Horta escolar: reeducação alimentar e educação ambiental

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Transcrição:

Horta escolar: reeducação alimentar e educação ambiental Neila Janaina de Morais Barbosa¹; Gilmara Mabel Santos²; Paulo Roberto J. Dill²; José Wilson B. de Paulo³; Jéssica da Silva Ferreira³; Yaçanan Claudino Machado³; Pollyanna Ferreira Vilar 4 1 Discente - Universidade Federal Rural de Pernambuco - Unidade Acadêmica de Garanhuns Bolsista de Extensão PRAE; ² Docente da Universidade Federal Rural de Pernambuco- Unidade Acadêmica de Garanhuns;³ Discente da UFRPE UAG; 4 Mestranda em Produção Agrícola da Universidade Federal Rural de Pernambuco- Unidade Acadêmica de Garanhuns. Av. Bom Pastor, s/nº, Boa Vista, 55292-090 Garanhuns-PE, neilajanaina@hotmail.com, gilmabelsa@yahoo.com.br RESUMO Nos últimos anos, tem ocorrido uma diminuição no consumo de alimentos de origem vegetal e um aumento no consumo das chamadas comidas rápidas ou fast food. Dessa forma, o brasileiro vem consumindo cada vez mais alimentos com alto teor de açúcar e pobre em frutas, hortaliças e legumes. Esse fenômeno tem sido observado tanto nas famílias de alta renda como nas mais carentes. O resultado dessa mudança na alimentação é que a população está ganhando peso e se tornando obesa. A horta escola é um projeto que almeja inserir uma crítica e um desejo nos alunos que através da aprendizagem e de técnicas de plantio eles podem melhorar a sua educação alimentar. O objetivo do trabalho foi inserir um conhecimento da prática e do cultivo de hortaliças nas escolas complementando a merenda escolar com as hortaliças produzidas na própria escola e relacionando essa prática com hábitos saudáveis de alimentação e educação ambiental. O trabalho foi desenvolvido na Escola Estadual General Sampaio Ensino Fundamental do 71 BIMTZ Batalhão Duarte Coelho, em Garanhuns-PE, no período de maio a dezembro de 2010, pelos discentes e docentes da UFRPE- UAG, tendo como tema central a educação ambiental e alimentar, como uma contribuição para um bom desenvolvimento da horta-escolar. Através da horta na escola as crianças passaram a ter uma noção de como semear, plantar e colher, e, incluindo as hortaliças retiradas da horta na merenda escolar eles perceberam que a aprendizagem durante o trabalho poderá ser utilizada durante a vida deles como também poderão produzir suas próprias S431

hortaliças, suprindo assim também suas necessidades nutricionais. PALAVRAS-CHAVE: Horta, escola, conscientização alimentar, meio ambiente. ABSTRACT School garden, diet and environmental education In recent years there has been a decrease in consumption of plant foods and an increase in consumption of so-called fast food or fast food. Thus, the Brazilian is increasingly consuming foods with high sugar and low in fruits, vegetables and legumes. This phenomenon has been observed both in high income families as in poor. The result of this shift in power is that the population is gaining weight and becoming obese. The school garden is a project aimed at inserting a criticism and a desire in students through learning and planting techniques they can improve their nutrition education. The objective was to insert a knowledge of practice and the cultivation of vegetables in schools supplementing school meals with the vegetables produced in the school and the practice relating to healthy eating habits and environmental education. The study was conducted at the State School of Basic Education General Sampaio 71 BIMTZ - Battalion Duarte Coelho in Garanhuns-PE, in the period from May to December 2010 by professors and students of UFRPE- UAG, having as its central theme the environmental education and food, as a contribution to a good school-home garden development. Through the garden at school children now have a sense of how seeding, planting and harvesting, and including those taken from garden vegetables in school meals, they realized that learning at work may be used during their lives but can also produce their own vegetables, supplying so their nutritional needs. Keywords: Garden, school, food awareness, environment INTRODUÇÃO Nos municípios da região Nordeste, a desnutrição atinge um percentual significativo de crianças, 17,9% apresentam deficiência de crescimento. Esse número é três vezes superior ao observado nas cidades do Centro-Sul, evidenciando uma situação desfavorável na região em relação ao restante do país. Nesse contexto, a merenda S432

escolar representa um estímulo para a freqüência de considerada porcentagem de alunos matriculados nas escolas públicas, diminuindo esse problema em muitos municípios (Cruz, 2001). Além da desnutrição, outro fato preocupante é que o consumo irregular de alimentos, por períodos prolongados, resulta em esgotamento das reservas orgânicas de micronutrientes, o que pode provocar um retardo no desenvolvimento e uma diminuição da capacidade de aprendizagem em crianças e adolescentes (Oliveira et al., 1998). Em síntese, as hortas nas escolas podem servir não só como fonte de alimentação, mas também como uma oportunidade para desenvolver atividades didáticas. As vantagens para as comunidades envolvidas são muitas, como exemplos, podemos citar a obtenção de alimentos de qualidade a baixo custo e o envolvimento em programas de alimentação, saúde e educação ambiental desenvolvidos pelas escolas. Além disso, as hortas também oferecem uma oportunidade para abordar a questão ambiental, que é uma das preocupações da sociedade moderna. Inserida no ambiente escolar, a horta pode ser um laboratório vivo que possibilita o desenvolvimento de diversas atividades pedagógicas em educação ambiental e alimentar, unindo teoria e prática de forma contextualizada, auxiliando no processo de ensino-aprendizagem e estreitando relações através da promoção do trabalho coletivo e cooperado entre os agentes sociais envolvidos. O conhecimento e a ação participativa na produção e no consumo principalmente de hortaliças fonte de vitaminas, sais minerais e fibras, despertam nos alunos mudanças em seu comportamento alimentar, atingindo toda a família, conforme relata Turano (1990). Essa relação direta com os alimentos também contribui para que o comportamento alimentar das crianças seja voltado para produtos mais naturais e saudáveis, oferecendo um contraponto à ostensiva propaganda de produtos industrializados e do tipo fast-food (Morgado et al. 2008). Magalhães (2003) afirma que utilizar a horta escolar como estratégia, visando estimular o consumo de feijões, hortaliças e frutas, torna possível adequar a dieta das crianças. Levar os alimentos para a sala de aula, tentando, de algum modo, transformá-los em elemento pedagógico, faz com que as crianças participem das ações de educação alimentar desenvolvida e não fiquem como meros espectadores (Magalhães; Gazola, 2002), aprendendo ainda acerca da importância da higienização desses alimentos. S433

MATERIAL E MÉTODOS O projeto foi desenvolvido na Escola Estadual General Sampaio do Ensino Fundamental do 71 BIMTZ Batalhão Duarte Coelho. Foi elaborado um questionário, sendo o mesmo respondido pelos alunos logo no primeiro contato e antes do início das palestras. O questionário abordou questões a respeito das hortaliças que os alunos costumam consumir, a fim de conhecer os seus hábitos alimentares e quais gostariam de cultivar na horta escolar, bem como sobre práticas ambientais. As palestras foram ministradas no período de agosto a dezembro de 2010, durante as aulas de ciências, contando com o auxilio dos professores responsáveis pela disciplina na escola. Os temas abordados estavam relacionados ao teor nutritivo das hortaliças e sua importância para a saúde, suas principais vitaminas e sais minerais, as quais colaboram na consolidação dos hábitos alimentares mais saudáveis, bem como, conhecimentos sobre educação ambiental e aspectos sócio-econômicos. Foi demonstrada aos alunos a importância de uma alimentação saudável, rica em vitaminas e proteínas fundamentais para o crescimento físico e intelectual do ser humano. Procurou-se também enfatizar o quanto se consegue reduzir os custos com alimentação se os alunos puderem construir sua própria horta no quintal de suas casas, na comunidade ou bairro onde vivem e até mesmo em bacias ou vasos. Foram expostas as principais ferramentas que foram utilizadas para confecção dos canteiros, produção de mudas e manutenção da horta, entre elas, enxadas, regadores, pás, sementes, adubos orgânicos, ancinhos, garfos, sanchos, piquetes, barbantes e trena. Aos alunos foram repassadas informações sobre como é feita à semeadura da alface, couve, beterraba e cebolinha na bandeja e como seriam feitos os canteiros e a semeadura das demais hortaliças. O espaço destinado a implantação da horta-escola possibilitou o levantamento de 8 canteiros de 5,0 m x 1,20 m com espaçamento de 1,0 m entre canteiros, sendo cada canteiro divido em duas partes para que todas as culturas propostas no projeto fossem semeadas. Foram feitas pinturas das cercas e das placas que indicavam o tipo de cultura. Para a adubação, foi utilizado o adubo bovino e a compostagem, que foi obtida com materiais orgânicos da cozinha do próprio Batalhão. Os alunos realizaram as semeaduras em bandeja com substrato Hortimax das seguintes hortaliças: alface, cebolinha, beterraba e couve. No período compreendido entre a semeadura das hortaliças na bandeja e o transplantio das mesmas para os canteiros foram realizadas palestras e a semeadura das outras hortaliças S434

diretamente nos canteiros, intercalando assim o monitoramento do projeto com aulas teóricas e práticas no campo. Foi instalado na área um sistema de irrigação por aspersão, e uma vez por semana foi realizada limpeza da área. No último contato com os alunos houve a colheita e limpeza das hortaliças para serem consumidas. RESULTADOS E DISCUSSÃO Como pode ser observado na figura 1, a hortaliça que foi apontada como sendo a preferida para consumo pelos alunos foi a tomate, sendo citada por 22% dos alunos, seguido pela batata e a cenoura, que apresentaram respectivamente, 21%. A beterraba foi à hortaliça que não apresentou preferência para consumo entre os alunos. Com relação à preferência das hortaliças a serem cultivadas pelos alunos na escola verificouse uma preferência pela alface, representando 17%, seguindo do espinafre e do tomate com 13%, e as demais hortaliças obtiveram a porcentagem de 9 a 2% (Figura 2). A implantação de hortas em escolas vem mostrando resultados satisfatórios, onde a relação homem/meio ambiente se estreita a partir de uma atividade que envolve o exercício da cidadania e a valorização dos recursos naturais. A presença de uma horta escola significa a existência de um espaço onde o ensino e o desenvolvimento de algumas atividades auxilia na administração e na assimilação de conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais na direção de uma construção em Educação Ambiental. (Machado da Rosa, 2002). O trabalho com a horta escola pretendeu conciliar o discurso ecológico com a prática de proteção e conservação do solo, aumentando o interesse e utilização da horta escolar como espaço didático. Percebeu-se que foi compreendido pelos alunos como é possível produzir alimentos saudáveis e com pouco espaço disponível, diversificando as culturas e o intervalo de utilização do mesmo solo. Os alunos se conscientizaram da importância do consumo de hortaliças, e que o trabalho em equipe para a implantação da horta contribui para uma melhor aprendizagem, melhorando também o trabalho que foi desenvolvido. O trabalho realizado na Escola Estadual General Sampaio do Ensino Fundamental do 71 BIMTZ Batalhão Duarte Coelho, foi satisfatório em relação aos objetivos propostos no projeto inicial. Através da horta na escola as crianças passaram a ter uma noção de como semear, plantar e colher, além de entenderem que, através da inclusão das hortaliças retiradas da horta na merenda escolar, poderão suprir as suas necessidades nutricionais, levando também para casa os conhecimentos práticos e teóricos adquirido durante essa experiência. S435

REFERÊNCIAS CRUZ GF; SANTOS RS; et al. 2001. Avaliação Dietética em Creches Municipais de Teresina, Piauí, Brasil. Revista de Nutrição 14: 21-32. MACHADO DA ROSA AC. et al. 2002. Hortas Escolares: o ambiente horta, como espaço de aprendizagem no contexto do ensino fundamental. Inst. Souza Cruz. MAGALHÃES AM. 2003. A horta como estratégia de educação alimentar em creche. Florianópolis: UFSC. 120 p (Tese mestrado). MAGALHÃES AM; GAZOLA H. 2002. Proposta de Educação Alimentar em Creches. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO INFANTIL, 1. Anais... Paraíba: PMPB - Bombinhas. MORGADO FS; SANTOS MAA. 2008. A Horta Escolar na educação alimentar e ambienta. Revista eletrônica de extensão UFSC n 6. Disponível em http://www.extensio.ufsc.br/. OLIVEIRA J; PHILIPPI ST; CYRILLO DC; LAJOLO FM. 1998. Alimentação de escolas no município de São Paulo. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS: Alimentos População e Desenvolvimento. 16. Anais... Rio de Janeiro: SBTCA. p. 495-498. TURANO W. A didática na educação nutricional. 1990. In: GOUVEIA E. Nutrição Saúde e comunidade. São Paulo: Revinter, 246 p. Figura 1: Porcentagem das hortaliças mais consumidas pelos alunos da Escola General Sampaio, UAG/UFRPE, 2010. S436

Figura 2: Porcentagem das hortaliças a serem plantadas na Horta Escolar Escola General Sampaio, UAG/UFRPE, 2010. Agradecimentos: PRAE - UFRPE pela concessão de bolsa extensão. S437