Diversidade Genética em Frutos de Pimentão e Pimenta Para Resistência à Mancha Bacteriana.



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Transcrição:

Diversidade Genética em Frutos de Pimentão e Pimenta Para Resistência à Mancha Bacteriana. Cláudia Pombo Sudré 1/ ; Rosana Rodrigues; Elaine Manelli Riva; Mina Karasawa; Cíntia dos Santos Bento; Antônio Teixeira do Amaral Júnior 1/ Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro UENF CCTA LMGV, Av. Alberto Lamego 2000, Parque Califórnia, 28013-602, Campos dos Goytacazes RJ. e-mail: cpombo@uenf.br RESUMO A mancha bacteriana em pimentão causa danos em folhas e frutos, diminuindo a produtividade. Estudos mostram que frutos mais jovens são mais suscetíveis a mancha bacteriana. Este trabalho teve como objetivo avaliar a reação da mancha bacteriana em frutos imaturos e maduros acessos de Capsicum spp. Para frutos imaturos os diâmetros da lesão variaram de 0,0 a 6,2mm e para frutos maduros, de 0,0 a 10,8mm. Os acessos com maior potencial para uso no melhoramento de plantas visando resistência a mancha bacteriana em frutos foram UENF1381, UENF1492, UENF1496 e UENF1573. Palavras-chave: Capsicum spp., Xanthomonas campestris pv. vesicatoria, recurso genético ABSTRACT Genetic diversity in sweet pepper and chilli pepper fruits to bacterial spot resistance. Bacterial spot causes disease in leaves and fruits of pepper, decreasing yield. Studies show that younger fruits are more susceptible to bacterial spot than older fruits. The aim of this work was to evaluate bacterial spot resistance in immature and mature fruits in Capsicum spp. Considering immature fruits, lesion diameter showed range from 0.0 to 6.2 mm and for mature fruits from 0.0 to 10.8 mm. Accessions UENF1381, UENF1492, UENF1496 and UENF1573 presented the best results and were considered more valuable for use in breeding for bacterial spot resistance. Keywords: Capsicum spp., Xanthomonas campestris pv. vesicatoria, genetic resource Um dos maiores problemas fitopatológicos na cultura do pimentão é a mancha bacteriana, causada pela bactéria Xanthomonas campestris pv vesicatoria Xcv (Reifschneider, 2000). São recomendadas, como medidas de controle, a utilização de sementes sadias, rotação de cultura por dois a três anos e o plantio de cultivares resistentes (Kurozawa e Pavan, 1997), sendo esta última a solução mais econômica, prática e eficiente, 1

principalmente quando se observam o risco potencial de resíduos químicos nos frutos e a resistência do patógeno aos produtos químicos utilizados (Sahin e Miller, 1998). Melhoristas que desenvolvem pesquisas com Capsicum spp., geralmente utilizam espécies do pool gênico primário, visando resistência a doenças, maior produtividade e características apropriadas para processamento industrial (Sousa, 1998). Pohronezny et al. (1993), estudando a suscetibilidade de frutos de pimenta, cultivar Júpiter, à infecção por Xanthomonas campestris pv. vesicatoria, observaram que frutos menores que 40 mm são mais suscetíveis à mancha bacteriana, sugerindo que medidas de controle sejam feitas desde a antese até o tamanho de 40 mm. Scott et al. (1989), estudando a resistência à mancha bacteriana em frutos e folhas de tomate, concluíram que incorporar ambas as resistências é mais difícil, sugerindo-se que a partir de uma cultivar resistente somente em folhas, reduziria o nível de inóculo e permitiria determinar mais adequadamente a importância econômica da resistência em frutos. O objetivo deste trabalho foi avaliar a reação à mancha bacteriana em frutos imaturos e maduros de acessos de Capsicum spp. MATERIAL E MÉTODOS O experimento para avaliação da resistência à mancha bacteriana em frutos foi conduzido em casa de vegetação na Unidade de Apoio à Pesquisa (UAP/CCTA/UENF), em Campos dos Goytacazes, no período de fevereiro a setembro de 2002. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com 36 tratamentos para frutos imaturos e 44 para frutos maduros, com quatro repetições e uma planta por parcela. As plantas foram cultivadas em vaso plástico com capacidade de cinco litros. Foi utilizado um isolado da raça 3 de Xcv, cuja patogenicidade foi previamente confirmada (Leal et al., 2001; Riva, 2002) e por ser resistente a defensivos cúpricos (Aguiar et al., 2000). O isolado foi cultivado em meio líquido DYGS (Rodrigues Neto et al., 1986), por aproximadamente 36 horas, sob agitação (100 rpm) a 28 o C. Em seguida, as bactérias foram cultivadas em placas de Petri contendo meio DYGS sólido. Após 36h de crescimento, a inoculação foi efetuada com auxílio de agulhas hipodérmicas, previamente em contato com células bacterianas, obtidas de colônias de Xcv crescidas em placa de Petri. Os frutos foram perfurados em três pontos eqüidistantes. Após 14 dias, as lesões foram mensuradas em seu maior diâmetro, com auxílio de paquímetro digital. Com os três diâmetros por fruto, obteve-se a média do diâmetro da lesão por fruto - DIAM (Costa et al., 2002). 2

Os dados obtidos das avaliações de inoculação de frutos maduros e imaturos foram analisados com auxílio do programa GENES. Foram realizadas análises de variância e teste de médias de Scott Knott (Cruz, 2001). RESULTADOS E DISCUSSÃO A avaliação em frutos imaturos é importante principalmente para pimentão e, segundo Gitaitis (1992), frutos com sintomas da mancha bacteriana não são adequados para comercialização in natura. O teste F em nível de 1% de probabilidade foi altamente significativo para todos os tratamentos, demonstrando que houve diferença significativa entre os acessos quanto à resistência à mancha bacteriana em frutos. Os diâmetros variaram de 0 a 6,2 mm. Dos 36 acessos, cujos frutos foram avaliados ainda imaturos, 12 foram resistentes e 24 suscetíveis, sendo que UENF 1381, UENF 1492, UENF 1496 e UENF 1573 contiveram média zero em 12 medições, portanto, altamente resistentes. Em frutos imaturos, avaliaram-se 36 acessos simultaneamente, uma vez que nem todos os acessos produziram frutos na mesma época, registrando-se acessos muito precoces e outros tardios. Para esses frutos, houve maior facilidade em mensurar as lesões, sendo possível observar a área encharcada ao redor do ponto da inoculação e, ao cortar transversalmente o pericarpo no local da lesão, pôde-se observar que a área da lesão na epiderme correspondia à área lesionada no pericarpo; o mesmo não ocorreu em frutos maduros (Tabela 1). A avaliação feita em frutos maduros revelou maior CV (39,49%). Do ponto de vista de execução, essa avaliação apresentou o maior grau de dificuldade, pois as lesões não se mostraram nítidas, o que pode ter provocado uma superestimação da resistência nos acessos. De um total de 44 acessos avaliados, 34 foram considerados resistentes, oito suscetíveis e apenas dois se mostraram altamente suscetíveis (Tabela 1). Os acessos com maior potencial para serem utilizados no melhoramento de plantas visando resistência a doenças foram UENF 1381, UENF 1492, UENF 1496 e UENF 1573, uma vez que se apresentaram resistentes quando avaliados nos diferentes estádios de maturação. 3

Tabela 1. Médias obtidas pelos acessos de Capsicum spp. para reação à Xcv em frutos imaturos e maduros. Acesso Diâmetro da lesão Acesso Diâmetro da lesão Acesso Diâmetro da lesão 02 0 b 0 c 21 0 b 0 c 42 NA 0 c 03 NA 1 7,4 a 23 NA 0,5 c 43 6,2 a 0 c 04 0,8 b 1,4 c 26 1 b 3,9 b 44 2,4 a 0 c 06 2,4 a 5 b 27 2,5 a 0 c 45 2,7 a 2,5 c 07 NA 3,6 b 28 4,14 a 0 c 46 4 a 0 c 08 3,4 a 10,8 a 29 1,1 b 0 c 47 2,8 a 1,3 c 10 2 a 0 c 30 NA 4,3 b 48 2,2 a 1,1 c 11 2,4 a NA 32 1,9 a 0,2 c 49 2,9 a 1,7 c 12 5,1 a 3,2 b 33 2,2 a 0,9 c 50 0 b 2,5 c 13 NA NA 34 2,7 a 1,9 c 52 2,1 a 0,4 c 14 3,5 a 0 b 35 NA 0 c 53 NA 1,9 c 15 NA 0,3 c 36 3,5 a 1,2 c 54 2,3 a 5,8 b 16 3,3 a 0,5 c 37 1,5 b 0,5 c 55 0,7 b 0,3 c 17 0 b 0,2 c 38 1,4 b 0 c 56 3,2 a 3,9 b 18 3,2 a NA 56 3,2 a 3,9 b 57 0,6 b 2,5 c 20 NA 1,3 c 41 NA 1,3 c 58 1,1 b 3 b 1/ NA = Não avaliado. LITERATURA CITADA AGUIAR, L. de, KIMURA, O., CASTILHO, A.M.C., CASTILHO, K.S.C., RIBEIRO, R. de L.D., AKIBA, F., CARMO, M.G.F. do. Resistência ao cobre em isolados nacionais de Xanthomonas campestris pv. vesicatoria de pimentão e tomateiro. Agronomia, v.34, n.1/2, p.78-82, 2000. COSTA, R.A., RODRIGUES, R., SUDRÉ, C.P. Resistência à mancha-bacteriana em genótipos de pimentão. Horticultura Brasileira, Brasília, v.20, n.1, p.86-89. 2002. CRUZ, C.D. Programa genes: aplicativo computacional em genética e estatística. Viçosa, MG: UFV, 2001. 648p. GITAITIS, R., MCCARTER, S. JONES, J. Disease control in tomato transplants produced in Georgia and Florida. Plant Disease, v.76, n.7, p.651-656, Jun.1992. KUROZAWA, C., PAVAN, M.A. Doenças das solanáceas (berinjela, jiló, pimentão e pimenta). In: KIMATI, H., AMORIM, L., BERGAMIM FILHO, A.B., CAMARGO, L.E.A., REZENDE, J.A.M. (eds.) Manual de fitopatologia: doenças das plantas cultivadas. São Paulo: Agronômica Ceres, v.2, 3.ed., p.665-675. 1997. 4

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