ANÁLISE DA INTERVENÇÃO DO PROJETO MÚSICA NO CAMPUS NA COMUNIDADE ACADÊMICA

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Transcrição:

ANÁLISE DA INTERVENÇÃO DO PROJETO MÚSICA NO CAMPUS NA COMUNIDADE ACADÊMICA Quéops Arsênio Rodrigues queops.musica@gmail.com José Allisson Alves de Figueiredo Filho allissonfilho@gmail.com Josefa Yara Brito jbyarabrito673@gmail.com Lucas Bacelar Pires de Souza lucascpm.007@gmail.com Marco Antonio Silva marcoviolino@cariri.ufc.br Resumo: O grupo PET Música da apresenta nesse resumo uma analise da proposta de intervenção musical no campus da Universidade. Essa ação acontece uma vez por mês no espaço acadêmico, na perspectiva de dialogo entre educação musical e etnomusicologia, considerando também o contexto cultural da região, sem o qual não é possível um entendimento significativo de uma cultura musical (QUEIROZ, 2010). Diante desse cenário procuramos compreender: Qual o significado da música praticada no espaço acadêmico? Que aspectos podem ser ressaltados da interação entre a comunidade acadêmica, os músicos convidados e os petianos? Diante desses questionamentos esse trabalho tem como objetivo geral analisar a intervenção do Música no Campus no espaço da universidade. Nessa pesquisa utilizamos o procedimento metodológico caracterizado como estudo de caso, em vista de um estudo intenso de um determinado objeto ou grupo (GIL, 2009). Constata-se que a produção do evento, realizada pelos petianos, contribui para a formação dos discentes, pois desenvolve a capacidade de autonomia para a elaboração de eventos, contribui com o fazer artístico dos bolsistas. Dessa forma os participantes do grupo vivenciam uma experiência artística, como também adquirem conhecimento de como produzir um evento musical. Destaca-se também o conhecimento produzido pelo grupo através de reflexões coletivas. Observa-se, sobretudo, que a música contribui para reunir a comunidade acadêmica (professores, funcionários, terceirizados e alunos) em um mesmo ambiente possibilitando uma apreciação musical e cultural. Palavras chave: Música no Campus, Intervenção no espaço acadêmico, formação acadêmica.

Introdução Desde sua implantação, o curso de música da UFCA ( Universidade Federal do Cariri), tem suas atividades pedagógicas desenvolvidas a partir dos conhecimentos experimentados na realidade do aluno e por eles trazidos aos espaços de encontros pedagógicos: salas de aula, laboratórios de prática sonora, entre outros. Outro aspecto importante no curso é a ausência do teste de habilidade específica para o ingresso do aprendiz no curso. Desta forma, esse processo permite uma democratização do acesso ao conhecimento musical. O curso de música proporciona aos seus alunos a participação em diversos projetos na área de atuação da extensão, cultura, pesquisa e ensino, tais como: PET (Programa de Educação Tutorial), PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência), PID (Programa de Iniciação à Docência), Orquestra de Cordas, Coral, dentre outros. Cada projeto mencionado tem o seu próprio raio de ação. Destaca-se neste trabalho o PET, que é composto por doze bolsistas, sob a orientação de um professor tutor. O PET iniciou suas atividades no início do ano de 2011, desde então, trabalha numa perspectiva de educação musical permeada por aspectos etnomusicológicos, musicológicos. De tal modo, procurar manter um diálogo com a região do Cariri, a fim de considerar a música e as ações que se desenvolvem nesse contexto. Nesse sentido, o programa tem como um dos principais objetivos buscar condições para a realização de atividades extracurriculares que visam complementar a formação acadêmica dos bolsistas, ampliando e aprofundando os conteúdos do programa que fazem parte da sua grade curricular. Atualmente o PET está trabalhando com atividades extracurriculares como: oficinas de técnica vocal, oficinas de prática de conjunto, elaboração de um espetáculo que procura resgatar a cultura da região do Cariri cearense, Musica no Campus, dentre outros. Essas atividades são transformadas em pesquisas nas áreas trabalhadas e ao longo do processo outras atividades poderão emergir.

Tais atividades possibilitam aos alunos que compõem o PET, oportunidades de vivenciar experiências não presentes em estruturas curriculares convencionais e de desenvolver a sua capacidade crítico-reflexiva, visando assim, a sua formação global e auxiliando-os na formação acadêmica. Isso favorece, tanto a integração no mercado de trabalho quanto o desenvolvimento de pesquisas em programas de pós-graduação (PET - Manual de orientações básicas). Dessas atividades destaca-se o projeto Música no Campus. Esse evento teve início no ano de 2010 e foi idealizado por dois professores com a proposta da realização de recitais no espaço academico. Dessa maneira, busca-se formar plateia para música instrumental e/ou vocal e criar um espaço para apresentação dos alunos, como também de artistas locais. A partir do ano de 2011, a responsabilidade de realização desse projeto tornou-se atividade dos bolsistas petianos e, desde então, são desenvolvidas edições mensais do projeto. Nesse trabalho desenvolveremos algumas inquietações que surgiram durante a produção dessa atividade, Música no Campus, tais como: qual o significado do Música no Campus para a comunidade acadêmica? Quais as mudanças geradas no espaço acadêmico pelo Música no Campus e em que contexto acontecem? Que aspectos podem ser ressaltados da interação entre a comunidade acadêmica, os músicos convidados e os petianos? Diante desses questionamentos esse trabalho tem como objetivo geral, analisar a intervenção do projeto Música no Campus no espaço da comunidade acadêmica e, como objetivos específicos, investigar se o projeto gera mudanças no espaço acadêmico; compreender qual o significado do referido projeto para a comunidade acadêmica; Observar o olhar do bolsista, do artista convidado e da plateia acerca do Música no Campus. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA O evento Música no Campus é uma atividade musical, que mensalmente promove apresentações de curta duração que acontecem no pátio do campus, durante o intervalo das aulas no período da manhã. Podemos observar esse evento de várias perspectivas: da

produção (bolsistas petianos), do artista que se apresenta (artistas convidados) e da plateia, que é formada pela comunidade acadêmica (estudantes, professores, servidores da universidade e os trabalhadores das novas obras na universidade). Mais adiante falaremos mais detalhadamente dos aspectos desses pontos de vista. Esse projeto tem natureza intervencionista visto que as apresentações são feitas no pátio do campus. Sabe-se que a música, assim como outras linguagens, é uma forma de expressão que é construída socialmente, e com padrões artísticos, a linguagem musical deve ser compartilhada de maneira social e cultural. Outra característica que deve ser ressaltada é o caráter didático dessas exibições. O indivíduo pode apreender e construir uma sensibilidade e significação dessas linguagens pelo processo da apreciação e vivência. Isso é confirmado por PENNA (2008, p. 29): Com essa afirmação, torna-se mais claro que o ser sensível à música não é uma questão de mística ou de empatia, não se refere a uma sensibilidade dada, nem a razões de vontade individual ou de dom inato. Trata-se, na verdade, de uma sensibilização adquirida, construída num processo muitas vezes não consciente em que as potencialidades de cada indivíduo (sua capacidade de discriminação auditiva, sua emotividade, etc.) são trabalhadas e preparadas de modo a reagir ao estímulo musical. Entende-se que o projeto tem semeado nos apreciadores que assistem ao evento a sensibilidade humana e musical. Os espectadores que assistem às edições do projeto Música no Campus são naturalmente levados a uma reflexão acerca da riqueza e da diversidade cultural da região e de outras culturas através da apreciação musical. Outro objetivo alcançado através desse evento pode ser percebido como uma audição musical de caráter reflexivo e de bastante relevância como prática de ensino e aprendizagem musical. Acerca disso, Swanwick (1979, p.43) reflete: a apreciação... é a primeira na lista de prioridades da atividade musical. Ainda nesse sentido Moreira afirma que: A apreciação é uma das atividades mais importantes para o desenvolvimento musical porque desenvolve a audição crítica e estética do aluno, esta (a apreciação) não pode mais ser tratada como uma mera audição descompromissada. (MOREIRA, 2010, p. 290).

Portanto, ao apreciar apresentações musicais que geralmente são diferentes das que são vistas na mídia capitalista é proporcionado ao público, novas capacidades críticas musicais e conhecimentos culturais. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS O procedimento metodológico utilizado nessa pesquisa foi o estudo de caso. Podemos entender estudo de caso como um estudo intenso de um determinado objeto ou grupo (GIL, 2009, p.16). Desta forma, foi feito uso de entrevistas semiestruturadas com a comunidade acadêmica a fim de comprovar a hipótese pressuposta. Esse tipo de entrevista tem relativa flexibilidade, não sendo necessário seguir a ordem prevista no roteiro. Podem ser reformuladas novas questões no decorrer da mesma (MATTOS e LINCOLN, 2005). Os sujeitos da pesquisa foram: estudantes, professores, servidores e terceirizados da universidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Um dos aspectos de grande relevância nas edições realizadas no Música no Campus, é a diversidade de artistas que se apresentaram. Já participaram do evento, mestres da cultura como Aécio Ramos (Luthier e compositor local) com o seu show autoral Cordas e Acordes ; artistas e grupos da região, como Flauberto Gomes, Ranier Oliveira, Marcelo Randemark e banda, o Grupo de Câmara Cordas Ágio; bandas autorais como Zeremitas e Apocalipse Dreams; músicos influentes de outras regiões do país como Gustavito, o duo Selestrial; grupos formados na universidade como o Kariri Sax e o Grupo de Flautas da Escola de Música da Universidade, apresentação dos alunos da turma de 2011.1

da disciplina de Canto Coral III, alunos do Curso de Licenciatura em Música, Forró Kischotte e outros grupos como os Estudantes da APAE - Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais. A partir de observações foi possível perceber que o processo das edições do Música no Campus, pode ser caracterizado em três momentos: No primeiro momento é feito o contato dos alunos bolsistas com os artistas para a organização do evento, se tornando frequente até o dia marcado para a apresentação. No segundo, durante a apresentação, alguns integrantes da equipe ficam responsáveis por entrevistas com a comunidade acadêmica, havendo assim, a troca de ideias e conceitos entre ambas as partes. No terceiro momento, que é o pós-show, os artistas se dispõem a dialogar com o público, respondendo perguntas, ouvindo elogios e sugestões a cerca do seu trabalho. É importante ressaltar que o aprendizado obtido em cada edição do Música no Campus se torna indispensável para a nossa formação e atuação. O evento proporciona aos bolsistas uma reflexão acerca do trabalho desses artistas. Nesse aspecto, vale elucidar a percepção dos bolsistas de como a música está sendo vista pela comunidade acadêmica, suas influências nesse público, bem como as principais dificuldades encontradas pelo artista na relação entre seu trabalho e o público. Um dos achados da pesquisa refere-se à compreensão da importância do contato direto dos artistas com o publico, pois revela-se o processo da construção do gosto musical sem a influencia das mídias. Esse procedimento gera conhecimento para os bolsistas (licenciandos em música) que poderão aplicar em suas futuras experiências em sala de aula. Desta forma, a prática com o Música no Campus contribui para a aquisição de experiências formativas. Alguns aspectos positivos da abordagem do Música no Campus podem ser percebidos através da fala de um dos entrevistados, aluno do curso de Engenharia de Materiais da UFCA que esteve presente na edição do Música no Campus com a apresentação musical de alunos da APAE, expressa abaixo: Essa interação entre os cursos é um mecanismo muito interessante, para que não haja competição, que não haja problemas e atritos entre as pessoas dos cursos porque, às vezes, existe muita crítica. Por exemplo, o pessoal da engenharia dizendo que o curso de música não faz nada Mas

com isso, com os projetos que acontecem na instituição, é que tira-se essa imagem que um curso é melhor do que o outro. Então esses projetos são importantes para isso. Também é muito interessante porque os ritmos são variados, os estilos são variados. Essa oportunidade que vocês estão dando para o pessoal da APAE hoje é muito deslumbrante porque vocês abrem um mundo para eles e também a visão que esse projeto de música dá à instituição é muito boa porque quando vocês apresentam e levam o nome da instituição, fazendo um bom trabalho, vocês estão dando uma visão boa pra a instituição também. Percebe-se através da fala do aluno que o evento proporcionado pelo projeto Música no Campus contribui para reunir as pessoas em um mesmo ambiente para apreciação musical. No contexto do trabalho realizado com os alunos da APAE, que proporcionaram um espetáculo musical, pode perceber os seguintes aspectos: interação entre os cursos; uma melhor percepção do curso de música na comunidade acadêmica; inclusão social e visibilidade a instituição através do trabalho musical da APAE. CONSIDERAÇÕES FINAIS O projeto Música no campus proporciona experiências valiosas a todos os envolvidos nas suas atividades, criando um espaço para artistas apresentarem seus trabalhos promovendo a interação, apreciação, e agregando mais significação ao ambiente do campus acadêmico. O caráter intervencionista do projeto, no pátio do campus, altera de maneira positiva a rotina da universidade produzindo nas pessoas uma reflexão de natureza artística em seu ambiente de trabalho. Proporciona também a democratização do acesso a alguns bens culturais da nossa região proporcionando uma apreciação musical e estimulando o espectador a conhecer novos sons que normalmente não são divulgados pelas mídias mais acessadas. Faz com que haja mais interação entre os alunos de vários cursos, proporcionando diálogos em decorrência da fruição musical.

Após destacar esses pontos que consideramos relevantes, pudemos perceber que os espectadores evidenciam um significado positivo do projeto para quem o assiste. Espera-se que esse trabalho possa contribuir para outras pesquisas com a mesma temática.

Referências MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Programa de Educação Tutorial PET Manual de orientações básicas. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12228:manualde-orientacoes-pet&catid=232:pet-programa-de-educacao-tutorial&itemid=486 Acesso em: 05 de novembro de 2014 MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa: planejamento execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e interpretação de dados. São Paulo: Atlas, 2006. 6ª Edição. MATTOS, Márcio et al. Conexões de Saberes Musicais. Juazeiro do Norte: Quadricolor, 2013, p. 11. MATTOS, P.; LINCOLN, C. L.: A entrevista não-estruturada como forma de conversação: razões e sugestões para sua análise. Revista Administração Publica;39(4):823-847,jul.- ago.2005. MOREIRA, Lúcia Regina de S. Representações Sociais: Caminhos para a compreensão da apreciação musical? In: Anais XV Colóquio do Programa de Pós-Graduação em Música da UNIRIO, Rio de Janeiro, 2010, p. 283-291. PENNA, Maura. Música(s) e seu Ensino. Porto Alegre, Sulina, 2008. SWANWICK, Keith. Ensinando Música Musicalmente. São Paulo, Moderna, 2003.