BARRO ALTO Resíduos sólidos preocupam Semana do Meio Ambiente de Barro Alto enfocou reaproveitamento de materiais descartáveis para a fabricação de aquecedores solares caseiros, tapetes plásticos e até mesmo sabonetes feitos a partir de óleo usado em frituras Euclides Oliveira Repensar, reduzir, reutilizar, restaurar, repensar e recusar. Essas foram as cinco palavras-chave que marcaram a Semana do Meio Ambiente de Barro Alto, realizada entre a segunda-feira (8) e a quarta-feira (10) na Praça Wilmar Rabelo (perto da rodoviária) no Salão de Eventos da prefeitura, no Distrito de Souzalândia. O evento envolveu aproximadamente 1,5 mil alunos das escolas das redes estadual e municipal e foi realizado pelas secretarias de Educação e de Meio Ambiente de Barro Alto, em parceria com a mineradora Anglo American, Furnas Centrais Elétricas e das ONGs Care Brasil, Amigos da Natureza e Quatro Elementos, entre outros apoiadores. Essa semana foi muito importante, mas nosso objetivo é desenvolver ações de prevenção e de orientação de forma
contínua em Barro Alto. Fizemos, recentemente, um evento alusivo ao Dia Internacional da Água para o esclarecimento de nossos alunos. Nossa secretária (Núbia Caetano Maia Fernandes) está estruturando a pasta, que foi recentemente criada pelo prefeito (Luciano Lucena, do DEM). Vamos contar ccom o trabalho de um paisagista e de um engenheiro agrônomo, entre outros profissionais, detalhou a diretora do Departamento de Meio Ambiente de Barro Alto, Iza de Fátima Souza. AQUECEDOR SOLAR Na manhã de terça-feira (9), a reportagem do Diário do Norte acompanhou uma das oficinas, ministrada pelo químico William Mendonça, professor da Universidade Católica de Brasília. Na ocasião, ele mostrou às crianças como é possível fazer um aquecedor solar com o reaproveitamento de 25 garrafas plásticas (pet) de refrigerantes de 2 litros e outros materiais inservíveis. Sustentadas por uma tubulação em PVC, as garrafas pet têm seu fundo retirado e são encaixadas uma a uma. Depois, os recipientes são recheadas com jornais velhos e embalagens de leite e de sucos concentrados (do tipo longa vida, que foram recortadas e previamente lavadas pelos alunos antes de serem reutilizadas para tal finalidade). Nos dias que antecederam as oficinas, os alunos das escolas locais foram estimulados a guardar o lixo que
produzem em suas próprias casas para a obtenção do material necessário ao aprendizado. Segundo o professor do DF, o projeto original surgiu em Tubarão (SC) e atualmente recebe respaldo da prefeitura daquela cidade. O equipamento foi idealizado, em parte, para substituir o chuveiro elétrico tradicional e garantir uma economia de aproximadamente 40% nas contas de energia elétrica. CUSTO REDUZIDO Essa tecnologia é muito barata. Com esses materiais, que seriam enviados para o lixo, pode-se fabricar um aquecedor com custo dez vezes menor de que um aquecedor tradicional. Para cada metro quadrado, se utilizaria entre 60 e 100 garrafas pet, gastando-se R$ 80. O Brasil é um pais tropical, mas existe um sub-aproveitamento da energia solar pelo predomínio da cultura do chuveiro elétrico, em todas as regiões do país. Na Alemanha, onde o inverno é mais rigoroso que o nosso, a energia solar é melhor aproveitada, detalhou o professor. DESCARTE DE ÓLEO PREOCUPA Quem também esteve presente na Semana do Meio Ambiente de Barro Alto foi o coordenador do Programa Goiás da ONG paulista Care Brasil, Luiz Carlos Pinagé de Lima. Barro Alto é a única cidade goiana que conta com o trabalho da Care, que se mostra preocupada com a destinação dos resíduos sólidos nas localidades onde atua.
Segundo ele, diante da inexistência de programas de reciclagem, tais materiais ficam pelas ruas, vão parar nos lixões e até mesmo sobrecarregam os aterros sanitários que funcionam de maneira controlada. No caso do óleo de cozinha usado para frituras em bares, restaurantes, lanchonetes e até mesmo nas nossas próprias residências, foi ensinado em Barro Alto que o produto pode ser reaproveitado para a fabricação de detergentes, sabão em pedra e sabonetes coloridos, de vários formatos e tamanhos. É uma forma criativa de garantir renda para donas de casas e jovens que estão desempregados. O óleo de cozinha não pode ser jogado, de forma alguma, nos aterros ou no sistema de esgoto (em vasos sanitários, por exemplo) que ficam sobrecarregados e contaminam os lençóis freáticos (os reservatórios de água subterrâneos). Em Goianésia, Uruaçu e Anápolis existem entidades que coletam esse óleo de fritura usado, mas o ideal seria que todas as cidades do Estado criassem mecanismos com essa finalidade, comentou o ambientalista. PLÁSTICOS VIRAM TAPETE Sabe aquela passadeira feita de pano, que você tem no chão da cozinha ou no corredor da sua casa? Pois bem, a artesã Minervina Franscisca da Neves, de 72 anos, a Dona Nita, roubou a cena na Semana do Meio Ambiente de Barro Alto: com talento e muita paciência, a mulher inovou ao
mostrar como consegue reaproveitar embalagens plásticas de alimentos para confeccionar uma passadeira multicolorida, com 2 metros de comprimento e 60 centímetros de largura. Com muita paciência, dona Nita corta, enrola e entrelaça com barbante tudo o que jogamos fora diariamente: papéis que embalam chocolates, bombons, bolachas, biscoitos, arroz, café, feijão e macarrão (entre outros) se transformam numa bela peça decorativa, vendida por R$ 60 por Dona Nita. Moradora de Formoso-MG (município próximo a Januária, no Norte de Minas Gerais, tida como a região mais pobre daquele Estado), ela trabalha três horas por dia, durante sete dias para fazer uma única dessas passadeiras. Além da criatividade, outra facilidade em prol do meio ambiente: em vez de sabão ou outros produtos industrializados, basta um pano úmido para limpar a passadeira de plástico. MINERADORA RESPALDA A idéia principal foi exatamente essa: mostrar que, com a reciclagem, consegue-se criar vários produtos úteis ao nosso dia-a-dia. Fora isso, também nos preocupamos em apresentar filmes ambientais, para despertar a população de Barro Alto sobre a necessidade de se preservar o meio ambiente, comentou o coordenador de relacionamento com as comunidades da Anglo American em Niquelândia e em Barro Alto, Liomar da Silva Rocha Vidal.
ADÃO COMENTA Para o presidente da Câmara Municipal de Barro Alto, José Adão de Deus (PP), o ideal seria que as empresas e os moradores da cidade se preocupassem com o meio ambiente durante os 12 meses e não apenas nos dias de junho que são específicos para tal fim. Os demais 364 dias do ano não são voltados para essa problemática. Por isso, em Barro Alto, existem muitos projetos em andamento, mas ainda faltam atitudes adequadas para tratar das questões ambientais na nossa cidade, avaliou o presidente do Legislativo.