O Impacto do Turismo na Cidade de Lisboa

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Transcrição:

O Impacto do Turismo na Cidade de Lisboa Assembleia Municipal de Lisboa 13 de Novembro de 2018 Vítor Costa Presidente da Entidade Regional de Turismo de Lisboa

Evolução do Turismo entre 2012 (antes do chamado boom turístico) e 2017

Evolução da Procura Acresce o Alojamento Local, para o qual não há estatísticas completas. Estima-se que pode ter Gerado cerca de 800 mil dormidas em 2012 (INE) e mais 7/8 milhões de dormidas em 2017 (taxa turística) Hotelaria Cidade de Lisboa Ano Nº Hóspedes Nº Dormidas Proveitos (M ) 2012 2,953,977 6,796,505 255.0 2013 3,101,168 7,268,870 295.8 2014 3,552,043 8,431,054 358.0 2015 3,782,115 9,061,077 422.9 2016 4,056,702 9,717,718 488.9 2017 4,472,904 10,667,695 594.7 Var 2012-17 51% 57% 133% Fonte: INE O aumento total de dormidas na Cidade de Lisboa deverá ter sido de cerca de 145% entre 2012 e 2018

Evolução da Oferta Ano Quartos Hotelaria 2012 16,655 2017 21,507 Var 2012-17 29% Fonte: Observatório do Turismo de Lisboa Acresce o Alojamento Local

Peso do Turismo na Cidade (dados de 2016) Estima-se que, em média, estejam na Cidade cerca de 30,000 hóspedes (portugueses e estrangeiros) por dia Assim, em média, há na cidade 9 hóspedes (portugueses e estrangeiros) para cada residente O ratio de hóspedes (portugueses e estrangeiros) por dia na cidade é de cerca de 6% face ao número de residentes Estes números não incluem os hóspedes do Alojamento Local, pelo que o número total deverá ser de cerca de 50,000 turistas/dia em média, ou seja, um ratio de cerca de 10% Fonte: Observatório do Turismo de Lisboa

Impacto do Turismo nas Finanças Municipais (Exemplo IMT) Ano IMT (M ) 2012 63 2017 224 Var 2012-17 256% Entre 2012 (antes do chamado boom turístico) e 2017 o IMT subiu, sobretudo graças ao Turismo, cerca de 161 milhões de euros/ano, a que acrescem subidas do IMI, do IVA (parcialmente para o Município), da taxa de Resíduos Sólidos (em função dos consumos de água, que os Turistas também Consomem) e a nova Taxa Turística.

O que os residentes pensam do Turismo

INTERCAMPUS O Turismo na cidade de Lisboa Maio de 2018

INTERCAMPUS O Turismo na cidade de Lisboa Maio de 2018 1. Opinião global sobre o turismo Mais de 70% 12 Quando pensa nas visitas de turistas à cidade de Lisboa, como avaliaria a sua primeira reação? Os resultados são muito positivos e muito semelhantes. 85% dos residentes totais e 72% dos residentes no Centro Histórico tem uma opinião positiva ou muito positiva.

INTERCAMPUS O Turismo na cidade de Lisboa Maio de 2018 1. Opinião global sobre o turismo 13 Quando contacta com turistas em Lisboa diria que a relação que se estabelece nesses contactos é Os resultados voltam a ser muito positivos e muito semelhantes. 81% para o total dos residentes e 74% dos residentes no Centro Histórico tem uma opinião positiva ou muito positiva. Total CH

INTERCAMPUS O Turismo na cidade de Lisboa Maio de 2018 1. Opinião global sobre o turismo Mais de 75% 14 Contribuição para Lisboa Ao perguntar-se a respeito da contribuição dos turistas para a cidade de Lisboa, os resultados são muito semelhantes nos dois Universos considerados, com mais 75% a ter uma opinião positiva ou muito positiva.

INTERCAMPUS O Turismo na cidade de Lisboa Maio de 2018 2. Opinião sobre a evolução do número de turistas 15 Satisfação com a evolução Total CH A satisfação com a evolução do turismo na cidade de Lisboa revela-se em níveis bastante elevados (mais de 70%). Os residentes no Centro Histórico mostram uma opinião maioritariamente positiva (56%).

INTERCAMPUS O Turismo na cidade de Lisboa Maio de 2018 2. Opinião sobre a evolução do número de turistas 16 Muitos ou poucos turistas? Está abaixo dos 25% o número de residentes que prefere uma cidade com menos turistas. Muito melhor com muitos turistas Melhor com muitos turistas Tanto faz, é indiferente Melhor com poucos turistas Muito melhor com poucos turistas Total CH

INTERCAMPUS O Turismo na cidade de Lisboa Maio de 2018 3. Consequências do turismo 17 Principal vantagem Total CH As principais vantagens do turismo situam-se a nível do desenvolvimento económico e do emprego. Não há diferenças significativas para os respondentes residentes no Centro Histórico.

INTERCAMPUS O Turismo na cidade de Lisboa Maio de 2018 3. Consequências do turismo 18 Principal desvantagem As principais desvantagens dizem respeito ao custo de vida (onde estão certamente incluídas as questões imobiliárias) e a alguma confusão em locais públicos. No entanto, não deixa de ser curioso o facto de a resposta mais frequente ser nenhuma desvantagem. Os residentes no Centro Histórico alertam para a atenção a dar aos moradores. Total CH

INTERCAMPUS O Turismo na cidade de Lisboa Maio de 2018 4. Conclusão 19 Principais sugestões Total CH As principais sugestões que ficam para futuro voltam a dizer respeito ao custo de vida, mas também ao reforço do estacionamento ou dos transportes públicos. Os residentes no Centro Histórico acentuam fortemente uma sugestão mais globalizante, que é a de melhorar a vida aos residentes.

INTERCAMPUS O Turismo na cidade de Lisboa Maio de 2018 4. Conclusão 20 Em resumo, diria que Lisboa, se não tivesse o turismo que hoje tem, estaria... Tudo bem somado Total CH... Lisboa estaria pior, com 56% dos residentes no Centro Histórico a achá-lo (69% para o total dos residentes).

Duas Prioridades Comuns ao Residentes e aos Turistas Melhorar serviços públicos (recolha do lixo, limpeza, manutenção do espaço público): é o que pedem os residentes e o que esperam os turistas Melhorar os transportes públicos: é o que pretendem os residentes, é o que necessita o Turismo e é fundamental para a coesão na Região.

Duas prioridades Estratégicas do Turismo É preciso resolver a acessibilidade aeroportuária É preciso reforçar a estratégia de Hub Turístico:

Estratégia de Hub Turístico Objetivo de Lisboa: passar de um destino turístico com meio milhão de habitantes (Cidade) para um destino com 2,7 milhões (Região)

Uma questão decisiva: Reabilitação Urbana O Turismo, em conjunto com os estudantes estrangeiros (40 mil), os novos residentes (nacionais e estrangeiros) e a Lei das Rendas acentuaram a pressão para a gentrificação do centro histórico O tecido social dos bairros é frágil e precisa de ser protegido: Políticas habitacionais para classes médias não servem para estas populações Proibição de atividades não trava o despovoamento (daqui a 3 anos veremos se a proibição do AL inverteu a tendência) A reabilitação privada não resolve o problema destas populações Proteger e revitalizar o tecido social dos bairros implica uma nova política pública de reabilitação urbana integrada: Que contemple as vertentes sociais, culturais, patrimoniais, habitacionais e económicas Que implique uma forte componente de mobilização do património público existente ou a adquirir através do exercício de direitos de preferência (com legislação que impeça o fator especulativo) Que fomente a coexistência de usos diversos, a mistura social e a economia local O edificado que não for necessário para as populações locais (40/50%) e para equipamentos deve ser utilizado para usos privados O Turismo pode dar uma forte contribuição para uma política destas porque gera recursos públicos), oportunidades de emprego para as populações, fomenta a autoestima e favorece a reabilitação urbana.

Obrigado