6 - A importância da sequência didática



Documentos relacionados
EXPRESSÃO CORPORAL: UMA REFLEXÃO PEDAGÓGICA

Dicas que ajudam pais na escolha da escola dos seus filhos

Indicamos inicialmente os números de cada item do questionário e, em seguida, apresentamos os dados com os comentários dos alunos.

ISSN PROJETO LUDICIDADE NA ESCOLA DA INFÂNCIA

A DANÇA E O DEFICIENTE INTELECTUAL (D.I): UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA À INCLUSÃO

5 Considerações finais

ISSN ÁREA TEMÁTICA: (marque uma das opções)

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO: ELABORAÇÃO E UTILIZAÇÃO DE PROJETOS PEDAGÓGICOS NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

O COORDENADOR PEDAGÓGICO E AS REUNIÕES PEDAGÓGICAS POSSIBILIDADES E CAMINHOS

A INCLUSÃO DE ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS NUMA ESCOLA PÚBLICA DO MUNICÍPIO DE GUARAPUAVA: DA TEORIA À PRÁTICA

CASTILHO, Grazielle (Acadêmica); Curso de graduação da Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Goiás (FEF/UFG).

PIBID: DESCOBRINDO METODOLOGIAS DE ENSINO E RECURSOS DIDÁTICOS QUE PODEM FACILITAR O ENSINO DA MATEMÁTICA

AVALIAÇÃO NA PRÉ-ESCOLA UM OLHAR SENSÍVEL E

Educadores veem excessos em nova base curricular brasileira

Redação do Site Inovação Tecnológica - 28/08/2009. Humanos aprimorados versus humanos comuns

A LUDICIDADE NO CONTEXTO ESCOLAR

ROCHA, Ronai Pires da. Ensino de Filosofia e Currículo. Petrópolis: Vozes, 2008.

Psicologia Social. É a área da Psicologia que procura estudar a interação social.

Programa de Pós-Graduação em Educação

MÓDULO 5 O SENSO COMUM

MÍDIAS NA EDUCAÇÃO Introdução Mídias na educação

O PROCESSO DE INCLUSÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL: UM ESTUDO DE METODOLOGIAS FACILITADORAS PARA O PROCESSO DE ENSINO DE QUÍMICA

RESUMO Sobre o que trata a série?

A NECESSIDADE DA PESQUISA DO DOCENTE PARA UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA INCLUSIVA, PRINCIPALMENTE NA EDUCAÇÃO ESPECIAL E NO TRABALHO COM AUTISTAS

FILOSOFIA SEM FILÓSOFOS: ANÁLISE DE CONCEITOS COMO MÉTODO E CONTEÚDO PARA O ENSINO MÉDIO 1. Introdução. Daniel+Durante+Pereira+Alves+

Anexo F Grelha de Categorização da Entrevista à Educadora Cooperante

Família, Escola e a construção do contexto afetivo: Maria Aparecida Menezes Salvador/Ba

O sucesso de hoje não garante o sucesso de amanhã

Disciplina: Alfabetização

Título: O moodle como ambiente virtual de aprendizagem colaborativa: o caso do Curso Introdutório Operacional Moodle na UEG.

SEDUC SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MATO GROSSO ESCOLA ESTADUAL DOMINGOS BRIANTE ANA MARIA BALDINOTTI O LÚDICO E A LÍNGUA INGLESA

2º passo: trabalho com a exploração dos Sentidos. Tato Visão Olfato Gustação Audição. 3º passo: trabalho com uma ou mais Linguagens

GESTÃO DEMOCRÁTICA EDUCACIONAL

MÉTODOS E TÉCNICAS DE AUTOAPRENDIZAGEM

A escola para todos: uma reflexão necessária

APRENDENDO NOS MUSEUS. Exposição no Bloco do estudante: O brinquedo e a rua: diálogos

5 DICAS DE GESTÃO EM TEMPOS DE CRISE. Um guia prático com 5 dicas primordiais de como ser um bom gestor durante um período de crise.

Mas, como utilizar essa ferramenta tão útil e que está à sua disposição?

Recomendada. A coleção apresenta eficiência e adequação. Ciências adequados a cada faixa etária, além de

Avaliação e observação

OS SABERES PROFISSIONAIS PARA O USO DE RECURSOS TECNOLÓGICOS NA ESCOLA

Educação Espírita da Criança Por que o Espiritismo deve ser ensinado para as crianças?


O professor que ensina matemática no 5º ano do Ensino Fundamental e a organização do ensino

Ninguém educa sozinho, educamos em. comunhão.

Manifeste Seus Sonhos

LUZ, CÂMERA, AÇÃO: NOVAS EXPERIENCIAS, NOVOS APRENDIZADOS

Aula 1 Uma visão geral das comorbidades e a necessidade da equipe multidisciplinar

JOGOS MATEMÁTICOS RESUMO INTRODUÇÃO

Avaliação-Pibid-Metas

SALAS TEMÁTICAS: ESPAÇOS DE EXPERIÊNCIAS E APRENDIZAGEM. Palavras Chave: salas temáticas; espaços; aprendizagem; experiência.

O Princípio da Complementaridade e o papel do observador na Mecânica Quântica

Composição dos PCN 1ª a 4ª

O USO DAS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS COMO FERRAMENTA DIDÁTICA NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

A educadora avalia a formação de nossos professores para o ensino da Matemática e os caminhos para trabalhar a disciplina na Educação Infantil.

Prof. Kildo Adevair dos Santos (Orientador), Prof.ª Rosângela Moura Cortez UNILAVRAS.

Aula-passeio: como fomentar o trabalho docente em Artes Visuais

Denise Fernandes CARETTA Prefeitura Municipal de Taubaté Denise RAMOS Colégio COTET

A MOTIVAÇÃO DOS ALUNOS EM SALA DE AULA NA DISCIPLINA DE PORTUGUÊS

METODOLOGIA: O FAZER NA EDUCAÇÃO INFANTIL (PLANO E PROCESSO DE PLANEJAMENTO)

O COORDENADOR PEDAGÓGICO COMO FORMADOR: TRÊS ASPECTOS PARA CONSIDERAR

Tema: evasão escolar no ensino superior brasileiro

A UTILIZAÇÃO DE RECURSOS VISUAIS COMO ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA NO PROCESSO DE ENSINO - APRENDIZAGEM DE ALUNOS SURDOS.

Lei nº de 04/04/2013

POR QUE SONHAR SE NÃO PARA REALIZAR?

Base Nacional Comum Curricular Lemann Center at Stanford University

PUBLICO ESCOLAR QUE VISITA OS ESPAÇOS NÃO FORMAIS DE MANAUS DURANTE A SEMANA DO MEIO AMBIENTE

O ESTÁGIO SUPERVISIONADO COMO ESPAÇO DE CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DOCENTE DE LICENCIANDOS EM MATEMÁTICA

A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DE PEDAGOGIA DA FESURV - UNIVERSIDADE DE RIO VERDE

SÍNDROME DE DOWN E A INCLUSÃO SOCIAL NA ESCOLA

PRINCIPAIS DIFICULDADES ENFRENTADAS PELOS PROFESSORES DE QUÍMICA DO CEIPEV. E CONTRIBUIÇÃO DO PIBID PARA SUPERÁ-LAS.

RESUMO. Autora: Juliana da Cruz Guilherme Coautor: Prof. Dr. Saulo Cesar Paulino e Silva COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA

Pedagogia Estácio FAMAP

Papo com a Especialista

O TRABALHO COM BEBÊS

COTIDIANO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Guia Prático ORGANIZAÇÃO FINANCEIRA PARA BANCAR A FACULDADE

TENDÊNCIAS RECENTES DOS ESTUDOS E DAS PRÁTICAS CURRICULARES

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DOS PROFESSORES DE MATEMÁTICA DO ENSINO MÉDIO DA ESCOLA ORLANDO VENÂNCIO DOS SANTOS DO MUNICÍPIO DE CUITÉ-PB

OS SABERES NECESSÁRIOS À PRÁTICA DO PROFESSOR 1. Entendemos que o professor é um profissional que detém saberes de variadas

Piaget diz que os seres humanos passam por uma série de mudanças previsíveis e ordenadas; Ou seja, geralmente todos os indivíduos vivenciam todos os

ENSINO DE BIOLOGIA E O CURRÍCULO OFICIAL DO ESTADO DE SÃO PAULO: UMA REFLEXÃO INICIAL.

2.2 O PERFIL DOS PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO INFANTIL

DISTÚRBIOS EMOCIONAIS NA ESCOLA: ALGUMAS CAUSAS E SINAIS

Titulo: DILEMAS ENCONTRADOS POR PROFESSORES DE QUÍMICA NA EDUCAÇÃO DOS DEFICIENTES VISUAIS.

LUDICIDADE: INTRODUÇÃO, CONCEITO E HISTÓRIA

20 Anos de Tradição Carinho, Amor e Educação.

AS CONTRIBUIÇÕES DAS VÍDEO AULAS NA FORMAÇÃO DO EDUCANDO.

Desafios para a gestão escolar com o uso de novas tecnologias Mariluci Alves Martino

PROJETO MEDIAR Matemática, uma Experiência Divertida com ARte

PROGRAMA: GRAVIDEZ SAUDÁVEL, PARTO HUMANIZADO

O Determinismo na Educação hoje Lino de Macedo

Formação e identidade profissional do/a professor/a da Educação infantil:

PLANEJAMENTO OPERACIONAL: RECURSOS HUMANOS E FINANÇAS MÓDULO 10

TUDO O QUE APRENDEMOS É BOM

Dicas para investir em Imóveis

Necessidade e construção de uma Base Nacional Comum

AS RELAÇÕES DO ESTUDANTE COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E SUAS IMPLICAÇÕES NO ENSINO REGULAR INCLUSIVO

A QUESTÃO ÉTNICO-RACIAL NA ESCOLA: REFLEXÕES A PARTIR DA LEITURA DOCENTE

Transcrição:

As sequências didáticas na Educação Infantil possibilitam um trabalho organizado paulatinamente, possibilitam o crescimento e o aprofundamento em conceitos e em saberes, pouco a pouco, de acordo com a curiosidade e estimulação presentes nestas salas de aula. É a sequência didática também que garante que o professor não vai privilegiar um conhecimento em detrimento do outro pois se não houve um planejamento criterioso de uma sequência, acaba-se por optar e desenvolver muitas ações de um campo do conhecimento, como de língua ou de matemática, por exemplo, e nos esquecemos de artes visuais, movimento, dentre outros saberes imprescindíveis para o desenvolvimento da Educação Infantil. O cérebro infantil, ainda segundo Marta Pinheiro, tem uma quantidade excessiva de sinapses; esta exuberância sináptica continua até o início da adolescência, quando então começa a ser reduzida por eventos regressivos. A sinapse é um mecanismo extremamente fino. Del Nero (1997, p.53-55) destaca que qualquer desarranjo na quantidade de neurotransmissores, e na forma e quantidade de receptores, pode levar a quadros cerebrais e mentais. A expressão a aprendizagem depende de sinapses (ROSE, 1984, p.87) é muito significativa para os educadores - ela busca destacar o fato de que não basta ter neurônios; por mais especializado que o neurônio seja enquanto célula (e ele é, de longe, a célula com maior especialização funcional do organismo), isoladamente ele não é nada. É fundamental que os neurônios estabeleçam conexões entre si, pois somente a partir da formação das redes neurais torna-se possível o aprendizado (em qualquer nível, desde o que resulta de comportamentos inatos, como sugar, chorar, bocejar, até os denominados processos mentais superiores, como o raciocínio lógico, a abstração, o planejamento). Ou seja, se as sinapses são mais frequentes e ricas no período da infância, a multiplicidade de linguagens e a riqueza destas ações pode perfeitamente colaborar no processo de formação sólida e dinâmica a que uma criança pode adentrar e de lá nunca mais sair, afinal a aprendizagem significativa pode ser para a vida inteira. Assim, a opção por sequência didática na EducaçãoInfantil é prática que vem ao encontro das necessidades de nosso tempo. É uma ferramenta sem valor igual para a organização do trabalho pedagógico na infância, mas é, sobretudo, um novo ar, uma oxigenação importante que faltava neste espaço de cultura e aprendizagem que é a educação dos pequenos. Assim, deixo claro também que independente do currículo que a escola possa usar, estas atividades podem ser encaixadas perfeitamente nos planejamentos de rotinas de educação. 1 / 6

Sobre isto também gostaria de dizer que uma escola optar por este ou por outro conteúdo é sempre uma ação arbitrária. Ou seja, sempre que optamos por um ou por outro conteúdo em um currículo, estamos fazendo uma escolha e esta escolha sempre tem um sentido maior e mais amplo. Se optamos por conteúdos mais sociais, que levam a observação, e principalmente a inteiração da criança com outros meios sociais, é porque queremos e iremos desenvolver nas crianças certas atitudes e saberes para os quais, seja a família, a escola ou ambos juntos, se faz importante. No entanto, é também observável que algumas escolas possuem currículos para Educação Infantil baseados nos conteúdos de formação intelectual, pensando em línguas, raciocínio lógico e, por consequência, tem-se um currículo mais estruturado, pouco arejado e pouco espontâneo. Há ainda currículos para Educação Infantil que optam por uma escolha totalmente lúdica. Nestes currículos tudo se baseia em brincadeiras, livres ou dirigidas, e isto acaba por levar o professor e as crianças a certas competências que talvez nos outros exemplos de currículos que aponto, não sejam tão fortemente observáveis. O que pretendo deixar claro com essa discussão é que um currículo é sempre uma atividade de escolhas. Alguém, baseado em conhecimentos prévios e estudos, pontua uma serie de conteúdos que deverão, ao longo de um período determinado, servir de linha-mestra para a organização do trabalho pedagógico com a infância. O rol de conteúdos é, portanto, sempre uma escolha. Esta escolha pode ser menos "errada" e mais "acertada" quando se envolve várias pessoas, vários saberes, vários campos de conhecimento e principalmente várias experiências profissionais em torno delas. As decisões por tais conteúdos sempre determinará que tipo de formação final iremos ter, e é esta a consciência maior que devemos ter nestes momentos de escolhas. Assim dizendo, penso que deixo claro que meus exemplos são sugestões de trabalho, que ao mesmo tempo não ignoram as contribuições das neurociências e, é claro, garantem viver as experiências da infância, e a partir deles, educadores possam entender o que é uma sequência didática para a infância e como se estrutura uma passando por todos os parâmetros curriculares nacionais. Minha intenção é deixar bem clara a ação de planejar atividades com vários campos de linguagem e que apresentem, nestas atividades, níveis crescente de cobrança e de desenvolvimento para a criança. Assim realizando, acredito que a prática pedagógica da Educação Infantil se tornará mais produtiva. Ao mesmo tempo, penso que é a criança a mais beneficiada com um trabalho realizado por sequência didática pois ela começa 2 / 6

a pensar as lógicas de cada conteúdo a partir de uma organicidade muito a seu tempo, muito a sua forma, muito no seu lugar. Sequência didática para Educação Infantil é uma ferramenta que deve e que precisa entrar de uma vez nas rotinas de creches e centros de Educação Infantil, senão, corremos o risco de deixar na infância das crianças, marcas de uma escola que não leva a descobertas, a dúvidas, a sonhos. A minha sequência didática segue uma organicidade. Esta organicidade é para facilitar a montagem do meu trabalho e principalmente do meu artigo. No entanto, no dia a dia da sala de aula, o professor pode perfeitamente inverter uma atividade. Ou seja, dentre as atividades que eu apresentei na sequência há uma ordem de ações. Esta ordem é para organizar o trabalho, mas na prática uma atividade pode ser mudada de lugar. Esta mudança deve ser baseada, sempre, no interesse dos alunos, nas perguntas que eles fazem durante os estímulos que eles recebem, nas readequações naturais de aula que todos nós temos que fazer sempre. Assim, quero que fique bem claro que a sequência didática se configura com atividades ligadas a um mesmo tema e principalmente com um mesmo objetivo; levar a criança a perceber a maior amplitude daquele conteúdo e tudo isto englobando sempre a multiplicidade de linguagens, o lúdico e o emocional, que é o maior desafio do trabalho com crianças. Cada tema de uma sequencia pode ser testado pelo professor e testado por outros professores já usuários do material didático de onde saíram todos os exemplos que usei para sugerir como trabalhar sequência didática na Educação Infantil. Assim, ao sugerir um tema ou uma atividade, sempre irei também deixar algumas dicas do que pode acontecer, em função de já termos aplicado muitas vezes estas atividades desta forma estruturadas e em diferentes públicos, redes municipais e privadas. De acordo com cada realidade, pode-se sempre fazer ajustes e acertos, desde que a essência das atividades não seja perdida. A ordem das atividades pode ser alterada, mas o que configura cada atividade não, pois é justamente esta configuração que constitui a sequência didática. Exemplo: se um dos conteúdos, como é o caso do exemplo sobre ovo, apresenta música, desenho e psicomotricidade com o tema, as atividades podem ser em ordem aleatória ou como preferir o professor; no entanto, as atividades que usam a linguagem verbal, a musical e a sinestésicas precisam ser mantidas. E por quê? Porque o objeto do conteúdo, que é ovo, tem 3 / 6

intrínseco nele estas linguagens. Ou seja, quando pegamos em um ovo, já de imediato vimos que ele tem cor e cores, por fora e por dentro se modificam, já vimos que há incontáveis músicas no imaginário popular sobre ovo, pintinho e galinha e, é claro, o desenho, que é a representação de tudo isto, é condição de todo as etapas da Educação Infantil. Quer dizer, se todos os conteúdos precisam de registro porque o registro ajuda a fixação e a reelaboração dos significados, é o registro através de imagens o que unifica qualquer idade ou condição social em uma sala de Educação Infantil. Assim, acredito que a sequência didática é mantida, é mantida a linguagem e a atividade, mas a ordem que elas serão desenvolvidas não vai representar nenhuma perda para o desenvolvimento da criança. E, para coroar a importância da sequência didática, o trabalho com a emoção da criança deve e está contemplado em cada momento. É durante este período da Educação Infantil que mais intensas são as descobertas emocionais de uma criança. É durante este período que a criança começa a conviver com o primeiro adulto que não é de sua família, neste caso o professor ou a professora. É a primeira vez que a criança terá que conviver com tantos outros, seus iguais ou semelhantes, de forma controlada não por seus familiares, mas por valores coletivos da escola. Assim, é natural de se esperar que estas trocas emocionais intensas e novas causarão perdas e ganhos para a criança. Administrar esses ganhos e essas perdas é papel de um trabalho emocional diário. O trabalho com emoção não pode ser dissociado dos demais. Enquanto realiza-se um desenho, é imprescindível observar, conduzir, e até mesmo interferir, se for o caso, nas ações controladas pelo emocional da criança. É preciso estar atento para absorver dicas que elas nos passam diariamente. Essas dicas apontam quais caminhos elas e nós podemos e estamos seguindo. A sequência didática não secundariza a emoção e tampouco o trabalho atencioso para com ela. É a emoção, como dizia Wallon, que antecipa a linguagem, e como tal, os trabalhos todos de sequência didática sempre requerem atividades e ações em torno do tema. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 4 / 6

ALMEIDA. Geraldo Peçanha de. Transtornos e Dificuldades de Aprendizagem Como lidar em sala de aula? Conexa, Belo Horizonte, 2010. ALMEIDA, Laurinda Ramalho de. Wallon e a Educação. In: Henri Wallon Psicologia e Educação. São Paulo: Loyola, 2000. DEL NERO, Henrique S. O sítio da mente. São Paulo: Collegium Cognitio, 1997. FACCHINI, Luciana. Brainpower: a compreensão neuropsicológica do potencial da mente de um bebê. Revista Educação, Porto Alegre, ano XXIV, n.45, p.93-106, nov. 2001. PINHEIRO, Marta. Comportamento humano - interação entre genes e ambiente. Revista Educar, Curitiba, n.10, p.45-52, jan./dez. 1995. PINHEIRO, Marta. A inteligência: uma contribuição da biologia ao processo educativo. Revista Educar, Curitiba, n. 12, p.39-49, jan./dez. 1996. PINHEIRO, Marta. As bases biológicas da neuropsicologia: uma contribuição à formação de educadores. Temas sobre desenvolvimento, São Paulo, v.14, n.83-84, p.4-13, jan./dez. 2005-2006. RIDLEY, Matt. Genoma a autobiografia de uma espécie em 23 capítulos. Rio de Janeiro: Record, 2001. WALLON, H. A evolução psicológica da criança. Rio de Janeiro: Andes, [ s.d.]. Fundamentos metafísicos ou fundamentos dialéticos da psicologia. In:. Objectivos e métodos da psicologia. Lisboa: Estampa, 1975a. p.173-188.. Psicologia e materialismo dialéctico. In:. Objectivos e métodos da psicologia. Lisboa: Estampa, 1975b. p. 61 67.. As etapas da personalidade da criança. In:. Objectivos e métodos da psicologia. Lisboa: Estampa, 1975c. p. 131-140. 5 / 6

. A atividade proprioplástica. In: WEREBE, M.J.G.; NADEL, J. (Orgs.) Henri Wallon. São Paulo: Ática, 1986a. p. 141-148.. O papel do outro na consciência do eu. In: WEREBE, M.J.G.; NADEL, J. (Orgs.) Henri Wallon. São Paulo: Ática, 1986b. p. 159-167. LEGENDA "A sequência didática se configura com atividades ligadas a um mesmo tema e principalmente com um mesmo objetivo." 6 / 6