Método Automatizado para Determinação de Cor em Carne de Frango e Normalização de Efeitos de Luminosidade



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Transcrição:

Método Automatizado para Determinação de Cor em Carne de Frango e Normalização de Efeitos de Luminosidade Saulo Martiello Mastelini 1, Sylvio Barbon Jr. 1 1 Departamento de Computação Universidade Estadual de Londrina (UEL) Caixa Postal 10.011 CEP 86057-970 Londrina PR Brasil saulomastelini@gmail.com, barbon@uel.br Abstract. The poultry meat quality analysis is held in a instrumental approach, through the colorimeter. The device have high costs, requires contact with the sample and do not cover the whole meet surface. The use of a computer vision system implies lower costs, a contactless procedure and whole sample surface analysis. The paper presents an alternative automatic method to the colorimeter analysis for L*a*b color measurement in poultry meat, using a computer vision system, digital image processing techniques and an approach for luminosity normalization, on an uncontrolled ilumination environment. Resumo. A análise da qualidade da carne de frango é realizada de forma instrumental, através do colorímetro. O aparelho é de custo elevado, exige contato direto com a amostra, e não abrange toda a superfície da carne para a análise. O uso de um sistema de visão computacional implica menores custos, não contato com a amostra e análise de toda a superfície da mesma. O trabalho apresenta um método automatizado alternativo ao uso do colorímetro para a mensuração de cor em L*a*b* em carne de frango, utilizando um sistema de visão computacional, técnicas de processamento digital de imagens e uma abordagem para normalização de luminosidade, em um ambiente com iluminação não controlada. 1. Introdução A demanda por bens de consumo traz consigo a necessidade de criação e implantação de métodos de controle de qualidade e melhorias na produção dos mesmos. Em âmbito de alimentos o Brasil vem mostrando grande potencial produtivo, tanto na área na agrícola quanto pecuária. Especificamente na produção de carne, o Brasil é um grande exportador, atingindo mercados internacionais que exigem produtos com grande controle de qualidade e procedência dos produtos. Na área de produção de carne de frango, o Brasil é o maior exportador e o terceiro maior produtor mundial do produto 1. Uma das ferramentas utilizada para determinação da qualidade das amostras de carne da ave é o colorímetro [8], que tem a função de mensurar a cor, dessa forma permitindo a categorização da carne. Esse procedimento envolve contato humano, sendo destrutivo para as amostras, devido a manipulação destas. Além do mais, a área de amostragem não cobre toda amostra de carne e o aparelho necessário para os testes é de custo relativamente elevado. Por essa razão, um método automatizado, sem contato com as 1 http://www.agricultura.gov.br/animal/especies/aves (Acessado em 25/03/2015)

amostras e de custo menos elevado representa um grande avanço para esse tipo de mercado. Esse trabalho apresenta uma alternativa para o uso do colorímetro, utilizando visão computacional e técnicas de processamento de imagem. O projeto está dividido em cinco seções e organizado do seguinte modo: a Seção 2 apresenta os objetivos buscados com a realização do trabalho. Na Seção 3 é apresentado o estado atual da arte, bem como as técnicas e conceitos relacionados e de compreensão necessária para a realização do trabalho. Na Seção 4 é descrita a maneira como as técnicas, conceitos e métodos apresentados na Seção 3 serão empregados para alcançar os objetivos do trabalho. E, finalmente, na Seção 6 são apresentadas as contribuições esperadas a partir da realização do trabalho. 2. Objetivos O trabalho busca desenvolver um método de processamento de imagens de frango para compensação de efeitos de iluminação e diferenças de mecanismos de aquisição, de modo a possibilitar a determinação dos valores de cor das amostras de carne, obtendo-se resultados semelhantes ao colorímetro. Se espera obter um framework de processamento de imagens automatizado, eficiente e de baixo custo computacional. Automatizado, por não depender de intervenção humana durante o processamento. Eficiente permitindo a aplicação de forma precisa em imagens de diferentes fontes e com condições diversas de iluminação. Além disso, uma aplicação de baixo custo computacional, permitindo a implantação em plataforma móvel e/ou em ambientes industriais, como frigoríficos. 3. Fundamentação Teórico-Metodológica e Estado da Arte Alguns conceitos e técnicas estão correlacionados com aplicações que envolvem o processamento de imagens e visão computacional. A seguir se apresenta alguns conteúdos necessários para uma melhor compressão do trabalho desenvolvido. 3.1. Processamento digital de imagens As imagens digitais podem ser representadas através de um conjunto finitos de pontos com localização específica e informações sobre cor, que são denominados pixels [4]. Sobre essas informações é possível se aplicar várias operações objetivando fins diversos, como aumento de contraste, identificação de objetos, entre outros. As subseções a seguir apresentam alguns conceitos e técnicas, cuja compreensão é necessária para o desenvolvimento deste trabalho.

3.1.1. Segmentação de objetos Consiste em utilizar diversas metologias para separar de uma imagem uma ou mais regiões de interesse (ROI - Region of Interest). Essas técnicas podem envolver processos automatizados, com intervenção total ou parcial humana [4]. Uma das metodologias empregadas é a abordagem de thresholding. 3.1.2. Thresholding Uma região de interesse em uma imagem comumente possui alguma propriedade de brilho, cor, textura, entre outras, que a caracteriza. Assim, para separar um objeto do fundo em grande parte dos casos é possível se determinar um limiar de separação para uma imagem em tons de cinza, que a dividirá em dois grupos: um no qual os valores dos pixels estão abaixo do limiar e outro onde os valores se encontram acima do valor estabelecido [2]. O desempenho desse tipo de abordagem depende da homogeneidade das características do objeto e condições de iluminação na cena. A figura 1 representa a aplicação de um limiar para a segmentação de um pedaço de carne de frango do fundo utilizando uma abordagem baseada em histograma [6]. (a) Antes da limiarização (b) Após limiarização Figura 1. Exemplo de aplicação de limiarização

3.1.3. Histograma O histograma de uma imagem digital com intervalo de intensidades de [0, L 1] é uma função discreta h(r k ) = n k, onde r k é o k-ésimo valor de intensidade e n k é o número de pixels da imagem com a intensidade r k [4]. 3.1.4. Caracterização da Cor As características comumente usadas para se distinguir as cores são: o Matiz (Hue), a Saturação (Saturation) e o brilho (Brightness) [4]. O Matiz está relacionada com o comprimento de onda dominante em uma mistura de ondas de luz. Representa a cor dominante percebida por um observador. A saturação se relaciona com a pureza da cor, ou a quantidade de luz branca misturada a matiz. As cores do espectro puro são totalmente saturadas. O brilho se relaciona a uma noção acromática de intensidade, que é subjetiva e difícil de ser mensurada. O matiz e a saturação de forma conjunta são chamados de cromaticidade (chromaticity). Assim uma cor pode ser caracterizada por seu brilho e cromaticidade. 3.1.5. Espaços de Cor O propósito de um espaço de cor (também chamado de sistema de cor ou modelo de cor) é a padronização na representação das cores. É a especificação de um sistema de coordenadas e, um subspaço nesse sistema, onde cada cor pode ser representada por um único ponto [4]. Grande parte dos sistemas de cor são orientados à hardware e aplicações. Por exemplo, o sistema RGB (Red, Green, Blue) é empregado em monitores, projetores, câmeras, entre outros. Os sistemas CMY (Cyan, Magenta, Yellow) e CMYK (Cyan, Magenta, Yellow, Black) são empregados na impressão, e os sistemas HSI (Hue, Saturation, Intensity) e HSV (Hue, Saturation, Value) por se aproximarem mais do modo como o ser humano percebe as cores, são utilizados em aplicações onde a manipulação das cores é o foco, como é o caso de aplicações científicas. Na figura 2 é apresentada a representação dos componentes dos espaços RGB, HSV e CMY referentes a imagem 1a.

(a) Canal R (b) Canal G (c) Canal B (d) Canal H (e) Canal S (f) Canal V (g) Canal C (h) Canal M (i) Canal Y Figura 2. Componentes da figura 1a nos espac os RGB, HSV e CMY 3.2. Processamento digital de imagens e Visa o Computacional na ana lise e avaliac a o de qualidade da Carne de Frango Tradicionalmente a ana lise de qualidade de carne de frango e feita de forma instrumental, com o uso de um colorı metro para mensurac a o do valor das cores. Isso demanda o contato direto com as amostras para a medic a o, sendo portanto destrutivo para as mesmas. Esse aparelho, a partir de uma calibrac a o com o uso de um padra o ou gabarito de

cores conhecido, gera valores no espaço de cor L*a*b*, relativos à área medida. Todavia, o colorímetro possui um custo elevado e não cobre toda a superfície da carne, deixando margem a amostragens tendenciosas, o que afeta a avaliação da qualidade. Uma alternativa de baixo custo, sem contato com as amostras, abrangendo toda a superfície destas e, proporcionando avaliações em tempo condizente a aplicações de tempo real ou linha de produção de frigoríficos, é o uso de sistemas de visão computacional [3] [11]. Essa abordagem vem sendo largamente utilizada e, como fonte de aquisição, o uso de câmeras RGB comuns é a abordagem mais convencional, todavia, aplicações com imagens multi-espectrais têm sido empregadas [7] [8]. Em relação à análise de cor várias técnicas e abordagens vem sendo utilizadas, tanto para aquisição, quanto avaliação das imagens. Grande parte dos trabalhos encontrados se utilizam de mecanismos diversos para determinação dos valores em CIEL*a*b* da região de interesse, independente do tipo de carne avaliada, o que está relacionado ao fato de as mensurações realizadas por colorímetros terem como resultados valores nesse espaço de cor. O grande desafio na área está no fato que a aquisição das imagens é feita em espaços de cor que são dependentes de dispositivos, não possuindo transformação trivial para L*a*b*, além de que as cores captadas são fortemente influenciadas pelas condições de iluminação do ambiente e os sensores do dispositivo utilizado. Dentre os trabalhos analisados pode se citar [5], que objetiva criar um modelo de regressão do espaço de cor RGB para L*a*b*, aplicando-o na análise de presuntos de carne suína, [7], onde a partir de imagens multi-espectrais de vários tipos de carne se busca determinar os melhores comprimentos de onda para regressão para o espaço L*a*b* e [9], que aplica várias técnicas de regressão para determinação dos valores de cor em carne bovina. A calibração de um sistema de visão computacional para melhorias na aquisição das imagens de presunto (suíno, peru e frango), e determinação de cor destas é realizada em [10]. Outras aplicações para determinação de valores L*a*b* em sistemas de visão computacional são apresentadas em [8] e [3]. Além destes, [1] realiza a análise de qualidade de carne suína com base nos componentes de luminância dos espaços HSB e HSV. Quanto ao uso do colorímetro para a mensuração da cor, [8] e [3] e [9] mostram falhas no uso dessa abordagem. A não-homogeneidade da carne e o nível de penetração luz proveniente do colorímetro são destacados. Além disso, indícios que as cores mostradas pelo aparelho não se assemelham com a coloração percebida por painelistas treinados (especialistas humanos) são apontados. Um ponto em comum nos trabalhos revisados consiste no fato que a iluminação em todos os trabalhos é controlada: o local de aquisição é isolado, a disposição das lâmpadas é organizada de forma a evitar reflexões, focos de luz, entre outros problemas. Além disso, descrições detalhadas sobre as lâmpadas empregadas são conhecidas. 4. Procedimentos metodológicos/métodos e técnicas Inicialmente, para se atingir os objetivos propostos nesse trabalho será realizado o estudo dos conceitos, métodos e técnicas relacionados ao processamento de imagens digitais e aos sistemas de visão computacional, citados na seção anterior.

Além disso far-se-á o levantamento do estado atual da arte, buscando outras soluções para o problema em questão, de forma a conhecer as técnicas já existentes e compreender as lacunas e problemas não resolvidos. Em seguida, um método para resolução do problema de normalização de luminosidade e determinação realista da cor da carne de frango será desenvolvido, utilizando técnicas de processamento digital de imagens e calibração de sistemas de visão computacional. Dentre os procedimentos envolvidos no método estão: 1. Segmentação da carne e marcadores na imagem, utilizando análise de histograma, técnicas de limiarização, mudanças de espaços de cor e algoritmo de crescimento de região. 2. Aplicação de método de normalização de luminosidade, de forma a minimizar o efeito de focos de luz na imagem. 3. Aplicação de ajuste de cor com base no marcador (régua) presente na imagem, compensando diferenças de tonalidade proveniente dos mecanismos de aquisição, em relação a cor medida por aparelho especializado. 4. Conversão da imagem normalizada e corrigida para o espaço de cores CIE L*a*b*, comparando os resultados de mensuração de cor com os dados obtidos através do colorímetro. E, finalmente, a elaboração e escrita de um relatório completo dos procedimentos desenvolvidos durante o ano. 5. Cronograma de Execução Atividades 2 : 1. Levantamento bibliográfico; 2. Estudo das técnicas necessárias para criação do método; 3. Implementação do método proposto; 4. Testes; 5. Escrita do relatório final. Tabela 1. Cronograma de Execução mar abr jul ago set out nov dez jan Atividade 1 x x x x x Atividade 2 x x x x x Atividade 3 x x x x x Atividade 4 x x Atividade 5 x x x x x 6. Contribuições e/ou Resultados esperados Com este trabalho se busca obter uma alternativa para o uso do colorímetro, de modo a tornar o processo de mensuração da cor da carne de frango não destrutivo para as amostras, retirando a subjetividade da análise e, ainda, diminuindo custos com equipamentos. 2 Levando em conta a paralisação de docentes e técnicos de 12/02/15 à 18/03/15 e 27/04/15 à 23/06/15

7. Espaço para assinaturas Londrina, 03 de Agosto de 2015. Referências Aluno Orientador [1] Marta Chmiel, Mirosław Słowiński, and Krzysztof Dasiewicz. Lightness of the color measured by computer image analysis as a factor for assessing the quality of pork meat. Meat Science, 88(3):566 570, 2011. [2] E.R. Davies. Computer and Machine Vision: Theory, Algorithms, Practicalities. Academic Press. Elsevier, 2012. [3] Antonio Girolami, Fabio Napolitano, Daniela Faraone, and Ada Braghieri. Measurement of meat color using a computer vision system. Meat Science, 93(1):111 118, 2013. [4] Rafael C. Gonzalez and Richard E. Woods. Digital Image Processing (3rd Edition). Prentice-Hall, Inc., Upper Saddle River, NJ, USA, 2006. [5] Patrick Jackman, Da-Wen Sun, and Gamal ElMasry. Robust colour calibration of an imaging system using a colour space transform and advanced regression modelling. Meat Science, 91(4):402 407, 2012. [6] Nobuyuki Otsu. A threshold selection method from gray-level histograms. Systems, Man and Cybernetics, IEEE Transactions on, 9(1):62 66, Jan 1979. [7] Sara Sharifzadeh, Line H. Clemmensen, Claus Borggaard, Susanne Støier, and Bjarne K. Ersbøll. Supervised feature selection for linear and non-linear regression of L*a*b* color from multispectral images of meat. Engineering Applications of Artificial Intelligence, 27(0):211 227, 2014. [8] Camilla H. Trinderup, Anders Dahl, Kirsten Jensen, Jens Michael Carstensen, and Knut Conradsen. Comparison of a multispectral vision system and a colorimeter for the assessment of meat color. Meat Science, 102(0):1 7, 2015. [9] Camilla H. Trinderup and Yuan H. Brad Kim. Fresh meat color evaluation using a structured light imaging system. Food Research International, 71(0):100 107, 2015. [10] Nektarios A. Valous, Fernando Mendoza, Da-Wen Sun, and Paul Allen. Colour calibration of a laboratory computer vision system for quality evaluation of pre-sliced hams. Meat Science, 81(1):132 141, 2009. [11] Di Wu and Da-Wen Sun. Colour measurements by computer vision for food quality control a review. Trends in Food Science & Technology, 29(1):5 20, 2013.