ESTUDANDO A IDENTIDADE DOCENTE DO CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS DA UFPR SETOR LITORAL

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Transcrição:

ESTUDANDO A IDENTIDADE DOCENTE DO CURSO DE LICENCIATURA EM CIÊNCIAS DA UFPR SETOR LITORAL Resumo Bruno da Silva Piva Picon 1 - UFPR Sérgio Camargo 2 - UFPR Grupo de Trabalho - Formação de Professores e Profissionalização Docente Agência Financiadora: não contou com financiamento Este trabalho aborda a temática da identidade docente, considerando-a como um movimento dialético decorrente dos vários papéis que o professor possa assumir ao longo da sua atuação profissional. Busca-se identificar, por meio de um estudo de caso, possíveis contribuições para a constituição da identidade docente na formação inicial de professores no contexto da proposta do curso de Licenciatura em Ciências do Setor Litoral da Universidade Federal do Paraná (UFPR - Setor Litoral). O conceito de identidade é apresentado como consciência que o sujeito tem de si mesmo de forma reflexiva e de continua (re) construção, apontando a identidade docente como um processo que permita este inventar modos de existir enquanto professor. Neste estudo busca-se compreender o professor como um ser que não é acabado, pronto e imutável, mas que encontra-se continuamente em um processo no qual deve-se investir vigorosamente em uma formação solidificada na ação, no diálogo, na participação, e na autonomia, como compromisso com a práxis (ação e reflexão da realidade). Deste modo, fortalecer os saberes profissionais no processo da constituição da identidade docente pode corroborar para o desenvolvimento contínuo da reflexão crítica do professor sobre o seu contexto de atuação nos diversos ambientes educacionais que este venha a atuar, podendo se adequar a conjuntura, política, social, econômica e cultural. Notando o dever das instituições formadoras preparar os futuros professores, para as realidades e necessidades educacionais oriundas da sociedade, e para isso faz-se necessária a formação de um professor que seja crítico e reflexivo de sua própria atuação docente. Palavras-chave: Formação inicial de professores. Identidade docente. Docência. 1 Universidade Federal do Paraná/ Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e em Matemática/ Graduado em Licenciatura em Ciências/ E-mail: bruno.spiva@gmail.com. 2 Universidade Federal do Paraná/ Setor de Educação/ Departamento de Teoria e Prática de Ensino/ Professor Adjunto/ Grupo de Pesquisa Processos Formativos e Linguagens na Educação em Ciências da Natureza/ Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e em Matemática/ E-mail: s1.camargo@ufpr.br. ISSN 2176-1396

17076 Introdução A proposta apresentada neste trabalho aborda a temática da identidade docente, considerando-a como um movimento dialético decorrente dos vários papéis que o professor possa assumir ao longo da sua atuação profissional. Salienta-se o desenvolvimento dos processos de reflexão sobre a prática docente, na tentativa de compreender os processos formativos que levam em conta os elementos constitutivos da identidade docente. Destaca-se neste estudo a necessidade de considerar a reflexão crítica sobre o processo de formação de professores, como elemento catalisador que favoreça o repensar sobre o paradigma de formação de professores atualmente vigente nos cursos de licenciatura. É necessário considerar que a formação do professor bem como a sua ação educativa é complexa e possui características próprias inerentes ao seu trabalho. Caracterizando possíveis projetos alternativos de formação docente, que garante aos discentes, futuros professores, um processo de formação humana, social e profissional, crítica e reflexiva para a realidade educacional. No que diz respeito a formação vinculada a uma abordagem pedagógica que visa à importância de um contexto dialógico para a aprendizagem dos futuros docentes, destacando a necessidade de garantir que as formações cultural, científica, pedagógica e disciplinar estejam vinculadas à formação prática, que fortaleça a constituição de uma nova identidade docente. Tais pensamentos são contemplados por meio de reflexões com alguns autores que argumentam sobre a natureza dos saberes que envolvem a formação inicial de professores, esclarecendo a importância da constituição de uma identidade no processo de formação inicial docente valorizando a reflexão crítica superando os obstáculos existentes entre teoria e prática. A preocupação central deste trabalho é com a compreensão de uma instância singular, no que se refere aos elementos constituintes da identidade docente, ao envolver histórias de vida, formação e prática docente, como eixos norteadores da formação inicial de professores, características que constituem o projeto político pedagógico da Universidade Federal do Paraná (UFPR Setor Litoral). Isto significa que o objeto estudado será caracterizado como único, como uma representação singular da realidade que é multidimensional e historicamente localizada, cujo processo de descrição cultural envolve os processos de estudos de caso descritivo, interpretativo e avaliativo, estabelecendo um marco de discussão e debate. Buscar-

17077 se-á identificar possíveis contribuições para a constituição da Identidade Docente dos licenciandos do curso de Licenciatura em Ciências da UFPR Litoral. A UFPR Litoral promove a educação superior visando o desenvolvimento humano e local, destaca-se pelo investimento em políticas afirmativas e inclusivas, as práticas pedagógicas inovadoras, sustentada por fundamentos emancipatórios de desenvolvimento e aprendizagem, além de contribuir para a formação dos estudantes em todos os seus aspectos, sejam eles nos âmbitos pessoal, profissional, comunitário, político ou social. Por esse motivo, a proposta pedagógica da UFPR Litoral é baseada em projetos e desenvolvida junto às comunidades locais, buscando contribuir decisivamente para o desenvolvimento científico, econômico, ecológico e cultural, com uma organização curricular diferenciada. Como afirma Couto (2013) a UFPR Litoral revela um projeto de universidade inovadora, cujas principais categorias são: currículo interdisciplinar e/ou transdisciplinar, com vivências extracurriculares para os estudantes; rompimento das barreiras entre saber científico/popular, ciência/cultura, teoria/prática; questionamento de questões referentes à vida e o ser humano levando em consideração ideais democráticos; construção da ciência pensada dentro de valores éticos e morais; produção do conhecimento pautada nas transformações sociais; formação do graduando não encarada como acabada no período delimitado pela graduação (COUTO, 2013 p. 144). Ao analisar a Proposta Pedagógica Curricular (PPC) do curso de Licenciatura em Ciências, compreendemos que ao invés de disciplinas, os estudantes cursam módulos, cuja estrutura é mais flexível e aberta a atender as demandas de cada turma. São três os grandes eixos de aprendizagem: em primeiro os Fundamentos Teóricos Práticos (FTP) que são semelhantes aos espaços dados às disciplinas que existem nos cursos de graduação com grades curriculares tradicionais, mas ao contrário do ensino disciplinar, neste setor tenta-se priorizar que os sujeitos envolvidos nesse espaço curricular, desde o início de sua experiência formadora, assumam-se como sujeitos produtores do saber; em segundo é o Projeto de Aprendizagem (PA) nele os envolvidos se deparam com ou trazem uma realidade aos mediadores (os docentes da universidade), onde procuram desenvolver situações de aprendizagem sobre essa realidade, geralmente essa realidade contém um problema e os processos para solucioná-lo são semelhantes aos passos de uma pesquisa empírica; por último, o terceiro eixo são as Interações Culturais e Humanísticas (ICH) espaço curricular de maior protagonismo dos estudantes, pois envolve, em sua maioria, atividades raras na formação acadêmica existindo a possibilidade de integração de todos os alunos, de todos os

17078 cursos, de todos os anos e até pessoas que não fazem parte da universidade, ou seja a comunidade local (UFPR, 2010). De certo modo, fica claro que em todas as fases do curso de Licenciatura em Ciências, o estudante tem contato direto com a realidade da educação pública local, sendo tarefa crucial do discente, propor e executar ações integradas no ensino de ciências, transformando-se em agente emancipado e com possibilidades de contribuir com a melhoria da realidade local. Por tal motivo, busca-se analisar como a proposta de formação universitária do UFPR Litoral, e a formação inicial de professores do curso de Licenciatura em Ciências, articulem com os elementos da identidade docente para que ela realmente se constitua. Devido as propostas do curso e da instituição, percebemos os elementos constituintes da identidade docente, nas trocas de experiências vivenciadas por todos os demais licenciandos, assim formalizando uma prática reflexiva, compreendida como prática social que contribui para a formação de um profissional voltado a trabalhar a realidade em que estão inseridos. Como afirmam Pimenta e Lima (2006), tal reflexão contribui para a finalidade de formar professores, a partir da análise, da crítica e da proposição de novas maneiras de fazer educação. Transformando as escolas em comunidades de aprendizagem, onde os professores colaborem mutuamente uns com os outros, com uma possível progressão do desenvolvimento local, através de reflexões sobre a prática docente na formação inicial e também na formação continuada, isto tudo indica comprometimento com a constituição da identidade docente, que será discutido no próximo tópico, compreendendo esta identidade como reflexão na atuação docente. Identidade e formação inicial docente É dever das instituições formadoras preparar os licenciandos para as realidades e necessidades educacionais oriundas da sociedade segundo Gatti (2010) e Nóvoa (1997), entendem que algumas mudanças são necessárias no processo de formação de professores. A formação inicial de professores é o primeiro passo para a constituição da identidade docente. Está-se considerando o conceito de identidade docente aquele apresentado por Farias et al. (2011, p. 56), ao definir a história de vida, a formação e a prática docente como elementos constituintes do processo identitário profissional do professor. Então, partimos do pressuposto que a profissão docente é caracterizada por um conjunto de saberes e/ou competências específicas que o faz único enquanto educador, necessitando de um processo

17079 reflexivo durante a formação profissional. Paulo Freire sugere como uma possibilidade de Humanização docente, em que o educador se veja como um profissional que está sempre se (re) fazendo. Assim, a formação de docentes deve investir vigorosamente em uma educação solidificada na ação, no diálogo e na participação, respeitando à dignidade e a autonomia do educando, no compromisso com a práxis (ação e reflexão da realidade), carregada de humanismo e fundamentada cientificamente (FREIRE, 2011). Nos pensamentos de Paulo Freire, surgem vestígios da importância da contribuição epistemológica na formação dos professores, podendo pensar neste apoio como parte da reflexão crítica que envolve a constituição da identidade docente, pois segundo este autor, nenhuma formação docente verdadeira pode fazer-se alheada, de um lado, do exercício da criticidade que implica a promoção da curiosidade ingênua à curiosidade epistemológica, e de outro, sem o reconhecimento do valor das emoções, da sensibilidade, da afetividade, da intuição ou adivinhação (FREIRE, 2011, p. 45). Afinal de contas a identidade docente está ligada a práxis pedagógica, nos dizeres de Freire (1996), quando bem constituída fortalece o bom professor, encorajando-o a desafiar seus alunos, a envolvê-los em seu movimento de pensamento enquanto explica, acompanhando as idas e as vindas desse pensamento, estimulando a pergunta e a reflexão crítica e ao mesmo tempo explicando o conteúdo por meio de uma prática dialógica, aberta e indagadora. Com objetivo de articular teoria e prática pedagógica, pesquisa e ensino, reflexão e ação didática, Pereira (2006) defende a formação do professor investigador. Ele acredita que deve haver associação entre o ensino e a pesquisa no trabalho docente. Destaca-se a importância do papel da reflexão na prática profissional, pois, quando o docente reflete na ação, ele se torna um pesquisador no contexto prático, visto que os saberes da ação pedagógica constituem um dos fundamentos da identidade docente. Os estudos vêm apontando a identidade docente como processo que permita o sujeito inventar modos de existir professor, o que não significa abandonar tudo o que já se sabe para encontrar novos conhecimentos mais adequados, como afirmam Proença e Mello (2013) a prática pedagógica reflexiva na formação inicial de professores ao constituir uma identidade docente não deve dissociar teoria e prática, pois,

17080 a temática da identidade é importante para refletir sobre a recolocação do sujeito no universo profissional em que escolheu atuar, permite um conhecimento de si, como sujeito histórico, social, político e aponta as perspectivas de sua identificação como único, pelas diferenças que o tempo faculta no processo contínuo de transformação pessoal. (PROENÇA E MELLO, 2013 p.62) Os próprios conceitos que já possuímos nos servem como possibilidades de encontros com outras experiências, entendermos a nós mesmos como potência de diferenciação, servirá como um impulso para repensarmos as supostas verdades, aventurando-se no desconhecido, criando brechas, para não padecermos nas garantias abaladas de identidades endurecidas (VAZ, 2012). Do mesmo modo um educador não é sem considerar os atravessamentos de sua vida, para além do papel que exerce profissionalmente. Isso não significa que, no caso do professor, ora sejamos um professor, ora sejamos outra coisa, mas que vamos nos compondo continuamente como diferentes professores, como fragmentos de uma unidade identitária docente infinita. Entender essas relações como inseparáveis é algo que permite duvidar da apreensão de um ser, e afirmar uma identidade docente mutável, flexível e contínua. Por isso ressaltamos as propostas de formação do curso de Licenciatura em Ciência do Setor Litoral da Universidade Federal do Paraná (UFPR Litoral), pois é explícito na formação dos docentes o respeito com uma nova identidade docente. Mas como afirmam Proença e Mello (2009, p. 58) o fato de passar por um curso de formação não faz com que alguém venha a ser professor, por isso buscaremos analisar como os discentes na UFPR Litoral, futuros professores percebem os elementos constituintes da identidade docente durante o processo de formação inicial, que também deve ser contínua. Considerações Este estudo sobre identidade docente busca compreender o educador como um ser que não é acabado, e sim esta em processo no momento mesmo de sua exposição, proporcionando a promoção de rupturas no perceber-se e no posicionar-se enquanto professor. As reflexões sistematizadas nesse texto apresentam um caráter inconcluso uma vez que a pesquisa encontra-se em processo. Porém os estudos realizados sobre a Identidade Docente, mostra a necessidade de que na formação de professores haja articulação entre a teoria e prática. Os currículos devem gerar autonomia, colocando em debate nas salas de formação das universidades a realidade

17081 das escolas públicas, com intuito de transformar a comunidade na qual se está inserido. As universidades e as escolas são os locais ideais para que o intercâmbio entre a teoria e prática aconteça, inserindo o futuro docente no meio em que irá atuar, desmistificando-o, e apresentando-lhes as respectivas responsabilidades de forma concreta e real, ainda durante a graduação (BRASIL, 2010). A exploração dos espaços nos quais os futuros professores irão atuar, seja em nossas práticas profissionais ou não, pode fazer com que vivamos a escola com a mente desvencilhada das amarras dos preconceitos, buscando praticar e inventar os espaços e a nós mesmos a cada experiência vivida. No entanto, pode-se pensar as experiências enquanto práticas, Bondía (2002) sugere que as tomemos como o colocar-se em risco, permitindo que algo nos aconteça, correndo os imprevisíveis perigos da transformação, encontrando sentidos (e não verdades) naquilo que nos acontece. Entendendo o ser professor como uma profissão que assumimos, assim como inúmeras outras possíveis ao longo de uma vida. Ainda assim, podemos inventar possibilidades de não deixarmos que o ser professor se torne identidade fixa, mas uma identidade que corrobora ao processo de entendermos nossa vida como um constante processo formativo, onde o professor não é existência, é acontecimento, é alguém que constrói lugares ao invés de somente habitar espaços. Podendo nos deparar com a epistemologia no processo de formação inicial, ao fortalecer os saberes profissionais no processo da constituição da identidade docente, pois ambos os aspectos corroboram para o desenvolvimento contínuo de reflexão crítica do profissional no contexto de atuação nos diversos ambientes educacionais que este profissional possa vir a atuar, se adequando aos contextos, político, social, econômico e cultural, resultando no aumento do capital cultural de todos os indivíduos envolvidos. Por isso ressaltase a importância da reflexão sobre a ação docente e as mudanças nos processos que envolvem a formação inicial de professores ao constituir uma identidade docente. REFERÊNCIAS BONDÍA, J. L. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. In: Revista Brasileira de Educação. n. 19, Jan/Fev/Mar/Abr, 2002. pp. 20-28. BRASIL. Coordenação de aperfeiçoamento de pessoal de nível superior. Portaria N 72, de 9 de abril de 2010. Dispõe sobre o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência - PIBID, no âmbito da CAPES. Diário Oficial da União, Brasília, 12 abr. 2010.

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