Benchmarking como Técnica de Apoio no Estudo de Gestão das Micro e Pequenas Empresas de Santa Maria



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Transcrição:

Benchmarking como Técnica de Apoio no Estudo de Gestão das Micro e Pequenas Empresas de Santa Maria Greice de Bem Noro (UNIFRA) gbgreice@gmail.com Aline Dalmolin (UNIFRA) alinedalmolin@yahoo.com.br Lisandra Murini (UNIFRA) lisandra@unifra.br Deisi V. Becker (UNIFRA) deisib@unifra.br Resumo Este artigo configura-se em levantamento de cunho exploratório acerca do tema benchmarking e faz parte de um Projeto de Iniciação Científica PROBIC, que partiu do objetivo de realizar um estudo de benchmarking em gestão empresarial das micro e pequenas de Santa Maria/RS. Este estudo justifica-se tendo em vista a necessidade do levantamento de parâmetros essenciais que auxiliem no processo de gestão das micro e pequenas empresa de Santa Maria, com base na identificação das melhores práticas utilizadas neste contexto. Palavras-chaves: Estratégia, benchmarking, gestão. MPEs Abstract This article sets up in survey of exploratory mark on the benchmarking issue and is part of a Scientific Initiation Project - PROBIC, which broke the purpose of conducting a benchmarking study on business management for micro and small from Santa Maria / RS. This study is justified in view the need for removal of key parameters that help in the management of micro and small business in Santa Maria, based on identified best practices used in this context. Keywords: strategy, benchmarking, management. MEPs 1 Introdução A integração da economia e suas tendências trazem novos ritmos em termos de competitividade, produtividade e sobrevivência das empresas. Como exemplos de tendências deste novo paradigma incluem-se a globalização com a abertura de mercados intensificando a concorrência, o crescente fluxo de capital rompendo barreiras geopolíticas e as inovações tecnológicas. No atual contexto, o desempenho competitivo dos diferentes setores está condicionado a um conjunto de fatores estruturais internos e externos e de natureza sistêmica, que quando são estudados ajudam a estabelecer as inter-relações necessárias para a definição estratégica de produtividade e competitividade setorial. De acordo com os dados obtidos pela pesquisa realizada junto à micro e pequenas empresas (MPEs) sobre a taxa de mortalidade e os fatores condicionantes desta mortalidade, pode-se observar que a taxa de mortalidade no Brasil até dois anos existência da empresa era de 49,9%, até três anos de existência da empresa é de 56,4% e com quatro anos de existência da empresa a taxa de mortalidade era de 59,9% (SEBRAE, 2006). Neste sentido, as micro e pequenas empresas (MPEs) estão cada vez mais estão inseridas em um cenário instável onde a estratégia de benchmarking está se tornando indispensável na gestão das MPEs, à medida que contribui para a minimização de incertezas na tomada de decisões estratégicas e ameniza possíveis ameaças, possibilitando adaptações necessárias para que estas continuem competindo neste cenário. 1

O presente projeto justifica-se principalmente por duas razões essenciais: primeiramente por ainda as universidades e entidades de classes locais tais como Sindilojas, CDL, Casism, entre outros não possuírem informações reais sobre como as empresas locais vem gerindo seus negócios. Em segundo, a presente pesquisa justifica-se a medida que, tornase necessário entender que o benchmarking caracteriza-se como um importante instrumento que pode auxiliar sobremaneira na coleta de informações estratégicas para possibilitar as empresas a implementarem de forma mais eficiente melhorias no processo, tendo em vista que esta ferramenta visa comparar processos e estratégias já consagrados em outras organizações e desta forma, reduzir o tempo de aprendizagem na base de tentativas e erros, concentrando-se em aprimorar e adaptar os melhores processos e estratégias às necessidades da empresa, gerando desta forma, informações para subsidiar o sistema de inteligência competitiva nas organizações. Neste contexto, o presente estudo que faz parte de um Projeto de Iniciação Científica PROBIC teve como objetivo geral realizar um estudo de benchmarking em gestão empresarial das micro e pequenas de Santa Maria/RS. E os objetivos específicos são: Fazer um levantamento quanto ao número de empresas classificadas como micro e pequena; Levantar os meios como as empresa que farão parte do universo deste estudo estão a gerir o seu negócio, tendo como referência os seguintes critérios: Liderança; Política e estratégia; Pessoas; Parcerias e Recursos; e Processos; Analisar sobre a excelência dos resultados obtidos pelas empresas pesquisadas na gestão de seus negócios, divididos em quatro critérios: Clientes; Pessoas; Sociedade; e Chave do Desempenho e; a partir dos resultados obtidos, pretende-se estruturar uma visão crítica acerca dos resultados da gestão das micro e pequenas empresa de Santa Maria e repassar as melhores práticas nos critérios aos empresários e instituições. 2 Referencial Teórico Buscando dar sustentabilidade ao referido projeto, inicialmente procurou-se fundamentá-lo quanto à micro e pequena empresa, assim como a prática do benchmarking. Cabe ressaltar que na construção do relatório esses tópicos serão aprofundados, assim como outros serão incluídos, dando assim uma base sólida ao estudo proposto. 2.1 Gestão de Micro e Pequena Empresa A participação das micro e pequenas empresas na economia nacional são de suma e incontestável importância. Uma forma simples de medir a importância relativa das pequenas empresas é comparar o número de empregados que trabalham em pequenas empresas com o número de empregados que trabalham em grandes empresas (LONGENECKER et al. 1997). Essa análise pode ser feita para cada setor e para a economia como um todo. Todavia, outros fatores representativos conjugados podem dar uma noção mais realista do papel das micro e pequenas empresas no contexto nacional. De acordo com os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), existem no Brasil cerca de 3,5 milhões de empresas, das quais 98% são de micro e pequeno porte. Com base nos dados disponíveis da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE e Relação Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho e Emprego (RAIS/MTE), é possível afirmar que as atividades típicas de micro e pequenas indústrias mantêm cerca de 35 milhões de pessoas ocupadas em todo o país, o equivalente a 59% das Pessoas Ocupadas no Brasil (SEBRAE, 2006). As pequenas empresas prestam contribuições singulares à economia. Fornecem uma parte desproporcional de novos empregos necessários para uma força de trabalho em crescimento. Como as micro e pequenas empresas são mais ágeis e flexíveis do que as grandes e podem corresponder mais rápido às demandas de mudanças externas (LONGENECKER et al. 1997). Na medida em que cresce a economia mundial, mais poderosos vão se tornando seus protagonistas menores, havendo a tendência de existirem atores menores em maior número e 2

ênfase tribal num mundo cada vez mais globalizado. Hoje, no Brasil, as microempresas e empresas de pequeno porte representam um segmento importante de inclusão econômica e social, já que segundo dados este segmento representa nada menos que 99% do total de empreendimentos do País, 60% dos empregos existentes e contribui com 20% do PIB, além disso, são representados por 95% dos novos empregos líquidos gerados a cada ano (SEBRAE, 2006). Os fatores que contribuíram para o avanço das micro e pequenas empresas. Nos últimos anos, o número de micro e pequenas empresas vêm crescendo a taxas anuais acima de 10% e situam-se, hoje, em torno de três milhões. As razões deste grande incremento foram múltiplas e não se limitam às inércias das grandes empresas (GRACIOSO, 1995). Cada empresa que atua em um mercado possui uma estratégia competitiva, seja ela explícita ou implícita. Mas, para atingir o desempenho superior, as empresas precisam otimizar seu gerenciamento e estar a par das modernas tendências dos métodos gerenciais no ambiente competitivo moderno (PORTER, 1989). Montgomery (1998) compartilha essas idéias alegando que as estratégias são o produto de uma visão global. A estratégia nas pequenas empresas é definida como o padrão de comportamento estabelecido pela tomada de decisão em face das mudanças ambientais percebidas pelo empreendedor. Assim, de acordo com o modo empreendedor, cada tomada de decisão reflete o comportamento estratégico da empresa (MINTZBERG, 1973). Tendo em vista a importância das micro e pequenas empresas na economia brasileira, a tarefa de determinar meios sólidos para a adoção de estratégias torna-se uma tarefa imprescindível. É neste contexto que o estudo de benchmarking no ambiente das micro e pequenas empresas tornam-se um assunto de suma importância. 2.2 Estratégia de Benchmarking De acordo com IAPMEI Instituto de Apoio as Pequenas e Médias Empresas e Investimento (2007), Benchmarking é um processo contínuo e sistemático que permite a comparação das performances das organizações e respectivas funções ou processos face ao que é considerado "o melhor nível", visando não apenas a equiparação dos níveis de performance, mas também a sua ultrapassagem". Benchmarking é uma modalidade especial de aprendizado direcionada à revelação das melhores práticas de uma organização plenamente reconhecida como a número um de seu ramo, país, ou mesmo do mundo, no intuito de propiciar a quem inicia este tipo de estudo um quadro das possibilidades de melhoria (ARAUJO, 2001). Benchmarking também pode ser considerada é uma estratégia de gestão voltada para o aprendizado. Através do benchmarking, uma organização procura identificar as melhores práticas empresariais para aplicá-las a sua realidade. O resultado é o aperfeiçoamento da organização que se propõe a elaborar o estudo de benchmarking (SPENDOLINI,1993). O benchmarking é uma metodologia de pesquisa contínua e sistemática para realizar comparações de processos e práticas de uma empresa com outras portadoras das melhores práticas administrativas, com o objetivo de avaliar bens, serviços e métodos de trabalho, no sentido do aprimoramento organizacional e da superioridade competitiva. Quando usada como suporte ao sistema de inteligência competitiva, subsidia o processo de formulação do planejamento estratégico (ARAÚJO, 2006). Spendolini (1993) destaca que, algumas organizações posicionam o benchmarking como parte de um processo geral de solução de problemas para o aperfeiçoamento organizacional. Outras o posicionam como um mecanismo pro - ativo para as empresas informadas das práticas mais modernas de negócios. Dentre os motivos para se fazer benchmarking pode-se citar o estímulo ao pensamento do tipo para fora da caixa ; a necessidade de planejamento estratégico e de previsões; busca de novas idéias; a comparações entre produtos/serviços/processos; e o 3

estabelecimento de objetivo (SPENDOLINI, 1993). Na visão do autor, como principais características relacionadas à estratégia de benchmarking pode-se citar: é um evento contínuo, ou seja, a organização que o faz não pode acreditar que benchmarking é um evento único no tempo, que dispensa modificações e reavaliações; é um processo de coleta de informações valiosas; é um aprendizado e; requer disciplina. Os resultados traduzidos em indicadores representam o objetivo último na prossecução de vantagens competitivas e devem retratar a estratégia da empresa. Desta forma, o processo de benchmarking conduz a dois tipos de resultados (CAMP, 2002, WATSON, 1994): os benchmarks - medidas de referência para o desempenho comparativo, e que, em última análise, devem permitir a articulação entre a estratégia e da ação e; as melhores práticas (enablers) - métodos ou práticas de excelência que sustentam desempenhos superiores. Em termos simples, pode dizer-se que as melhores práticas são o como do benchmarking, comparadas com o quê que é o benchmark propriamente dito. 3 Metodologia Quanto aos procedimentos metodológicos a presente pesquisa caracteriza-se como quantitativa, descritiva, realizada através de um estudo de campo. As pesquisas deste tipo têm como objetivo primordial à descrição das características de determinada população, fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis (GIL, 1999). O plano de coleta de dados contará com a obtenção de dados primários e secundários. Os dados primários, coletados em campo, correspondem à coleta direta de informações no local em que acontecem os fenômenos e os fatos (MARTINS 1994, p.28). Neste contexto, a consolidação deste trabalho compreenderá duas etapas: pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo. A primeira de caráter exploratório consistirá na tentativa de explicar a temática utilizando o conhecimento disponível consubstanciado nas teorias formuladas por pesquisadores sobre os pontos tratados (YIN, 2001) com relação ao tema proposto. A segunda etapa será uma pesquisa de campo ou levantamento, e se caracteriza como estudos quantitativos e descritivos, que se preocupam com a medição objetiva e a quantificação dos resultados, buscando, acima de tudo, a precisão, evitando distorções na etapa de análise e interpretação dos dados (HANASHIRO, et al. 2008). Partindo da necessidade de avaliar o desempenho das micro e pequenas empresas de forma comparativa e sistemática, nesta etapa burcar-se-á realizar uma pesquisa junto a uma amostra de micro e pequenas empresas (as quais serão divididas por setor de atuação e ramo de atividade) para identificar os meios que as empresas objeto do presente estudo utilizam para gerir seus negócios, bem como a excelência de seus resultados. A pesquisa será realizada no município de Santa Maria, localizado na região central do estado do Rio Grande do Sul. O universo deste estudo se constituirá em empresas que fazem parte do Cadastro Empresarial do SEBRAE (2006), que possui 801 MPEs cadastradas. No setor do comércio varejista conta com a população de 435 empresas, o restante trata-se de indústrias e serviços, conforme a tabela 1. Para a realização da coleta dos dados utilizar-se-á de uma pesquisa por amostragem probabilística aleatória simples. Obtendo 95% de confiança e 5% de significância. Tabela 1 Número de MPE de Santa Maria-RS Segmento Micro Empresa Pequena Empresa Comércio 309 126 Indústria 146 38 Serviços 169 62 Fonte: Cadastro Empresarial SEBRAE (2005) Considerando o erro de 5%, σ = 1,96 (com 95% de confiança), com uma proporção de 71% micro e 29% são pequenas empresas, com a aplicação direta na fórmula, obteve-se uma amostra de 183 empresas. 4

Neste contexto, para a contemplação desta fase será utilizado como instrumento de pesquisa o questionário de avaliação de excelência de benchmarking concebidos pelo Instituto de Apoio a Pequena e Micro Empresa e Investimentos IAPMEI, de forma a apoiar uma organização na avaliação da sua posição competitiva. O instrumento, baseia-se no Modelo de Excelência EFQM European Foundation for Quality anagement e é composto por 34 perguntas fechadas e de multila escolha que se dividem em 2 partes. A primeira parte, que tem como objetivo levantar os meios como as empresa pesquisadas estão a gerir o seu negócio, divididos em cinco seções: Liderança; Política e estratégia; Pessoas; Parcerias e Recursos; e Processos. A segunda parte busca analisar sobre a excelência dos seus resultados, divididos em quatro seções: Clientes; Pessoas; Sociedade; e Chave do Desempenho. Este instrumenro se configurará na principal fontes de coleta das informações primárias e será aplicado aos executivos responsáveis de cada empresa a ser pesquisada. Após a coleta dos dados, os mesmos serão analisados sob a ótica qualitativa e quantitativa. O tratamento dos dados, digitação e tabulação, serão realizados por meio de software específico de pesquisa, denominado Sphinx. Para tanto, procurar-se-à estabelecer quadros referenciais dos dados coletados em função de suas respectivas categorias, facilitando assim, a análise e interpretação dos resultados. Neste momento, a partir da análise dos dados coletados, será possível estruturar uma visão crítica acerca dos meios que as micro e pequenas empresas estudadas utilizam para gerir seus negócios, bem como a excelência de seus resultados, o qual se configurará em um instrumento de pesquisa, tanto para o meio acadêmico como para tomadas de decisões do meio empresarial. Referências Bibliográficas SEBRAE NACIONAL. Dados gerais sobre o segmento nacional / micro e pequena empresa no Brasil / dados estatísticos. GEPEP/SEBRAE. Encontrado em http//www.sebrae.com.br/sebraenacional/dadosestatisticos, Arquivo capturado em 08 de agosto de 2006. ARAUJO, L. C. G. de. Tecnologias de gestão organizacional. São Paulo: Atlas, 2001. ARAUJO, Luis César G de. Gestão de Pessoas: estratégias e integração organizacional. São Paulo: Atlas, 2006. CAMP R. Benchmarking: o caminho da qualidade total. São Paulo. Ed Thompson, 2002. GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999. GRACIOSO, F. Planejamento orientado para o mercado: como planejar o crescimento da empresa, conciliando recursos e cultura com as oportunidades do ambiente externo. 3ªed. São Paulo. Atlas, 1995. HANASHIRO ET. AL. Gestão do fator humano: uma visão baseada em stakeholders. Ed. Saraiva: São Paulo. 2008. IAPMEI Instituto de Apoio as Pequenas e Médias Empresas e Investimento. Disponível em: http://www.iapmei.pt/iapmei-bmkindex.php. Acesso em: 03/09/2007. LONGENECKER, J. G., MOORE, C. W. e PETTY, J. W. Administração de pequenas empresas. São Paulo: Makron Books, 1997. MARTINS, G. A. Manual para elaboração de monografias e dissertações. São Paulo: Atlas, 1994. MINTZBERG, H Strategy-making in three modes. California Management Review, v. 16, 1973. MONTGOMERY, Cinthia A. Estratégia: A busca da vantagem competitiva, Rio de Janeiro: Campus, 1998. PORTER, M.E.. Vantagem competitiva criando e sustentando um desempenho superior.rio de Janeiro: Campus, 1989. SPENDOLINI, M. J. Benchmarking. São Paulo: Makron Books, 1993. WATSON, Gregory H. Benchmarking estratégico - como transformar as técnicas de Benchmarking em fator de competitividade e acréscimo de produtividade. São Paulo: Makron Books, 1994. YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2.ed. Porto Alegre : Bookman, 2001. 5