 11.196/2005, incluído pelo o art. 38 da Lei Complementar n] 150/2015). Vale lembrar que o fato gerador do imposto ocorre na data em que o rendimento for pago ou creditado à pessoa jurídica beneficiária, observando-se que: a) considera-se pagamento do rendimento a entrega de recursos, inclusive mediante crédito em instituição financeira, a favor do beneficiário (Parágrafo único do art. 38 do RIR/1999); b) entende-se por crédito o registro contábil efetuado pela fonte pagadora pelo qual o rendimento é colocado, incondicionalmente, à disposição do beneficiário (Parecer Normativo CST nº 121/1973). 7.1 Fato Gerador no Caso de Importâncias Creditadas O Ato Declaratório Interpretativo RFB nº 8, de 2 de setembro de 2014 (DOU de 3.9.2014) declara que considera-se ocorrido o fato gerador do imposto sobre a renda na fonte, no caso de importâncias creditadas, na data do lançamento contábil efetuado por pessoa jurídica, nominal ao fornecedor do serviço, a débito de despesas em contrapartida com o crédito de conta do passivo, à vista da nota fiscal ou fatura emitida pela contratada e aceita pela contratante. 7.2 Momento da Retenção no Caso de Importâncias Creditadas O Ato Declaratório Interpretativo RFB nº 8, de 2 de setembro de 2014 (DOU de 3.9.2014) declara que a retenção do imposto sobre a renda na fonte, incidente sobre as importâncias creditadas por pessoa jurídica a outra pessoa jurídica pela prestação de serviços caracterizadamente de natureza profissional, será efetuada na data da contabilização do valor dos serviços prestados, considerando-se a partir dessa data o prazo para o recolhimento. 8. PREENCHIMENTO DO DARF O imposto será recolhido através do Documento de Arrecadação de Receitas Federais - DARF e será preenchido em 2 (duas) vias, utilizando-se, no campo 04, o código 1708. 9. PESSOAS JURÍDICAS SUJEITAS AO REGIME TRIBUTÁRIO DO SIMPLES NACIONAL Não incidirá o Imposto de Renda na Fonte quando o rendimento for pago ou creditado às pessoas jurídicas enquadradas no regime tributário do SIMPLES NACIONAL (Instrução Normativa RFB nº 765/2007). 10. COMPROVANTE ANUAL DE RENDIMENTOS O Comprovante Anual de Rendimentos, deve ser entregue pelas pessoas jurídicas que tiverem efetuado pagamento ou crédito de rendimentos, no ano-calendário, a outras pessoas jurídicas, sujeitos à retenção do Imposto de Renda na Fonte. (Instrução Normativa SRF nº 119/2000) 11. INFORMAÇÃO DO IRRF NA DIRF As informações prestadas no Comprovante Anual de Rendimentos Pagos ou Creditados e de Retenção de Imposto de Renda na Fonte - Pessoa Jurídica deverão ser discriminadas na Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte DIRF (Instrução Normativa RFB nº 1.757/2017 e a IN RFB nº 1.836/2018 para a DIRF-2019). Fundamentos Legais: Os citados no texto. IMPOSTO DE RENDA E CONTABILIDADE DEZEMBRO 52/2018 625