Tensão de água no solo para a cultura do melão rendilhado

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Transcrição:

Tensão de água no solo para a cultura do melão rendilhado Rafael Dornfeld Borges 1 ; Márcio José de Santana 2 ; Guilherme de Almeida Bocate 3 ; Murilo Augusto Sgobi 4 ; Pedro Ivo de Figueiredo 5 1 Estudante Engenharia Agronômica, IFTM - Campus Uberaba, MG - Bolsista IFTM, rafael_dornfeld26@hotmail.com. (34) 3326-1117 2 Prof. Dr. Irrigação e Drenagem, IFTM - Campus Uberaba, MG, marciosantana@iftm.edu.br 3 Estudante Tecnologia Irrigação e Drenagem, IFTM - Campus Uberaba, MG 4 Estudante Engenharia, IFTM - Campus Uberaba, MG Bolsista PET Agronomia /MEC 5 Estudante Técnico em Agricultura, IFTM - Campus Uberaba, MG Bolsista BIC Júnior/FAPEMIG RESUMO O cultivo do melão rendilhado na região do Triângulo Mineiro é uma nova tecnologia, necessitando de padrões de condução. O atual experimento foi conduzido no IFTM campus Uberaba, MG objetivando avaliar a produtividade do melão rendilhado submetido as diferentes tensões de água no solo. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com cinco tratamentos (momen to de irrigar com tensões de 10 kpa, 20 kpa, 30 kpa, 40 kpa e 50 kpa) e quatro repetições (duas linhas de plantio com 14 plantas). Foram realizadas duas colheitas e estimada a produtividade da cultura. Foram determinados o diâmetro de caule, o número de frutos, a eficiência do uso da água e a produtividade da cultura. A irrigação foi realizada por gotejamento e o manejo por tensiometria. A cultivar utilizada foi a Bônus n.2 em espaçamento de 1,0 x 0,60 m. Pode-se concluir que a maior produtividade estimada foi de 1,36 kg planta -1 quando a irrigação foi efetuada com 10 kpa. A menor produtividade foi verificada quando a irrigação foi efetuada com tensão de 50 kpa. A maior eficiência do uso da água foi de 4,08 g mm -1 para a tensão de 10 kpa. PALAVRAS-CHAVE: Cucumis melo var. reticulatus, tensiometria, manejo da irrigação. Soil water tension for netted mellon crop ABSTRACT Netted melon growing in the region of Triângulo Mineiro is a new technology, needing of establishment standards. The present experiment was conducted on IFTM campus Uberaba, MG aiming to evaluate the yield of netted melon submitted to different soil water tensions. The experimental design was completely randomized with five treatments (moment of irrigating with tensions of 10 kpa, 20 kpa, 30 kpa, 40 kpa ande 50 kpa) and four replicates S3546

(two planting rows with 14 plants). Two harvests were performed and the crop yield was estimated. Stem diameter, fruits number, water use efficiency and crop yield were determined. Irrigation was performed by dripping and management by tensiometry. The crop used was Bônus n.2 at spacing of 1.0 x 0.60 m. it follows that the highest yield estimated was of 1.36 kg plant -1 when irrigation was performed with 10 kpa. The lowest yield was verified when irrigation was done with a tension of 50 kpa. The highest efficiency of water use was of 4.08 g mm -1 to the tension of 10 kpa. Keywords: Cucumis melo var. reticulatus, tensiometry, irrigation management. INTRODUÇÃO O melão rendilhado (Cucumis melo var. reticulatus Naud.) é uma espécie da família das cucurbitáceas, pertencente ao grupo Reticulatus. O fruto possui superfície rendilhada e forma redondo-ovalada. Os primeiros registros de cultivos comerciais no Brasil foram em 1986, pela Cooperativa Agrícola de Cotia. Esta cultura apresenta como vantagem boa cotação comercial e pode ser cultivada em pequenas áreas com boa lucratividade (Rizzo, 1999). O Brasil participa como exportador de melão do grupo inodorus, com baixo conteúdo de açúcar, preterido em relação aos melões do grupo reticulatus com conteúdo de açúcar maior e aspecto visual mais atraente. Para a obtenção de frutos de qualidade superior, o melão rendilhado requer condições especiais de cultivo, como casa de vegetação, tutoramento, sistema de condução e poda adequados, informações ainda escassas nas condições brasileiras de cultivo (Maruyama et al., 2000). O meloeiro é uma cultura de alto valor econômico por unidade de área, mas pode apresentar sérios problemas de produção quando suas exigências bioclimáticas não são plenamente atendidas (Caron & Heldwein, 2000). A opção pelo ambiente protegido permite prolongar o cultivo do meloeiro desde a primavera até o outono e mostra-se economicamente viável. No entanto, existem alguns procedimentos técnicos a serem ajustados para a condução adequada desse cultivo nas estufas e contornar problemas originados pela modificação do seu ambiente, dentre os S3547

quais está a dificuldade de estabelecer a dotação e o momento em que se deve realizar a irrigação (Caron & Heldwein, 2000) Silva et al., (2004) relataram que o v alor total acumulado de consumo de água pelo meloeiro até 80 dias após o transplantio foi de 101 litros para plantas fertilizadas, enquanto o consumo nas mesmas condições de irrigação na ausência de fertilizantes, foi 26% inferior. Para Filgueira (2003 ) a irrigação tem sido por gotejamento para esta cultura, sendo provavelmente o método de irrigação mais propício para o meloeiro. O período de maior exigência hídrica pela cultura do meloeiro se estende do desenvolvimento dos ramos até o início da frutificação (Pinto et al., 1994). No período de maturação dos frutos, o excesso de água influencia negativamente a qualidade (Caron & Heldwein, 2000). Diante do exposto o objetivo do atual trabalho foi avaliar a produtividade da cultura do meloeiro rendilhado submetido a diferentes tensões de água no solo. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em uma estufa modelo arco localizado na área experimental do setor de Olericultura do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro, campus Uberaba, MG. O solo da área experimental foi classificado como Latossolo Vermelho distroférrico, cujas características físicas e químicas foram analisadas pelo Laboratório de Análise do Solo da EPAMIG em Uberaba, MG. As equações de ajuste das curvas características do solo para as camadas de 0-20 cm e 20-40 cm de profundidade, segundo modelo de Genuchten (1980), foram obtidas de acordo com Dourado Neto et al. (1995). A densidade média do solo para as camadas de 0-20 cm e 20-40 cm, obtida pelo método do cilindro de Uhland, forneceu valores de 1,0g cm -1 e 1,09 g cm -1, respectivamente. A semeadura foi realizada em bandejas de isopor e 25 dias após as mudas foram transplantadas para local definitivo, perfazendo um ciclo total de 105 dias. A adubação seguiu recomendações de CFSMG (1999) com cinco coberturas. A cultivar conduzida no experimento foi o híbrido Bônus n.2. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com 5 (cinco) tratamentos ( tensões de água no solo para efetuar a irrigação de 10 kpa, 20 kpa, 30 kpa, 40 kpa e 50 kpa) e 4 (quatro) repetições. Cada parcela experimental foi composta de 2 (duas) linhas de plantio com 14 plantas no total. A coleta de dados foi realizada nas 4 (quatro) plantas localizados no centro da parcela. S3548

Para aplicação dos tratamentos foi adotado um sistema de irrigação por gotejamento (vazão de 2,3 L h -1 e pressão de serviço de 10 mca), sendo emissores do tipo in-line inseridos no tubo no momento da extrusão e distanciados entre si de 0,60 m (um emissor por planta). As lâminas foram determinadas utilizando a tensiometria. Com as tensões observadas, foram calculadas as umidades correspondentes, a partir da curva característica na camada de 0 20 cm. De posse dessas umidades e daquela correspondente à capacidade de campo e, ainda, considerando a profundidade do sistema radicular, foram calculadas as lâminas de reposição (Equações 1, 2 e 3). em que: LL=(θ cc -θ atual )*z (1) LB = LL/Ea (2) LB média =LB média10cm (3) LL = lâmina líquida de irrigação (mm); θ cc = umidade na capacidade de campo (cm 3 cm -3 ); θ atual = umidade no momento de irrigar (cm 3 cm -3 ); z = profundidade do sistema radicular (mm); LB = lâmina bruta de irrigação (mm); Ea = eficiência de aplicação do sistema (0,9); LB média10cm = lâmina obtida pela média das leituras dos sensores instalados a 0,10 m; As características avaliadas foram: peso médio de frutos por planta, diâmetro do caule (coletado aos 45 e 65 dias após transplantio) e número de frutos por planta. Obteve-se também a eficiência do uso da água (E.U.A.). RESULTADOS E DISCUSSÃO As lâminas aplicadas durante a condução do experimento, o turno de rega médio e número de irrigações em cada tratamento constam na Tabela 1. As lâminas aplicadas para os tratamentos 10 kpa, 20 kpa, 30 kpa, 40 kpa e 50 kpa foram respectivamente de 332,96 mm; 303,80 mm; 195,86 mm; 175,53 mm e 176,06 mm. As irrigações quando a tensão de água no solo foi de 10 kpa foram efetuadas diariamente. Caron & Heldwein (2000) concluíram que no ano de 1996 o consumo d água da cultura do meloeiro totalizou 209,6mm em 15 semanas, perfazendo um consumo médio diário de 1,9mm; já em 1997 o valor médio do consumo total de água foi de 166,8mm em 14 S3549

semanas, obtendo-se média diária de 1,7mm, enquanto que em 1998 totalizou 159,1mm em 17 semanas, com média diária de 1,3mm. Na Figura 1 estão os valores médios de tensões de água no solo coletados durante a condução experimental. Como esperado as tensões referentes ao tratamento 10 kpa oscilaram em menores valores. As médias das tensões para efetuar as irrigações para os tratamentos 10 kpa, 20 kpa, 30 kpa, 40 kpa e 50 kpa foram respectivamente de 17,93 kpa; 22,91 kpa; 36,21 kpa; 46,61 kpa e 58,91 kpa. Houve diferença estatística entre os tratamentos para o número de frutos, o peso dos frutos e o diâmetro do caule (nas duas datas de coleta). Todas as variáveis avaliadas foram negativamente afetadas pelo aumento da tensão de água no solo (Figuras 2, 3 e 4). O maior número de frutos por planta e peso médio dos frutos por planta foram de 2,0 frutos e 1,36 kg planta -1, quando a irrigação foi efetuada diariamente elevando-se o solo à capacidade de campo. Valores semelhantes foram encontrados em outras culturas por Santos (2002) e Santos & Pereira (2004). O meloeiro do grupo reticulatus apresentou uma exigência maior de água. Filgueira (200 3) mencionou que durante a floração e início da frutificação recomendam-se irrigações mais freqüentes sendo esta a fase de maior exigência da cultura. O autor não menciona o grupo cultivado neste caso. Na Tabela 2 estão os valores de eficiência do uso da água (E.U.A.) em função das tensões de água no solo. A maior E.U.A. foi verificada quando a irrigação foi efetuada diariamente (10 kpa). Isto se deve a alta produtividade alcançada neste tratamento em comparação aos demais. Sousa et al., (1997) recomendam irrigação para o meloeiro quando a tensão da água no solo atingir valores entre 6 kpa e 15 kpa a 30 cm de profundidade. Pode-se concluir que a maior produtividade estimada foi de 1,36 kg planta -1 quando a irrigação foi efetuada com 10 kpa. A menor produtividade foi verificada quando a irrigação foi efetuada com tensão de 50 kpa. A maior eficiência do uso da água foi de 4,08 g mm -1 para a tensão de 10 kpa. REFERÊNCIAS CARON BO.; HELDWEIN AB. 2000. Consumo d água e coeficiente de cultura para o meloeiro cultivado em estufa plástica na primavera. Revista Bras. Agrometeorologia 8: n. 1, 19-25. COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO DO ESTADO DE MINAS GERAIS. 1999. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais: (5 a aproximação). Viçosa: UFV. 359 p. S3550

DOURADO NETO D. et al. 1995. Programa SWRC: soil-water retention curve (software). Version 1.00. Piracicaba: ESALQ; Davis: University of Califórnia, 2 disquetes. FILGUEIRA FAR. 2000. Novo manual de olericultura: Agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. Viçosa: UFV. 412p. GENUCHTEN MT van. 1980. A closed form equation for predicting the hydraulic conductivity of unsaturated soils. Soil Science Society of America Journal 44: 892-898, Sept./Oct. MARUYAMA WI; BRAZ LT; CECÍLIO FILHO AB. 2000. Condução de melão rendilhado sob cultivo protegido. Horticultura Brasileira 18: 175-178. PINTO JM; SOARES J.M; CHOUDHURY EN et al. 1994. Efeito do período e freqüências da fertirrigação na produção do melão. Pesquisa Agropecuária Brasileira 29: 1345-1350. RIZZO AAN. 1999. Avaliação de caracteres agronômicos e qualitativos de cinco cultivares de melão rendilhado (Cucumis melo var. reticulatus Naud.) e da heterose em seus híbridos F1. Jaboticabal: UNESP. 59 p (Dissertação Mestrado em Agronomia). SANTOS DS dos. 2002. Efeitos da tensão de água no solo, na cultura do pepino (Cucumis sativus L.), utilizando sistema de irrigação automatizado. Lavras: UFLA. 60 p (Dissertação Mestrado em Irrigação e Drenagem). SANTOS SR; PEREIRA GM. 2004. Comportamento da alface tipo Americana sob diferentes tensões da água no solo, em ambiente protegido. Revista Engenharia Agrícola 24: 569-577. SILVA TJA; MACHADO CC; BONFIM-SILVA EM; COELHO RD. 2004. Coeficiente de cultivo ( Kc) do meloeiro tipo rendilhado protegido. Irriga 9: 72-81. cultivado em ambiente SOUSA VF; COELHO EF; RODRIGUES BHN; SILVA PHS; VIANA FMP; SOBRINHO CA. 1997. Cultivo do melão sob fertirrigação por gotejamento. Ministério da Agricultura e do Abastecimento/EMBRAPA/CPAM, Piauí, Circular Técnica. Tabela 1. Lâminas aplicadas e número de irrigações em função dos tratamentos de tensão de água no solo (Depths applied and number of irrigations concerning the soil water tension treatments). Uberaba, IFTM, 2010. S3551

Tratamentos (kpa) Lâminas aplicadas após início tratamentos (mm) Lâminas totais (mm) Turno de rega (dias) Número de irrigação 10 275,93 332,96 1 63 20 247,80 303,80 1,4 45 30 138,86 195,86 3,3 19 40 116,53 173,53 4,8 13 50 119,06 176,06 5,2 12 Tensão de água no solo (kpa) 70 65 60 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 w 20 30 40 50 60 70 80 90 Dias após transplantio 10 kpa 20 kpa 30 kpa 40 kpa 50 kpa Figura 1. Tensão de água no solo nos diferentes tratamentos (Soil water tension in the different treatments). Uberaba, IFTM, 2010. Número de frutos por planta 2,5 2,25 2 1,75 1,5 1,25 1 y = -0,0141x + 2,237 R 2 = 0,7393* 10 20 30 40 50 Tensão de água no solo (kpa) Figura 2. Número de frutos em função das tensões de água no solo (Number fruits concerning the soil water tensions). Uberaba, IFTM, 2010.*(p<0,05). S3552

Peso frutos (kg planta -1 ) 2 1,75 1,5 1,25 1 0,75 0,5 0,25 0 y = -0,0175x + 1,421 R 2 = 0,8248* 10 20 30 40 50 Tensão de água no solo (kpa) Figura 3. Produtividade em função das tensões de água no solo (Yield concerning the soil water tensions). Uberaba, IFTM, 2010. *(p<0,05). Diâmetro do caule (mm) 14 13 12 11 10 9 8 y(45 DAT) = -0,065x + 11,44 R 2 = 0,8447* y (65 DAT)= -0,0894x + 13,006 R 2 = 0,9337* 10 20 30 40 50 Tensão de água no solo (kpa) 45 DAT 65 DAT Figura 4. Diâmetro do caule em função das tensões de água no solo (Stem diameter concerning the soil water tensions). Uberaba, IFTM, 2010. *(p<0,05). Tabela 2. Eficiência do uso da água em função da reposição de água ( Water use efficiency concerning the water replacements). IFTM, Uberaba, 2010. Tensão de água no solo E.U.A. (g mm -1 ) (kpa) 10 4,08 20 3,35 30 3,77 40 3,68 50 3,91 S3553