Pós Graduação em Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula dia 11/02/2019. Introdução ao direito de família para sucessões. Formatos Familiares Contemporâneos. União Homoafetiva. Não confundir união estável com união homoafetiva, união estável só é possível ser formada por homem e mulher, artigo 226 3ºCF e artigo 1.723 código civil. É constituição familiar de pessoas do mesmo sexo, difere da união estável (homem e mulher). Não foi legalizada e sim judicializada através da ADI 4.277/11, com efeito erga omnes. Tem os mesmos direitos e deveres da união estável. 1
Direitos: ao casamento com a resolução 175 CNJ (2013) autorizou o casamento homoafetivo direto, não há necessidade de conversão da união em casamento, pode fazer pacto antenupcial, a adoção e reprodução assistida (provimento 63 do CNJ), a regime de bens, as sucessões, alimentares, ao sobrenome. Ação de reconhecimento ou dissolução da união homoafetiva (não é união estável). Filiação Socioafetiva. Filiação socioafetiva pai e mãe é quem cria e não aquele que meramente forneceu o material genético. O STJ decidiu que a filiação socioafetva tem o mesmo valor de uma filiação biológica. Filiação socioafetiva é diferente de madrasta/padrasto, pois, aqui não tem o intuito de ter a criança como filho, contudo, existem casos que sim, onde existe a tractatus e a fama. Fama a sociedade reconhece como se pai e filho fosse. 2
Tractatus é a forma que são tratados, chama de pai e chama de filha, posse do estado de filho. Com o Provimento 63 do CNJ é possível o reconhecimento da filiação socioafetiva extrajudicial (feita no cartório). Multiparentalidade. Multiparentalidade 3 pais (2 pais+1 mãe) ou (2 mães e 1 pai) e seis avôs. STF em repercussão geral, com efeito erga omnes decidiu que: Quando o filho for menor não é possível a substituição da paternidade ou maternidade socioafetiva por meramente biológica, pois, ambos têm o mesmo valor (pai socioafetivo e pai biológico), (mãe socioafetiva e mãe biológica), fica dois pais e uma mãe, ou duas mães e um pai, porque assim fica mais vantajoso para o menor (sucessão de 2 pais). União poliafetiva. União poliafetiva é a filosofia que três ou mais pessoas se amam e dividem o mesmo ambiente familiar, não é considerado uma entidade familiar. Difere da poligamia, pois nesta existem vários casamentos, mais de um núcleo familiar, sendo o segundo nulo, porquanto que na poliafetividade existe o afeto entre várias pessoas, sendo apenas um núcleo de convivência. Assim, o grande diferencial está no afeto entre as pessoas em um único ambiente familiar. Poliafetiva é um triangulo amoroso, moram na mesmo teto, se juntam como fosse várias uniões estáveis exemplo, Mister Catra. A união poliafetiva não tem nenhuma regulamentação, contudo, também não tem lei que proíba, alguns cartórios fizeram escrituras públicas de 3
união poliafetiva abordando alguns aspectos, contudo o CNJ cancelou estas escrituras e declarou sua invalidade. Inseminação artificial. Em caso de casais do mesmo sexo é utilizado uma barriga solidaria ou doação de sêmen, conforme o caso. Em caso de barriga solidária teremos duas mães: genetrix e gestatrix. Genetrix lei. Gestatrix é a mãe genética, que forneceu o óvulo, mãe de fato, perante a é a que gera o feto. União estável. A principal diferença de concubinato e união estável é a patrimonial, no concubinato precisa provar esforço comum (dispêndio de dinheiro), não tem direito a meação, só aquilo que comprovar que gastou. Na união estável tem direito sucessório, já no concubinato não tem. Concubinato relação não eventual, continua e constante. Diferença de união estável e concubinato está no Código Civil, é uma relação não eventual entre homem e mulher impedidos de casar, salvo separados de fato e judicialmente, porque estão impedidos, mas constitui união estável. Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem concubinato. (Grifo nosso). Impedidos. Casados que não estão separados de fatos (amante). Parentes que não podem casar, exemplo, pai com filha, genro com sogra. 4
Argumentar que era do lar não comprova esforço comum no concubinato, já na união estável sim, pois, nesta o esforço comum é presumido. União estável relação douradora entre homem e mulher, não se dá entre pessoas do mesmo sexo (união homoafetiva) desimpedidos de casarem, incluindo os separados de fato e judicialmente, com o objetivo de constituir família. Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. Relacionamento duradouro com o intuito de construir família e não precisa morar no mesmo teto, basta comprovar a fama e tractatus. Ainda, na união estável o que rege é o regime da comunhão parcial de bens, se for verbal será comunhão parcial e se for escrito pode escolher o regime, se nada mencionar a respeito do regime de bens será também o da comunhão parcial, de acordo com o artigo 1.725, como segue: Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que couber, o regime da comunhão parcial de bens. 5
Assim, todos os bens adquiridos na constância da união a título oneroso se comunicam, meação. A união estável foi equiparada ao casamento, o artigo 1.790 CC foi declarado inconstitucional no tocante a distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros. Regime de bens. O efeito patrimonial diz respeito ao regime de bens, atinge casamento, união estável e união homoafetiva, que se rege por três princípios: Pacto antenupcial. Pacto antenupcial contrato feito antes o casamento, precisa apresentar na habilitação, por escritura pública em qualquer cartório de notas, para ter efeito erga omnes deverá ser registrado no cartório de imóveis do primeiro domicílio dos nubentes. Art. 1.657. As convenções antenupciais não terão efeito perante terceiros senão depois de registradas, em livro especial, pelo oficial do Registro de Imóveis do domicílio dos cônjuges. É necessário fazer o pacto antenupcial nos regimes de bens opcionais, nos outros regimes (comunhão parcial de bens e separação obrigatória de bens) não precisa fazer pacto, contudo, se quiser pode fazer. Separação total de bens / absoluta de bens; Comunhão universal de bens; Participação final nos aquestos. 6
Mutabilidade do regime de bens. A mutabilidade do regime de bens está ligada a alteração do regime escolhido na constância do casamento, contudo, precisa ser preenchido três requisitos: Consensual Deverá ser judicial em comum acordo dos cônjuges; precisa ingressar com ação, não é por pacto; Pedido justificado evitar fraude a terceiros. o porquê quer alterar o regime de bens, para Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver. 1º O regime de bens entre os cônjuges começa a vigorar desde a data do casamento. 2º É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros. (Grifo nosso). Variedade do regime de bens. A lei não impõe somente um regime e sim quatro. Comunhão parcial de bens. Comunhão parcial de bens a partir da Lei 6.515/77 passou ser o regime legal, antes era o da comunhão universal de bens (hoje opcional), se na hora da habilitação não falar nada será o da comunhão parcial de bens. Na comunhão parcial de bens alguns bens comunicam outros não. Bens que se comunicam (dá direito à meação): Os bens adquiridos na constância do casamento a título oneroso. 7
Bens adquiridos a título eventual com ou sem trabalho, exemplo, ganhar na loteria, ganhar no Big Brother. Juros de aplicação, frutos de alugueis, benfeitorias realizadas em propriedade imóvel e acessões, que são acréscimos na propriedade imóvel, exemplo, tinha um terreno antes de casar e constrói uma casa na constância do casamento comunica a casa. Bens móveis se presume que são adquiridos na constância do casamento, precisa ser comprovado que foram contraídos antes do casamento para não fazer parte da meação. Art. 1.662. No regime da comunhão parcial, presumem-se adquiridos na constância do casamento os bens móveis, quando não se provar que o foram em data anterior. Construções em terreno da sogra não dá direito a meação por não fazer parte do processo de divórcio ou separação. Precisa ingressar com ação de indenização contra a sogra, tem que provar que pagou, e só terá direito a metade. Bens que não se comunicam na comunhão parcial: Bens adquiridos antes do casamento ou da união estável. Herança, doação, sub-rogados, mesmo na constância do casamento, estes são a títulos gratuitos por isso não se comunica em caso de separação, contudo, em caso falecimento tem direito, pois, não é meação e sim sucessão. Bens sub-rogados são bens substituídos, exemplo, tem uma casa no valor de 500 mil reais adquiridas antes do casamento, vende e compra outro imóvel no mesmo valor, na prática é difícil provar, pois, não se toma o devido cuidado na hora de fazer a substituição. Proventos do trabalho não se comunicam (salários, PIS, FGTS). 8
O STJ entende que comunica os proventos do trabalho, desde que, os créditos trabalhistas tenham sidos adquiridos na constância do casamento. Instrumento de profissão não se comunica, seria, por exemplo, o táxi do taxista, caminhão do caminhoneiro. Imóvel que guarnece o escritório de advocacia não é instrumento de profissão. Dívidas que não convertem em proveito comum. Dívidas personalíssimas, exemplo, dívida do caminhão do caminhoneiro, ônus e bônus, se não tem o bônus não tem também o ônus. Bons estudos!!! Prof.ª. Adriana Duarrte. 9