LEVANTAMENTO DOS FATORES DE RISCO PARA OSTEOPOROSE E QUEDAS EM VISITANTES DO ESTANDE DA LIGA DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA DO XVI ECAM Patrícia Azevedo Garcia 1,3,4 ; Ludmilla Pinto Guiotti Cintra 1,3,4 ; Raphael Martins da Cunha 1,3,4 ; Vinícius Sousa Moraes 1,3,4 ; Cláudio Henrique Teixeira 2,4 1 Voluntário de Iniciação Científica (PVIC/UEG) 2 Pesquisador-Orientador 3 Curso de Fisioterapia, Unidade Universitária de Goiânia, ESEFFEGO, UEG. 4 Membro da Liga Acadêmica de Geriatria e Gerontologia (LAGG), Universidade Federal de Goiás (UFG) RESUMO O propósito deste estudo foi verificar os fatores de risco para osteoporose e quedas em indivíduos visitantes do estande da Liga de Geriatria e Gerontologia da UFG no XVI Encontro Científico dos Acadêmicos de Medicina. Participaram do estudo 139 indivíduos, de ambos os sexos, com idade entre 47 e 81 anos. Os fatores de risco foram pesquisados através de um questionário anônimo aplicado aos visitantes que se encaminhavam voluntariamente ao referido estande. Os dados, analisados no programa Excel 2.000, revelaram que 88% dos entrevistados eram do sexo feminino, idade média de 60,05 anos (DP = 7,58), 64% de cor branca, 91% de procedência urbana, 11% relataram hábitos de tabagismo, 12% de etilismo e 50% mencionaram prática de atividade física regular. Quanto à incidência de fraturas e quedas, 29% mencionaram queda no último ano e 21% referiram fraturas. Entre a amostra feminina, 30% entraram na menopausa há menos de 10 anos, 27% entre 11 e 17 anos e 20% há 18 ou mais anos. Sendo assim, verificou-se que a amostra estudada mostrou uma quantidade expressiva de fatores de risco para osteoporose, confirmando a necessidade da adoção de medidas preventivas que visem a minimizar as conseqüências trazidas pela enfermidade. Palavras-chave: osteoporose, fatores de risco, idosos. INTRODUÇÃO Atualmente, conceitua-se osteoporose como uma doença esquelética sistêmica caracterizada por baixa massa óssea e deterioração da microestrutura do tecido ósseo, com 1
conseqüente aumento da fragilidade óssea e da suscetibilidade a fraturas (CHRISTIANSEN et al, 1996). Padilla e Arreaza-cardier (2002) afirmam que o problema se apresenta como fraturas de vértebras e de punho, as quais causam dor, deformidades e incapacidade nos pacientes osteoporóticos. Contudo, quase todos os ossos apresentam risco nos pacientes afetados, sendo que, após os 50 anos, qualquer fratura que não seja conseqüência de um traumatismo significativo deve ser considerada suspeita. O risco de desenvolvimento de uma fratura por fragilidade óssea depende da quantidade e da força óssea máxima atingidas por uma pessoa durante toda sua vida e da posterior taxa de perda óssea (CHRISTIANSEN et al, 1996). Sendo assim, Vieira et al (2003) salientam o aspecto multifatorial da etiologia da osteoporose e enumeram como fatores de risco a hereditariedade, etnia, sexo feminino, baixo peso corporal, deficiência hormonal, excessivo consumo de álcool, inatividade física, tabagismo e fatores nutricionais. A osteoporose é considerada um importante problema de saúde pública mundial devido à sua alta prevalência, em função de seus efeitos devastadores na saúde física, psicológica e social, com grandes prejuízos financeiros (GRANITO et al, 2004; KOWALSKI, SJENZFELD & FERRAZ, 2001). Carvalho, Fonseca e Pedrosa (2004) documentaram que a osteoporose causa invalidez pelas deformidades e incapacidades nos indivíduos afetados e, em decorrência do demorado tratamento das fraturas conseqüentes da enfermidade, gera um ônus elevado. Esses autores reforçam ainda que a maior parte dos custos sociais e econômicos é decorrente das fraturas de quadril e que as fraturas osteoporóticas mais comuns são provavelmente as de vértebras. Considerando-se a magnitude do problema gerado pela osteoporose e suas conseqüentes fraturas associadas à redução da expectativa e da qualidade de vida, a abordagem mais indicada é a prevenção (GRANITO et al, 2004). Vieira et al (2003) salientam a importância de se estabelecer medidas preventivas gerais acessíveis a toda a população, incluindo ingestão adequada de cálcio e vitamina D, eliminação do consumo de cigarros e álcool, atividade física regular para manutenção do peso e prevenção de quedas. Neste contexto, este trabalho teve por objetivo verificar os fatores de risco para osteoporose e quedas em indivíduos visitantes do estande da Liga de Geriatria e Gerontologia (LAGG) da Universidade Federal de Goiás (UFG) no XVI Encontro Científico dos Acadêmicos de Medicina (ECAM). 2
MATERIAL E MÉTODOS Local da Pesquisa a pesquisa foi realizada durante o XVI Encontro Científico dos Acadêmicos de Medicina (ECAM), no período de 11 a 14 de agosto de 2004. Participantes este estudo contou com a participação de 139 visitantes do estande da Liga de Geriatria e Gerontologia da UFG (LAGG), de ambos os sexos, com idade entre 47 e 81 anos. Materiais e Equipamentos 1) Questionário da UFSCAR modificado, anônimo, abordando sexo, idade, cor, profissão, procedência (urbana ou rural), hábitos de tabagismo e etilismo, prática de atividade física, tempo de menopausa (para mulheres), terapia de reposição hormonal, história de fraturas e quedas, utilização de medicamentos e doenças já diagnosticadas; 2) Balança digital; 3) Fita métrica. Procedimentos - Os pesquisadores, integrantes da LAGG, formando uma equipe interdisciplinar, permaneciam no estande da referida liga a disposição dos visitantes. Os visitantes do XVI ECAM encaminhavam-se ao estande da LAGG voluntariamente, livres de coerção, no qual respondiam ao questionário anônimo, eram submetidos à mensuração da altura e peso corporal, conferiam seus Índices de Massa Corpórea (IMC), obtinham orientações acerca dos fatores de risco e prevenção de osteoporose. Análise dos Dados - Os dados foram analisados com suporte do programa Excel 2.000. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados coletados revelaram que foram entrevistados 139 indivíduos, sendo 88% do sexo feminino, com idade variando de 47 a 81 anos e idade média de 60,05 anos (DP = 7,58), 64% de cor branca e 91% de procedência urbana. Carvalho et al (2004) pesquisaram o perfil e fatores de risco para osteoporose em 95 idosos participantes de um programa de extensão da UFPI e também verificaram uma maior busca por informações etiológicas e preventivas pelo sexo feminino. Em relação ao estilo de vida, 11% da amostra relataram hábitos de tabagismo, 12% de etilismo e 50% mencionaram prática de atividade física regular. Lanzillotti et al (2003) avaliaram mulheres na pós-menopausa com osteopenia e identificaram como principais fatores de risco para osteoporose a ausência de terapia de reposição hormonal, a nãoexposição ao sol, ausência de atividade física atual, história familiar de osteoporose, tabagismo e consumo atual de bebidas alcoólicas. Com relação à incidência de fraturas, detectou-se que 21% da amostra entrevistada referiram fraturas, sendo que destas, 18% de fraturas de punho, 13% de quadril, 8% de 3
ombro e 3% de coluna. Quanto à proporção de quedas, verificou-se que 29% da amostra mencionaram queda no último ano. Esses dados foram associados à expressiva incidência de fraturas (21%) e quedas (29%), corroborando os dados da OMS de que 30% das pessoas com mais de 65 anos caem pelo menos uma vez ao ano, e que esta é a principal causa de fraturas (SZEJNFELD, 2000). Entre a amostra feminina, 30% entraram na menopausa há menos de 10 anos, 27% entre 11 e 17 anos e 20% há 18 ou mais anos. Paiva et al (2003) pesquisaram a prevalência da osteoporose e os fatores clínicos e reprodutivos associados à diminuição da densidade da mineral óssea na pós-menopausa através da análise de 373 prontuários do Ambulatório de Menopausa do CAISM/Unicamp. Esses autores identificaram a idade avançada, menor escolaridade, menarca tardia, menopausa em idade mais precoce e menor índice de massa corpórea como fatores de risco para diminuição da massa óssea na população estudada. CONCLUSÃO Verificou-se que a amostra estudada mostrou uma quantidade significativa de fatores de risco para osteoporose, sendo a maioria do sexo feminino, pós-menopausa e de idade avançada. Desta forma, os dados sugerem a necessária adoção de medidas preventivas e restauradoras que visem a minimizar as limitações funcionais e incapacidades trazidas pela osteoporose. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARVALHO, C. M. R. G. de; FONSECA, C. C. C.; PEDROSA, J. I. Educação para a Saúde em Osteoporose. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 20, n. 3, p. 719-726, 2004. CHRISTIANSEN, C.; EINHORN, T. A.; MCKAY, H. D.; LINDSAY, R.; LJUNGHALL, R.; LJUNGHALL, S.; MAUTALEN, C. A.; MEUNIER, P. J.; MORII, H.; MUNDY, G. R.; RAPADO, A.; STEVENSON, J. Conferência de Elaboração de Consenso. In: Congresso Mundial sobre Osteoporose. Centro de Convenções, quarta-feira, 22 de maio de 1996, das 14:00 às 18:45 horas. GRANITO, R. N.; RENNÓ, A. C. M.; AVEIRO, M. C.; NAVEGA, M. T.; DRIUSSO, P.; OISHI, J. Efeitos de um Programa de Atividade Física na Postura Hipercifótica Torácica, na 4
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