GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS EM ILHA SOLTEIRA SP

Documentos relacionados
Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS LEI / 08/ 2010 DECRETO 7.404/ 12/ 2010

Hsa GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS. Resíduos Sólidos. PROFa. WANDA R. GÜNTHER Departamento Saúde Ambiental FSP/USP

RECEPÇÃO DE CALOUROS COLETA SELETIVA DE RESÍDUOS SÓLIDOS UFES Campus ALEGRE

Planejamento, Implantação e Operação de Aterros Sanitários

Resolução SMA 45/2015 Logística reversa estadual. Câmara Ambiental da Indústria Paulista (CAIP/Fiesp) Julho de 2015

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Zilda Maria Faria Veloso

PNRS /10. 8 Anos da Lei Federal que Define a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Logística Reversa, Dificuldades e Perspectivas

PLATAFORMA ITUIUTABA LIXO ZERO

As Políticas Públicas Ambientais de Pernambuco e Resíduos Sólidos

Resíduos Sólidos Desafios da Logística Reversa. Zilda M. F. Veloso 08abril2014

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

PLANO DE GERENCIAMENTO INTEGRADO DE PGIRSU

MÓDULO 2. Prof. Dr. Valdir Schalch

[DESTINAÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS]

PLATAFORMA ITUIUTABA LIXO ZERO

Fontes de Recursos Ação. Curto Médio Longo (1 a 4 anos) (4 a 8 anos) (8 a 20 anos)

III SEMINÁRIO ESTADUAL DE SANEAMENTO AMBIENTAL

AVALIAÇÃO DA USINA DE TRIAGEM E COMPOSTAGEM DA CIDADE DE PARAISÓPOLIS - MINAS GERAIS

Prefeitura do Recife - EMLURB

ANÁLISE DA APLICAÇÃO DO PLANO DE GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA CIDADE DE MONTEIRO-PB

GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NO MUNICÍPIO DE VITÓRIA DA CONQUISTA-BA. Mineia Venturini Menezes 1 Altemar Amaral Rocha 2 INTRODUÇÃO

POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

LOGÍSTICA REVERSA: DESAFIO DA IMPLEMENTAÇÃO EM SISTEMA METROFERROVIÁRIO

Semana de Estudos da Engenharia Ambiental UNESP Rio Claro, SP. ISSN

INFORMATIVO AMBIENTAL

REFLEXÕES SOBRE A GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DOMÉSTICOS CONTAMINANTES NO CONTEXTO DA POLÍTICA AMBIENTAL URBANA

Disposição Final de Resíduos Sólidos Urbanos

4º Painel SANEAMENTO BÁSICO. Gerenciamento integrado de resíduos sólidos urbanos

3º. A excepcionalidade prevista no 1º deste artigo não se aplica aos resíduos orgânicos industriais.

Avaliação das Demandas e Potenciais Associados à Gestão de Resíduos Sólidos em Cidades Emergentes: O Caso do Município de Rio das Ostras, RJ

Análise SWOT. Resíduos Sólidos Domiciliares e Comerciais

Belo Horizonte, novembro de 2010

PLATAFORMA ITUIUTABA LIXO ZERO

Métodos de disposição final de resíduos sólidos no solo. Disposição final AVALIAÇÃO. Impactos ambientais. Lixão. Aterro Sanitário DOMICILIAR

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Lei Nº / Decreto Nº 7.404/2010

Seminário A Evolução da Limpeza Pública

RSS CLASSIFICAÇÃO (CONAMA 358/2005)

Política Estadual de Resíduos Sólidos: Ações do Governo do Estado em Logística Reversa

GESTÃO AMBIENTAL E GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS

P L O Í L TI T CA C A NA N C A I C ON O A N L A L D E D E R E R S E Í S DU D O U S O S SÓ S L Ó I L DO D S O S

PROJETO DE LEI Nº 183/2013

TRANSFORMAÇÃO DE LIXÃO EM ATERRO SANITÁRIO O CASO DE CRUZEIRO (SP).

DIAGNÓSTICO DA DESTINAÇÃO FINAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES NO ESTADO DA PARAÍBA

Seminário Consórcios Públicos

Itapira. Conferências Municipais de Resíduos Sólidos - Planejamento

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE MMA

Avanços e desafios no Manejo de RCC Município de São Paulo

FILIADAS ESTADUAIS ABAD

PEGADA ECOLÓGICA A PEGADA DE ALGUNS PAISES. Estados Unidos: 9,7 hectares / pessoa. Brasil: 2,2 hectares / pessoa. Etiópia: 0,47 hectares / pessoa

COMPANHIA AMBIENTAL DO ESTADO DE SÃO PAULO (CETESB) Decisão de Diretoria - 120/2016/C, de (DOE 03/06/2016)

TERMO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA. Nº. 016/ 2012 CREA/MG E FUNASA Setembro/2013

Descarte de Medicament os. Responsabilidade compartilhada

Consórcio Intermunicipal de Manejo de Resíduos Sólidos da Região Metropolitana de Campinas CONSIMARES

Itens mínimos de um Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos PGIRS

Aspectos Gerais Sobre os Resíduos Sólidos

Logística Reversa no Brasil Cenário atual e futuro

Disposição final e tratamento de resíduos sólidos urbanos

Águas de Lindóia. Conferências Municipais de Resíduos Sólidos - Planejamento

Consumo sustentável e a implantação da logística reversa de embalagens em geral. XI SEMINÁRIO ABES Brasília, agosto de 2014 Patrícia Iglecias

Panorama e Política Nacional de

Política Nacional de Resíduos Sólidos. Responsabilidade Compartilhada. Seguro Ambiental. José Valverde Machado Filho

XII CONFERÊNCIA DAS CIDADES

LOGÍSTICA REVERSA DE EMBALAGENS EM GERAL

Implantação de Medidas Emergenciais para cessar os danos ambientais pela disposição inadequada de resíduos sólidos nos municípios

Política Nacional de Resíduos Sólidos. Sistema de Logística Reversa de Embalagens. Fabricio Soler

LOGÍSTICA REVERSA DO ÓLEO LUBRIFICANTE USADO O QUE É E COMO SE FAZ?

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE MMA POLITICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

RESÍDUOS SÓLIDOS : as responsabilidades de cada Setor

PLATAFORMA ITUIUTABA LIXO ZERO

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

O CATADOR FOI O PRIMEIRO A ENXERGAR NO LIXO ALGO DE VALOR.

Política Nacional de Resíduos Sólidos

DIAGNÓSTICO DO GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS REALIZADA NA ÁREA URBANA DO MUNICÍPIO DE BENEDITINOS PIAUÍ

Seminário: Responsabilidade Compartilhada no Gerenciamento dos Resíduos Sólidos

Gestão de Resíduos de Construção Civil. Plano de Gerenciamento de RCD. Profa. Ma. Tatiana Vilela Carvalho

PMGIRS Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos em Piracicaba HISTÓRICO E RESULTADOS

PNRS e a Logística Reversa. Free Powerpoint Templates Page 1

Roteiro da Aula: Resíduos sólidos

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS


Figura 34: Marco superficial, aterro Bandeirantes, São Paulo SP. Fonte: A autora, 2009.

- TERMO DE REFERÊNCIA - PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Política Nacional de Resíduos Sólidos e a Logística Reversa. 21 de Setembro de 2018

Panorama da Política Nacional de Resíduos Sólidos: Principais avanços e gargalos

DEPARTAMENTO DE MEIO AMBIENTE PROJETO PILOTO DE ECONOMIA CIRCULAR DE EMBALAGEM

REALIZAÇÕES DO PROGRAMA USP RECICLA/FSP Janeiro a Dezembro de 2014

Ministério do Meio Ambiente Conselho Nacional do Meio Ambiente Conama

Ações do Estado de São Paulo na PERS

Governança na Gestão de Resíduos Sólidos Painel I. Waste Expo Brasil São Paulo-SP- 2016

Dois temas, muitas pautas. Saneamento e meio ambiente

Gestão de resíduos sólidos urbanos no Brasil

Curso de Licenciatura em Ciências da Natureza Componente Curricular: Educação e Saúde. Prof. Vanderlei Folmer / Msc. Maria Eduarda de Lima

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA

Realização: Instituto Venture e Ecos da Sardenha

COMO VIABILIZAR A UNIVERSALIZAÇÃO DO TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL. 16 de junho de 2015

Decisão de Diretoria CETESB nº 120/2016/C, de 01 de junho de 2016

LOGÍSTICA REVERSA DE LÂMPADAS FLUORESCENTES EM SANTA MARIA/RS

Carlos Alberto Alves Barreto- ITEP

Transcrição:

GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS EM ILHA SOLTEIRA SP Adriana Antunes Lopes (*) * IFSP campus avançado Ilha Solteira RESUMO O presente estudo teve como objetivo analisar a gestão de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) no município de Ilha Solteira SP. O município possui cerca de 26.540 habitantes, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2017). O município possui uma área antiga de disposição final de resíduos sólidos (antigo lixão) e um aterro sanitário. Possui coleta seletiva e um ponto de coleta de eletroeletrônico. Para a realização deste estudo foi realizada pesquisa bibliográfica sobre a disposição final dos resíduos sólidos urbanos no município, bem como foram consultadas as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) relacionadas a aterro sanitário e a Política Nacional dos Resíduos Sólidos, Lei nº 12.305/2010 (BRASIL, 2010). A Secretaria de Obras da Prefeitura foi consultada para obtenção de informações oficiais. Também foram realizadas visitas técnicas às áreas de disposição final de RSU do município (antigo lixão e aterro sanitário), com obtenção de registro fotográfico. Apesar de possuir alguma infraestrutura voltada para os resíduos sólidos, o município pode avançar e implantar melhorias. PALAVRAS-CHAVE: resíduos sólidos urbanos, Lei 12.305/2010, disposição final, aterro sanitário, lixão. INTRODUÇÃO O modelo atual de desenvolvimento econômico brasileiro estimula o consumo de produtos variados, o que gera consequentemente vários tipos de resíduos. Isso ocorre em todas as localidades, desde municípios de pequeno, médio e grande porte. Os municípios de pequeno porte, com população até 50 mil habitantes, também enfrentam problemas relacionados aos resíduos sólidos (IBGE, 2011). Atualmente a sociedade gera uma vasta gama de resíduos, o que exige que os geradores e a administração municipal gerencie com eficiência cada tipo de resíduo, a fim de evitar impactos ambientais negativos. A legislação ambiental brasileira possui legislação específica para cada tipo de resíduo, porém alguns resíduos ainda carecem de diretrizes nacionais para orientar os Estados e municípios. Os resíduos eletroeletrônicos, por exemplo, ainda não possuem uma Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) específica. No Estado de São Paulo existe a Resolução SMA 45, de 23 de junho de 2015, que trata da responsabilidade pósconsumo no Estado de São Paulo, ou seja, produtos que após consumo resultam em resíduos considerados de significativo impacto ambiental (SÃO PAULO, 2015), o que inclui os produtos eletroeletrônicos e seus componentes (exemplo: eletrodomésticos, telefones celulares, computadores, impressoras, fotocopiadoras, máquinas fotográficas, entre outros). De acordo com essa Resolução, fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes são obrigados a estruturar e implantar sistemas de logística reversa, o que significa um programa de responsabilidade pós-consumo para fins de acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte, tratamento e destinação final de resíduos para evitar danos à saúde pública e ao meio ambiente, mesmo após o consumo desses itens. Esse programa visa o retorno dos produtos e embalagens após o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos. A Lei nº 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional dos Resíduos Sólidos, tem como um de seus princípios a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos (Art. 6º, inciso VII). Além disso, um de seus instrumentos são os sistemas de Logística Reversa e outras ferramentas relacionadas à implementação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos (Art. 8º, inciso III). OBJETIVOS O presente estudo teve como objetivo analisar a gestão de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) no município de Ilha Solteira SP. 1

METODOLOGIA Para a realização deste estudo foi realizada pesquisa bibliográfica sobre a disposição final dos resíduos sólidos urbanos no município, bem como foram consultadas as normas técnicas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) relacionadas a aterro sanitário e a Política Nacional dos Resíduos Sólidos, Lei nº 12.305/2010 (BRASIL, 2010). A Secretaria de Obras da Prefeitura foi consultada para obtenção de informações oficiais. Também foram realizadas visitas técnicas às áreas de disposição final de RSU do município (antigo lixão e aterro sanitário), com obtenção de registro fotográfico. RESULTADOS O antigo lixão está localizado às margens da Rodovia SP 310, há cerca de 2,3 km da entrada Norte do município. Opera desde 1970 para a disposição final dos RSU do município de Ilha Solteira, porém a partir de 1981 que a área foi legalmente autorizada para esta finalidade, com base em metas estabelecidas no projeto original do aterro sanitário, desenvolvido pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB). O local se transformou em um misto entre lixão e aterro controlado, visto que os resíduos foram cobertos com solo e compactado. As atividades foram finalizadas em dezembro de 2008, período de inauguração do aterro sanitário (CAVAZZANA; SCHIAPATI; LIMA, 2012). No entorno do antigo lixão encontram-se diversas atividades como posto de combustível e galpões para reciclagem de materiais, produção de ferramentas para usinagem, produção de blocos para construção, entre outras. Durante a visita técnica ao antigo lixão, realizada no dia 23 de outubro de 2017, foram constatadas diversas irregularidades como a disposição inadequada e desordenada dos resíduos sólidos no solo, principalmente resíduos domiciliares (Figura 1) e de construção civil (Figura 2); mau odor; bem como a presença de catadores no local. Nesta data não foi verificado escoamento do percolado na superfície do solo. Figura 1 Disposição de resíduos sólidos domiciliares. Fonte: Autor do Trabalho. Figura 2 Disposição de resíduos de construção civil. Fonte: Autor do Trabalho. A separação dos resíduos recicláveis no antigo lixão é realizada por catadores (Figura 3), de forma livre, sem uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Este trabalho não é supervisionado por nenhum profissional. 2

Figura 3 Presença de catadores no antigo lixão de Ilha Solteira SP. Fonte: Autor do Trabalho. No dia da visita ao antigo lixão não foi verificada nenhuma caçamba de resíduos, tanto municipal quanto particular. Segundo a prefeitura, as caçambas estão sendo direcionadas ao atual aterro sanitário. O município possui o Plano de gestão integrada de resíduos sólidos de Ilha Solteira SP, publicado em 2012 (ILHA SOLTEIRA, 2012). Os dias de coleta do Resíduo Sólido Domiciliar (RSD) por bairro estão publicados no site da Prefeitura (Figura 4) (PREFEITURA ILHA SOLTEIRA, 2017). Figura 4 Aterro sanitário de Ilha Solteira SP. Fonte: Prefeitura Ilha Solteira. No município existe atualmente um local adequado para disposição adequada dos resíduos sólidos urbanos, o aterro sanitário (Figura 5). Figura 5 Aterro sanitário de Ilha Solteira SP. Fonte: Autor do Trabalho. Conforme as normas técnicas ABNT NBR 8419/1992 e ABNT NBR 13896/1997, em aterros de resíduos não perigosos não é permitido o descarte de resíduos Classe 1, de acordo com a classificação determinada pela ABNT NBR 10.004/2004. Porém, foi verificada a disposição de resíduos de medicamentos e de eletroeletrônicos no local. A Resolução SMA 45/2015 (SÃO PAULO, 2015) inclui medicamentos domiciliares, vencidos ou em desuso, o que significa que estes produtos deveriam possuir um sistema de logística reversa. Dessa forma, os consumidores poderiam devolver nos locais de compra (em farmácias e drograrias, por exemplo). Estes locais, por sua vez, poderiam armazenar 3

temporariamente em seus estabelecimentos até que os fabricantes recolham e encaminhem para um tratamento adequado. O aterro municipal possui lagoas para o armazenamento do lixiviado. Segundo a prefeitura, o tratamento do chorume é realizado. Durante visita realizada ao local em 24 de maio de 2018, foi verificado presença de vetores, provavelmente devido ao descarte dos resíduos orgânicos. Foram constatados resíduos descobertos, reflexo de prática incorreta. Vale ressaltar que esta situação ocorre em outros aterros municipais, principalmente em pequenos municípios. O município ainda não possui aterro de resíduos Classe A para a fração inerte dos resíduos da construção civil (RCC), conforme Resolução CONAMA 307/2002 (BRASIL, 2002), para a reservação temporária dos RCC. Posteriormente, estes deveriam ser encaminhados para uma usina de reciclagem de resíduos da construção civil. Os resíduos perigosos pertencentes ao setor da construção civil (Classe D), devem ter gerenciamento correto, de acordo com as legislações vigentes. Os resíduos eletroeletrônicos ainda não possuem nenhum programa de educação ambiental que incentive sua coleta. Há apenas um Ponto de Entrega Voluntária (PEV) na cidade para este fim, porém é mal gerenciado. O município ainda não possui um Plano de Gerenciamento dos Resíduos Eletroeletrônicos, envolvendo todos os setores geradores deste tipo de resíduo. Os revendedores destes produtos ainda não coletam o resíduo pós-consumo, assim ao munícipe resta descartar no único PEV instalado na área urbana, o que torna inviável o descarte adequado pela maioria da população. Recentemente o município adquiriu um sugador acoplado a um caminhão para a coleta de folhagem, proveniente da arborização (Figura 6). Parte destes resíduos vegetais (folhas) está sendo transportada para o viveiro municipal, onde é misturada com terra, areia e esterco para a produção do composto, que é utilizado no próprio viveiro municipal, Assim a prefeitura economiza com a compra de substrato para a produção de mudas. O material está disponível para a população, que deve solicitar o composto ao Departamento de Agronegócio, Meio Ambiente e Pesca ou ao próprio viveiro municipal para a sua retirada. O composto pode ser utilizado em vasos e pequenas hortas (PREFEITURA ILHA SOLTEIRA, 2018a). Figura 6 Sugador para coleta de folhagem da arborização. Fonte: Prefeitura Ilha Solteira. O município possui coleta seletiva do material reciclável. Os dias e bairros por onde passará a coleta foram divulgados no site da prefeitura (Figura 7) (PREFEITURA ILHA SOLTEIRA, 2018b). Figura 7 Mapa da coleta seletiva. Fonte: Prefeitura Ilha Solteira. 4

CONCLUSÕES No antigo lixão foram constatados diversos impactos ambientais negativos como poluição do solo (disposição irregular de resíduos no solo, sem impermeabilização adequada) e do ar (devido à queima descontrolada dos resíduos); presença de vetores e catadores; ausência de compactação e cobertura dos resíduos, ausência de guarita e balança; dentre outras exigências técnicas e operacionais, conforme ABNT NBR 13896/1997. Como proposta para a adequação da área, recomenda-se o isolamento físico da área com a implantação de cerca ao redor, bem como a retirada dos catadores do local. É necessário construir poços de monitoramento de água subterrânea, conforme normas técnicas específicas para análise da qualidade da água e verificar se o solo está sendo contaminado. Nesse sentido, também é recomendável que o corpo d água superficial mais próximo seja monitorado, pois o recurso hídrico passa por outras propriedades e pode ser utilizado para irrigação, dessedentação de animais, entre outros usos. Por todos esses motivos, o local é considerado uma área de risco ambiental e à saúde pública. Os resíduos dispostos nesse local deveriam ser removidos e encaminhados ao aterro sanitário. A área do antigo lixão deveria ser recuperada. Se a poluição e a contaminação da área forem confirmadas, medidas mitigadoras e a remediação poderão ser indicadas. Com base na Política Nacional dos Resíduos Sólidos, Lei nº 12.305/2010 (BRASIL, 2010), o local já deveria ter sido fechado. Como sugestão, o município poderia firmar parceria com algum município que possua aterro de resíduos Classe A da construção civil, bem como encaminhar seus RCC para uma usina de reciclagem próxima. Além disso, o município deveria elaborar o Plano de Gerenciamento dos Resíduos da Construção Civil, a fim de que todas as classes de resíduos, pertencentes a este setor, fossem separadas e encaminhadas para tratamento e disposição ambientalmente adequados, conforme recomenda a Resolução do CONAMA 307/2002. Para os resíduos orgânicos, o município poderia incentivar a compostagem doméstica, escolar, poderia também implantar uma horta municipal e gerar o composto proveniente de resíduos de feiras livres, supermercados, sacolões, entre outros estabelecimentos. A coleta seletiva do material reciclável deveria ser mais incentivada, por meio de programas de educação ambiental. Dessa forma, a participação da sociedade poderia aumentar, por meio do envolvimento dos diferentes setores (residências, estabelecimentos comerciais, órgãos públicos, escolas, instituições, etc). A entrega dos resíduos eletroeletrônicos poderia ser incentivada por meio de campanhas de educação ambiental e instalação de Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) pela cidade. O município deveria elaborar um Plano de Gerenciamento dos Resíduos Eletroeletrônicos, envolvendo todos os setores geradores da cidade. Dessa forma, o munícipe poderia entregar o resíduo pós-consumo no revendedor e este, por sua vez, solicitar a coleta pelo fabricante. Este deveria encaminhar para o tratamento adequado, conforme orienta a Lei 12305/2010 (Política Nacional dos Resíduos Sólidos). Este tipo de resíduo tem potencial para reaproveitamento e reciclagem. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ABNT. NBR 8419. Apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Rio de Janeiro, 1992, 9p. 2. ABNT. NBR 13896. Aterros de resíduos não perigosos critério de projeto, implantação e operação Procedimentos. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Rio de Janeiro, 1997, 12p. 3. ABNT. NBR 10.004. Classificação de Resíduos Sólidos. Associação Brasileira de Normas Técnicas, 2004. 4. BRASIL. Resolução CONAMA 307, de 5 de Julho de 2002. Diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão de resíduos da construção civil. Conselho Nacional do Meio Ambiente. 2002, 3p. 5. BRASIL. Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010. Política Nacional dos Resíduos Sólidos, 2010. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm. Acesso: em 05 de agosto de 2018. 6. Cavazzana, L. Y., Schiapati, R. S., Lima, J. S. P. de. Lixão inativo da cidade de Ilha Solteira: Análise ambiental e proposta de Remediação. Periódico Eletrônico. Fórum Ambiental da Alta Paulista. Saúde, Saneamento e Meio Ambiente, 2012, v.8, n.12. 7. IBGE. Indicadores Sociais Municipais: Uma análise dos resultados do universo do Censo Demográfico 2010. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Rio de Janeiro, 2011, p.76. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv54598.pdf. Acesso em: 31 de agosto de 2018. 8. IBGE. Ilha Solteira. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2017. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sp/ilha-solteira/panorama. Acesso em: 05 de agosto de 2018. 9. ILHA SOLTEIRA. Plano de gestão integrada de resíduos sólidos de Ilha Solteira SP, 2012. Disponível em: http://arquivos.ambiente.sp.gov.br/cpla/2017/05/ilha-solteira.pdf. Acesso em: 05 de agosto de 2018. 10. PREFEITURA ILHA SOLTEIRA. Coleta de Lixo. 2017. Disponível em: http://www.ilhasolteira.sp.gov.br/index.php/noticias/93. Acesso em: 31 de agosto de 2018. 5

11. PREFEITURA ILHA SOLTEIRA. Prefeitura realiza ação de Compostagem. 2018a. Disponível em: http://www.ilhasolteira.sp.gov.br/index.php/noticias/365-prefeitura-realiza-acao-de-compostagem. Acesso em: 31 de agosto de 2018. 12. PREFEITURA ILHA SOLTEIRA. Novos locais e dias de coleta do lixo reciclável. 2018b. Disponível em: http://www.ilhasolteira.sp.gov.br/index.php/14-comunicados/24-novos-locais-e-dias-de-coleta-do-lixo-reciclavel. Acesso em: 31 de agosto de 2018. 13. SÃO PAULO. Resolução SMA 45, de 23 de junho de 2015. Define as diretrizes para implementação e operacionalização da responsabilidade pós-consumo no Estado de São Paulo, e dá providências correlatas. Secretaria de Estado do Meio Ambiente, 2015. Disponível em: http://www.lemaambiental.com.br/lema/01%20estadual/resolu%c3%87%c3%95es/sma%2045-15.pdf. Acesso em: 31 de agosto de 2018. 6