SEMINÁRIO DE PESQUISA 23 - TERRITÓRIOS E EDUCAÇÃO POPULAR NA AMÉRICA LATINA

Documentos relacionados
Desafios dos Movimentos Sociais na América Latina e Caribe, Nordeste e no Brasil pós eleiçᾶo, um olhar desde a Educação Popular 28 de novembro del

SABERES E FAZERES QUILOMBOLAS: DIÁLOGOS COM A EDUCAÇÃO DO CAMPO

Ciudad de México: 20 a 24 Ciudad Juárez: 27 e 28

RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS E O ENSINO DE CIÊNCIAS

Movimentos Sociais e Educação Popular na América Latina Perspectivas e desafios da atualidade

Iº SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE GÊNERO E GERAÇÃO REAF/MERCOSUL 9º SEMINÁRIO INTERESTADUAL DA MULHER RURAL 5º SEMINÁRIO DA JUVENTUDE

Eixo: Fundamentos teórico-metodológica da História.

Grupos Temáticos e responsáveis pelo GT

Código Disciplina/Pré-Requisito Caráter Créditos Carga Horária

UM DICIONÁRIO CRÍTICO DE EDUCAÇÃO 1

EDUCAÇÃO POPULAR E OS MOVIMENTOS SOCIAIS. Alunos: Gabriela, Janaina e Wagner Professores: Vânia, Genaro e Felipe

Plano de Ensino Docente

ANÁLISE DOS CURSOS PROMOVIDOS PELO PRONERA NA ZONA DA MATA PERNAMBUCANA

FÓRUM MINEIRO DE EJA: ESPAÇOS DE (RE)LEITURAS DA EJA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO CURRÍCULO DO PPGMPE

POSSIBILIDADES E LIMITES DA ESCOLA ITINERANTE CONTRIBUIR PARA A EMANCIPAÇÃO HUMANA: A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA ITINERANTE NO MST PARANÁ.

Interesse de pesquisa: Arte-educação, Saberes e Formação Docente, Política e História da Educação

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA RESOLUÇÃO Nº 08/2011, DO CONSELHO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

O CURRÍCULO ESCOLAR E O MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA: experiência contra-hegemônica 1

EIXO V GESTÃO DEMOCRÁTICA, PARTICIPAÇÃO POPULAR E CONTROLE SOCIAL DOCUMENTO REFERÊNCIA

PALAVRAS-CHAVE: Currículo escolar. Desafios e potencialidades. Formação dos jovens.

Edital de seleção de candidatos ao Curso de Extensão em Histórias e Culturas Indígenas

Pontos de Cultura. BARBOSA, Frederico; CALABRE, Lia. (Org.). Pontos de Cultura: olhares sobre o Programa Cultura Viva. Brasília: Ipea, 2011.

CPA CPA - COMISSÃO PRÓPRIA DE AVALIAÇÃO. Mogi das Cruzes SP Institucional AVALIAÇÃO - CPA. Gestão No. Assunto Projeto de Avaliação

Uma universidade para a América Latina

DIDÁTICA DAS CIÊNCIAS HUMANAS II PC h

II Congresso Nacional Movimentos Sociais e Educação ISSN:

1. O Papel Histórico das Universidades na luta pelos Direitos Humanos no Brasil

SÍNTESE PROJETO PEDAGÓGICO

Tabela 25 Matriz Curricular do Curso de História - Licenciatura

QUADRO DE TRABALHOS APROVADOS PARA O I ENCONTRO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE QUESTÃO AGRÁRIA E EDUCAÇÃO DO CAMPO NO MARANHÃO

Resultado Final do Eixo 04 - Currículo e e políticas educacionais Nº TÍTULO CPF

Ministério da Educação UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ. Câmpus Ponta Grossa PLANO DE ENSINO

Site: Contato:

Marly Cutrim de Menezes.

INFORMATIVO UNILA NO TERRITÓRIO

PROPOSTA DOS FÓRUNS DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS DO BRASIL EIXO V. Gestão Democrática, Participação Popular e Controle Social

ENTRE ESCOLA, FORMAÇÃO DE PROFESSORES E SOCIEDADE, organizados na seguinte sequência: LIVRO 1 DIDÁTICA E PRÁTICA DE ENSINO NA RELAÇÃO COM A ESCOLA

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, SOCIAIS E AGRÁRIAS COLÉGIO AGRÍCOLA VIDAL DE NEGREIROS DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO

Sexto Seminário Internacional AMÉRICA PLATINA (VI SIAP) e I Colóquio Unbral de Estudos Fronteiriços

As Leis 10639/03 e 11645/08: O Ensino de História e Cultura dos Povos Indígenas e dos Afrodescendentes no Brasil UNIDADE 1

Componentes Optativos do Perfil: Componentes Optativos Livres: Atividades Complementares: Tempo Médio. Integralização: COMPONENTES OBRIGATÓRIOS

Briefing 1º Encontro Nacional do Programa de Extensão Universitária. Dias 2, 3 e 4 de Dezembro de Unique Palace, Brasília/DF.

Educação Escolar Indígena. Coordenação Geral de Educação Escolar Indígena MEC Dpecirer/Secadi

CURSO ANO LETIVO PERIODO/ANO Licenciatura em Pedagogia º Período CÓDIGO DISCIPLINA CARGA HORÁRIA. História da Educação

PLANO DE ENSINO. Curso: Pedagogia. Disciplina: Planejamento e Avaliação Educacional. Carga Horária Semestral: 40 Semestre do Curso: 6º

GEPAM Grupo de Estudo e Pesquisa de Acessibilidade em Museus. Profa. Dra. Viviane Panelli Sarraf PPGIMus LAPECOMUS MAE-USP

Educacional e-issn EDITORIAL

4º Encontro da Cátedra América Latina e Colonialidade do Poder: Para além da crise? Horizontes desde uma perspectiva descolonial

FÓRUMS LATINO-AMERICANOS

CURRÍCULO, TECNOLOGIAS E ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA: UMA ANÁLISE DO POTENCIAL DA ROBÓTICA EDUCACIONAL NO ENSINO POR INVESTIGAÇÃO.

PROJETOS DE EXTENSÃO - UFMT

OFERTA DE DISCIPLINAS PPGEduC

Questões Conhecimentos Pedagógicos

Paulo Freire, um menino conectivo: conhecimento, valores e práxis do educador, de Jason Mafra

II SEMINÁRIO DO PPIFOR

A área de Ciências Humanas no EM

Dinâmica Curricular 2011 versão 8

EXPERIÊNCIAS E DESAFIOS DAS LICENCIATURAS EM EDUCAÇÃO DO CAMPO NO MARANHÃO RESUMO

EDUCAÇÃO, CURRICULO E INFANCIA: PERSPECTIVAS PARA A EDUCAÇÃO BRASILEIRA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS EDILZA LARAY. 26 de julho de 2017

ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM GESTÃO EDUCACIONAL: REFLEXÕES TEÓRICO PRÁTICAS

EDITAL PARA SELEÇÃO DE PROFESSORES AUTORES DE MATERIAIS DIDÁTICOS PARA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Antonio Reis Ribeiro de Azevedo filho. Graduando de História. Faculdade de Educação e Tecnologia da Amazônia.

FACULDADE SUMARÉ COORDENAÇÃO DE PESQUISA PROGRAMA DE PESQUISA - INICIAÇÃO CIENTÍFICA EDITAL DE INSCRIÇÃO Nº 01/2017

JOGOS UTILIZADOS COMO FORMA LÚDICA PARA APRENDER HISTÓRIA NO ENSINO MÉDIO

De Mosquitoes ao Marx

CIÊNCIA E TECNOLOGIA EM SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE INOVAÇÃO PEDAGÓGICA: FORMAÇÃO TECNOLÓGICA E DIDÁTICA PARA PROFESSORES NA EDUCAÇÃO SUPERIOR 1

FÓRUM DE SUPERVISORES DE ESTÁGIO DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL: FORTALECENDO A POLÍTICA DE ESTÁGIO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL

editorial Cadernos de Pesquisa: Pensamento educacional, Curitiba, número especial, P.11-16, 2016.

I SEMINÁRIO LATINO-AMERICANO DE ESTUDOS EM CULTURA - SEMLACult

DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

SÍNTESE PROJETO PEDAGÓGICO

EDITAL Nº 02/ Apresentação. 2. Público Alvo

EMENTAS DAS DISCIPLINAS REFERENTE AO SEMESTRE LINHA DE PESQUISA I

INTRODUÇÃO; ÁREA DE ESTUDO; OBJETIVO; MÉTODOS UTILIZADOS; VALE PENSAR... URGE REFLETIR... ; DESCOBERTAS... REDESCOBERTAS... ; CONSIDERAÇÕES FINAIS.

- SELEÇÃO DE DOCENTES DISCIPLINAS / FUNÇÕES - PROGRAMAS / ATIVIDADES - PERFIS DOS CANDIDATOS - NÚMEROS DE VAGAS

EDUCAÇÃO POPULAR E MOVIMENTOS POPULARES: EMANCIPAÇÃO E MUDANÇA DE CULTURA POLÍTICA ATRAVÉS DE PARTICIPAÇÃO E AUTOGESTÃO 1

PerCursos. Apresentação

Conhecimentos Pedagógicos

EMENTAS DAS DISCIPLINAS /2 (em ordem alfabética)

LABORATÓRIO DE ESTUDOS TERRITORIAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

Ministério da Educação Universidade Federal de São Paulo Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Campus Guarulhos Núcleo de Apoio Pedagógico

A universidade popular das mães de maio: saber/conhecimento do sul para o sul 1

estão presentes tanto do ponto de vista do conteúdo pedagógico quanto no que diz respeito à composição da escola e às desigualdades de oportunidades

Prática Pedagógica IV

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO: UMA CONSTRUÇÃO COLETIVA RESUMO

A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA E O BOM ENSINO DE HISTÓRIA: POSSIBILIDADE DE AUTONOMIA DOS DOCENTES E DISCENTES

POLÍTICAS DE ENSINO NA

Universidade do Estado de Santa Catarina UDESC Centro de Ciências Humanas e da Educação FAED PLANO DE ENSINO

PEDAGOGIA DO MOVIMENTO: práticas educativas nos territórios de Reforma Agrária no Paraná

OS PROCESSOS EDUCATIVOS SOCIAIS NA AMÉRICA LATINA: REFLEXÕES SOBRE A EDUCAÇÃO SOCIAL E A PEDAGOGIA SOCIAL. NO BRASIL Érico Ribas Machado 1

O USO DAS TIC S COMO INSTRUMENTOS DE MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA: REALIDADE E DESAFIOS DO PROFESSOR

PONTÍFICIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO ANDRÉIA JOFRE ALVES

Palavras-Chave: Prática Formativa. Desenvolvimento Profissional. Pibid.

CONSTRIBUIÇÕES DO PIBID NA FORMAÇÃO DOCENTE

Mesa - Redonda Escola & Família. São Paulo, janeiro de 2016.

Movimentos Indígenas na Bolívia. Ariel Ladeira, Giovana Oliveira & Ruana Zorzetto 3ºC 26 de Maio de 2014

Transcrição:

SEMINÁRIO DE PESQUISA 23 - TERRITÓRIOS E EDUCAÇÃO POPULAR NA AMÉRICA LATINA Coordenação: Silvia Beatriz Adoue, Maria Gabriela Guillén Carias (UFGD) e Judite Stronzake (UFGD). Resumo: A origem da Educação Popular está fortemente associada aos movimentos sociais populares das décadas de efervescência social 1950 e 1960 na América Latina, havendo ao longo dos anos mantido algumas característ icas fundamentais, as quais a mesa temática se propõe recuperar e analisar. O objetivo da mesa temática é analisar algumas dessas mudanças nas últimas décadas nos territórios em disputa na América Latina, os atuais Movimentos Sociais e Populares e a relação com a educação popular. Argumenta se que há uma reconfiguração dos territórios em disputa, e podemos nos perguntar qual o lugar da educação popular nesse contexto de resistência e de criatividade popular? Existe uma pluralidade dos territórios que gradualmente conquistam visibilidade através dos sujeitos sociais em luta, por exemplo, os povos indígenas, os sem-terra, os quilombolas. São destacados para reflexão o contexto da escola e universidade e os grupos étnicos e movimentos sociais, e suas intrínsecas relações na busca pela emancipação humana. Por fim, identificar algumas matrizes que marcam a reflexão teórica nesse período acerca dos territórios e educação popular, bem como conhecer diferentes experiências sócio-educativas nos processos de lutas pelos territórios na América Latina. Redes e coletivos docentes na América Latina: perspectivas, saberes e territórios outros na formação de professores Celena Soares Souza Graduanda em Letras FFP/UERJ celenass@hotmail.com 1 Dennys Henrique Miranda Nunes Graduando em Geografia FFP/UERJ dennyshenriquemirandanunes@gmail.com

Thayssa dos Santos Nascimento Graduanda em Pedagogia FFP/UERJ thayssanascimento2013@gmail.com Resumo: O presente trabalho busca compartilhar uma experiência de intercâmbio de práticas pedagógicas e formação docente, vividas entre dois coletivos de professores: Rede de Docentes que Discutem e Pesquisam Alfabetização Leitura e Escrita (REDEALE), cuja sede se situa em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, e Coletivo Peruano de Docentes y Redes que Hacen Investigación e Innovación desde su Escuela y Comunidad (COPREDIEC), originário da cidade de Cajarmaca, Peru. Tal experiência se deu durante os anos de 2015 e 2016, tendo a participação de professores universitários e da escola básica, bem como estudantes do ensino superior e fundamental dos dois países em questão. Ao todo, 4 turmas do ensino fundamental, totalizando cerca de 100 alunos, 25 docentes de diferentes níveis de ensino, além de 10 estudantes universitários, estiveram implicados nas diferentes atividades desenvolvidas. Os encontros entre professores e estudantes pertencentes às redes brasileiras e peruanas, ocorreram mensalmente por meio de videoconferência. Em nossa apresentação, partiremos dos conceitos de conhecimento e emancipação de Paulo Freire, bem como das ideias de Epistemologia do Sul de Boaventura de Souza Santos, a fim de problematizarmos posturas e práticas hegemônicas de formação docente pautadas no poder hierárquico entre a universidade e a escola básica. Nosso trabalho busca, neste sentido, contribuir para o debate sobre os impactos de práticas de formação docente que não colonizem docentes e estudantes, mas que se pautem numa perspectiva crítica, inspirados ainda no pensamento decolonial. Palavras-chave: Formação docente, coletivos docentes; escola básica. História da construção da Educação do Campo no Brasil e Paraguai e a escola do campo na Tríplice Fronteira Felipe Cordeiro da Rocha UNIOESTE felipe.crocha@outlook.com Resumo: Este artigo pretende primeiramente analisa aspectos da história da educação do campo, de forma comparada no Brasil e Paraguai, buscando dentro do campo das políticas públicas compreender como a educação rural se tornou uma necessidade nos países 2

analisados, além disso, pretende-se discutir a questão da educação dentro da análise das políticas públicas na construção destes Estado, e contemporaneamente como os movimentos sociais do campo pautam a necessidade da escola, e quais são os limites da escola pública dentro do assentamento através de duas escolas: A Escola Básica Augusto Roa Bastos, do assentamento Comuneros, departamento do Alto Paraná, Paraguai ligada ao Movimento Agrário do Paraguai e a Escola Itinerante Sementes do Amanhã, do acampamento Che Guevara, da cidade de Matelândia, no oeste do estado brasileiro do Paraná, fechada no início do ano de 2016, por conta da falta de condições, cabe destacar, que as entrevistas para este artigo foram feitas no ano de 2014, porém antes do fechamento da mesma. A pesquisa se deu por fontes bibliográficas, assim como por entrevistas realizadas nas escolas já citadas com pais, alunos, professores, líderes e comunidade com o objetivo de perceber como estes atores enxergam a escola pública dento da comunidade, se esta atende suas necessidades e de forma mais ampla pensar na construção da educação do campo como política pública e governamental nos países analisados e espera-se que a pesquisa contribua tanto para entender aspectos históricos da construção da escola do campo em perspectiva comparada, assim como conhecer os problemas e anseios da escola das comunidades analisadas. Palavras-chave: Educação do Campo, Políticas Sociais, Movimentos Sociais. Educação popular e pensamento descolonial na América Latina Julián David Cuaspa Ropaín Universidade de São Paul; Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) juliancr@usp.br Resumo: A presente proposta busca refletir sobre dinâmicas descolonizadoras da educação popular na América Latina. A partir de uma revisão bibliográfica dos artigos e textos principais sobre educação popular e descolonização, após o auge do pensamento descolonial, de Marco Raúl Mejía, educador e pensador popular colombiano, pretende-se localizar as relações entre educação popular e descolonização em exemplos de casos específicos na América Latina, principalmente na Colômbia. As dinâmicas dos processos de educação popular e movimentos sociais relacionados à educação popular na região, levam à analises relacionadas com correntes que estão se fortalecendo dentro do campo teórico. No entanto, surge uma questão indicando que o pensamento descolonial já estava incorporado na educação popular faz várias décadas. Assim, então, pretende-se refletir se a educação popular já se desenvolvia como uma prática 3

descolonial faz bastante tempo, ou se é uma relação recente que responde às transformações dos movimentos y processos educativos populares neste momento do capitalismo. Palavras-chave: educação popular, pensamento descolonial, Marco Raúl Mejía. La Otra Educación: educação e autonomia no território zapatista em Chiapas, México Aiano Bemfica Mineiro Aluno do 6o período do curso de graduação em Antropologia Social na Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil aiano.bemfica@gmail.com Professora Orientadora: Karenina Vieira Andrade Departamento de Antropologia e Arqueologia UFMG andrade.karenina@gmail.com Resumo: Desde a Primeira Declaração da Selva Lacandona até o presente, foram construídos dentro do território zapatista, em Chiapas, México, mecanismos e estratégias sociais que buscam a autonomia e a autodeterminação dos diferentes povos que compõem a base social do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN). Mais de vinte anos após o levante armado e depois de sucessivas transições entre negociação e conflito com diferentes instâncias mais ou menos institucionais do Estado mexicano, assistiuse a um profundo fortalecimento do processo de consolidação desse projeto. Através da organização interna e contando com ampla articulação internacional de diferentes setores da sociedade, os zapatistas de Chiapas conseguiram construir autonomamente caminhos que dialogam e suprem algumas das demandas por eles levantadas. Exemplo desse processo é a construção de um sistema próprio de educação, por eles batizado de La Otra Educación. Centrado na análise das seis Declarações da Selva Lacandona e travando diálogos com teóricos ligados ao Grupo Modernidad/Colonialidad (como Catherine Walsh, Coronil, Dussel e Arturo Escobar), esse artigo parte dos documentos programáticos produzidos pelo EZLN para estabelecer uma reflexão que articula a proposta de educação desenvolvida em Chiapas e a autonomia. Entendendo que a escola, enquanto instituição, cumpre historicamente função estatizante em relação ao indivíduo e ao grupo, operando no sentido de construir identidades, tradições e memórias, um modelo próprio de educação cobra fundamental importância. Afinal, se apresenta como uma forma complexa de resistência social e cultural, e um dos pilares fundamentais dessa nova estrutura social, uma vez que a consolidação de um projeto 4

educacional desse tipo é uma das instâncias que irão provocar rupturas e resignificacações no campo simbólico, problematizando a fundo a perspectiva colonial historicamente dominante. Palavras-chave: Autonomia; Educação; EZLN. Novos sujeitos étnicos indígenas no movimento mexicano neozapatista: uma proposta de emancipação a partir da educação autônoma (2003-2013). Marcela Araújo Vitali Doutoranda em História pelo Programa de Pós-Graduação em História Social das Relações Políticas na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Atualmente realiza pesquisa sob a orientação do Professor Dr. Antonio Carlos Amador Gil (UFES) e co-orientação do Professor Dr. Juan Bello Domínguez (UPN/UNAM). É financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo (FAPES). E-mail: m-vitali@hotmail.com. Resumo: O movimento indígena neozapatista emergiu no cenário mexicano no dia 01 de janeiro de 1994. Desde então, configurou-se como um importante movimento que reivindicou questões e demandas relacionadas às necessidades dos grupos étnicos indígenas do estado de Chiapas, sendo que, a partir de 2003, os zapatistas iniciaram a construção de seu projeto de autonomia nas comunidades e municípios ocupados. Dessa forma, nosso interesse de investigação concentra-se na análise e problematização do projeto de educação autônoma dos rebeldes, denominado como SERAZ (Sistema Educativo Rebelde Autônomo Zapatista). Este é um projeto organizacional e de diretrizes que orienta a aplicação e realização da educação para os indígenas zapatistas em suas comunidades correspondentes. Pretendemos identificar e discutir, a partir da análise de conteúdo e da análise crítica do discurso, elementos da identidade étnica presentes neste projeto que, por sua vez, propõem a resistência e emancipação indígena, assim como contrapõem-se ao projeto de educação indígena dirigido pelo Estado Nacional mexicano. Nossa análise privilegiará os discursos neozapatistas proferidos e divulgados entre os anos de 2003 e 2013, pois representa o período de construção da experiência autonômica. Palavras-chaves: movimento neozapatista, resistência indígena, emancipação, educação. 5