Associação Portuguesa de Fisioterapeutas

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Transcrição:

Membro: Confederação Mundial de Fisioterapia (WCPT) Região Europeia WCPT Estudo realizado no âmbito das atividades do Conselho Diretivo Nacional da com vista a melhor conhecer o contexto de trabalho dos fisioterapeutas seus associados Caraterização da Atividade Profissional dos Fisioterapeutas Autores: Emanuel Vital Luís Eva Ferreira Paula Campos Jorge Lisboa, 08 - setembro - 2018

Caraterização da Atividade Profissional dos Fisioterapeutas Vital E., Ferreira L., Jorge P. 2018 Resumo A realizou o presente inquérito, com o intuito de conhecer melhor o contexto profissional dos seus associados. Foi enviado um questionário eletrónico para 3900 endereços de correio eletrónico ativos convidando os colegas a participar no estudo. Foram obtidas 212 respostas correspondendo a uma taxa de resposta de 5,5%. Os resultados indicam que o fisioterapeuta desta amostra é uma profissional jovem que dedica muitas horas por semana ao trabalho e investe na sua formação e desenvolvimento profissional. Regista-se um número importante de fisioterapeutas a trabalhar em Unidades Privadas de Fisioterapia. Verifica-se a existência da prática em Unidades unipessoais, mas é mais frequente encontrar-se o fisioterapeuta em serviços com mais colegas e com profissionais de outras áreas. As condições musculosqueléticas, neurológicas, cardiorrespiratórias e pediátricas predominam numa prática com muita diversidade de condições de saúde. Relativamente à satisfação profissional, a dimensão mais negativa corresponde à apreciação do seu estatuto remuneratório; nas outras dimensões de satisfação, os fisioterapeutas desta amostra apresentaram valores elevados, sendo a relação com os utentes e o reconhecimento profissional por parte destes os itens em que se registaram os valores mais elevados de satisfação. - - - Enquadramento O contexto de trabalho dos fisioterapeutas em Portugal tem vindo a sofrer alterações ao longo do tempo e, de forma mais acelerada, na presente década. Dos cerca de 3000 fisioterapeutas em exercício em Portugal em 2010, passou-se para uma realidade atual que conta com mais de 11 mil efetivos. A própria realidade do mercado de trabalho mudou: se antes de 2013 existiam limitações para o estabelecimento de prática privada, a partir dessa data, a Entidade Reguladora da Saúde passou a emitir registos para o funcionamento das Unidades Privadas de Fisioterapia, com consequentes repercussões a nível profissional. A (APFISIO), estrutura profissional de direito privado que representa a Fisioterapia em Portugal desde 1960, procura estar atenta a esta evolução para melhor fundamentar as suas estratégias de intervenção e a sua atividade em prol da defesa dos interesses 1

dos fisioterapeutas e da comunidade que eles servem. Neste sentido, para melhor conhecer o dia-adia dos fisioterapeutas, o Conselho Diretivo Nacional (CDN) da APFISIO apoiou a realização de um inquérito de caraterização do contexto profissional dos fisioterapeutas seus associados. O objetivo deste estudo é, por isso, atualizar a informação sobre as caraterísticas sociodemográficas, as caraterísticas do contexto de trabalho e a satisfação profissional da amostra que participou no estudo. Metodologia Desenho metodológico: estudo descritivo baseado num inquérito de caraterização. Instrumento e modo de administração: foi desenvolvido um inquérito constituído por três dimensões que foi alvo de revisão e obteve consenso quanto ao seu formato e conteúdo pelo CDN da APFISIO (ver Anexo 1). Este inquérito foi disponibilizado na plataforma Google docs para preenchimento online à amostra selecionada. As questões procuraram recolher informação sobre três dimensões: 1) Caraterísticas sociodemográficas dos fisioterapeutas; 2) Caraterísticas do contexto de trabalho; e 3) Satisfação profissional. O tempo médio para preenchimento do inquérito era inferior a oito minutos e ele esteve disponível para preenchimento entre 15 de maio e 02 de julho de 2018. Amostra: os questionários foram enviados para 3900 endereços de correio eletrónico ativos de fisioterapeutas inscritos na. Tratamento dos dados: análise descritiva das respostas registadas através de contagem, percentagem e transcrição. Resultados Neste estudo foram recebidas 212 respostas, correspondendo a uma taxa de resposta de 5,5%, e que constitui a amostra em análise. 1- Caraterísticas Sociodemográficas 1.1- Género. O género feminino tem maior representatividade na amostra, com 70,8% dos participantes. 2

1.2- Distribuição etária. A amostra é predominantemente jovem, com o expressão maioritária do grupo etário dos 26-35 anos. A média de idade situa-se nos 36,8 anos (ver Gráfico 1). Gráfico 1 - Distribuição etária (212 respostas) 120 100 80 101 60 40 20 0 46 30 20 14 1 <=25 [26,35] [36,45] [46,55] [56,65] >65 1.3- Distribuição geográfica. A amostra distribui-se, por ordem decrescente, pelos principais centros urbanos do país, liderando Lisboa, seguida pelo Porto, Setúbal e Coimbra (ver Gráfico 2). Gráfico 2 - Distrito de residência (212 respostas) 70 60 63 50 40 30 26 20 10 0 20 17 12 12 8 8 7 7 5 4 4 4 3 3 2 2 2 2 1 3

1.4- Ano de conclusão da formação inicial em Fisioterapia. Cerca de dois terços da amostra refere ter concluído a sua formação inicial em Fisioterapia até ao ano de 2010 (ver Gráfico 3). Gráfico 3 - Ano da conclusão da formação inicial em Fisioterapia (212 respostas) 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 81 57 30 25 5 14 <= 1980 [1981,1990] [1991,2000] [2001,2010] [2011,2015] >2015 1.5- Antiguidade na profissão. 50,9% da amostra refere ter mais de dez anos de profissão (ver Gráfico 4). A média de anos de profissão é de 13,7 anos. Gráfico 4 - Anos de experiência profissional (212 respostas) 60 50 40 54 50 30 35 20 28 21 24 10 0 <=5 [6,10] [11,15] [16,20] [21,30] >30 4

1.6- Grau académico. Nesta amostra, 66,5% dos fisioterapeutas referem ter o grau de licenciatura (ver Gráfico 5). De registar ainda uma elevada percentagem (24,1%) com grau de Mestre e igual percentagem de fisioterapeutas (4,7%) com grau de Doutor e de Bacharel. Gráfico 5. Grau académico 1.7- Desenvolvimento professional contínuo. Nesta amostra regista-se um forte investimento na formação continua, com uma média de frequência de 7 cursos de formação com carga horária igual ou superior a 30 horas (ver Gráfico 6). 80 70 Gráfico 6 - Número de cursos de formação profissional com carga horária igual ou superior a 30 horas (206 respostas) 60 68 67 50 40 44 30 20 27 10 0 <=2 [3,5] [6,10] >10 5

% 2- Caraterização do contexto da atividade profissional 2.1- Relações de trabalho (remunerado). A maioria dos fisioterapeutas desta amostra (62,3%) refere ter duas ou mais relações de trabalho (ver Gráfico 7), apresentando um valor médio de 1,9 relações. Gráfico 7 - Número de relações de trabalho que tem presentemente (212 respostas) 50,00 45,00 40,00 35,00 30,00 25,00 20,00 15,00 10,00 5,00 0,00 44,34 36,79 11,79 5,19 0,94 0,94 5 2.2- Local onde exerce a sua prática profissional. Os locais onde os fisioterapeutas exercem a sua profissão são bastante diversos (ver Gráfico 8). Por ordem decrescente identificam-se as Unidades Privadas de Fisioterapia, os Hospitais, as Unidades de Medicina Física e Reabilitação e as Instituições Particulares de Solidariedade Social. Gráfico 8. Local onde exerce maioritariamente a sua prática Ensino Hospital C Saúde UCCI C. Regional de MFR E. Autárquicas U. Priv. Fisioterapia U. Priv. MFR IPSS (não RNCCI) C. Desportivas Escolas C. Investigação Empresas/Industrias Outras Funções 6

2.3- Condição de saúde em que intervem maioritariamente. As condições musculosqueléticas, neurológicas e cardiorrespiratórias são as principais condições de saúde em que os fisioterapeutas da amostra intervêm. As condições musculoesqueléticas são referidas por 55,2% da amostra (ver Gráfico 9). Gráfico 9. Condições de saúde em que maioritariamente intervem 2.5- Inquirimos também sobre o contexto de trabalho. De salientar que em um de cada cinco locais de trabalho, apenas existe um fisioterapeuta (ver Gráfico 10). Em 22,6% dos locais de tabalho, exercem funções mais de dez fisioterapeutas. Gráfico 10. Quantos fisioterapeutas exercem funções no local de trabalho? 7

2.6- Relativamente ao número de técnicos ou de auxiliaries de fisioterapia, a grande maioria dos locais (64,6%), não dispõem daqueles profissionais (ver Gráfico 11). Gráfico 11. Quantos técnicos, ou auxiliaries de fisioterapia, exercem funções no local de trabalho? 7,5% 6,6% 2,4% 2.7- Num conjunto significativo de locais de trabalho (41,0%), existem mais de 10 profissionais não fisioterapeutas (ver Gráfico 12). Apenas 9,4% dos locais de trabalho operam só com fisioterapeutas. Gráfico 12. Quantos outros profissionais (ex. médicos, enfermeiros, auxiliários, administrativos, exercem funções no local de trabalho? 6,6% 8

2.8- Quisemos avaliar a carga de trabalho remunerado da nossa amostra. A grande maioria dos fisioterapeutas (69,8%), referem trabalhar mais de 35 horas semanais (ver Gráfico 13). Gráfico 13. Em media, quantas horas por semana desempenha funções remuneradas? 3- Satisfação profissional Finalmente, a terceira dimensão do estudo visava avaliar as questões relacionadas com a satisfação no trabalho. A partir da revisão da literatura 1 foram selecionados os seguintes domínios da satisfação professional: condições físicas do trabalho; condições para a realização profissional; relações interprofissionais; relações com os utentes; reconhecimento profissional; estatuto remuneratório; e estabilidade no emprego. 3.1- Condições de trabalho (condições físicas, equipamento, ambiente). Uma expressiva maioria dos fisioterapeutas desta amostra (67,5%) refere estar satisfeito ou muito satisfeito com as condições de trabalho (Gráfico 14). Gráfico 14. Satisfação com as condições de trabalho (condições físicas, equipamento e ambiente) 9

3.2- Condições para a realização profissional. Também nesta questão, um número significativo de fisioterapeutas (59,4%) refere estar satisfeito ou muito satisfeito (categorias de resposta 3 e 4) (Gráfico 15). Gráfico 15. Condições para a realização profissional (possibilidade de desenvolver-se profissionalmente; facilidade de acesso a formação, etc.) 3.3- Relações interprofissionais entre colegas. A distribuição de respostas sugere existir um bom ou muito bom ambiente de trabalho, no que às relações entre colegas diz respeito (79,3%) (Gráfico 16). Gráfico 16. Relações profissionais entre colegas fisioterapeutas 10

3.4- Relações interprofissionais com outros profissionais. Neste item, os fisioterapeutas desta amostra apresentam um padrão de resposta muito semelhante à questão anterior, manifestando-se satisfeitos ou muito satisfeitos com as relações interprofissionais (Gráfico 17). Gráfico 17. Relações interprofissionais com outros profissionais 3.5- Relações com utentes (ou clientes). Nesta questão, a maioria dos fisioterapeutas indicou estar muito satisfeitos com a relação estabelecida com os seus utentes (clientes) (Gráfico 18). Gráfico 18. Relações com os utentes (ou com os destinatários do seu trabalho) 11

3.6- Reconhecimento do seu trabalho pela instituição. A distribuição das respostas revela um posicionamente maioritariamente positivo da percepção que estes fisioterapeutas têm do reconhecimento do seu trabalho pela instituição (Gráfico 19). Gráfico 19. Reconhecimento do seu trabalho pela instituição 3.7- Reconhecimento do seu trabalho pelos utentes. 92% da amostra manifesta-se satisfeita (38,7%) ou muito satisfeita (53,3%) com a perceção que têm do reconhecimento do seu trabalho pelos utentes ou destinatários do seu trabalho (Gráfico 20). Gráfico 20. Reconhecimento do seu trabalho pelos utentes (ou pelos destinatários do seu trabalho) 12

3.8- Reconhecimento do seu trabalho pelos seus pares. A percepção que os fisioterapeutas da amostra têm do reconhecimento do seu trabalho pelos seus pares é positiva (81,1%), mas ligeiramente inferior àquela referida pelos utentes/clientes (Gráfico 21). Gráfico 21. Reconhecimento do seu trabalho pelos seus pares 3.9- Reconhecimento do seu trabalho pelos outros profissionais. A percepção que os fisioterapeutas da amostra têm do reconhecimento do seu trabalho pelos outros profissionais é positiva e não difere muito daquela que é percecionada relativamente aos seus pares (Gráfico 22). Gráfico 22. Reconhecimento do seu trabalho pelos outros profissionais 13

3.10- Estatuto remuneratório. Nesta questão, as respostas distribuem-se em apreciável densidade por todas as categorias, com uma distribuição modal na categoria central (Gráfico 23). É possível, contudo, observar a ocorrência de mais respostas situadas no lado negativo da escala (40,1%), comparativamente com as respostas que se situam do lado positivo (28,3%), sendo estas reveladoras de maior insatisfação com o estatuto remuneratório. Gráfico 23. Remuneração 3.11- Estabilidade do emprego. De uma forma maioritária (65,1%), os fisioterapeutas desta amostra revelam-se satisfeitos ou muito satisfeitos relativamente à estabilidade do emprego (Gráfico 24). Contudo, e para esta questão, também existe uma considerável proporção daqueles que se manifestaram de modo diferente (34,9%). Gráfico 24. Estabilidade do emprego 14

Discussão Neste capítulo serão abordadas primeiramente as limitações metodológicas encontradas. Identificamos como principal limitação deste estudo a taxa de resposta de 5,5%. Este valor é considerado baixo por McColl e col., 2001 2, conforme aponta a sua revisão sistemática que considerava os inquéritos em papel entregues em mão ou por via postal. Nulty, em 2008 3, num estudo sobre taxa de resposta a questionários, comparou vários métodos de aplicação: formato em papel com entrega direta, formato em papel com envio postal e administração online com recurso a sistemas informáticos de comunicação. Em todos os estudos analisados, os questionários administrados via online apresentavam as taxas de resposta mais baixas variando entre 20% e 47%, em torno de um valor médio de 33%. Outros autores apontam valores próximos aos de Nulty (2008). Posto isto, podemos considerar que a taxa de resposta ao presente questionário encontra-se bastante abaixo do valor expectável, criando uma forte limitação à sua análise. Consideramos também por isso que o tamanho final da amostra introduz bias de composição e de resposta, pelo que se recomenda um cuidado redobrado na interpretação dos resultados e ponderação com a sua generalização. Relativamente aos traços gerais das três dimensões caraterizadas neste estudo, constatámos o seguinte: As Caraterísticas Sociodemográficas A amostra é constituída maioritariamente por mulheres (70,8%), o que está de acordo com dados históricos e com outras fontes, nomeadamente das instituições de ensino superior. A média de idade crê-se ser superior à média de idade do universo dos fisioterapeutas portugueses, e isto deve-se à subrepresentação dos grupos etários 25 anos e 26, 35 anos. De facto, de 2010 a 2018, formaramse cerca de 70% dos fisioterapeutas atualmente em exercício, sendo que a amostra deste estudo apresenta, valores invertidos para este parâmetro que, também ele, se encontra associado à idade. Este desvio dos resultados tem, igualmente, tradução no número de anos de experiência profissional que, nesta amostra, apresenta um valor médio próximo dos 14 anos. A distribuição geográfica tem maior representatividade nos principais centros urbanos. A aposta no desenvolvimento académico e profissional parece ser uma caraterística dos fisioterapeutas e, nesta amostra, uma percentagem significativa de fisioterapeutas tem o grau de mestre (24,1%). Do mesmo modo, no âmbito da formação contínua, dois terços dos fisioterapeutas referem ter no seu curriculum três ou mais cursos de formação com carga horária igual ou superior a 30 horas. O contexto da atividade profissional Cerca de dois terços dos fisioterapeutas (62,3%) referem ter, pelo menos, dois trabalhos remunerados. Nesta amostra predominam os fisioterapeutas que exercem a sua prática em Unidades Privadas de Fisioterapia (39,6%), seguindo-se aqueles que exercem nos hospitais (21,2%). Sem estudos de caraterização anteriores que nos permitam comparar resultados e tendências, mas reconhecendo que apenas em 2013 foram criadas condições para o registo das Unidade Privadas de Fisioterapia, podemos considerar nestes dados, a importância que estas Unidades estão a assumir no mercado de oferta dos serviços de Fisioterapia. Relativamente às condições de saúde que ocupam a atividade do 15

fisioterapeuta, os dados atuais confirmam que as condições musculosqueléticas predominam, seguidas das condições neurológicas, cardiorrespiratórias e pediátricas. Relativamente ao contexto de trabalho, predominam os estabelecimentos com equipas reduzidas de fisioterapeutas (até cinco fisioterapeutas) e é de notar que um em cada cinco locais de trabalho conta apenas com um fisioterapeuta. Cerca de dois terços dos fisioterapeutas que participaram neste estudo referem que no seu local de trabalho não existem técnicos ou auxiliares de fisioterapia. Um quinto dos respondentes refere existirem 1 a 5 daqueles profissionais e em alguns locais existem até dez técnicos ou auxiliares de fisioterapia. A existência de vários outros profissionais de saúde é referida por 84% da amostra. De notar ainda que cerca de um em cada dez fisioterapeutas refere exercer atividade em locais que não dispõem de outros profissionais de saúde. É ainda importante salientar que cerca 69,8% dos participantes neste estudo referiu que trabalha mais de 35 horas semanais e que um número significativo de respondentes mencionou ter mais do que um trabalho remunerado. A satisfação profissional A terceira dimensão em análise neste estudo pretendia conhecer a satisfação profissional dos fisioterapeutas. Alguns estudos identificam a Fisioterapia como sendo uma profissão que traz muita felicidade4. No presente estudo e, de um modo geral, analisando as questões relacionadas com as condições de trabalho, condições para a realização profissional, relações interprofissionais (com os pares e com outras profissões), relações com os utentes e o reconhecimento profissional (pela instituição, pelos pares, pelos outros profissionais e pelos utentes), pode reconhecer-se um padrão de resposta concentrado maioritariamente nas categorias de satisfeito e muito satisfeito. Quando se trata do relacionamento com o utente e o reconhecimento do trabalho pelo utente, o nível de satisfação é superior com valores maiores na categoria de muito satisfeito. O item Estabilidade do emprego apresenta respostas que pendem para o lado positivo da escala de satisfação (65,1%), mas com algumas respostas posicionadas do lado negativo. A remuneração foi o item da satisfação profissional que se posicionou mais do lado negativo. De facto, observou-se uma ocorrência de mais respostas situadas no lado negativo da escala (40,1%), comparativamente com as respostas que se situaram do lado positivo (28,3%). A ausência de trabalhos anteriores em Portugal sobre esta temática limita as possibilidades de se realizarem análises comparativas e de se estabelecerem curvas de tendência. Além disso, mesmo que fosse satisfeito o requisito anterior, a dimensão da amostra deste estudo recomendaria cuidados nesse tipo de abordagem. Pelo exposto, o presente trabalho deve assumir-se como um estudo exploratório da caraterização do contexto da atividade profissional dos fisioterapeutas portugueses associados da APFISIO, e um ponto a partir do qual se poderá desenvolver mais investigação. 16

Conclusão A Fisioterapia é uma profissão cada vez mais jovem, graças ao aumento acelerado na formação de fisioterapeutas verificado nos últimos anos, e uma profissão onde predomina o género feminino. Em traços gerais, os fisioterapeutas desta amostra encontram-se concentrados nos principais centros urbanos, têm mais de um emprego, trabalham mais de 35 horas por semana e são profissionais que investem na sua formação e desenvolvimento profissional e académico. A oferta de cuidados de Fisioterapia pode ser encontrada, com cada vez maior frequência, nas Unidades Privadas de Fisioterapia. Existe um número importante de fisioterapeutas em Unidades unipessoais, mas a prática multiprofissional é aquela que se encontra com maior frequência e pode ser identificada nos hospitais, nas unidades de medicina física de reabilitação e nas instituições particulares de solidariedade social. Os fisioterapeutas são procurados principalmente para intervirem em condições musculosqueléticas, neurológicas, cardiorrespiratórias, pediátricas, de entre um conjunto variado de condições que este estudo revelou. Por fim, este estudo permite ainda identificar que o fisioterapeuta é um profissional cujo menor nível de satisfação está relacionado com o seu estatuto remuneratório mas que, nas outras dimensões da satisfação profissional, reporta um elevado nível de satisfação. Neste contexto e nesta amostra, o fisioterapeuta valoriza de modo ainda mais positivo a relação que estabelece com o seu utente/cliente e o reconhecimento profissional que o utente/cliente lhe dedica. Referências 1 Graça, L. (1999). A satisfação profissional dos profissionais de saúde nos Centros de Saúde. In Instrumentos para a melhoria continua da qualidade. Lisboa: Direcção Geral de Saúde, Subdirecção Geral para Qualidade. Ministério da Saúde. 2 McColl E, Jacoby A, Thomas K, Soutter J, Bamford C, Steen N; et al. (2001). Design and Use of Questionnaires: a review of best practice applicable to surveys of health service staff and patients. Health Technol Assess. Vol. 5 (31): 266p. Disponível em: http://med-fom-familymed-research.sites.olt.ubc.ca/files/2012/03/hta_questionnaires7810.pdf 3 Nulty D. (2008). The Adequacy of Responses Rates to Online and Paper Surveys. Assessment & Evaluation in Higher Education. Vol. 33 (3): 301-314. 4 Smith W. (2007). Job satisfaction in U.S.A.. NORC/University of Chicago: 1-9. Disponível em:http://wwwnews.uchicago.edu/releases/07/pdf/070417.jobs.pdf. 17

Anexo 1 - Inquérito Caracterização da atividade profissional dos associados da APFISIO Com o objetivo de melhor responder as necessidades dos fisioterapeutas e dos seus utentes, a (APFISIO) pretende levar a efeito um estudo que lhe permita caracterizar a atividade profissional dos seus associados. Assim, vimos pedir-lhe que colabore connosco respondendo, de forma anónima, a seguinte questionário. Muito obrigado NOTA: Os elementos agora recolhidos serão apenas utilizados pela (APFISIO) para os efeitos a que se destina este questionário. Se tiver dúvidas que pretende ver esclarecidas pode contactar-nos pelo e- mail: apfisio@apfisio.pt *Obrigatório Encontra-se esclarecido e está de acordo quanto ao objetivo deste questionário? * Sim 1 - Caraterização sociodemográfica 1.1 - Género * Feminino Masculino 1.2 -Idade * 1.3 - Distrito de residência * 1.4 - Ano de conclusão da formação inicial de Fisioterapia * 1.5 - Anos de experiência profissional * 1.6 - Grau académico * Bacharelato Licenciatura Mestrado Doutoramento 1.7 - Número de cursos de formação profissional com carga horária igual ou superior a 30 horas * 2 - Caraterização do contexto de atividade profissional (trabalho remunerado) 2.1 - Número de relações de trabalho que tem presentemente (ex.: pode exercer funções na prática privada e funções docentes; ou exercer funções no hospital e exercer funções em clínica ou Unidade de Fisioterapia ou MFR) * 2.2 - Tipologia do local onde exerce maioritariamente a sua prática: * Marcar tudo o que for aplicável. Ensino Hospital Centro de Saúde 18

Unidade da Rede Nacional dos Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) Centro Regional de IVIFR Estruturas autárquicas (Câmara Municipal ou Junta de Freguesia) Unidade privada de Fisioterapia Unidade privada de MFR IPSS (fora do âmbito da RNCCI) Clube desportivo ou outras coletividades ou federações desportivas Escolas (Rede Nacional do Sistema de Ensino Obrigatório) Centros de Investigação Outras empresas ou indústria (ex: empresas de cuidados respiratórios; fábricas; empresas tecnológicas de desenvolvimento de produtos; etc.) Outras funções (funções de consultoria; desenvolvimento de projetos; gestão) Se respondeu "Outras funções" indique quais. 2.3 - Condição de saúde em que maioritariamente intervém * Condições musculosqueléticas Condições neurológicas Condições cardiorrespiratórias e vasculares Condições metabólicas (ex.: diabetes, obesidade e outras síndromes metabólicos) Condições oncológicas Condições urogenitais Condições pediátricas Outras Se respondeu "Outras" indique quais. 2.4 - Refira três âmbitos de intervenção que melhor caracterizam a sua prática clínica diária (Ex: Saúde da Criança e do Adolescente; Saúde da Mulher; Saúde do Homem; Saúde do Idoso: Saúde do Trabalho; Saúde Mental; Saúde e Bem-estar; Multi-deficiência...). * 2.5 - Contexto de trabalho - Quantos fisioterapeutas exercem funções no local de trabalho? * 1 1a5 6a10 mais de 10 - Quantos técnicos ou auxiliares de Fisioterapia exercem funções no local de trabalho? * 0 1 1a5 6a10 mais de 10 - Quantos (outros, por exemplo: médicos, enfermeiros, auxiliares, administrativos, etc.) exercem funções no local de trabalho? * 19

O 1 1 a 5 6 a 10 mais de 10 2.6- Em média, quantas horas por semana desempenha funções remuneradas? * 35 36 a 42 43 a 48 mais de 48 3- Caraterização da satisfação profissional. Indique ao seu nível de satisfação com: 0 - muito insatisfeito; 1 - insatisfeito; 2 - assim-assim; 3 - satisfeito; 4 - muito satisfeito 3.1- Condições de trabalho (condições físicas; equipamento; ambiente) * 3.2- Condições para a realização profissional (possibilidade de desenvolver-se profissionalmente; facilidade de acesso a formação; etc.) * 3.3- Relações interprofissionais entre colegas fisioterapeutas * 3.4- Relações interprofissionais com outros profissionais * 3.5- Relações com utentes (ou com os destinatários do seu trabalho) * 3.6- Reconhecimento do seu trabalho pela instituição * 3.7 - Reconhecimento do seu trabalho pelos utentes (ou pelos destinatários do seu trabalho) * 3.8 - Reconhecimento do seu trabalho pelos seus pares * 3.9 - Reconhecimento do seu trabalho pelos outros profissionais * 3.10 - Remuneração * 3.11 - Estabilidade do emprego * 20